31 de agosto de 2009

Os Principios do Horsemanship na Equitação Especial



Existem quatro princípios básicos para aqueles que trabalham com o cavalo de Equoterapia desenvolverem melhor seu feeling e melhorar o rendimento dos animais no ambiente terapêutico:

1) Aprender a pensar como os cavalos pensam: os cavalos são animais que possuem características instintivas de presas. Os seres humanos são predadores natos, também com características naturais de predadores. Se pensarmos como predadores para trabalhar com presas, estamos gerando sempre medo e desconfiança, resultando na queda de desempenho, quando não em acidentes de trabalho. Para aprender a pensar como presas devemos estudar o comportamento natural dos cavalos.
2) Aprender a pensar e enxergar do ponto de vista do cavalo, de acordo com sua natureza: temos que nos acostumar cada vez mais a enxergar o ponto de vista dos cavalos nas rotinas do dia a dia. Estudando o comportamento natural dos cavalos, devemos sempre fazer a seguinte pergunta: “Se eu fosse presa, , um cavalo, de acordo com a natureza destes animais, como eu reagiria a esta ou aquela situação?”
3)Ter um “timing” apurado: timing significa ter uma noção exata de quando, como e porque fazer algo positivo ou punitivo a um cavalo. Devemos aprender a julgar situações em frações de segundos para que possamos corrigir ou reforçar positivamente um cavalo nas rotinas do dia a dia;
4)Ter um foco definido: temos que saber exatamente o que queremos com um cavalo, tanto em termos de futuro, projetos, idéias e planos, como no simples colocar de um cabresto. Sem um foco claro do que queremos, estaremos gerando dúvida e confusão, o que conseqüentemente nos colocará diante de um cavalo com medo e apreensão.
(Equitação Especial)

O Auxiliar-Guia e a Condução do Cavalo de Equoterapia e de Equitação Especial


“Quando o homem e o cavalo, para realizarem tarefas conjuntas, se fundem numa única unidade biológica forma-se uma rede de cooperação neurofisiológica entre os parceiros”


O condutor ou auxiliar-guia é o profissional responsável pela condução do cavalo durante uma sessão de Equoterapia, e também responsável por manter a qualidade do passo em todas as suas variantes de amplitude e freqüência e ainda executar todas as mudanças, de andamento ou de direção, de forma correta, respeitando sempre as limitações morfológicas do cavalo e preservando o equilíbrio do praticante, exceto quando este for desestabilizado por uma proposta terapêutica.

Para a execução correta da condução torna-se necessário o desenvolvimento de técnicas específicas, estudo etológico e treinamento. O cavalo deve estar apto a executar com perfeição o passo, engajado, calmo e atento bem como as mudanças de direção e as figuras de pista.

O treinamento do cavalo é realizado pelo Equitador habilitado, porém o condutor deve aprender as técnicas necessárias para substituir os comandos do cavaleiro montado pelos comandos dados do chão.

Para executar tais comandos com exatidão o condutor deve conhecer o posicionamento e a distancia correta para a condução, bem como sincronizar seus passos, manejar as rédeas e a guia (e o chicote) e posteriormente executar as mudanças de direção, as mudanças de lado, as figuras de pista utilizadas na Equoterapia. Deve também ter conhecimento sobre o uso correto das embocaduras e a linguagem universal das ajudas.

O início de um bom treinamento de condução é entender o comportamento eqüino, qual o espaço seguro e o espaço limite de pressão bem como entender as suas reações mais singelas.

O processo de desenvolvimento de uma condução técnica inicia-se preliminarmente com uma estruturada relação de comunicação.



por Eduardo Colamarino

A comunicação entre homem e cavalo se da por isopraxia e isoestesia. A transmissão gestual de um para outro animal é chamada isopraxia (ação igual). Ela pode ocorrer entre o homem e o cavalo se o contato entre eles for adequado e agradável e sem interferências estranhas ou inadequadas. Por isso, os movimentos do condutor podem promover movimentos homólogos no cavalo e por isopraxia recíproca, também o cavalo pode transmitir movimentos semelhantes para o condutor.
Entretanto, atividades sincrônicas não ocorrem somente no sistema sensório-gestual, mas também no sistema afetivo. Semelhantes comportamentos emocionais com transmissões bilaterais podem ocorrer entre humanos ou entre humanos e cavalos.

Este fenômeno é chamado: isoestesia (iso, igual e estesia, sensibilidade). Isto é mais bem explicado e entendido quando se observam comportamentos entre crianças e animais ou entre pessoas doentes e que são controlados por sistemas afetivos e por um sistema intelectual imaturo ou pouco desenvolvidos.

