19 de fevereiro de 2010

O Sal na Dieta Equina

Uma alimentação adequada para os eqüinos é fator vital para o bom desenvolvimento da criação. Sem uma dieta correta, estes animais podem apresentar os mais diversos problemas. Nesse contexto, os minerais têm importante participação na formação do esqueleto e nos processos fisiológicos que acontecem durante toda a vida de um eqüino.A ração de cavalo típica, composta de forragens e grãos, não provê de uma quantidade razoável de sais para o seu animal. Esta necessidade torna-se mais crítica em tempos quentes e úmidos, principalmente em cavalos de esportes, mas serve como alerta até mesmo para cavalos a pasto. Assim, não deixe de dar sal para seu cavalo. Geralmente, observamos cristais salgados secos, em cima da garupa dos cavalos inativos ou em pasto. Esta perda de sal deve ser reposta. A insuficiência de sal também pode levar o cavalo a adquirir hábitos indesejáveis, como por exemplo o de comer as fezes, numa tentativa de repor o nível de cloreto de sódio e ainda perda de apetite e pêlos, cabelos ásperos e opacos, crescimento reduzido e baixa produção. Em dias quentes e úmidos os cavalos também podem parecer facilmente cansados e não executar funções que normalmente desempenhariam, ocasionados pela deficiência salina. Com temperaturas elevadas, umidade e intensidade de exercícios, os cavalos suam mais portanto, perdem mais sais minerais. O sal também é eliminado na urina e pelas fezes . Um cavalo com cerca de 460kg de peso, em descanso ou trabalho ligeiro pode comer 4 colheres de sopa de sal grosso por dia, distribuídos na ração. Esta afirmação serve para cavalos que comem cereais (aveia, cevada). Se comer ração concentrada convém diminuir a quantidade de sal, subtraindo a quantidade já presente na dita ração. Os cavalos que comem cereais têm mais carência de sal.Mesmo administrando sal na ração é aconselhável providenciar uma pedra de sal na boxe a não ser que o seu cavalo tenha o vício de comer o bloco de sal à dentada, ingerindo sal em excesso o que provocará problemas. Também, use sal mineral junto com o sal branco. Minerais em pequenas quantidades são essenciais. Coloque a mistura de sal mineral e sal comum em um lugar seco fora da chuva. Faça os cavalos terem uma provisão de água limpa e fresca. O consumo de sal aumenta o de água. Não dê sal em excesso. Não há nenhuma necessidade de acrescentar mais do que 1% de sal do total da ração de grão. Sal “ad-libitun” (para consumo voluntário) também é recomendado. cavalo que transpira abundantemente perde grandes quantidades de cloreto de sódio e ainda de cálcio, magnésio e potássio. Nesse caso não aumente a dose de sal que lhe dá diariamente. Em vez disso, dê-lhe uma mistura de electrólitos bem equilibrada meia hora antes do esforço e de novo após o trabalho. No entanto deve dar-se atenção aos regulamentos das provas desportivas pois algumas delas não permitem a sua utilização. Os electrólitos só devem ser administrados nas doses adequadas e só quando o cavalo efetua trabalho intenso.

