21 de janeiro de 2010

O Metodo Equoterapia

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Observações sobre o Feno de qualidade

Considera-se como feno, todo alimento volumoso obtido pela desidratação parcial de uma planta forrageira, gramínea ou leguminosa. Em princípio, qualquer planta poderia ser fenada, entretanto, em função de qualidade e custo, algumas características devem ser consideradas e algumas condições dever ser obrigatoriamente satisfeitas, entre elas:Planta adequada ao processo;Idade ótima de corte;Momento ótimo de corte;Processamento adequado;Armazenamento adequado;O procedimento correto quanto a essas condições pode determinar a obtenção e elaboração de um feno bom ou ruim, ou ainda favorecer perdas significativas em quantidade e qualidade de fenos que originalmente poderiam ser considerados bons. Entretanto, é impossível obter-se fenos bons a partir de matéria prima de má qualidade ou se as condições e uso dos equipamentos forem inadequadas ou mesmo se a mão-de-obra ou o gerenciamento forem inexperientes.Assim, deve-se procurar caracterizar a atividade de fenação como uma atividade profissional e econômica, onde a Qualidade, considerando-se tanto a matéria prima como o processo e seu gerenciamento, é fundamental para um bom desempenho comercial do produto e para um bom desempenho orgânico do alimento.Um feno de boa qualidade deverá apresentar características nutricionais que o diferencie dos demais, sendo avaliado por meio de uma análise química nutricional. Entretanto, nem sempre isso é possível, uma vez que as análises bromatológicas desses fenos nem sempre são disponíveis ou não são representativas de todo o feno produzido naquela estação. Assim, é importante que sejam conhecidas algumas características físicas (visuais, tácteis e olfativas) desejáveis e indesejáveis, para que se possa avaliar inicialmente um lote de fardos de feno. De uma maneira geral, os lotes de feno com uma boa qualidade nutritiva apresentam as seguintes características: Umidade adequada (seco) e homogênea; Coloração esverdeada; Maciez ao tato; Alta proporção de folhas em relação às hastes; Temperatura do fardo sempre fria (ambiente); Presença de odor característico de feno (capim cortado) Presença de apenas uma espécie vegetal; Ausência de odores estranhos, fungos e bolores; Ausência de plantas daninhas, sementes ou pendões florais; Ausência de terra, gravetos ou materiais estranhos. Poderão ainda ser avaliadas: Uniformidade no tamanho dos fardos; Uniformidade no peso dos fardos; Perda excessiva de folhas ao manuseio; Amarração firme dos fardos. Todas essas características devem apresentar sempre em conjunto para que um feno possa ser considerado de boa qualidade, ou seja, não basta apresentar “quase” todas essas características para ser considerado como um feno “quase” bom. Essas características físicas são muito importantes e complementares às análises bromatológicas na avaliação dos fenos. O aumento do número de laboratórios, novas metodologias e equipamentos mais rápidos para avaliação química deverão tornar a análise bromatológica completa mais utilizada para a avaliação dos fenos, e também o preço e a rapidez de execução desses serviços deverão tornar-se mais aceitáveis que os apresentados atualmente. Por outro lado, do ponto de vista nutricional, ou do nutricionista, apenas os resultados da análise bromatológica, sem uma avaliação visual ou física do produto, pode comprometer a avaliação de um determinado lote de feno. Isto porque alguns parâmetros como proteína bruta ou fibra bruta podem ter seus resultados nutricionais mascarados pela metodologia com que são determinados nessas análises. No caso da apresentação de resultados como proteína bruta, o método não avalia se essa proteína é verdadeira, ou seja, se foi transformada em proteína vegetal, ou se ainda está em uma forma não metabolizada pela planta, pois os laboratórios medem diretamente a quantidade de nitrogênio do material e não de proteína. As variações ocorrem, por exemplo, no caso de amostras de fenos com altas doses de nitrogênio nas adubações ou com os cortes realizados muito próximos a uma adubação recente. Nessas condições, os eventuais altos teores de proteína nos resultados não significam que esse nitrogênio (proteína) esteja nutricionalmente disponível ao animal. Para uma avaliação mais criteriosa deveriam ser analisados o N-NH3 (nitrogênio amoniacal), N-nítrico (na forma de nitrato) e o N-ADF (nitrogênio ligado à fração fibrosa não digerível), principalmente se esse material destinar-se à alimentação de não ruminantes. Da mesma maneira que a determinação de proteína, a avaliação da fração fibrosa deverá seguir alguns critérios diferenciados, para os casos onde se deseje um maior conhecimento de sua qualidade para os animais. Em geral, consideram-se apenas os teores de fibra bruta, onde não conseguimos uma avaliação precisa de sua qualidade e do seu aproveitamento potencial pelos animais. Para isso deve-se avaliar as diferentes frações de fibra dos fenos, o FDN (fibra em detergente neutro), representando a fibra presente no feno e o FDA (fibra em detergente ácido) que é a fração fibrosa não digerível. As características físicas a observar nos fenos serão descritas a seguir, lembrando-se novamente, que elas deverão sempre aparecer em conjunto nos materiais de boa qualidade como alimento, pois algumas dessas características poderão ser encontradas mesmo em fenos de baixa qualidade nutricional. Na avaliação inicial de um lote de fardos de feno, a primeira característica a ser observada é a umidade do material. Deve-se abrir alguns fardos e avaliar seu aspecto geral quanto à presença de algum ponto de umidade excessiva, sendo desejável sua homogeneidade e um aspecto seco e firme. Quando avaliamos as características visuais, a coloração é a que se apresenta com maior destaque e relevância. Quanto a essa característica deve-se sempre buscar um padrão homogêneo, entre e dentro dos fardos, sendo que uma cor verde ou esverdeada seria característica de um material de boa qualidade quanto ao processo de secagem e de armazenamento e uma cor amarelada ou marrom, denota problemas de excesso de horas ao sol e falta de qualidade. A maciez ao tato mostra que a forrageira foi cortada ainda jovem, em seu estado vegetativo de crescimento, onde uma presença maior de folhas em relação às hastes ou caule, é a responsável pela sensação de maciez ou de ausência de características mais grosseiras como aspereza ou dureza. Essa maior proporção de folhas também denota uma maior qualidade nutricional, pois essa fração das plantas é a que apresenta maior digestibilidade e concentração de proteína, apresentando também uma secagem mais rápida, o que evita perdas em qualidade e peso. A presença do odor característico de feno, ou de capim cortado, reflete que ocorreu um processo adequado de desidratação, não havendo exposição demasiada ao sol e também um armazenamento adequado, onde não houve uma rehidratação prejudicial do material. Também a ausência de odores desagradáveis é um outro fator importante a considerar. Alguns animais são altamente seletivos quanto à qualidade do alimento, não consumindo aqueles que tenham características indesejáveis quanto ao aroma, ou que apresentem material em decomposição com presença de fungos ou bolores. Alguns defensivos como inseticidas também podem causar alteração no consumo. Uma temperatura normal (fria) dentro dos fardos também é um bom indicativo de qualidade no processamento e conservação. Temperatura mais elevada é um indicativo de umidade inadequada no enfardamento ou no armazenamento. Não é incomum encontrar fardos de feno com temperaturas acima de 30oC, em função do aquecimento provocado por atividade de microorganismos como fungos e bactérias. A presença de condições de desenvolvimento desses microorganismos será problemática em três aspectos principais: Perdas em quantidade (peso), Possibilidade de formação de compostos tóxicos como as aflatoxinas, Condições onde a combustão (queima) do material poderá ocorrer espontaneamente. A presença de outras espécies vegetais no feno, mesmo que adequadas ao processo, poderá significar que o campo de produção está em declínio, sendo pouco cuidado quanto às plantas invasoras, sendo que a qualidade sempre será diminuída pela presença de material de menor valor nutritivo, que terá o mesmo preço por unidade de peso. A presença de plantas daninhas, sementes ou pendões florais, da mesma forma, tem influência negativa sobre a qualidade do feno, demonstrando que este se encontra já passado e fora de sua melhor condição nutricional, tanto por motivos de clima ou pelo fato do produtor de feno valorizar mais a quantidade produzida do que a qualidade. A ausência de materiais estranhos, terra ou gravetos também se apresenta como uma característica importante e desejável nos fenos, refletindo a preocupação do produtor de feno quanto à sanidade e à integridade física dos animais que irão consumi-lo. Há varias citações de problemas de pinos, grampos, parafusos, plásticos ou graxa encontradas disponíveis aos animais, vindos dentro de fardos de feno. Pelo exposto, podemos perceber que a aquisição e avaliação de feno, como um alimento de qualidade, é uma tarefa complexa e que deveria ser considerada como parte fundamental em qualquer programa nutricional de toda propriedade. Entretanto, o que se observa é que essa função é realizada por pessoal não qualificado, não informado sobre qualidade, mas apenas orientado e preocupado com cotação e frete. Quanto melhor a seleção quanto à qualidade do feno adquirido e oferecido aos animais, maiores as vantagens obtidas, como: Melhor relação entre concentrado e volumoso na dieta total; Menor qualidade do concentrado para suprir as exigências nutricionais; Menores riscos de problemas metabólicos como cólicas ou torções internas; Melhor função orgânica nos animais; Menor custo por unidade consumida e menor custo por unidade produzida. Essas considerações justificam os diferentes preços e tipos de feno presentes no mercado, havendo uma necessidade de padronização e qualificação dos fenos para que seu preço seja o mais adequado e justo à sua qualidade. Quando os fenos satisfizerem a todas as características adequadas a um produto de alta qualidade (coloração, maciez, odor, limpeza, temperatura e análise química) estes estarão apresentando seu melhor valor nutricional e retorno econômico. O envio de amostras para análise bromatológica em laboratórios credenciados, seguindo uma metodologia adequada de amostragem, deverá fazer parte da rotina das transações de compra e venda de feno entre aqueles compradores preocupados com a qualidade do alimento e os fornecedores idôneos de feno.