A utilização lógica de tais recursos determina a base da comunicação. Se o comportamento daquele que conduz for afoito, brusco ou agressivo, teremos uma cavalo de comportamento semelhante, e, portanto inapto ao trabalho de Equoterapia. Contudo, se tivermos um comportamento franco, direto e calmo, termos um cavalo executando movimentos corretos, tranqüilo e flexível.

Na mesma premissa, o andamento do condutor influencia o andamento do cavalo durante a condução. Em um conjunto entrosado, toda vez que o condutor aumentar ou diminuir o ritmo de suas passadas o cavalo tende a acompanhá-lo.

Para que o entrosamento do conjunto se de por completo, mister que se entenda quais
as zonas de espaço que devem ser ocupadas por cada um, condutor e cavalo, durante a condução.

Durante o trabalho de solo, o cavalo aceita o homem em seu espaço social denominado especo social interpessoal abrangente. Nesse espaço, homem e cavalo dividem uma mesma zona, o cavalo permite proximidade as suas zonas de proteções (mais especificamente seus flancos e sua garupa) e o homem permite a proximidade do cavalo ao seu corpo.Membros de ambos chegam a se tocar, e não havendo nenhuma situação de ameaça o cavalo tende a permanecer próximo.

A zona limite ou chamada zona de pressão, varia de cavalo para cavalo, porem todos possuem um limite de proximidade que deve ser respeitado, do contrário, os espaços se tornam insuficientes, com zonas alteradas e conseqüentemente, desorganizados e agressivos. O cavalo tende a afastar-se
O posicionamento correto do condutor, respeitando a zona limite, deve ser alinhado às espáduas mantendo apenas uma distancia de segurança evitando ser pisado, sempre pelo lado de dentro da pista.

Utilizando esses conceitos o condutor pode promover a aproximação do cavalo, assim como aumentar o impulso dos posteriores aproximando-se de seu flanco e colocando-se na sua retaguarda, ou diminuí-los ate a parada colocando-se a sua frente.

Entender a zona social e zona limite de cada cavalo, portanto, é fator contribuinte para uma condução bem sucedida, porem de forma isolada seus efeitos são irrisórios. O sucesso da condução depende também de como manejar a embocadura através das rédeas.

A condução se estabelece também pelos comandos transmitidos ao cavalo através da "conexão neurofisiológica" que as embocaduras estabelecem entre as mãos do condutor e a boca do cavalo, órgãos que biologicamente têm fins semelhantes, pois são utilizados na apreensão de alimentos e que por isso são bem dotados de coordenação motora fina.

Assim, o uso correto da embocadura vai progressivamente estabelecendo uma série de reflexos condicionados, que vão se refinando, até que seja possível para o condutor comunicar suas intenções para o cavalo com um mínimo de força física, porém com um máximo de precisão e sutileza. Quando o cavalo é bem adestrado, o condutor assume o comando das decisões para as mudanças de velocidade e direção com muita facilidade. Ou melhor: a decisão do condutor substitui a decisão do cavalo para acionar o seu sistema reflexo que dará início à cadeia de movimentos

A rédea conectada entre as mãos sensíveis do condutor e a boca sensível do cavalo é o “fio de conexão” que leva e traz informações do cérebro humano para o cérebro eqüino, e faz o cavalo perceber a indicação dos movimentos desejados.

A rédea permite ao cavaleiro sentir os movimentos horizontais do cavalo — o alongar e o reunir do seu corpo – para que este transmita, com pressões exatas nos momentos certos, os seus comandos de alongamento e reunião em forma de leves contrações dos dedos, sinais que a embocadura retransmite para o cerebelo do cavalo, que o decodifica e ajuda a deflagrar automaticamente a ação reflexa solicitada, e que foi automatizada durante os treinamentos. Por estas razões, o cavalo não deve ser controlado através da ação bruta da embocadura, porque isto destrói a sensibilidade dos seus terminais nervosos e reduz a sua capacidade de dar respostas reflexas aos comandos do cavaleiro.

Portanto, a ação mais complexa é a de manejar das rédeas do solo simulando o contado de montaria, utilizando apenas uma das mãos ao invés das duas.

As rédeas devem estar em descanso no pescoço do cavalo enquanto por baixo, estará cruzada nas mãos de forma a permitir que um simples movimento de punho simule uma ação de rédeas convencional.