O Perigo da Desitratação

É notório o aumento da temperatura nessa época do ano . Em todo o país a sensação térmica aumentou em média dois graus e , assim como nós , os cavalos sofrem com o trabalho perdendo líquidos de forma excessiva . Geralmente as pistas de equoterapia e equitação estão expostas ao ar livre fazendo com que a temperatura do piso (areia,terra,etc) alcance altos graus de calor refletindo às ferraduras e aos cascos dos cavalos . Diante de temperatura elevada o resfriamento natural do cavalo pela sudorese e urina entra em disfunção dando causa a preocupante desidratação .Diz-se que um animal está desidratado quando o nível de água no organismo é inferior ao mínimo necessário para o normal funcionamento de todas as funções metabólicas. Neste artigo vamos explicar o mecanismo que conduz à desidratação no cavalo, as respectivas consequências, e principalmente como prevenir e/ou tratar a desidratação.O cavalo, tal como todos os mamíferos, tem necessidade de manter a temperatura corporal constante dentro de limites rígidos (entre 37 e 39ºC). Isto é obtido através de mecanismos termoreguladores. Durante o exercício físico, os processos químicos envolvidos em fornecer energia para a actividade muscular produzem uma quantidade de calor significante, como produto secundário. Como resultado, a carga térmica a que o organismo estaria sujeito, se não tivesse capacidade para se libertar deste excesso de calor, seria tremenda, conduzindo facilmente a um estado de choque por sobreaquecimento (choque de calor ou choque hipertérmico).São três os principais mecanismos que o cavalo usa para se libertar do excesso de calor produzido durante o exercício físico (mecanismos termoreguladores)

18 de fevereiro de 2010

Os Quatro Programas Básicos de Equoterapia

Nosso objetivo enquanto veículo de comunicação é, além de divulgar a Equoterapia , de contribuir para o desenvolvimento técnico - científico do Método . A equoterapia trata-se de uma terapia de reabilitação e desenvolvimento biopsicosocial de eficácia comprovada e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina em Sessão Plenária de 09 de abril de 1997 Parecer 06/97 , cujos resultados , no entanto , estão diretamente relacionados a correta execução do atendimento , de acordo com as normas e diretrizes da entidade regulamentadora ANDE BRASIL . Com esse intuíto , decidimos republicar algumas instruções normativas e comunicados da entidade para que todos possam ter conhecimento e optarem pelo centro de Equoterapia ideal e ainda atuarem como agentes fiscalizadores do direito de informação . Abaixo esclarecemos um ponto específico que ainda causa dúvida até mesmo em profissionais habilitados e centros credenciados ; os programas básicos de atendimento . Muitos ainda insistem em propagar a existência de apenas três programas : o programa de hipoterapia , o programa de educação e reeducação e o programa pré esportivo alegando que o programa esportivo ou de equitação adaptada não está previsto no Método , e que para seu desenvolvimento há necessidade de profissionais e cavalos com habilitações específicas , e muitas vezes cobrando por isso . Pedimos agora maior atenção ; tal prática além de ser imoral incorre em crime de Estelionato (Título II, Capítulo VI, Artigo 171 do Código Penal Brasileiro), tendo em vista que não são três e sim quatro os programas básicos de equoterapia , sendo o programa esportivo o integrante do método de atendimento desde 2005 ,devendo todos os profissionais de Equoterapia e neste caso especialmente o Profissional de Equitação Habilitado em Equoterapia estarem aptos e possuirem conhecimento técnico para atuar inclusive neste quarto programa , bem como os cavalos , que desde sua seleção devem possuir qualidades para a atividade esportiva equestre , fazendo parte de seu próprio treinamento periódico . Concluindo , são então quatro programas de atendimento devendo o praticante ter a sua disposição o acesso a todos os programas de acordo com suas potencialidades e seu desenvolvimento .
O presidente da Associação Nacional de Equoterapia, de conformidade com os artigos 3º e 4º do Estatuto, resolve aprovar as seguintes modificações, no que respeita aos conceitos atualmente vigentes ;Fica criado mais um programa classificado como básico, que será chamado "Programa Esportivo". Suas principais características são as seguintes: é, também, aplicado nas áreas de reabilitação e educação; o praticante deve ter boas condições para estar a cavalo, já podendo participar em competições hípicas; a ação do profissional de equitação é mais intensa, necessitando, contudo, da orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação.Este programa visa não só a inserção social, mas também o prazer pelo esporte/competição, melhoria da qualidade de vida, o bem-estar e a auto-afirmação. Ao praticante de Equoterapia, após o programa Pré-esportivo, abrem-se caminhos em termos de competição, podendo, inclusive, participar de provas hípicas nas modalidades: Paraolimpíadas; Olimpíadas Especiais; Hipismo Adaptado/Especial.