Pastagens para Eqüinos

As pastagens por constituírem há milhares de anos o alimento natural dos eqüinos, seu complexo sistema digestivo adaptou-se anatômica e fisiologicamente para sua transformação em fonte de energia, proteína e para suprir suas necessidades de todos os nutrientes. Com o incremento da estabulação e dos esportes eqüestres, os cavalos começaram a receber uma alimentação muitas vezes incompatível com sua capacidade de digestão e conversão, resultando como conseqüência mais grave a síndrome cólica, além das diarréias, aguamento, anemia etc. A respeito da fisiologia digestiva, enquanto nos bovinos (ruminantes) a assimilação de toda a energia dos carboidratos fibrosos dos vegetais ocorre no complexo “rúmen”; enquanto a dos eqüinos (não ruminantes) é no intestino grosso (ceco funcional), local de abrigo dos microorganismos, destinados a realizar a digestão desses alimentos volumosos. Por este motivo, toma-se importante a ingestão da fração fibra, responsável pelo equilíbrio e bom funcionamento do sistema digestivo. Como a forragem é a principal fonte de fibra da alimentação eqüina, associada ao bom valor nutritivo e ao custo mais baixo, não se deve desprezá-la nos mais diversos programas alimentares. A oferta de alimentos de alta qualidade, tanto de forragens quanto de suplementação concentrada, possui seus benefícios comprovados, pois garante crescimento saudável e excelente condição física dos animais. Na avaliação das espécies forrageiras para formação das pastagens para os eqüinos, devemos considerar seu hábito de pastoreio e fisiologia digestiva, que são diferentes dos outros animais herbívoros. O pastoreio dos eqüinos consiste na apreensão dos alimentos pelo lábio superior, usando os dentes para o corte da forragem, auxiliado pelos movimentos da cabeça. Nos bovinos esta apreensão é realizada pela língua que enrola a vegetação prensando-a no palato superior (céu da boca) arrancando-a com um pequeno movimento da cabeça. Características desejáveis :Com este tipo de pastejo rente ao solo, é importante a escolha adequada de uma espécie forrageira que tenha hábito de crescimento rasteiro. Como por exemplo, as espécies de estoloníferas ou semidecumbentes, no qual o tipo de pastejo causa menor dano ao meristema apical da planta proporcionando um melhor rebrote e persistência das pastagens, uma vez que estão menos expostos, dificultando seu corte. Forragens com crescimento cespitoso e com o meristema apical mais alto devem receber mais atenção no manejo. Neste caso, não permitir que os animais cortem muito baixo as pastagens, pois com uma desfolhação muito intensa acarretará a remoção do meristema apical, resultando na paralisação de seu crescimento. A rebrota será muito mais lenta, pois ocorrerá a partir de gemas basais ou axilares, prejudicando assim o rendimento e a duração da pastagem. Outras características desejadas nas forragens são: 1 - Crescimento agressivo (capacidade de crescer e fechar a área rapidamente); 2 - Resistência ao pisoteio; 3 - Alto valor nutritivo; 4 - Baixa exigência em fertilidade do solo; 5 - Boa palatabilidade; 6 - Adaptável às condições climáticas da região.Escolha da forragem Por ser um país de proporções continentais, o Brasil possui uma diversidade de clima e fertilidade do solo, responsáveis pelas diferenças na adaptabilidade de uma mesma espécie em diferentes regiões do país. A composição das forragens varia muito com o estádio vegetativo da planta, com a fertilidade e tipo do solo, regime de chuvas, temperatura, umidade do ar, latitude, altitude, sistema de pastoreio, praguejamento, espécie forrageira, etc. Com essa ampla variedade de fatores influenciando a composição nutritiva e produção das forragens, pode-se afirmar que não há uma espécie forrageira ideal, e sim dentro das características desejáveis já citadas, ocorra à escolha da espécie mais adaptada a região e ao manejo adotado (adubação, rotação de pastagens, irrigação, taxa de lotação, etc.).Preparo do solo Antes do plantio, deve-se tomar providencias para uma melhor germinação tanto das sementes ou das mudas plantadas. A coleta de amostra do solo para análise em laboratório, tem grande importância para a determinação das suas condições de fertilidade e pH. De acordo com os resultados, recomenda-se a correção do pH do solo, de preferência 60 dias antes do plantio, e a adubação adequada para que o solo esteja apto para proporcionar o rápido crescimento e persistência da forrageira cultivada. É também importante para o sucesso na implantação de uma pastagem fazer a retirada das plantas daninhas perenes antes da floração, para que não reproduzindo, impeça a reinfestação, possibilitando maior controle da qualidade das pastagens. Forrageiras Informações sobre as espécies de gramíneas para a formação de pastagens é de grande importância na alimentação eqüina. Estrela Africana (Cynodon Plectostachyus) Espécie de crescimento prostrado prefere solos de textura argilo-arenosa. Extremamente resistente ao pisoteio, apresenta valor nutritivo bom e notável capacidade de cobrir terreno. Regra geral não recomendada para fenação, devido ao seu “talo” ser grosso dificultando a perda de água. Coast – Cross (Cynodon Dactylon)O coast-cross é uma forrageira perene, subtropical, híbrida, desenvolvida na Geórgia, EUA, pelo cruzamento entre espécies de Cynodon (grama-bermuda). É resistente ao frio, tolerando bem geadas. Apresenta bom valor nutritivo (teor protéico: 12 a 13%), alta produção (20 a 30 t/ha/ano de matéria-seca) e alto nível de digestibilidade (60 a 70%). Por apresentar alta relação folha/haste e responder vigorosamente à adubação, constitui-se em excelente opção para fenação. Seu hábito prostrado e estolonífero lhe assegura maior persistência. Tifton 85 (Cynodon SP) Gramínea do gênero Cynodon sp, híbrido estéril resultante do cruzamento da TIFTON - 68 com a espécie Bermuda Grass da África do Sul Gramínea perene estolonífera com grande massa folhear, rizomas grossos, que são os caules subterrâneos que mantêm as reservas de carboidratos e nutrientes que proporcionam a sua incrível resistência a secas, geadas, fogos e pastejos baixos. Pode ser plantada tanto em regiões frias, quanto em regiões quentes de clima subtropical e tropical, ou seja, em todo território nacional, em solos arenosos, mistos e argilosos (não alagados), devidamente corrigidos e adubados. Tifton 68 (Cynodon sp) O tifton 68 é uma gramínea forrageira tropical obtida a partir de melhoramentos genéticos realizados com o gênero Cynodon nas universidades da Geórgia e da Flórida, nos Estados Unidos. Apresenta as mesmas características o tifton 85 apresentado acima. Braquiárias Capins do gênero brachiaria devem ser evitados na formação de pastagens para eqüinos, pois algumas espécies (brachiaria decumbens) são rejeitas pelos animais. Algumas causam fotossenbilização hepatógena principalmente nas partes despigmentadas dos animais (brachiaria humidicola), além de apresentarem alto teor de oxalato, que seqüestra o cálcio tornanndo-o indisponível para o animal. A doença conhecida como “cara inchada” (hiperparatireoidismo nutricional secundário), é caracterizada por um inchaço bilateral dos ossos da face, e é causada pelo alteração da relação Ca:P. Para tentar restabelecer a quantidade de cálcio no sangue o organismo libera o PTH (hormônio da paratireóide), que mobiliza o cálcio dos ossos para a corrente sanguínea. O cálcio retirado dos ossos é substituído por um tecido cicatricial fibroso, que provoca aumento de volume dos ossos da face. Embora irreversíveis, essas lesões podem ser controladas quando detectadas. Outras espécies como o capim kycuiu (pennisetum clandestinum), Setaria anceps cv. Kazungula, Panicum maximum cv. Colonião, Digitaria decumbens cv. Transvala também devem ser evitadas pelo seu alto teor de oxalato.

Humberto Pena CoutoProfessor do LZNA da Universidade Estadual do Norte Fluminense –UENF