A mão do condutor que empunhar as rédeas deve respeitar uma distancia mínima de 10 cm da parte posterior da face, mantendo o braço em flexão de 90 graus controlando assim o cavalo por completo e promovendo inclusive o engajamento dos posteriores. A mão oposta deverá segurar a guia de segurança que deve estar presa em anel mediano e mosquetão de giro deixando folga entre a extremidade presa ao cavalo e a mão do condutor.

O condutor pode contar com o auxílio de um chicote para efetuar eventuais correções e impulsionar o animal. O chicote deve alcançar a ponta das ancas, sendo essa sua medida ideal.

A condução desta forma irá manter o cavalo na freqüência e amplitude desejada ao seu passo, engajado e flexível, bem como calmo e atento.Manter essas características depende da lógica geométrica e da preservação dos limites morfológicos do cavalo.

O cavalo não é só conduzido em linha reta e na mesma direção. As figuras de pista do adestramento são utilizadas como recursos terapêuticos bem como as freqüentes mudanças de direção.

Ao condutor então caberá saber como atuar nessas diferentes ações. Para tanto o conhecimento das figuras de pista, das mudanças de direção e das transições são primordiais.

Nas mudanças de direção, nos cantos e na execução das figuras o cavalo deve ajustar a encurvatura de seu corpo à curvatura da linha que ele segue, conservando-se flexível e seguindo as indicações do condutor sem qualquer resistência ou mudança de andadura, de ritmo ou velocidade.

Ao mudar de direção, o condutor deve alterar sua posição mantendo-se sempre do lado interno da pista. Existem duas maneiras viáveis para a mudança de lado do condutor, que deve ocorrer cada vez que o cavalo inverter a mão de direção.

A primeira, com o condutor olhando para frente, no ritmo do cavalo, passa pela frente deste passando a guia de uma mão para outra pelas costas; a outra, também no ritmo do passo do cavalo, o condutor executa um giro ficando de frente ao chanfro do cavalo e completando o giro para o outro lado passando a guia pela frente do corpo

As mudanças de direção podem ser executadas nas seguintes situações:

- Volta em ângulo reto, incluindo passagem de canto (um quarto de volta de aproximadamente 6 m de diâmetro).

- Diagonal curta e longa.

- Meia voltas e meio círculos, com mudança de mão.

- Laços de serpentina.

As figuras de pista quando utilizadas como recurso terapêutico necessitam de estrita correção quanto as suas execuções. São utilizadas basicamente quatro figuras de pista, sendo estas as voltas, as serpentinas e o oito de conta.

A volta é um círculo de 6, 8 ou 10 metros de diâmetro. Se maior de 10 metros, usa-se o termo Círculo.

A serpentina com vários laços tocando o lado maior do picadeiro consiste de semicírculos ligados por uma linha reta. Ao cruzar a linha do meio, o cavalo deve estar paralelo ao lado menor . Dependendo do tamanho dos semicírculos, a linha reta que os liga varia de comprimento. Serpentinas com um laço no lado maior do picadeiro são executadas com 5 m ou 10 m de distância da pista. Serpentinas em volta da linha do meio são executadas entre as linhas de quarto.
O oito de conta consiste de duas voltas ou círculos de igual tamanho, como prescrito na reprise que são tangentes no meio do oito. O cavaleiro deve endireitar seu cavalo por um instante, antes de mudar de direção no centro da figura.

O condutor de posse desses conhecimentos estará apto a promover uma condução preservadora das qualidades do movimento e contribuinte das ações multidirecionais exercidas pelo passo do cavalo.

Porem, o trabalho com cavalos e mais especificamente com Equoterapia deve, além de ser baseado em fundamentos técnico-científicos, fundar-se no amor e respeito pelo animal e no intuito de promover o desenvolvimento humano.