17 de fevereiro de 2010

Habilitação ANDE BRASIL

A Associação Nacional de Equoterapia informa que os cursos e eventos reconhecidos são aqueles que tiveram suas propostas analisadas e aprovadas, de acordo com as normas estabelecidas pela Coordenação de Ensino da ANDE-BRASIL. Os referidos cursos são divulgados com a devida antecedência no nosso site no link Cursos e Eventos Reconhecidos. Aos centros filiados é autorizado o uso da nossa logomarca apenas para divulgação do centro enquanto instituição credenciada. A realização de qualquer outro evento e cursos que desejarem o reconhecimento e a inclusão no site deverão solicitar as normas junto à coordenação competente.Constatamos que atendimentos de pessoas com necessidades específicas com o cavalo e sobre o cavalo estão acontecendo com outras denominações que não seja a de Equoterapia® e fora das bases e fundamentos doutrinários da ANDE-BRASIL, aprovadas pelos Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO). Após conquistar credibilidade para o importante Método Terapêutico, nos âmbitos nacional e internacional, fruto de longos anos de lutas, não há como aceitar que pessoas ou entidades não credenciadas trabalhem fora dos parâmetros éticos, técnicos e científicos, preconizados pela ANDE-BRASIL, introdutora e responsável pela integridade e credibilidade dos resultados alcançados pela Equoterapia®. Pretendemos, este ano, em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), realizar um senso nacional dos centros que trabalham com o cavalo e sobre o cavalo para que possamos colaborar com o Ministério de Saúde na regulamentação e controle desta prática a ser paga pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

A Equitação Científica do Novo Século

Os nômades da Ásia Central, desprovidos de ciência, foram os melhores cavaleiros do mundo. No Ocidente, 3.400 anos depois, Federico Caprilli, foi contemporâneo de Ivan Pavlov, Charles Sherrington e Sigmund Freud que começavam a desvendar o mundo da fisiologia, da bioquímica e da psicologia. Caprilli elevou o cavalo de objeto a indivíduo — o que estava em perfeita sintonia com o avanço da ciência do seu tempo, e também com a equitação dos nômades! Mas, o que acabou sendo a equitação científica no século 20? A ciência é um conjunto de conhecimentos obtidos mediante a observação e a experimentação dos fatos. Entretanto os cientistas ocidentais, urbanos e sedentários, sempre tiveram grande dificuldade em entender o conjunto de conhecimentos que os povos ditos 'primitivos' obtêm, não através da das pesquisas mas, simplesmente por eles serem uma 'parte' natural do sistema ecológico. "Como o mundo é governado das cidades, onde os homens se acham desligados de qualquer forma de vida que não a humana, o sentimento de pertencer a um ecossistema não é revivido", escreveu Berthrand de Juvenel.

12 de fevereiro de 2010

Siga o Blog Equitação & Equitação Especial no Twitter e receba as atualizações em tempo real . Acompanhe diariamente as novidades do mundo equestre , dos esportes hípicos e da equoterapia em http://twitter.com/equusblog . Folow Us !

I Seminário Brasileiro de Equoterapia

O I Seminário Brasileiro de Equoterapia visa divulgar a equoterapia como método terapêutico e educativo e o papel da Associação Nacional de Equoterapia – ANDE-BRASIL. Objetivos: Compreender as Bases e Fundamentos doutrinários da Equoterapia; Conhecer o papel da ANDE-BRASIL como introdutora da Equoterapia, suas finalidades, responsabilidades, problemas e perspectivas. Informar as diretrizes de trabalho que a ANDE-BRASIL estabelece aos centros de equoterapia, para que os mesmos realizem suas atividades de forma séria e ética. Público-Alvo: Profissionais das áreas da saúde, educação e equitação que pretendam trabalhar ou conhecer a Equoterapia. Profissionais das áreas governamental e/ou empresarial e organizações não governamentais que pretendam estimular a criação de Centros de Equoterapia e apoiá-los. Pessoas com necessidades específicas e seus familiares. Data e Local :16 e 17 de abril de 2010 ( sexta-feira e sábado) no Centro de Exposições Imigrantes - Rod. dos Imigrantes KM 1,5 - São Paulo/SP . Consulte a programação no site da Ande Brasil.