Vacinação e Vermifugação de Equinos

Novamente abordamos o tema vacinação e vermifugação de equinos , tendo em vista inúmeras solicitações sobre o tema . No que diz respeito à saúde do cavalo, um dos pontos de extrema importância é o calendário de vacinação e vermifugação. Daí a necessidade de um eficiente cronograma de vacinação e desverminação, para que sejam evitadas muitas doenças graves, como o tétano e cólicas verminóticas, por exemplo. Mais do que apenas vacinar, um programa de controle e prevenção de doenças infecciosas deve também visar à redução da quantidade de agentes causadores de doenças no meio em que os animais vivem. Isso pode ser obtido através da higiene e limpeza. A queda da resistência imunológica do animal também deve ser reduzida ao máximo, de forma a tornar o programa de vacinação mais eficiente.Toda vacina destina-se a estimular o sistema imunológico do animal para dar a ele condições de se defender do agente causador da doença. Os microorganismos patogênicos são mortos ou atenuados tornando-se incapazes de provocar a doença propriamente dita. No entanto, eles ainda contêm os antígenos, que ao serem introduzidas no organismo estimulam a produção de anticorpos específicos, levando à imunidade contra aquele agente patogênico. Dessa forma, ao ser defrontado com a doença, o animal não apresentará sintomas clínicos, ou os terá de maneira muito atenuada. Em um estabelecimento eqüestre, a vacinação é obrigatória. Ela tem baixo custo, facilidade de aplicação e baixa incidência de efeitos colaterais.A infestação parasitária é um sério problema de saúde para cavalos de todas as idades. O organismo do cavalo serve de hospedeiro para muitos parasitas. As larvas dos vermes podem ser encontradas nas pastagens, estábulos, cocheiras e em qualquer outro local contaminado com fezes de eqüinos (embora algumas larvas possam ser transportadas por insetos).Devemos dar a devida importância aos prejuízos causados tanto ao animal quanto ao proprietário. Isso acontece porque os vermes acabam competindo com o cavalo pelos nutrientes de sua dieta, levando-o a uma diminuição de performance e capacidade. Os vermes adultos pela sua ação traumática nas mucosas causam gastrites e enterites, prejudicando a assimilação e digestão dos alimentos, levando assim os animais ao mau desenvolvimento no trabalho, reprodução e crescimento. As doenças infecciosas podem ser transmitidas de um indivíduo para todo o grupo, ou mesmo a uma população inteira. Exemplo famoso na Eqüinocultura são os surtos periódicos de influenza, que se espalham em questão de dias por hípicas e principalmente Jockey Clubs, interrompendo o calendário de provas e causando prejuízos a indústria do cavalo.O sucesso da vacinação depende da interferência dos seguintes fatores:· Estresse por transporte, temperatura, super população, etc;· Desafio alto: Presença da doença no local· Manejo dos eqüinos: Nutrição, endo e ectoparasitos, higiene local· Condições individuais do animal: Sem doenças incubadas, sem interferência de anticorpos maternos, sem imunossupressão;· Qualidade das vacinas utilizadas· Programa de vacinação· Antígeno (qualidade)· Da massa antigênica (quantidade)· Do adjuvante· Da conservação· Da via de administração· Da sanidade animalA maioria das vacinas de importância em eqüinos aqui no Brasil são feitas contra aquelas doenças causadas por vírus, com exceção do tétano. Existe uma “vacina” contra garrotilho – na verdade uma bacterina, pois o garrotilho não é causado por um vírus, mas por bactéria. Outra vacina muito mencionada na literatura estrangeira, mas pouco conhecida no Brasil, é aquela contra a erlichiose monocítica dos eqüinos, ou “febre do rio Potomac”, causada pela Erlichia risticii.Apenas um animal saudável tem condições de desenvolver imunidade como conseqüência de uma vacinação. Por exemplo, um cavalo portador de infestação parasitária intensa, ou em estado febril, poderá estar sofrendo um estresse físico excessivo, que não lhe permitirá responder à vacinação.Potros são sujeitos a problemas peculiares relacionados à vacinação, pois a imunidade passiva recebida pelos mesmos através do colostro poderá interagir com a vacina administrada, causando a inativação da mesma antes que ela tenha estimulado o sistema Imunológico do potro. Portanto, uma vacina dada demasiado cedo poderá ser ineficiente, enquanto que aquela administrada muito tarde poderia deixar o potro desprotegido contra a doença durante aquele período intermediário. A freqüência de doenças infecciosas tende a crescer proporcionalmente ao número e concentração de animais num estabelecimento eqüestre. Não apenas a introdução de novos cavalos, com as viagens para exposições e provas podem causar problemas.Nos haras, a vinda de cavalos de terceiros, a mistura de animais de diversas faixas etárias e o número elevado de potros – sempre mais sensíveis a doenças infecciosas – e de éguas prenhes causam diversos problemas especiais. Problemas estes que relevam a importância dos princípios do controle sanitário de doenças infecciosas.Por exemplo, é importante que todos os animais sejam separados por categoria e faixa etária. Potros desmamados, cavalos jovens, cavalos em treinamento e éguas visitantes deveriam ser mantidos inteiramente afastados das éguas e potros dos haras.Animais recém adquiridos devem ser submetidos ao teste de AIE, ser desverminados e também receber todas as vacinações indicadas, antes de se permitir que sejam misturados ao resto do plantel.Qualquer cavalo suspeito de doença infecciosa deve ser isolado por ao menos dez dias após o desaparecimento dos sintomas. Isso deve ser feito para minimizar o risco do contágio de outros animais suscetíveis.Além disso, medidas rigorosas de limpeza e desinfecção de pessoas e equipamentos em contato com animais doentes são necessárias antes que essas pessoas e objetos entrem em contato com animais sadios, a fim de evitar o risco de contágio.Os programas de controle devem preferencialmente ser adaptados à situação em particular do estabelecimento eqüestre. O princípio de toda vacinação é administrar uma dose inicial que deve ser seguida de reforços a intervalos regulares, cujo tamanho depende do tipo de vacina e da resposta imunológica a cada uma das mesmas.Quando possível, a vacinação simultânea de todos os animais de um plantel irá elevar o nível de imunidade daquele grupo de animais, bloqueando a transmissão da infecção. Agindo dessa forma, será conferido também um nível maior de proteção aqueles cavalos cujo sistema imunológico – por uma fraqueza característica ou transitória - não corresponde á vacinação com boa produção de anticorpos.Deve-se atentar a estocagem das vacinas, seguindo o preconizado pelo fabricante no tocante à temperatura e prazo de validade.As principais vacinas a serem dadas nos cavalos devem ser aquelas que protegem contra as seguintes doenças: Tétano, Encefalomielite, Influenza equina, Rinopneumonite. Raiva, Leptospirose e Garrotilho em regiões endêrnicas.Uma vacina muito utilizada aqui no Brasil é aquela que imuniza simultaneamente contra as seguintes doenças: Tétano, influenza e encefalomielite (conhecida como “tríplice”). É importante atentar, porém, que a mesma não protege contra a rinopneumonite. · Para exportação de cavalos são exigidas algumas vacinações que variam de país para país, mas que no geral são algumas dessas citadas.· Lembrando sempre que o programa de vacinação é variável conforme a finalidade e ambiente onde o animal vive.· Lembrando sempre que somente um Médico Veterinário tem a capacidade de escolher as vacina adequadas e aplicá-las no momento ideal, de forma segura e eficiente.

Ao enfocarmos o tema parasitologia de eqüinos na atualidade, devemos ter a percepção de que, em termos de danos causados aos animais e prejuízos aos proprietários, todos os parasitas apresentam sua importância.Além dos parasitas já conhecidos e combatidos, outros antes considerados insignificantes, como por ex. os Anoplocefalóides, hoje em função dos crescentes conhecimentos adquiridos nesta área de estudo, despertam para uma maneira diferente de pensar.Segundo uma distribuição mundial dos parasitas de eqüinos, guardadas as variações sazonais nos países de clima temperado, as infestações por todo e qualquer parasita são constantes, e raramente encontram-se aquelas causadas por um parasita isoladamente, mas sim por uma associação deles.A estratégia mais eficaz é a associação de drogas, de maneira a obtermos um espectro de ação mais amplo, que possa ser utilizado com eficácia nos habituais e reconhecidos programas estratégicos de controle de parasitas, tanto em potros, quanto em éguas ou garanhões.Existem vários fabricantes de vermífugos bastante conhecidos. Quase todos eles se apresentam em bisnagas com conteúdo pastoso ou em forma de gel. Estas bisnagas possuem graduação indicando a dosagem de acordo com o peso do animal. Existem vermífugos com cinco tipos básicos de drogas anti-helmínticas: benzoimidazóis (mebendazol, thiabendazol, canbendazol, fenbendazol, oxfendazol e oxibendazol); organofosforados (dichlorvos e trichlorfon); piperazinas (associadas ou não ao dissulfeto de carbono e a fenotiazínicos); carbamatos (pamoato de pirantel e tartarato de pirantel) e ivermectina. A aplicação varia de acordo com o peso, idade e período gestacional no caso das éguas. A vermifugação de potros deve-se iniciar aos 60 dias e doses consecutivas a cada 2-3 meses. Recomenda-se a mudança de base a cada 3-4 aplicações, consistindo em uma rotação média.Para animais adultos recomenda-se a repetição das doses 3-4 meses. A Mudança de base deve ser feita a cada 3-4 aplicações para evitar o surgimento de resistência dos parasitas. A realização de um exame parasitológico de fezes (O.P.G) indicará se a base utilizada está sendo eficiente e se há uma nível alto de infestação que indicará a necessidade de alterar esse calendário profilático.Em animais que não são vermifugados a muito tempo deve-se utilizar primeiramente uma dose menor e o restante da dose a 20 dias, para evitar que os parasitos obstruam a luz intestinal, principalmente em animais jovens.

Rodrigo Arruda de Oliveira – Médico Veterinário Autônomo – CRMV/GO 3083

Ferida de verão - Habronemose Cutânea

A ferida de verão ou habronemose cutânea é causada quando larvas infectantes de Habronema sp são depositadas por moscas (hospedeiro intermediário) em feridas ou onde o cavalo não consegue remover as moscas. Então os locais mais comuns são: face, canto do olho, linha média do abdômen, em machos em torno do pênis e prepúcio e membros. Isto ocorre quando essas moscas se alimentam de sangue ou áreas úmidas no corpo do cavalo. Essas larvas na verdade são parasitas do sistema digestivo do cavalo, e quando ocorrem essas infestações consideramos serem migrações erráticas das larvas, que não chegam a atingir a idade adulta nesses locais. Não se conhece a patogenia exata da enfermidade, mas supõe-se que envolva uma reação de hipersensibilidade à presença de larvas mortas ou que estão morrendo. É uma doença sazonal, e as lesões quando não muito severas, desaparecem espontaneamente no inverno. A ocorrência é esporádica em um grupo de eqüinos, mas determinados indivíduos podem ser mais predispostos a recidivas. Não existe preferência por idade, sexo ou raça. A enfermidade usualmente começa na primavera com o aumento da população de moscas.As lesões são observadas mais comumente nos membros, no ventre, no canto medial do olho, no prepúcio, no processo uretral ou no local de uma ferida. Desenvolvem-se rapidamente de um pequeno nódulo a grandes feridas de mais de 30 cm de diâmetro e podem ser solitárias ou múltiplas. São comuns ulceração, exsudação e prurido intenso. Devido ao prurido, é comum o autotraumatismo. O diagnóstico é freqüentemente feito apenas com base na anamnese, na sintomatologia clínica e na localização das lesões. Os raspados de pele não são meios de diagnóstico confiáveis, porque nem sempre encontramos as larvas. A biópsia é o teste de escolha. A lesão precisa deve ser diferenciada com sarcóides e tecido de granulação excessivo.A prevenção consiste em um bom controle dos vetores (esterqueiras) e vermifugações freqüentes e regulares. Também é fundamental o curativo de feridas abertas, mantendo as mesmas sempre limpas e com repelentes.O tratamento visa à redução do tamanho das lesões, diminuir a inflamação e evitar a reinfestação. As lesões maciças frequentemente requerem excisão cirúrgica. A ivermectina funciona bem matando as larvas que entram na pele e no controle de recidivas. É muito importante o controle de moscas e curativos freqüentes das feridas. Para evitar autotraumatismo pomadas ou injeções que diminuem a reação inflamatória têm excelente resultados. Em casos de lesões muito severas e de difícil resolução, o veterinário pode optar por tratamentos medicamentosos sistêmicos, pomadas tópicas e uso de antiinflamatórios mais potentes ou inclusive o tratamento cirúrgico.