27 de agosto de 2009

Amplitude e Frequencia do Passo

"O ritmo do passo apresenta, em média uma freqüência de 1 a 1,25 movimentos por segundos que leva ao praticante a realizar de 1800 a 2250 ajuste tônicos em trinta minutos de sessão."
Amplitude e Frequencia do Passo
O passo, por suas características é a andadura básica usada na Equoterapia, se caracteriza por: uma andadura rolada ou marchada (sempre existe um ou mais membros em contato com o solo, não possuindo tempo de suspensão); andadura ritmada (cadenciada, a quatro tempos, isto é, ela se produz sempre no mesmo ritmo e na mesma cadência, que entre o elevar e o pousar de um membro se ouvem quatro batidas distintas, nítidas e compassadas, que correspondem ao pousar dos membros do animal); uma andadura simétrica (todos os movimentos produzidos de um lado do animal, se reproduzem de forma igual e simétrica do outro lado, em relação ao seu eixo longitudinal); a andadura mais lenta (em conseqüência as reações que por ela se produz são mais lentas, mais fracas, resultando em menores reações sobre o cavaleiro e mais duradouras).
O passo caracteriza-se pelo deslocamento dos membros e uma passada traduz-se pelo deslocar de um único membro. A freqüência está em função do comprimento do passo e da velocidade da andadura. Analisando o deslocamento de um cavalo passo a passo, ao final do primeiro minuto, será possível obter quantas passadas foram realizadas, que podem variar de 48 a 70. O cavalo é considerado de freqüência baixa se sua media de passadas for igual ou inferior a 56 passos por minuto. E alta, se for superior a 56 passos por minuto. O ritmo do passo apresenta, em média uma freqüência de 1 a 1,25 movimentos por segundos que leva ao praticante a realizar de 1800 a 2250 ajuste tônicos em trinta minutos de sessão.

Os tipos de amplitude de passada do cavalo são classificados em: transpistar (o cavalo apresenta um comprimento de passo longo quando sua pegada ultrapassa a marca da pegada anterior); sobrepistar (o cavalo possui uma amplitude média, quando sua pegada coincide com a marca da pegada anterior); e antepistar (o cavalo apresenta um comprimento de passo curto quando sua pegada antecede a marca da pegada anterior).
A Federação Eqüestre Internacional define em seu artigo 403 do Regulamento Paraequestre o passo e identifica quatro variantes levando em consideração a amplitude, a freqüência e a atitude do cavalo.
São reconhecidos os seguintes passos: Passo Reunido, Passo Médio, Passo Alongado e Passo Livre. Devendo sempre haver uma nítida diferença na atitude e no transpistamento, nestas variações.

Passo ReunidoO cavalo, conservando-se "na mão", move-se resolutamente para frente com seu pescoço sustentado e arredondado e, demonstrando uma nítida auto- sustentação.
A cabeça aproxima-se da posição vertical, devendo ser mantido leve contato com a boca. Os posteriores engajam-se sob a massa com uma boa ação dos jarretes. A andadura deverá manter-se marchada e enérgica, com uma sucessão regular do pousar dos membros.
Cada passada cobrirá menos terreno e será mais elevada que no passo médio porque as articulações se dobram com mais intensidade. O passo reunido é mais curto que o passo médio, embora mostrando mais atividade. O cavalo antepista-se ou quando muito sobrepista-se.
Passo Médio
É um passo claro, regular e fácil, com um alongamento médio. O cavalo conservando-se "na mão” marcha energeticamente, porém descontraído, num passo igual e determinado, os posteriores apoiando-se no solo à frente das marcas dos anteriores (ou sobrepista) 0 cavaleiro conserva um contato leve, macio e constante com a boca de seu cavalo, permitindo o movimento natural da cabeça e do pescoço.
Passo Alongado
O cavalo cobre o máximo de terreno possível, sem precipitação e sem perder a regularidade de suas batidas. Os posteriores pousam nitidamente à frente das marcas dos anteriores. O cavaleiro permite que o cavalo alongue seu pescoço e avance sua cabeça (para frente e para baixo) sem, todavia, perder o contato com a boca e o controle da nuca. O chanfro deve estar nitidamente à frente da vertical.
Passo Livre
O passo livre é um andamento de repouso no qual se deixa ao cavalo inteira liberdade para baixar a cabeça e estender o pescoço. Quando o pescoço alonga para frente e para baixo, a boca deverá atingir mais ou menos a linha horizontal correspondente às espáduas. Um contato consistente e elástico com as mãos do cavaleiro deve ser mantido. A andadura deve manter seu ritmo e o cavalo deve permanecer leve nas espáduas, com os posteriores bem engajados.
por Eduardo Colamarino
(Equitação Especial)

A Amplitude do Passo e o Estimulo dos Sistemas Sensoriais

“O processo de estimulação vestibular se inicia com o fundamento da semelhança da marcha humana com o andar do cavalo .”


A Amplitude do Passo e o Estimulo dos Sistemas Sensoriais

Uma vez montado no cavalo, o indivíduo está exposto aos movimentos deste, recebendo estímulos neuromotores, transmitidos pelo dorso do cavalo, estando este mantendo a andadura ao passo.A chave para se entender os efeitos dos três componentes dos movimentos do cavalo ao passo é necessário compreender-se o valor deles sobre o cavaleiro.
Estes estímulos requerem ajustes musculares do tronco do homem, tendo como objetivo o controle da atividade muscular e manutenção do alinhamento postural mais adequado para cada praticante na postura terapêutica montado sobre o cavalo. A variabilidade de exercícios terapêuticos utilizados durante uma sessão de Equoterapia inclui não só mudanças posturais, como também variação de velocidade do passo do cavalo, com passo lento ou rápido .