Artigo do Blog publicado na Revista Brasileira de Equoterapia

A Revista EQUOTERAPIA é uma publicação semestral da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL), que juntamente com o site www.equoterapia.org.br se constiui no principal meio de comunicação para a difusão de artigos técnico-científicos bem como notícias, informações e reportagens sobre atividades equoterápicas no Brasil e no Exterior. Em sua edição numero 20 (páginas 14 a 16) foi publicado o Artigo " O auxiliar-guia e a condução do cavalo de Equoterapia" pesquisado, desenvolvido e publicado por Eduardo Colamarino , editor do blog Equitação e Equitação Especial . Para o público em geral, a ANDE-BRASIL disponibiliza um exemplar pelo preço unitário de R$ 10,00 (dez reais),já incluída a postagem pela ECT . Para aquisição acesse o site www.equoterapia.org.br .
CLIQUE NA CAPA DA REVISTA E LEIA O ARTIGO

8 de fevereiro de 2010

Probióticos

É um aporte de micro-organismos vivos que, introduzidos na dieta alimentar, melhoram as performances zootécnicas dos animais. Através destas substâncias, é possível facilitar a absorção de nutrientes pelo animal e promover um manejo adequado.O cavalo é um animal monogástrico, com estômago pouco volumoso e intestino bem desenvolvido. O intestino delgado possui a função de digestão enzimática Os alimentos permanecem lá por 1 a 2 horas e as enzimas produzidas pelo pâncreas iniciam sua ação. No intestino grosso, onde os alimentos permanecem por 24-48 horas, a digestão dos alimentos ocorre graças à ação da população microbiana. A perfeita atividade da flora intestinal permite uma boa utilização digestiva dos alimentos, pois a flora tem um efeito de barreira ecológica à instalação de germes (particularmente patogênicos). A boa higiene digestiva do animal dependerá também do equilíbrio da flora intestinal.Fatores de Desequilíbrio:As causas que levam a uma perturbação da flora intestinal são de diversas origens. Stress por: transporte, competição, em um período pós-operatório, distribuição irregular de refeições, erros alimentares na escolha de produtos com excessos protéicos e/ou desequilibrados em celulose, em períodos normais da vida das éguas como gestação e lactação.Conseqüências do Desequilíbrio:Queda acentuada da eficácia da dieta diária, logo com um estado geral não adequado à performance esportiva e à reprodução.Todos estes fatores predispõem o cavalo aos desequilíbrios de sua flora intestinal. Estes desequilíbrios, chamados dismicrobismo, poderão causar patologias digestivas que podem levar o animal à morte.A mais conhecida destas patologias é a síndrome cólica, uma das maiores causas de mortalidade dos cavalos.Além da síndrome cólica, este dismicrobismo predispõe o cavalo a quadros de Laminite (aguamento), patologia extremamente grave e que pode ser prevenida com um manejo adequado.O probiótico atua contra os desequilíbrios da flora intestinal. Graças à sua ação biorreguladora, ele permite encobrir os desequilíbrios, preservando assim suas funções essenciais de maneira geral e a saúde do cavalo.Mas para que um probiótico possa ter uma ação efetiva, e ser chamado de probiótico, ele deve possuir características particulares:- ser cultura viva (pode ser bactéria ou levedura);- estar em alta concentração;- ser oferecido em aporte contínuo (ininterruptamente);- ser resistente às enzimas digestivas e ao pH do estômago;- ser competitivo em relação aos germes digestivos.O que se procura quando se administra um probiótico ao animal é melhorar a eficácia alimentar através do aumento da atividade enzimática e aumentando a digestibilidade das fibras.Além disso, espera-se uma melhora no estado de saúde do animal, pois há uma elevação das defesas imunitárias com uma diminuição da ação dos germes patogênicos.Vantagens do Uso de Probióticos:Efeito Sanitário: Os cavalos apresentam uma melhora do estado geral (aspecto do pêlo, qualidade dos cascos, etc.) e sobretudo uma queda significativa dos problemas digestivos.Efeito Nutricional: Prevenindo e estabilizando os desequilíbrios da flora microbiana do organismo, o probiótico reforça as defesas imunitárias naturais, otimiza o aproveitamento da alimentação e reduz os problemas da digestão. De fato, obteve-se uma melhor cobertura das necessidades e uma segurança muito grande por limitar os efeitos das transições alimentares ou do stress.Nas Éguas: um aporte regular de alimento suplementado com Probiótico permite assegurar uma melhor lactação. As dietas diárias são melhores valorizadas e as éguas não perdem peso de modo excessivo após o parto e apresentam uma melhor qualidade leiteira com aumento dos níveis dos elementos nutritivos e minerais do leite. Devemos nos lembrar que uma égua, com um potro de 45-50 kg de peso ao nascer, deverá produzir diariamente de 16 a 18 litros de leite. A produção leiteira melhora qualitativamente e quantitativamente, o que permite ao criador obter potros mais robustos e resistentes.
André Galvão Cintra Médico Veterinário
Consultoria, Planejamento & Homeopatia