Patricia Medeiros Camin - CRMV/SP 17.035

A Síndrome de Sobretreinamento

Segundo diversos autores, a Síndrome de Sobretreinamento (SST) pode ser definida como uma resposta psicobiológica complexa a um excesso de solicitação continuada de treinamentos e que ainda pode sofrer influência de múltiplos stresses associados que não diretamente às cargas de exercício ao longo da vida do atleta.Dependendo das características individuais, as respostas fisiológicas, psicológicas e de conduta se manifestam de formas diferentes assim como suas intensidades, tipo de atividade desenvolvida, nível de treinamento alcançado, etc.É sabido que de acordo com o nível de treinamento alcançado, existem dados que servem como indicadores fisiológicos a exemplo de marcadores hormonais como catecolaminas, testorenona e cortisol. Estudos realizados têm dificuldade em quantificar adequadamente o nível de treinamento que o individuo está sujeito, porém, tem-se resultados bastante consistentes quando se avalia o volume de treinamento e sua relação com períodos de SST com o quociente testosterona – cortisol (CTC).Outra maneira de se determinar a SST, são os indicadores subjetivos, onde na medicina humana se utilizam questionários que avaliam o estado de ânimo dos atletas, assim como as escalas de fadiga que mostram o impacto global do stress de treinamento sobre o organismo. Seria de grande valia correlacionar marcadores hormonais com indicadores subjetivos para se analisar e conhecer melhor a SST em eqüinos, inclusive.Tipos de SST :Baseado em estudos médicos, científicos e empíricos, observam-se dois tipos de SST: uma por programas de treinamento monótonos e outra por sobrecargas crônicas. A primeira pode ser observada em indivíduos submetidos a rotinas de treinamentos com movimentos repetidos e a segunda por sobrecargas crônicas, como conseqüência de treinos de longa duração e freqüentemente repetidos, assim como por excesso de competições. Podemos imaginar a primeira em eqüinos de salto, por exemplo, onde certas sessões de treinamento se valem de repetidos movimentos como saltos consecutivos, A segunda forma sim, pode-se atribuir ao cavalo de enduro, onde este fica submetido a um estresse de treinamento longo e muitas vezes monótono, sem dizer o acréscimo de estresse originado pelas competições, viagens, mudanças repentinas de manejo e clima. Fatores predisponentes da SST . Sabe-se que as principais causas de SST em atletas estão relacionadas com aqueles indivíduos que realizam atividades de longa duração, ou repetidas por um longo período de tempo, associadas com estados psicológicos desfavoráveis e dados pela rotina de treinamento repetitivo e exagerado.- Treinamento intensivo;- Aumentos repentinos de carga de trabalho;- Grandes volumes de treinamento monótono. Estresses de características físicas - Diminuição dos depósitos de glicogênio;- Desidratação;- Enfermidades ou lesões;- Estresses psicológicos da vida diária, viagens, mudanças local, etc.Sintomas de Sobretreinamento - Baixa performance;- Depressão (perda de interesse, conduta competitiva, perda de libido);- Perda de peso e apetite;- Ansiedade e irritabilidade aumentadas;- Fadiga;- Perturbações do sono, dificuldade em descansar, caminhar na cama;- Freqüência cardíaca em repouso elevada;- Sudoração excessiva;- Queda de status imunológico (infecções crônicas principalmente em vias aéreas superiores, infecções intestinais, freqüentes afecções dermatológicas como micoses, cicatrização dificultosa de feridas menores).Detecção da SST: A detecção da SST se torna de certa maneira dificultosa, porem, quando se pode acompanhar e controlar periodicamente o rendimento tanto subjetivamente como objetivamente, o estado de animo e a freqüência cardíaca em repouso, certos sinais da SST podem ser identificados nos eqüinos.Outra maneira trata da adoção de registros de treinamento das atividades realizadas, volume, intensidade e disposição do atleta, estado de animo e controles médicos assim como realizar todas as provas possíveis dentro das condições econômicas e temporais.A SST e o Sistema Imune :Tem sido estabelecido que atletas experimentam consideráveis, porem transitórias, perturbações imunitárias durante e por várias horas seguintes às sessões de treinamento. Seria sensato crer que algum efeito crônico esteja presente em repouso. As atividades esportivas especialmente as de alta intensidade e longa duração podem levar a um certo grau de imunossupressão. Tal mau funcionamento do sistema imune pode ser um componente da SST, onde aparecem infecções recorrentes durante períodos de máximo treinamento ou estresse competitivo. Possíveis causas de Imunossupressão causadas pela SST- Aumento de Costisol Serico;- Diminuição de concentração de glutamina serica;- Diminuição das concentrações de imunoglobulina na saliva. O tecido linfóide utiliza taxas de glutamina similares às que utilizam o músculo esquelético e o cardíaco, a principal fonte de glutamina plasmática é o músculo esquelético, a qual têm sido encontradas deprimidas em competidores sobretreinados, ou de maratona, comparando-se valores pré e pós-competição. Segundo o Britsh Olimpic Medical Center, a SST se dá primeiramente em atletas que praticam esportes de longa resistência, depois em desportistas onde a potência e a velocidade sejam os princípios básicos de treinamento e de competição.Sabe-se também que a função linfocitária tem sido encontrada reduzida em corredores de elite depois de maratonas, o que não se encontra em corredores amadores habituais depois de períodos de treinamento. Depressões similares entre 30% e 70% nos linfócitos têm sido encontradas em corredores moderados de maratona controlados por 04 a 06 minutos.

Adaptação do artigo La Síndrome de Sobreentreinamiento de Ruben Coher (Espanha) pelo M.V. Ms. José Ronaldo Garotti

O Mal da Segunda-Feira


O “mal da segunda-feira” ou mioglobinúria paralítica é uma miosite, um processo inflamatório, que acomete os músculos esqueléticos dos membros posteriores do cavalo, causado por acúmulo de ácido lático. Geralmente ocorre em eqüinos superalimentados com concentrado durante longo período de repouso e submetidos, posteriormente, a exercícios físicos fatigantes. Essa miosite também pode ser chamada mioglobinúria paralítica, ou azotúria. Alguns também a chama de tying-up, rabdomiólise por esforço ou amarração, que pode ocorrer também como seqüela de processos cirúrgicos ou qualquer situação de stress do animal como cólica, doenças infecciosas, condições adversas de tempo, transporte. Aqui cabe uma consideração: Apesar de serem distúrbios similares (mecanismo, sinais, sintomas e tratamento), mioglobinúria paralítica é uma patologia diferente de amarração; a primeira moléstia é grave e a segunda branda. Outras diferenças são vistas na clínica (intensidade de sinais clínicos) e na microscopia (histopatologia). Considerações feitas vamos ao mecanismo das miosites em questão.Em condições de exercício intenso, o músculo trabalha em anaerobiose (produção de energia na ausência de oxigênio) e, quando está superalimentado, uma excessiva quantidade de ácido lático é produzida. O ácido lático, quando acumula nos músculos, causa necrose, com destruição da membrana das fibras musculares (miofibrilas). Com o rompimento das miofibrilas é liberada grande quantidade de mioglobina que atinge a corrente sanguínea. Além da lesão muscular, a mioglobina liberada passa pelos rins, pigmentando a urina. Esse excesso de proteína no sangue e nos rins leva à azotúria ou azotemia (aumento uréia e creatinina no sangue) e pode causar lesão renal. Lesões renais e outras alterações sistêmicas podem levar o animal a óbito. O aumento do ácido láctico na corrente sangüínea, além das lesões musculares, causa um desequilíbrio ácido-básico no plasma levando ao aumento da freqüência respiratória, da freqüência cardíaca. Esse aumento da quantidade de ácido láctico também é responsável pelo fenômeno denominado acidose metabólica. O equilíbrio ácido-base e a acidose metabólica, assim como a insuficiência renal, são alterações importantes, mas serão tratadas em artigos posteriores.Os primeiros sinais do “mal da segunda-feira” podem surgir logo após o exercício, porém o mais comum é sua detecção na manhã no dia posterior ao exercício forçado. Os principais sintomas são stress muscular, rigidez à locomoção (o cavalo pode assumir a posição de cachorro sentado), tremores musculares, dor, incoordenação motora, urina escura e congestão das conjuntivas. Pode ainda apresentar sudorese (suor excessivo), desidratação e aumento nas freqüências cardíaca e respiratória e aumento da temperatura, principalmente na musculatura do membro posterior.Aos primeiros sinais um veterinário deve ser chamado uma vez que a doença pode ser fatal, dependendo da gravidade das lesões, e o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. Além disso o veterinário indicará medidas para aliviar os sintomas e prevenir novos casos. A prevenção ainda é a melhor saída para se evitar a ocorrência da miosite. Alguns aspectos são importantes: a alimentação do cavalo deve ser predominantemente composta por verde (capim ou feno de boa qualidade), evitando excesso de concentrado (diminuindo da quantidade oferecida durante os dias em que o cavalo não é trabalhado); trabalhar o animal em dias alternados, pelo menos 20 minutos diários de liberdade ou trabalho ao cabresto (somente quando não for possível a liberdade); fornecer suplementação com vitamina E e Selênio. Deve-se, além de tudo, contar com um veterinário especializado para avaliação dos animais antes de iniciar um treinamento e respeitar suas orientações de treinamento e manejo. Se, com todos esses cuidados, seu cavalo ainda apresentar o mal da segunda-feira, comunique com o veterinário e respeite, sem ansiedade, o período de recuperação.A grande maioria dos casos de miosite é provocada pelo homem, por desconhecimento ou ansiedade por resultados (ou dinheiro). O mais importante é respeitar os limites do cavalo. Ao inocente, é importante salientar que o cavalo tem boa memória e associa as sensações a quem lida com ele. Se você exaurir ou cavalo toda vez que o monta ele vai associar você ao estresse e não vai estar disposto a ser montado e a colaborar. Você então passa a ter uma vítima e não um amigo. Aos demais, muito cuidado. Se a ânsia é por resultado, lembrem-se que um campeão se faz com calma e constância nos trabalhos. O corpo do cavalo tem que se adaptar aos poucos às exigências e, ainda assim, cada animal possui um limite. Se o desempenho do seu cavalo está abaixo das suas expectativas e não evolui, você deve repensar seu programa de treinamento, sob orientação profissional, ou buscar um animal com um potencial genético maior. Agora, se a ânsia é por dinheiro, vale lembrar que toda uma vida de investimentos em animal pode se esvair em um dia de treinamento mal feito. Treinar cavalos, levando-os além do limite é investimento de altíssimo risco e, quase sempre, fadado ao fracasso. Como vimos a mioglobinúria é um distúrbio que pode ser evitado, com manejo e tratamento corretos e, acima de tudo, respeito ao cavalo. Devemos ser responsáveis ao interferir no modo de vida de outros animais para que eles não nos temam e continuem dispostos a conviver e a trilhar conosco, os caminhos de sua existência.