1º) As aceleração / desaceleração dos movimentos do cavalo influenciam inclinações anteriores e posteriores da pelve e do tronco do cavaleiro. Quando o cavalo realiza a fase acelerada do movimento do passo (levantando e movendo membro posterior para a frente), a pelve e o tronco do cavaleiro se deslocam, inclinando-se para trás e quando o cavalo firma o membro posterior no solo na fase de desaceleração, o cavaleiro inclina a pelve e o tronco para a frente.
2º) No momento em que o cavalo realiza um movimento de rotação da anca ao trocar os membros posteriores, o cavaleiro realiza um movimento de flexão lateral da pelve.
3°) O terceiro movimento componente do passo ocorre quando o cavalo realiza a fase de elevação e deslocamento para a frente do membro posterior, o que provoca uma flexão do seu tronco. Este movimento produz rotação do tronco e da pelve do cavaleiro.
Estes movimentos do cavalo produzem no tronco e pelve do cavaleiro: rotação anterior da pelve, deslocamento para frente e flexão lateral, quando os membros do cavalo agem diretamente sobre ele ao se deslocarem.
É através do conhecido movimento tridimensional que o cavalo promove no corpo do indivíduo montado sobre seu dorso, que a musculatura do tronco é ativada, de maneira a impedir a queda pelas oscilações constantes.Quando sobre o cavalo, o indivíduo está exposto a estas oscilações de maneira bem peculiar.
O desenvolvimento motor normal é caracterizado pelas aquisições nos sentidos crânio-caudais e próximo-distais, ou seja, iniciando o ganho do controle postural pela musculatura cervical, seguida de tronco e pelve. O desenvolvimento próximo-distal se inicia pelas articulações mais próximas da linha média, para então as mais laterais. Segundo Kandel; Schwartz e Jessel (1997), os músculos axiais (tronco) e apendiculares (proximais) do homem são usados na manutenção do equilíbrio postural, enquanto os músculos distais são utilizados para atividades manipulatórias. A importância do controle postural e da manutenção do equilíbrio se dá pelo fato da necessidade destes para um bom desempenho nas atividades motoras finas, como preensão, alcance e escrita.

Assim, segundo Medeiros e Dias (2002), o ato motor baseia-se em duas atividades: a de sentir e perceber, e a de realizar movimentos. Estimulando os três sistemas sensoriais (sistema vestibular, sistema visual e sistema proprioceptivo), a Equoterapia facilitará o aprendizado motor, levando a mudanças na organização e número das conexões neurais, chamado de plasticidade neuronal.

O sistema vestibular é estimulado a partir da movimentação da endolinfa. O aparelho vestibular é o órgão que detecta as sensações de equilíbrio, e é composto por um sistema de tubos e câmaras no labirinto ósseo. Dentro deste está o labirinto membranoso, que é composto pela cóclea, por três canais semicirculares e por duas grandes câmaras chamadas utrículo e sáculo, responsáveis pelo equilíbrio. Os três canais semicirculares são sensíveis às acelerações angulares (rotações). O utrículo e sáculo são sensíveis às acelerações lineares (translações e a gravidade). A combinação dos dois sistemas assegura a percepção de todas as acelerações possíveis.
O processo de estimulação vestibular se inicia com o fundamento da semelhança da marcha humana com o andar do cavalo.

Partido do animal parado, e iniciando o seu deslocamento pela pata posterior direita, o membro seguinte a se deslocar será a pata anterior esquerda. Desta maneira, a pelve do cavaleiro recebe estes movimentos, desencadeando o processo de recrutamento muscular e ajuste tônico para evitar a queda. Portanto, é necessário que o praticante aumente o recrutamento muscular para manter-se sobre o cavalo.


A variação do passo no cavalo, velocidade, estimulação da direção e equilíbrio têm como resposta o deslocamento do centro de gravidade do paciente, facilitando na dinâmica da estabilização postural e restabelecimento da desordem motora . O sistema nervoso central interpreta estes desequilíbrios como instabilidades posturais capazes de provocar queda, respondendo com aumento do tônus postural. Assim, os eretores da coluna são ativados como forma de manter suas reações de equilíbrio. As reações de equilíbrio servem para ajustar a postura, manter e recuperar o equilíbrio antes, durante e depois do deslocamento do seu centro de gravidade.