Técnicas de Pastagens

Normalmente, espécies forrageiras de elevada exigência em fertilidade do solo são de alto valor nutritivo para o cavalo. Deve-se atentar para a clássica pergunta: qual é o melhor capim para o cavalo? A resposta correta é: “Praticamente todos apresentam aspectos positivos e negativos, cabendo ao técnico a responsabilidade de saber utilizar adequadamente as características de cada um”. Calagem e adubação: Observa-se que o processo de calagem executado na maioria dos haras é feito de forma empírica, onde o “chutômetro” acusa quase sempre a cifra de 5t/alqueire (2t/ha). Na maioria dos casos o calcário é depositado sobre o solo intocado e incorporado via aração profunda. Como resultado do tombamento da leiva, o calcário vai se localizar após os 25 cm de profundidade não trazendo benefício na superfície. Outras ocasiões, a forrageira é implantada sem prévia correção do solo e, o calcário, então, é distribuído em cobertura à área plantada. Essa prática é altamente condenável, pois o efeito da calagem em cobertura é infinitamente menor que o calcário incorporado! Outro erro grosseiro é o uso de adubos fosfatados solúveis incorporados em solos ácidos, ou ainda o uso de adubos pouco solúveis em solos com pH acima de 6,0. O velho ditado “A pressa é inimiga da perfeição” aplica-se magistralmente nesse caso. Observa-se em grande frequência uma pressa prejudicial no uso da pastagem implantada, e essa utilização precoce leva à deterioração da massa vegetal em pouco tempo. O ideal seria uma ceifa da forrageira e não a utilização como pastejo, por ocasião do primeiro corte. Caso não seja possível, deve-se protelar ainda mais a entrada de animais no pasto. Dimensão, ração e adubação :Quase sempre os piquetes são muito grandes e o número de animais em pastejo, dentro do piquete, é muito pequeno. Como resultado dessa combinação, temos áreas subpastejadas (crescimento elevado da forragem e perda do valor nutritivo) ao lado de locais superpastejados, onde a emissão da brota do capim é imediatamente acompanhada de corte pela boca do animal. Visualmente, o piquete apresenta massa forrageira, mas na prática não há consumo do excedente e ocorre degradação das áreas hiperconsumidas. Como o rodízio dos piquetes demora muito para ser efetuado essa situação de desequilíbrio entre o crescimento da forragem e o consumo da mesma, perdura por um longo tempo. Quando o haras não tem um programa nutricional racional, o desbalanço entre os nutrientes provoca um comportamento típico dos equinos no pasto: eles se acumulam no canto do piquete, e permanecem parados com temperamento linfático (“ar de boi sonso”) durante horas. Esse comportamento agrava o quadro de degradação da pastagem descrito no ítem anterior e indica que a nutrição no haras está errada! Infelizmente devemos ressaltar que “o pasto serve para o cavalo se alimentar e não para deleite visual do proprietário”. Observa-se com bastante frequência uma utilização inadequada de adubo nitrogenado em cobertura, visando basicamente alterar a coloração da forrageira. Essa prática resulta no aumento de compostos nitrogenados não proteicos na planta (aminas, amidas, nitrosaminas, nitritos e nitratos) com prejuízo a médio e longo prazo da saúde animal. Um haras bem manejado nas suas pastagens apresenta um constante consumo da forragem, estado nutricional dos animais perfeito e mudanças na coloração da forrageira de acordo com o uso e a época do ano. Deve-se