Alexandre Archanjo Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília – UnB.
alex_archanjo@pop.com.br

Síndrome da Exaustão Eqüina

Exaustão é uma síndrome caracterizada por transtornos físicos e mentais, desencadeados por exercícios físicos intensos em condições de calor e umidade elevados, ocorrendo devido uma sobrecarga ou falha no sistema de termorregulação eqüina. Durante a atividade física, em condições de temperatura e umidade elevadas, a termorregulação fica comprometida e o organismo eqüino apresenta dificuldades para conseguir eliminar o calor gerado pela musculatura exercitada, acrescido do calor ambiente. Quanto maior forem a temperatura e a umidade ambiente, menor será a perda de calor. Dois mecanismos são utilizados pelo cavalo para promover a termorregulação:1 – Sudorese:A sudorese realizada pela pele, como no homem, trata-se do principal mecanismo. A eficiência da termorregulação eqüina através do suor dependerá da sua evaporação, a qual se tornará diminuída ou impedida se o ar estiver saturado de umidade.2- Ventilação: Durante a inspiração, parte do calor corpóreo é transmitido da mucosa do trato respiratório superior para o ar, que ao chegar aos alvéolos é saturado com vapor de água. Na expiração parte desse calor volta para a mucosa e ocorre uma porcentagem de condensação da água. A diferença entre o calor transferido para o ar inspirado e o calor transferido de volta para as mucosas é o resultado da perda de calor pelo trato respiratório. Quando corridas de cavalos, provas de enduro ou provas de fundo do Concurso Completo de Equitação são realizadas em climas extremamente quentes, aumentam concomitantemente as demandas de energia e irrigação sanguínea para a musculatura continuar a se exercitar, e para a pele promover a troca calórica. Para tanto, o sistema cardiovascular aumenta o seu trabalho, elevando a freqüência cardíaca e o volume sanguíneo ejetado pelo coração. Caso a perda de água e eletrólitos (sais orgânicos) através do suor for intensa, ou o cavalo apresentar-se levemente desidratado anterior a competição, o volume de sangue a ser movido pelo coração estará diminuído, a pressão arterial sofrerá queda e em resposta o coração irá trabalhar mais intensamente. Com a diminuição do volume sanguíneo, o fluxo para a pele estará diminuído, assim como a sudorese, prejudicando a termorregulação; além disso, menor quantidade de substratos energéticos chegarão à musculatura e ao sistema nervoso central podendo levar ao colapso e morte. Devido à deficiência na termorregulação, ocorrerá a hipertermia (aumento da temperatura corporal), a qual terá efeitos avassaladores sobre todos os tecidos orgânicos, principalmente, cérebro, coração, vasos sanguíneos, rins, fígado, pulmões e musculatura esquelética. O rápido reconhecimento e o tratamento da condição reduzem a severidade da síndrome de exaustão. Os animais afetados apresentam sinais de stress, fadiga significativa, desidratação, e elevação persistente da freqüência cardíaca e respiratória. Nos animais com bom condicionamento físico e boa função do sistema termorregulatório, após um período de repouso de 30 minutos, a freqüência cardíaca deve baixar para menos de 55 batimentos por minuto, a respiratória para 25 movimentos respiratórios por minuto e a temperatura corporal para menos de 39,5° C. Qualquer animal que apresente uma elevação significativa e persistente da freqüência cardíaca e respiratória, ou da temperatura retal, não deve continuar o exercício ao qual estava sendo submetido. Estes animais devem receber pequenas quantidades de água fresca, em intervalos freqüentes, e permitido o acesso a uma comida palatável, além disso, devem ser observados de perto até a sua completa recuperação. Cavalos que apresentarem uma elevação marcante da temperatura retal (maior que 40,5°C) devem ser resfriados o mais rápido possível. Banhos de mangueira com água fria sob a briza natural em um ambiente aberto auxiliam na perda de calor por convecção e evaporação. Atenção especial deve ser dada no resfriamento da cabeça, do pescoço e de grandes vasos subcutâneos entre os membros posteriores. Enemas com água fria e administração de fluidos via sonda nasogástrica também auxiliam na diminuição da temperatura corpórea. A fluidoterapia deve ser instituída imediatamente nos animais que apresentarem sinais severos ou que não responderem de forma efetiva ao tratamento conservador dentro de 30 minutos. O volume exato e a via de administração irão depender da severidade dos sinais clínicos. Na grande maioria das vezes a via de eleição é a intravenosa, e o volume a ser administrado pode ser superior a 50 litros de solução isotônica. Os animais afetados por síndrome de exaustão não devem ser transportados nas 12 a 24 horas subseqüentes, porque uma alta atividade muscular está associada ao transporte prolongado, o que aumenta os riscos do desenvolvimento de problemas pós-exaustão. Isto inclui problemas musculares severos, laminite (aguamento) e falência renal. Os riscos de um animal desenvolver síndrome de exaustão são reduzidos com uma preparação adequada e um manejo cuidadoso durante as competições, sempre levando em conta os efeitos das condições climáticas (umidade relativa do ar e temperatura ambiente) durante o evento.

Mauricio José Bittar é Médico Veterinário oficial da ABHIR (Associação Brasileira de Hipismo Rural)