No entanto , para se obter melhor resposta no tônus muscular do praticante, a escolha adequada do animal, ou seja, a freqüência do passo, é de suma importância para se obterem as respostas posturais adequadas para cada praticante. O animal que apresentar um número maior de passadas por minuto irá ativar os receptores proprioceptivos intrafusais, que só respondem a estímulos rápidos, como também os receptores articulares que respondem à pressão, gerando aumento do tônus, indicado para pacientes hipotônicos.

Em contrapartida, quando o cavalo apresentar uma freqüência baixa de passos. diminuirá a velocidade de inputs dos estímulos proprioceptivos, mantendo o movimento rítmico e cadenciado, estimulando assim o sistema vestibular de forma lenta, contribuindo para diminuição do tônus muscular de todo o corpo, sendo indicados principalmente para pacientes hipertônicos.


Por Eduardo Colamarino

(Equitação Especial)
Nota : Sistema de Equilíbrio O Sistema Vestibular :Estes são os órgãos de equilíbrio no ouvido interno .Consistem de três canais semi circulares que estão repletos de fluido. À medida que nos movimentamos o fluido também se move e as mensagens são enviadas ao cérebro descrevendo nossa nova posição Temos um órgão de equilíbrio em cada ouvido. O Sistema de Entrada Visual:Nós recebemos muita informação sobre o que nos rodeia a partir do que vemos. Se nós estamos nos movendo muito rapidamente, focalizar então num dado ponto pode nos impedir de sentir tontura. As informações emitidas por este sistema serão menos eficazes caso a pessoa tenha uma fraca visão. O Sistema Proprioceptivo:Receptores nos pés e nas juntas e também no pescoço nos fornecem informações sobre como o corpo está se movendo e se estamos em chão firme.

25 de agosto de 2009

Semelhança de Movimentos

Movimento humano e sua semelhança com o movimento do cavalo

O homem, ao deslocar-se, inicia o seu movimento por meio de perdas e retomadas de equilíbrio e dá seqüência ao seu deslocamento pela força muscular de seus membros inferiores.
Quando parado, o homem provoca uma perda de equilíbrio para a frente. Enquanto o corpo desloca-se impulsionado por uma perna, a outra avança, indo pousar à frente, para apoiar o corpo, evitando a sua queda. O corpo humano, em seu deslocamento, produz um movimento para cima e para baixo, em cada passo. Quando parado, cada pé está situado de um lado do eixo do corpo. Quando uma perna impulsiona, além do movimento para a frente, devido a sua dissimetria de apoio, ocorre também um movimento lateral, para o lado oposto ao desta impulsão ,indo a outra perna apoiar o movimento, ficando o corpo exatamente sobre o apoio do pé oposto que retém a massa do corpo em seu movimento, permitindo que o homem retome o seu equilíbrio e, novamente, o lance para frente e para o outro lado.
Da mesma maneira quando está com um pé à frente e outro atrás, sua cintura pélvica sofre uma torção no plano horizontal para o lado do pé que está recuado.
Comparando os movimentos humanos executado em seu deslocamento (ao passo), vemos que ele é idêntico ao produzido por um cavalo, quando, também, se desloca ao passo. Ora, é exatamente este movimento que gera os impulsos que acionam o sistema nervoso para produzir as respostas que vão dar continuidade ao movimento e permitir o deslocamento. A partir destas respostas, o organismo terá maiores ou menores condições de movimentar-se em função da capacidade dos músculos entrarem em atividade, daí a necessidade de um trabalho em conjunto pelos diversos especialistas que compõem a equipe de Equoterapia, para analisar os resultados obtidos e programar a continuidade e intensidade dos exercícios a serem executados pelo praticante.
Essas atividades deverão levar em conta dois fatores fundamentais: o cavalo e o praticante.


O cavalo, pelas diversas posições que poderá adotar em seu deslocamento, variando a disposição de seu corpo. O praticante, pelas diversas posições e movimentos que pode tomar sobre o cavalo e pela possibilidade física de poder executar os exercícios programados.