desconfiar do verde-azulado constante que exibem alguns haras ao longo do ano, pois isso evidencia uso abusivo de adubo nitrogenado e/ou adubação fora de época. O uso de irrigação para forrageiras tropicais durante o “inverno”, potencializa os efeitos deletérios da adubação (válido para as condições de SP, PR, SC, Sul de MG e MS). Erros na fenação de gramíneas :Infelizmente a esmagadora maioria dos haras que apresenta estrutura de fenação não consegue produzir feno, somente palha (cama). O verdadeiro feno de gramínea deve apresentar coloração esverdeada, consistência macia, odor característico e ausência de substâncias estranhas. Os maiores erros observados no processo de fenação serão relatados a seguir. O processo de fenação nunca acrescenta nada ao material original. Assim sendo se o capim a ser ceifado for passado, descolorido, praguejado e fibroso, seu feno correspondente apresentará obrigatoriamente essas características indesejáveis. Quando se fornece esse material para o cavalo e, obviamente, ocorre rejeição, atribui-se imprópria e genericamente ao fato de que “equinos não gostam de feno de gramínea”. Relaciona-se diretamente com o ítem anterior. Observa-se na grande maioria das propriedades que o processo de fenação se dá principalmente de março/abril até setembro. Essa época coincide com a ausência de chuvas, mas o capim já floresceu, amadureceu e quase sempre perdeu o valor nutritivo! O processo de fenação deve obrigatoriamente coincidir com a época de maior crescimento vegetativo da gramínea, ou seja, de outubro a março. Deve-se cortar uma área cujo tamanho permitirá realizar todo o processo de fenação no máximo em dois dias. Observa-se que na maioria dos haras, a área ceifada ‘so permite a conclusão dos trabalhos 4-5 dias após a ceifa, o que logicamente aumenta os riscos de perda no campo. As áreas que são fenadas implicam a exportação total dos nutrientes, pois não há forma de reciclagem dos mesmos. As adubações devem ser realizadas após cada corte e sempre com critérios técnicos. Uso da irrigação :Para uma forrageira tropical produzir é necessária uma combinação de luz (foto-período), temperatura e água. Qualquer um desses fatores, se porventura ausente, compromete o processo produtivo da pastagem. Por esse motivo não há razão técnica para se proceder a irrigação de pastagens tropicais visando produção invernal, uma vez que a água não é o único fator limitante (a temperatura é menor e a luminosidade também). A irrigação torna-se bastante interessante na formação de pastagens de coast-cross em áreas de grande infestação de braquiaria (formação durante o inverno).Erros na produção de alfafa : Ainda hoje, início do século XXI, encontramos propriedades e publicações que fazem e preconizam técnicas de produção de alfafa vigentes no século passado, na década de 20!! Catalogamos a seguir alguns erros. Infelizmente alguns pseudotécnicos insistem em menosprezar a técnica consagrada da inoculação da semente de leguminosa com o rizóbio específico. Além de prescindir da adubação nitrogenada, a simbiose resultante provoca maior qualidade nutricional da alfafa e maior longevidade do alfafal. Alguns haras procedem a inoculação corretamente, mas por ignorância ou má-fé adubam em cobertura o alfafal com nitrogênio (nitrocálcio ou similar). Quando se procede a adubação nitrogenada do alfafal provoca-se a morte do rizóbio, cessando, portanto, os efeitos positivos da simbiose. Muita