A Linhaça na Alimentação dos Eqüinos

Alimento perfeito não existe, mas equilíbrio perfeito de alimentos é o que se deve almejar para um melhor resultado na criação ou performance dos cavalos.Muito se tem falado a respeito do uso da linhaça na alimentação dos eqüinos.Como a maioria dos grãos, a linhaça é um ótimo complemento a ser utilizado na alimentação do cavalo, desde que seu uso se justifique e seja feito com critério e avaliação cuidadosa das necessidades reais do animal.A linhaça pode ser utilizada de três formas: grão integral, farinha e óleo.O grão integral é tradicionalmente utilizado em pequenas quantidades, 20 a 50 g diários ou mesmo duas vezes por semana, com o intuito de se prevenir cólica.Cerca de 95% das cólicas são ocasionadas por um erro de manejo. Isso quer dizer que, adequando-se o manejo às reais necessidades do cavalo, ele dificilmente terá cólica (chance de 5%). Portanto, administrar um “preventivo” para cólicas na dieta diária, somente se justifica se o manejo estiver errado. E manejo errado, não se justifica.Além disso, esta linhaça em grão somente tem uma ação efetiva se administrada umedecida, pois a casca do grão é extremamente dura, dificultando sua ação laxativa. O problema está em que quando se umedece o grão de linhaça este libera ácido prússico (cianídrico) que é altamente tóxico para o cavalo se administrado em quantidades elevadas. O ácido prússico impede a absorção de oxigênio pelo organismo, levando à morte súbita.Já a linhaça oferecida sob a forma de farinha ou óleo pode trazer alguns benefícios bastante interessantes ao animal, desde que obedecidas às recomendações iniciais.A linhaça é um alimento muito rico em ômega 3, um ácido graxo essencial que, juntamente com o ômega 6, é responsável por uma série de respostas do organismo a agressões. Um equilíbrio entre os ácidos graxos ômega 3 (ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentanóico e ácido docosahaxanóico, de baixo potencial inflamatório) e dos ácidos graxos ômega 6 (ácido linolêico e ácido aracdônico, de alto potencial inflamatório) leva a uma resposta equilibrada do organismo, trazendo benefícios como:• Abrandamento de reações inflamatórias e alérgicas indesejáveis, melhorando a resposta imunológica.• Para potros em crescimento funciona como auxiliar no desenvolvimento neurológico.• Para éguas em gestação auxilia no desenvolvimento fetal e na lactação, aumentando a quantidade do leite.• Observamos ainda restabelecimento do brilho e da cor da pelagem, bem como a saúde da pele.• Em cavalos de esporte e trabalho aumenta a energia disponível, levando a uma recuperação muscular mais rápida após exercícios.• Promove ainda prevenção de distúrbios circulatórios e cardiovasculares além de ser excelente auxiliar no tratamento de laminites, artrites e artroses e miopatias.A maioria dos grãos presentes na dieta tradicional do cavalo são muito ricos em ômega 6, propiciando um desequilíbrio na relação ômega 3/ômega 6.Este desequilíbrio pode ser atenuado através da administração criteriosa e equilibrada da linhaça sob a forma de farinha ou óleo na dieta do animal.A quantidade de farinha de linhaça a ser administrada, sempre como complemento à dieta diária, pode variar de 100 g a 400 g para cavalos saudáveis, podendo chegar a até 700 g diários para animais debilitados.O óleo de linhaça deve ser prensado a frio, pois o refinado volatiliza os ácidos graxos, perdendo o benefício a que se propõe com seu uso.Mas a linhaça não é somente fonte de ômega 3 e 6. É um alimento rico em energia, rico em proteína (a farinha chega a 35% de proteína bruta), e como toda matéria prima, não é equilibrada em vitaminas e minerais. Portanto, seu uso de forma indiscriminada e abusiva, ou mesmo como alimento único é mais prejudicial que benéfico ao animal.Excesso de energia na dieta causa timpanismo, diarréias, queda do tônus digestivo levando a contrações e possíveis cólicas, dilatação do ceco, degeneração cardíaca, hepática e renal, dismicrobismo e laminite.Excesso de proteína na dieta causa uma série de distúrbios como enterotoxemia, problemas hepáticos, emagrecimento, problemas renais, má recuperação após o esforço, problemas de fertilidade em garanhões, transpiração excessiva, cólicas, timpanismo e dismicrobismo.O desequilíbrio vitamínico mineral leva a distúrbios de absorção de nutrientes além de poder proporcionar doenças carenciais ou por excesso de um ou outro nutriente, com conseqüências desagradáveis a médio prazo.Portanto, visto que, apesar dos benefícios reais de seu uso, a linhaça também pode proporcionar problemas quando de seu uso incorreto, devemos pensar seriamente em quando e como utilizá-la.Uma dieta correta, onde se privilegia o volumoso de boa qualidade (feno ou pastagem de gramíneas), com água fresca e limpa e sal mineral específico para cavalos à vontade, complementados com concentrado equilibrado e de origem idônea, pode ainda, se necessário, ser suplementada com a farinha de linhaça se assim o animal o exigir. Mas jamais como concentrado único, pois ela por si só, não é equilibrada.Acima de tudo, não prejudique o animal.
André Galvão CintraMédico Veterinário e-mail: andre@cavalo-bretao.com.br

14 de janeiro de 2010

9 de janeiro de 2010

Proteína X Energia

Ao calcularmos os nutrientes fornecidos pelo alimento oferecido aos cavalos, devemos lembrar que a dieta deve ser composta de volumosos (capins, fenos) e concentrados (rações, grãos). Às vezes, os teores de nutrientes dos volumosos, e a variação dos mesmos de acordo com tipo de gramínea, ou mesmo numa mesma gramínea de acordo com a época do ano, não são levados em conta na formulação de um arraçoamento equilibrado. Comprar uma “ração 12% de proteína” não significa que o cavalo estará comendo o equivalente a 12% de proteínas em sua dieta total, mas sim que, a cada quilograma de ração fornecido, o animal está ingerindo 120 g de proteína bruta. Devemos levar ainda em consideração, a qualidade desta proteína que está sendo oferecida, pois é esta qualidade que determina o valor nutricional, em aminoácidos, deste ingrediente.Acima de tudo, o concentrado precisa ser considerado complemento nutricional do volumoso, e não o inverso. Simplificando – a ração fornece os nutrientes nos quais o pasto e o feno são deficientes – portanto, os eqüinos precisam comer o máximo possível de volumoso. O concentrado deve ser pouco, de boa qualidade e bem equilibrado nutricionalmente. Infelizmente, há em nosso país uma tendência a tentar compensar deficiência de volumoso aumentando o concentrado, bem como de achar que “muito” concentrado de qualidade inferior é melhor para os cavalos do que uma quantidade menor de ração de ótima qualidade. Assim, ao utilizarmos volumoso rico em proteína (ex.: feno de alfafa, guandú), o complemento deve ser de baixo teor protéico. Para cavalos de esporte, não recomendo volumoso com valor protéico acima de 10-11%, pois fica difícil equilibrar a dieta.Há um “mito de proteína elevada”, onde se considera que alimento bom é aquele com valor protéico elevado. Ração com 15% de proteína é recomendada para éguas em reprodução e potros entre 18 e 36 meses de idade. Outras categorias não têm necessidade deste valor protéico na ração. O trabalho muscular é condicionado ao consumo de energia, e não de proteína. Comparativamente, o cavalo de esporte necessita de cerca de 10 a 20% a mais de proteína que um cavalo em manutenção, e 50% a menos que uma égua em reprodução. Portanto, ao se escolher a melhor dieta para o cavalo, devemos priorizar alimentos energéticos e não protéicos. Proteína, somente em qualidade, com pouca quantidade.Em relação à energia, o cavalo de esporte e trabalho tem uma necessidade energética de 25% a 100% acima do cavalo em manutenção (depende da intensidade do trabalho). A égua em reprodução, do 1º. ao 8º. mês tem necessidade energética semelhante ao cavalo em manutenção. No 9º. mês esta necessidade se eleva em 10%, no 10º. mês em 13% (em relação à manutenção) e se eleva em 20% em relação à manutenção no 11º. mês.No estado de São Paulo, costuma-se recomendar feno de tífton e coast-cross para cavalos de esporte. Estes fenos têm sido encontrados, especialmente nos meses de primavera, com valores superiores a 13-14% de proteína, análise feita e comprovada, e muitas vezes exigida pelo proprietário do cavalo. Neste caso, o teor é praticamente equivalente ao de leguminosas (alfafa). Ou seja, os problemas derivados do fornecimento excessivo de proteína (como no caso do uso intenso da alfafa) continuam com um feno deste tipo, ainda que seja de gramínea. As necessidades em proteína e energia são variáveis conforme a categoria animal e devem ser oferecidas de forma a suprir a necessidade do animal, sem deficiências nem excessos. Em termos nutricionais, temos 05 categorias de animais com necessidades diferenciadas, com 11 sub-categorias: Animais em Manutenção, Éguas em Reprodução (Gestação – do 1º. ao 8º. mês e terço final - e Lactação), Potros em Crescimento (Desmame aos 18 meses e dos 18 aos 36 meses de Idade), Garanhões em Monta (Leve, Média e Intensa) e Cavalos de Trabalho (Leve, Médio e Intenso).O manejo moderno de cavalos reproduz um problema muito comum da alimentação humana: ao mesmo tempo em que mundo afora milhões de pessoas não têm o que comer, a epidemia de obesidade ameaça se tornar a doença mais difundida no primeiro mundo. De maneira semelhante, muitas pessoas dispostas a investir no trato de seus animais acabam alimentando-os de maneira excessiva ou desequilibrada, originando uma série de distúrbios desde crônicos até super-agudos, sempre encabeçados pela nossa tão temida cólica. O cavalo tem capacidade de digerir, sem muitos problemas, até 30% de nutrientes além de suas necessidades. Isto vale tanto para energia como para proteína, considerando a dieta total, isto é, tudo aquilo que o cavalo ingere ou recebe em um período de 24 horas. Dietas que oferecem, diariamente, uma quantidade superior a isto podem causar desequilíbrios e levar a problemas desagradáveis.A digestão das rações, grãos e maioria dos suplementos ocorre no estômago e nas porções iniciais do intestino delgado. A capacidade volumétrica do estômago do cavalo é de cerca de 9% do volume possível de seu aparelho digestivo, ficando o Intestino Delgado (ID) com 21% (possui cerca de 20 m de comprimento) e o restante, 70%, é a capacidade do intestino grosso (IG) (ceco e cólon). O estômago e ID realizam uma digestão essencialmente enzimática e o IG uma digestão microbiana. Devido à baixa capacidade volumétrica do estômago, e mesmo do ID, o tempo que o alimento fica sofrendo o processo digestivo é relativamente curto, suficiente para uma dieta em que não haja excesso de concentrado. Quando a dieta é muito rica em grãos, o amido existente nestes grãos não é digerido totalmente nas porções iniciais do aparelho digestivo, indo parar no intestino grosso, onde sofrerá um processo de digestão microbiana. O que antes era enzimático, com ótimo aproveitamento pelo animal para suprir suas necessidades, passa agora a ter ação da microbiota natural.Porém, já que os microorganismos não são “habituados” a lidarem com amido (sendo sua função digerir os carboidratos simples presentes nos volumosos), o processo digestivo passa a ter um componente fermentativo com diversas conseqüências, tais como: * timpanismo por produção excessiva de gases;* diarréias (cavalos que ingerem excesso de óleo e energia possuem fezes mais amolecidas, o que leva à perda de nutrientes e água);* o excesso de gordura saponifica o magnésio, tornando-o indisponível ao organismo, levando a problemas neurológicos e musculares (o magnésio é calmante do sistema nervoso e responsável pelo relaxamento da musculatura);* queda do tônus digestivo levando a contrações e possíveis cólicas;* dilatação do ceco, pelo excesso de gases, levando a cólicas;* degeneração cardíaca, hepática e renal;* e, A MAIS IMPORTANTE DE TODAS: DISMICROBISMO. O dismicrobismo é uma perturbação da flora intestinal, levando a desequilíbrios, com conseqüente diminuição na absorção dos nutrientes, quadros de hepatotoxemias, e, pior de tudo, cólicas e laminites (ou aguamento). O processo ideal de alimentação do cavalo é aquele que mais se aproxima de sua natureza.Em liberdade, com livre acesso aos alimentos volumosos, o cavalo se alimenta por 15 a 18 horas diárias. Somente com feno, este tempo cai para 7 a 8 horas, e se priorizarmos o fornecimento de ração concentrada, este tempo cai para 1 a 2 horas por dia, com conseqüentes distúrbios comportamentais e físicos.Quando fica muito tempo ocioso, sem ter o que comer, o cavalo passa a ter problemas comportamentais com vícios como a pica, isto é, ingestão de substâncias não comuns a sua dieta, como areia, fezes, borracha, porta da baia, etc., Além de aumentar os riscos de cólicas, e alterações em seu humor, ficando mais irritadiço. Claro que a prevenção para isso não é dar comida demais para o cavalo, mas sim de forma equilibrada, priorizando o volumoso e os alimentos energéticos, além de adequar o manejo a esta condição, soltando mais o cavalo, trabalhando-o de forma adequada, etc.Quanto à adequação do manejo, quanto mais fracionarmos o alimento no momento de o darmos ao cavalo, melhor será sua absorção, isto é, se preciso dar 4 kg de ração, e puder oferecer em 04 refeições, o resultado será muito melhor do que se dividir em 02 ou mesmo se der em uma refeição somente. Além disso, quanto mairo for a quantidade de alimento concentrado oferecido de uma só vez, maior será o risco de cólica. Não devo jamais ultrapassar 2,5 kg de ração em uma única refeição (base para um cavalo de 500 kg; cavalos menores, menor quantidade por refeição) sendo ideal trabalhar na faixa de 1,5 kg a 2,0 kg por refeição.Da mesma forma, devo tomar cuidado na adaptação a um novo tipo de alimento. Como já falado no início, a digestão do cavalo é de duas formas, enzimática e microbiana. Cada vez que for introduzir um novo tipo de alimento na dieta do cavalo, devo fazê-lo de forma gradativa, para que a flora intestinal possa se adaptar a este novo tipo de alimento. Esta adaptação deve durar no mínimo 15 dias, podendo se estender até a 30 dias caso necessário. Isto é necessário para se prevenir problemas de cólicas, por exemplo. Por este motivo, é que somente devo modificar a dieta de meu cavalo, modificando drasticamente o volumoso ou concentrado, quando houver disponibilidade de tempo para que meu cavalo se adapte a este novo alimento, caso contrário, corro o risco de queda na performance dele no meio de um campeonato, por exemplo.Também é preciso muito cuidado na escolha de uma marca comercial de ração. A presença de aveia e milho não torna uma ração apta a ser recomendada para cavalos de alta performance. É importante considerar os níveis de garantia do produto, indicados no rótulo, além é claro da confiabilidade da empresa que a produz. Hoje mais que nunca, as aparências das rações enganam muito. Beleza, aparência, não quer dizer qualidade, e é isso que o cavalo precisa, seja de esporte, criação ou somente lazer.