Comparação dos esqueletos do homem e do cavalo










Hugo Wickert – Profº Equitação
ANDE - BRASIL

Equoterapia : cronologia


458 – 377 (AC) HIPÓCRITES – “Das Dietas”: a equitação regenerando a saúde;

130 – 199 GALEANO – Consolidador e divulgador dos conhecimentos da medicina ocidental enfatizou os benefícios da atividade eqüestre;
Idade Média: ÁRABES, inúmeras referências tendo em vista o desenvolvimento da ciência num quadro da cultura eqüestre;

1569 MERKURIALIS – “Da arte Gimnastica”, a equitação não exercita só o corpo, mas também os sentidos;

1624 – 1689 THOMAS SYDENHAM – médico que emprestava seus cavalos para pacientes sem recursos;

1734 CHARLES CASTEL – médico de Saint Pierre criador da cadeira vibratória (“tremoussoir”) com movimentos similares aos do cavalo;

1747 SAMUEL T. QUELMALZ – primeira referência histórica ao movimento tridimensional do dorso do cavalo;

1752 JOHN PRINGLE – observando os militares que combatiam a pé e a cavalo constatou que estes últimos eram menos atingidos por doenças endêmicas;

1782 JOSEPH C. TISSOT - “Ginástica Médica e Cirurgia” - primeiras referências sobre contra-indicações e caracterização do passo como andadura mais benéfica;

1901 Hospital Ortopédico de Oswentry (Inglaterra) – primeira aplicação de Equoterapia em contexto Hospitalar;

1952 Liz Hartel portadora de poliomielite conquistou medalha de prata na modalidade adestramento nas Olimpíadas de 1952 e 1956;

1965 A Equoterapia torna-se matéria didática universitária em Salpentière;

1971 Chegam ao Brasil às primeiras experiências em Equoterapia (Elly Kogler e Gabriele Walter – fisioterapeutas);

1972 Primeira tese de doutorado em medicina sobre Equoterapia (Drª Collette Picarte Trintelin - Universidade de Paris);

1974 – 1994 Congressos Internacionais sobre Equoterapia;

1985 Fundação da Federação Internacional (FRDI) durante o V Congresso Internacional;

1989 Fundação da ANDE – BRASIL;

1997 Oficialização da Equoterapia como método científico pelo Conselho Federal de Medicina;

1998 Fundação da AEP – Associação de Equoterapia Paulista.

Equoterapia : equipe interdisciplinar

O atendimento na Equoterapia é precedido de diagnóstico, indicação médica e avaliações de profissionais das áreas de saúde e educação com o objetivo de planejar o atendimento equoterápico individualizado.
A prática da equoterapia é realizada por equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar.
A equipe deve ser a mais ampla possível, composta por profissionais das áreas de saúde, educação e equitação, especializados na reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais, tais como: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social e outros.
A composição da equipe multiprofissional deve levar em consideração: o programa a ser executado; a finalidade do programa; e os objeticvos a serem atingidos.
A composição mínima da equipe básica de um centro deve ser de três profissionais: um fisioterapeuta, um psicólogo e um profissional de equitação. Pré-requisito básico para filiação de um Centro de Equoterapia à ANDE-BRASIL.


Há necessidade de um médico que atue como orientador e consultor técnico para as atividades desenvolvidas pelo centro de equoterapia.
O médico poderá fazer a avaliação clínica quando o praticante não tiver sido avaliado pelo seu próprio médico, com o objetivo de indicar, indicar com precauções ou contra-indicar a práticar de equoterapia.
O médico dá respaldo à equipe multiprofissional em todos os aspectos clínicos e, em particular na alta do praticante.

(Equitação Especial)

Equoterapia : programas de atendimento

É sabido que cada indivíduo, com deficiência e/ou com necessidades especiais, tem o seu "perfil", o que o torna único. Isto evidencia a necessidade de formular programas individualizados, que levem em consideração as demandas daquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo evolutivo.
A equoterapia é aplicada por intermédio de programas individualizados organizados de acordo com: as necessidades e potencialidades do praticante; a finalidade do programa; os objetivos a serem alcançados, com duas ênfases: A primeira, com intenções especificamente terapêuticas, utilizando técnicas que visem, principalmente, à reabilitação física e/ou mental;
A segunda, com fins educacionais e/ou sociais, com a aplicação de técnicas pedagógicas aliadas às terapêuticas, visando à integração ou reintegração sócio-familiar.O cavalo em Equoterapia , portanto , é utilizado de três maneiras: como instrumento cinesioterapêutico, como instrumento pedagógico e de inserção social.

Programas Básicos de Atendimento
Hipoterapia
Educação/Reeducação
Pré-Esportivo
Prática Esportiva Paraeqüestre


A Hipoterapia
Programa essencialmente da área de saúde, voltado para as pessoas com deficiência física e/ou mental; é chamado em várias partes do mundo de hipoterapia; a ANDE-BRASIL também adota tal nome para este programa da Equoterapia. Neste caso o praticante não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho a cavalo. Portanto, não pratica equitação. Necessita de um auxiliar-guia para conduzir o cavalo. Na maioria dos casos, também do auxiliar lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança. A ênfase das ações é dos profissionais da área de saúde, precisando, portanto, de um terapeuta ou mediador, a pé ou montado, para a execução dos exercícios programados. O cavalo é usado principalmente como instrumento cinesioterapêutico.



