18 de dezembro de 2016

A Idade da Castração



Antes de tudo, é preciso discutir o porquê de se castrar cavalos. O primeiro e principal motivo pelo qual se castra um cavalo é o financeiro, já que o manejo para um garanhão é muito mais caro. Vale ressaltar que a porcentagem de machos habilitados genética e morfologicamente à reproduzirem é muito baixa. Sendo assim o caminho natural para a amortização de custos é a castração. Aconselha-se também a castração de machos que não tenham características raciais satisfatórias, pois assim eles não transmitiriam esses caracteres a sua prole, ao mesmo tempo que dá a chance a um outro previamente selecionado ter maior número de filhos também selecionados, melhorando desta forma o padrão racial. Há várias correntes que indicam o melhor momento para castrar um cavalo. A seguir iremos apresentar os estudos e resultados sobre o assunto. 
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Muitos proprietários acreditam que seu garanhão é um ótimo reprodutor, quando na realidade é inferior a muitos outros. Uma das maiores causas do insucesso de criadores é exatamente o fato de acreditarem nisso e continuarem a utilização deste animal. A correta avaliação de um garanhão é muito importante. Um garanhão ruim, que traz prejuízos ao Haras, às vezes pode se sair um excelente cavalo de serviço; bonito, habilidoso na lida com o gado e tranqüilo. 

Há várias correntes que indicam o melhor momento para castrar um cavalo. Existem os veterinários que preferem castrar por volta de 3 anos, pois nesta idade o animal já estará em fase final de crescimento, e, portanto com suas características definidas, praticamente prontas, ao passo que, se castrar precocemente, ele diminuirá seu crescimento e guardará sempre aquelas características de potro. Por outro lado, se castrar um cavalo tardiamente, haverá um engrossamento do cordão espermático, aumentando assim a irrigação testicular, além de ter um aumento da libido daquele animal, o que dificulta uma adaptação à nova vida. 

Segundo alguns autores o rendimento atrelado do cavalo é maior quando ele é castrado. Há muito na história da humanidade o homem observou intuitivamente a relação entre o comportamento sexual e agressivo e a presença dos órgãos sexuais, sendo que, mais recentemente, comprovou-se cientificamente que as secreções endócrinas e, principalmente, das gônadas têm grande influência no controle do comportamento agressivo dos animais. A agressividade dos machos aparece na puberdade, diminui com a castração e pode ser restaurada com a administração de andrógenos. 

Os fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento dos potros são genéticos, maternos, alimentares e de manejo. A castração é uma prática de manejo que, se realizada até um ano de idade, embora exponha o animal a menos riscos, resulta em um desenvolvimento imperfeito dos membros anteriores. No entanto, se o potro for mantido inteiro durante um tempo maior, terá melhor desenvolvimento muscular, além de melhor conformação de membros anteriores. Segundo outra doutrina, a castração determina modificações tanto na fisiologia como na conformação do cavalo.

De modo geral, verificou-se que, embora para algumas características tenham sido observadas diferenças significativas entre os animais castrados e não-castrados, com o decorrer dos meses essas diferenças diminuíram, resultando em valores semelhantes aos 24 meses de idade, mostrando que a castração não comprometeu o desenvolvimento final, provavelmente devido a um ganho compensatório, com exceção do peso vivo e perímetro torácico. Convém ressaltar que os animais castrados já iniciaram o experimento com peso e perímetro torácico inferiores em relação aos não-castrados, muito embora essas diferenças não tenham sido significativas, o que pode ter se refletido nas médias.

Lizete Cabrera, Paulo Eduardo Miranda Costa e Nilva Aparecida Nicolao Fonseca realizaram um estudo sobre o “Efeito da castração pré-púbere sobre o desenvolvimento corporal de equinos”. Nesse estudo foram utilizados 18 potros meio-irmãos paternos, meio sangue mangalarga, dos quais 8 foram castrados aos 2 meses de idade. As características avaliadas foram as alturas da cernelha, do dorso, da anca, do costado e do esterno, os comprimentos do corpo e da garupa, as larguras do costado, da bacia, da anca e do peito e os perímetros da canela e torácico, as quais foram medidas aos 2, 12 e 24 meses de idade. Foram avaliados, também aos 24 meses, os índices de carga, de compacidade, corporal, anamorfósico, de altura peitoral e dactilo-torácico.

Com base nos resultados deste estudo, pode-se concluir que a castração dos potros no período pré-puberal, mesmo com poucos meses de idade, é viável, pois além de facilitar o manejo reduz os riscos de hemorragias e infecções mais severas e não compromete o desenvolvimento dos animais. Pode-se concluir também e a castração dos potros no período pré-puberal, mesmo com poucos meses de idade, é viável, pois além de facilitar o manejo reduz os riscos de hemorragias e infecções mais severas e não compromete o desenvolvimento dos animais.

Observou-se que, aos 24 meses, não ocorreram diferenças significativas entre os animais castrados e os não castrados, exceto para peso vivo, perímetro torácico e índice de compacidade, que foram superiores para os animais não-castrados. Conclui-se que é viável a castração de animais jovens.



E. Colamarino