André Galvão CintraMédico Veterinário e-mail: andre@cavalo-bretao.com.br

Aminoácidos na Nutrição Eqüina

A performance do cavalo, qualquer que seja sua categoria, crescimento, reprodução ou esporte, deve ser baseada em um tripé: Genética x Treinamento (ou Manejo) x Alimentação.Uma boa nutrição deve ser baseada nas reais necessidades do animal, e não naquelas que achamos que o animal necessita. Os “achismos”, “suposições” ou simples cópia do que o vizinho faz, podem ser tão ou mais prejudiciais que a não oferta dos nutrientes adequados ao animal.Aqui vale um outro alerta: Este prejuízo pode ser muito evidenciado no nosso bolso, pois muitos produtos são extremamente caros e nem sempre eficazes ao nosso animal.É claro que a imensa maioria de suplementos existentes, desde que oriundo de empresas idôneas, tem sua eficácia. Mas o ponto principal é: O produto em questão é eficaz e necessário ao meu animal?O que quero ressaltar é a individualidade de cada animal. Isto é, as necessidades de cada animal são inerentes a ele, devendo ser avaliadas de acordo com as características de raça, digestibilidade individual, temperamento, condições ambientais em que o animal vive e, claro, dependendo do tipo de esforço físico a que ele está submetido.Esta regra vale para todos os tipos de suplementos, mas, especificamente aqui, quero ressaltar a devida importância dos aminoácidos.Aminoácidos são a base de todas as proteínas. Quando se fala em necessidades protéicas falamos realmente de necessidades em aminoácidos.Existem os aminoácidos chamados essenciais (Lisina, Metionina, Triptofano, Histidina, Fenilalanina, Alanina, Treonina, Valina e Arginina) e os não essenciais (Creatina, Carnitina, Glicina, Serina, Prolina, Hidroxiprolina, Cisteína, Isoleucina, Leucina, Tirosina, Glutamina, Ornitina, Taurina) .Aminoácidos essenciais são aqueles que o organismo do eqüino não consegue sintetizar, devendo obrigatoriamente constar de sua dieta.Aminoácidos não essenciais são fundamentais para o bom funcionamento do organismo, porém o animal consegue sintetizá-los através de outros aminoácidos (ex. Carnitina é derivada dos aminoácidos Metionina e Lisina, Creatina é sintetizada dos aminoácidos Glicina, Arginina e Metionina).Em condições normais, para um cavalo em manutenção, uma dieta equilibrada, com forragem fresca ou feno de boa qualidade, é suficiente para suprir as necessidades do animal.Entretanto, ao se submeter este animal a condições que exijam uma melhora em sua dieta, torna-se necessário uma suplementação adequada para que estes aminoácidos não faltem ao organismo do animal.Esta suplementação pode ser através de um concentrado (ração de boa qualidade) ou ainda através da adição de suplementos nutricionais específicos.Está muito em voga hoje a utilização de suplementos a base de creatina, estudam-se outros a base de carnitina, glutamina, bcaa, entre outros, todos atuando diretamente na melhoria de disponibilidade de energia para o animal.Comprovações definitivas de sua eficácia, ainda não podem ser evidenciadas. Há controvérsia se a utilização destes suplementos é realmente eficaz na performance atlética ou mesmo desenvolvimentar do animal. Entretanto, o que temos observado, é que alguns animais respondem positivamente ao uso destes suplementos e outros nem tanto.Cabe aqui ressaltar que esta diferença, pelos motivos já citados, pode ser devida às individualidades de cada animal, a fatores inerentes a ele, ao meio ambiente e à interação entre o animal e o meio ambiente.Portanto, para o uso prático destes suplementos, não se deixe levar apenas pela propaganda, muita vezes enganosa, de promessa disso ou daquilo.Consulte um técnico especializado, muitas vezes sai mais barato que o uso indiscriminado destes suplementos.Teste o produto em seu animal por 45 a 60 dias. Se houver resposta positiva, é uma evidência da necessidade de seu animal àquele suplemento. Caso tenha dúvidas de melhora na performance, provavelmente seu animal não necessita de tal suplementação.Na dúvida, não prejudique.
André Galvão Cintra - Médico Veterinário Consultoria , Planejamento e-mail: nutricaoequina@uol.com.br

7 de janeiro de 2010

Óleo na dieta dos Equinos

Muitos proprietários e treinadores ouviram falar ou usam algum óleo vegetal na dieta dos cavalos. A razão mais comentada para esta finalidade é a melhora da pelagem entre outras coisas. Contudo, isso vem mudando rapidamente. Os técnicos da área têm se empenhado em acompanhar o que se chama hoje de nutrição ou suplementação esportiva. A crescente profissionalização do meio contribui para o aprimoramento das dietas, atendendo assim a demanda dos cavalos e proprietários cada vez mais famintos por ranking e premiações. O cavalo é um animal com um sistema digestivo muito peculiar e sensível, sendo que a competição extrema faz com que sejam levados ao limite do organismo. Esta sensibilidade digestiva está muito ligada ao volume de ração ofertado e a alta concentração de carboidratos, isto é, uma quantidade muito grande de concentrado na forma de grãos e farelos para aumentar a capacidade energética. O óleo possui mais de 2 vezes a energia contida nos grãos, ou seja, uma ótima opção de suplementação quando o assunto é necessidade de energia e sem problemas de digestão. Existe pouca alteração na quantidade de calorias entre os óleos. Contudo, existe diferença no perfil de ácidos graxos de cada óleo e quanto a outros nutrientes interessantes que são extraídos no processo de refino.A quantidade maior ou menor de um certo ácido graxo na composição de um óleo qualquer, pode determinar se o seu cavalo mudará da água para o vinho ou o inverso. São muito difundidas as propriedades dos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados e execradas as propriedades dos ácidos graxos saturados. Um óleo rico em monoinsaturados, como óleo de oliva, tem seu preço por volta de R$25,00 o litro. Já o sebo bovino rico em ácidos graxos saturados, custa em torno de R$0,80 o litro. Para cavalos atletas que valem muito dinheiro, saber escolher qual o perfil de óleo a ser utilizado na dieta pode ser uma pequena, porém, providencial colaboração para a vitória. Outra grande diferença está entre utilizar um óleo refinado ou semi-refinado. Aqueles que se encontra nas prateleiras dos supermercados são os refinados, ideais para cozinhar e fritar. No óleo bruto se encontram várias substâncias como vitaminas lipossolúveis, lecitina, pigmentos, fitoesteróis e enzimas. Porém, nesta fase o óleo se deteriora rapidamente aumentando acidez e o ranço, por isso é inútil usar óleo bruto. No processo de refino são retiradas quase todas estas substâncias e depois vendidas em separado como suplementos. Outro produto deste processo são os farelos que podem ser desengordurados, como o farelo de soja ou os farelos “gordos”, pouco palatáveis e com ingestão limitada. Por esta razão, um óleo refinado de soja ou de milho custa muito barato, não há nada mais além de energia. Já o óleo semi-refinado não é indicado para frituras, mas preserva os nutrientes interessantes para o organismo através de processo de alta tecnologia, sem problemas de acidez ou ranço. No processo de semi-refino é retirada a lecitina e a acidez, mantendo vitaminas e fitoesteróis como o gama-orizanol, encontrado em grande concentração no óleo extraído do farelo do arroz. O gama-orizanol é uma substância com propriedades anabolizantes que aumentam a massa muscular e antioxidantes que protegem as células durante o esforço físico. Perceba que agora você já compreende as diferenças na composição dos óleos quanto aos ácidos graxos e as diferenças entre refinado e semi-refinado. A suplementação com óleo pode variar na sua quantidade de acordo com o peso do animal e a intensidade do treinamento. Para a comunidade científica o ideal está em torno de 15% da necessidade diária de energia que pode ser ofertada na forma de óleo. Para melhor esclarecer vamos aos extremos dos exportes eqüestres com o esquema abaixo: Evento de baixa intensidade e longa duração (enduro de 120Km), recomendação: 350ml a 400ml ao dia. Evento de alta intensidade e curta duração (penca de 700m), recomendação: 200ml a 250ml ao dia. No Brasil existem muitas opções de suplementos para cavalos e o número de lançamentos cresce junto com o mercado. Muitos nomes performáticos, quase todos com os mesmos apelos e os mesmos ingredientes que os compõem. Os proprietários e treinadores brasileiros não compram mais qualquer produto, confrontam apelos de venda com os ingredientes. Já existe uma preocupação em aumentar a vida esportiva dos cavalos e os “coquetéis” endovenosos de resultado fácil são banidos pouco a pouco à medida que o esporte evolui e os profissionais se tornam mais responsáveis. O óleo é um produto simples e ao mesmo tempo rico por natureza, que pode trazer muitos benefícios para a performance e para a saúde dos cavalos se bem escolhido e usado com critério.
Dr. Ricardo Lougon ÁvilaVeterinário11-96592272