ênfase é dada para os elementos e cálcio e fósforo que, a despeito de sua indiscutida importância relegam a segundo plano nutrientes como o potássio e boro, reconhecidamente fundamentais no processo de produção da alfafa. Adubações orgânicas, embora bem-vindas, não procedem milagres e resultam, na maioria das vezes, em alfafais pouco produtivos e com alta infestação de ervas daninhas. Alguns haras cometem absurdos de se proceder adubações foliares de macro-nutrientes, onde o nitrogênio quase sempre está presente. A recomendação da adubação foliar com micronutrientes só se justifica perante caso reconhecido de carência e/ou deficiência e que exija rapidez de ação. Qualquer outra situação evidencia desconhecimento técnico da cultura da alfafa. Cortes com alfanje :Com honrosas e raríssimas excessões o operador do alfanje é incapaz de proceder o corte do alfafal na altura recomendade que é no mínimo de 8 cm do solo. O uso contínuo do alfanje provoca ceifa da brotação basilar resultando em decréscimo no vigor da brota da alfafa e grande ocorrência de mortalidade das plantas estabelecidas. O corte deve ser realizado com máquinas apropriadas (segadora), reguladas para uniformidade de altura quando em operação. Juntamente com o alfanje, a enxada completa a dupla mais responsável pela degradação dos alfafais nas nossas condições. A enxada sempre afeta a área radicular e a região da coroa da planta, concorrendo para o aparecimento de infecções secundárias e morte das plantas. Deve-se evitar ao máximo o uso de enxada dando-se ênfase ao uso correto de herbicidas e, na pior das hipóteses, ao arranquio manual da invasora. Quando o alfafal é bem planejado na sua implantação, a ocorrência de invasoras é mínima e de fácil controle, dispensando o uso de mão-de-obra para manter limpa a cultura. Secagem inadequada :A alfafa é um produto nobre, caro e não deve ter seu valor nutritivo diminuído no processo de secagem e armazenamento. Raros são os haras que conseguem efetuar fenação a campo de modo satisfatório, de modo que a secagem artificial (à sombra, ou secador) é a mais utilizada. Observa-se que muitas propriedades procedem secagem excessiva, causando queda de folhas com consequente diminuição do valor nutritivo do feno. Outras fazendas associam a secagem inadequada com o corte tardio da alfafa, uma vez que interessa somente a produção/área e não a qualidade do produto. O comprador de feno de alfafa deve aprender a comprar o material pela qualidade nutricional que é dada pela conjunção de: análise bromatológica, coloração esverdeada, maciez ao tato, presença abundante de folhas e ausência de bolor e/ou processo fermentativo e ausência de material estranho. Finalizando os erros, cita-se ainda os preconceitos contra determinadas forrageiras que nada mais evidencia do que ignorância de suas aptidões agronômicas; a resistência na adoção de técnicas de controle de erosão (curvas de nível, terraceamento, etc) nas pastagens etc. Aos proprietários de haras e seus encarregados técnicos cabe a obrigação de aperfeiçoar o processo produtivo dentro de princípios racionais e econômicos, dando à “indústria do cavalo” sua real dimensão dentro do contexto zootécnico que se insere.
Claudio M. Haddad
Prof.Dr. Deptº Zootecnia ESALQ/USP

2 de fevereiro de 2010

There is No Dis in Ability



Este video foi produzido pelo I.P.E.C e apresentado a F.E.I para a aprovação da modalidade equestre (dressage) como esporte paraolimpico .