Cuidados Odontológicos para Equinos

Para a manutenção da saúde dos eqüinos um cuidado adequado com a dentição é essencial. Por isso o serviço odontológico tem se tornado extremamente importante no programa preventivo de hípicas e haras.A necessidade da intervenção odontológica nos eqüinos advém das alterações no hábito alimentar e na dieta dos cavalos, com a adição de rações concentradas e menor oferta de forragem, que diminuíram o tempo de ingestão e estimularam a ocorrência de movimentos mastigatórios mais verticais, predispondo a alterações de desgaste dentário, como: pontas de esmalte , ondas , degraus , cristas transversas excessivas , ganchos , rampas . Muitos animais não apresentam sinais evidentes de problemas odontológicos até que ocorram intensas alterações dentárias que impossibilitem a correção dos mesmos. No entanto, apesar da perda de peso constituir um possível sinal de problemas dentários, é importante salientar que é incomum ocorrer, a não ser que a patologia dentária seja rave e crônica. Portanto, a presença de boa condição corporal não é motivo para dispensar a necessidade de exame e tratamento odontológico.Dentre as alterações no comportamento alimentar do animal e na saúde, observa-se:1. Devolução de forragem parcialmente triturada durante a mastigação;2. Dificuldade de mastigar ou engolir;3. Salivação excessiva;4. Volume na bochecha causado pelo acúmulo de forragem; 5. Grandes fragmentos de forragem ou grãos inteiros presentes nas fezes; 6. Movimentos com a cabeça durante a ingestão de alimentos, entre eles sacudir, inclinar e balançar; 7. Movimentos com a língua sob a forma de torcer ou girar; 8.Mastigar, morder ou reagir contra a embocadura; 9. Resistência ao comando pela embocadura para virar ou parar; 10. Volumes na borda inferior (ventral) da mandíbula ou nos ossos da face com ou sem fistulas; 11. Limitação ou queda da performance; 12. Perda ou dificuldade de ganho de peso; 13. Odor fétido na boca (halitose) ou nas narinas; 14. Corrimento nasal sanguinolento, purulento, pútrido, etc.; 15. Sinusite;16. Sangramento oral após treinamento; 17. Cortes e úlceras na gengiva (estomatite) e língua (glossite); 18. Cólicas recorrentes; 19. Cólicas por compactação.No Brasil, nas últimas duas décadas, o serviço odontológico no interior dos hipódromos por todo o país, era responsabilidade de práticos e enfermeiros e consistia apenas em segurar a língua do animal e "grosar" os "dentes de trás" da boca de um eqüino. Por muitos anos médicos veterinários ignoraram os problemas odontológicos ocasionados pela má oclusão devido à falta de conhecimento, observação e material adequado para a realização de um serviço odontológico adequado. Hoje em dia o profissional especializado possui conhecimento sobre anatomia, fisiologia, patologia dentária; e anestesiologia. Além disso, possui equipamentos adequados que permitem uma adequada intervenção odontológica sem a ocorrência de maiores traumas para o animal.O cuidado odontológico regular, em intervalos que variam de 06 meses a 01 ano (de acordo com a idade e possíveis alterações dentárias individuais), é de suma importância na prevenção das alterações do desgaste dentário e das patologias que ela pode acarretar.É salutar afirmar que na odontologia eqüina o melhor tratamento é o preventivo. Portanto, é importante conscientizar os proprietários de que a grande maioria dos tratamentos dentários curativos nos eqüinos são particularmente mais difíceis, demorados e onerosos.

Dr. Mauricio José Bittar é Médico Veterinário oficial da ABHIR e atua nas áreas de Clínica, Radiologia, Anestesiologia, Odontologia e Medicina Esportiva Eqüina.Contatos: (19)81153939 ou (19)35341372E-mail: bittarvet@uol.com.br

Férias Equestres : o descanso dos cavalos de Equoterapia e Esporte


É uma prática bastante comum entre os centros de equoterapia e proprietários de cavalos de esporte conceder aos seus animais as tão sonhadas férias entre os meses de novembro e fevereiro. Nem poderia ser diferente, pois neste período o hipismo brasileiro não realiza provas ou torneios relevantes. Além disso, nesta época os animais não são tão exigidos fisicamente, uma vez que os próprios cavaleiros também aproveitam para descansar.Entretanto, mesmo nesse período não podemos em nenhuma hipótese negligenciar o aspecto sanitário desses animais. Aliás, este é um período crítico para uma série de desafios infecto-contagiosos aos quais os eqüinos estão expostos. Vivemos em um país tropical. Entre final e o início de ano é justamente época de intenso calor e precipitações chuvosas, ou seja, altas temperaturas e umidade elevada, que facilitam a propagação de agentes infecciosos e parasitários no ambiente.É nesta época do ano que ocorre intensa proliferação de ovos e larvas de parasitos no meio ambiente, fazendo com que os pastos e piquetes sejam contaminados com maior intensidade e rapidez, conseqüentemente causando re-infecção dos cavalos. Se o animal permanece normalmente hospedado em condições de estabulagem em baias na maior parte do dia, e nas férias terá a oportunidade de "veranear" em um amplo piquete, são necessários alguns cuidados durante esse período e também no retorno às baias. Veja abaixo alguns cuidados e medidas importantes a ser tomadas neste período do ano:Tenha certeza de que o animal sairá de férias devidamente vermifugado, com baixas contagens de ovos das fezes (OPG): isso garante que a re-infecção será mais lenta do que se ele já estivesse com altas contagens, minimizando a ocorrência de cólicas. E ninguém quer um atendimento de cólica nas férias, não é mesmo?·Imediatamente no retorno das férias faça nova vermifugação: os riscos de alta contaminação das pastagens no verão são muito altos e o cavalo certamente retornará com elevada infecção parasitária; livre-o dela para iniciar o ano atlético em plena forma.·No verão há intensa proliferação de ácaros oribatídeos no meio ambiente (vetores dos ovos embrionados de vermes chatos, chamados de tênias). Por este motivo, estabeleça as vermifugações desta época com produtos combinados à base de ivermectina e praziquantel. Lembre-se que as tênias são grandes vilãs nos processos de cólicas espasmódicas. ·As federações, associações e principalmente a FEI (Federação Eqüestre Internacional) acertadamente exigem que os cavalos sejam vacinados contra a influenza. Aproveite esta época tranqüila do ano para colocar a vacinação em dia, permitindo inclusive que se faça o reforço semestral de influenza e rinopneumonite no outono, antes do período crítico do inverno.·Fique atento aos ectoparasitas, como carrapatos, moscas e bicheiras: estabeleça uma aplicação (pulverização, pour-on) periódica de produtos indicados para este tipo de controle. A correta vermifugação, conforme descrita acima, também previne as perigosas "Feridas de Verão" ou Habronemoses, comuns neste período do ano e transmitidas por moscas.·Aproveite a tranqüilidade do final do ano para uma boa higienização das instalações e utensílios de seus animais. Faça uma lavagem sob pressão preferencialmente com produtos à base de cresóis nas paredes e portas das baias, cochos, piso e adjacências. Também lave cuidadosamente com desinfetantes as rasqueadeiras, escovas, baldes, freios e bridões. Alguns ovos de parasitos são extremamente aderentes às paredes e superfícies em geral e também muito resistentes ao meio ambiente. O herpesvírus, agente da rinopneumonite, pode sobreviver no meio ambiente até por 45 dias!·Renove as camas e invista em maravalha de boa qualidade. O trato respiratório do cavalo agradece. Como visto, as férias constituem período de intenso descanso. Mas alguns cuidados básicos são fundamentais para evitar problemas ao longo do ano.
Henry Berger - PhD em Medicina Veterinária e Gerente de produtos para Eqüinos na Merial Saúde Animal