Educação/Reeducação
Este programa pode ser aplicado tanto na área de saúde quanto na de educação/reeducação. Neste caso o praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e pode até conduzi-lo, dependendo em menor grau do auxiliar-guia e do auxiliar lateral. A ação dos profissionais de equitação tem mais intensidade, embora os exercícios devam ser programados por toda a equipe, segundo os objetivos a serem alcançados. O cavalo continua propiciando benefícios pelo seu movimento tridimensional e multidirecional e o praticante passa a interagir com o animal e o meio com intensidade. Ainda não pratica equitação e/ou hipismo. O cavalo atua como instrumento pedagógico .


Pré - Esportivo
Também pode ser aplicado nas áreas de saúde ou educativa. O praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo e embora não pratique equitação, pode participar de pequenos exercícios específicos de hipismo, programados pela equipe. A ação do profissional de equitação é mais intensa, necessitando, contudo, da orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação. O praticante exerce maior influência sobre o cavalo. O cavalo é utilizado principalmente como instrumento de inserção social.

Prática Esportiva Paraeqüestre
Este programa é aplicado nas áreas de saúde , educação e social , onde a atuação dos profissionais dessas áreas e equitação atuam em conjunto de forma complementar e destina-se aos :


- Praticantes de equoterapia advindos do terceiro programa denominado pré-esportivo;
- Praticantes de equoterapia advindos do segundo programa denominado educação e reeducação;
E ainda :

- Pessoas Portadoras de Necessidades especiais que tem como objetivo a prática esportiva como agente de desenvolvimento físico ;
- Pessoas Portadoras de Necessidades especiais que tem como objetivo a prática esportiva como agente de desenvolvimento psíquico ;
- Pessoas Portadoras de Necessidades especiais que tem como objetivo a prática esportiva como agente de desenvolvimento social e familiar ;

Este programa abre caminho para competições paraeqüestres tais como:


HIPÍSMO ADAPTADO modalidade de competição, dentro de um conceito festivo, adaptada ao praticante de equoterapia, normatizada, coordenada, em âmbito nacional pela Associação Nacional de Desportes para Deficientes e que já realiza competições desta modalidade.
PARAOLIMPÍADAS organizadas paralelamente às Olimpíadas e que se destinam às pessoas com deficiência física. Nela, os atletas competem em provas olímpicas em particular no "adestramento paraolímpico". É regulada pela Federação Eqüestre Internacional (FEI) e no Brasil pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), em parceria com o Comitê Paraolímpico Brasileiro.
OLIMPÍADAS ESPECIAIS, criada para pessoas com deficiência mental que buscam somente a participação e não a alta performance. Esta modalidade está sendo regulamentada pela SPECIAL OLYMPICS BRASIL.
VOLTEIO EQÜESTRE ADAPTADO, são exercícios realizados sobre o cavalo que se movimenta em círculos, conduzido por um cavaleiro por intermédio de uma "guia longa". Deverá ser regulamentado pela FEI, tornando-se, portanto, mais uma modalidade Paraolímpica. O Volteio Eqüestre Adaptado, provavelmente terá um progresso bem maior que o Adestramento Paraolímpico, pelos seguintes motivos:poderá ser praticado individualmente, em dupla e o mais importante, em equipe;a utilização de um mesmo cavalo por várias equipes, tornando a competição mais fácil de organizar e mais econômica em relação ao Adestramento;o numero de atletas beneficiados pela competição será bem maior, reforçando os conceitos de colaboração, respeito e espírito de equipe.

(Equitação Especial)

Equoterapia : áreas de aplicação

É sabido que cada indivíduo, com deficiência e/ou com necessidades especiais, tem o seu "perfil", o que o torna único. Isto evidencia a necessidade de formular "programas personalizados", que levem em consideração as exigências para aquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo evolutivo.

A equoterapia é aplicada por intermédio de programas específicos organizados de acordo com as necessidades e potencialidades do praticante, da finalidade do programa e dos objetivos a serem alcançados, com duas ênfases:


· a primeira, com intenções especificamente terapêuticas utilizando técnicas que visem a reabilitação física e/ou mental;

· a segunda, com fins educacionais e/ou sociais com a aplicação de técnicas psicopedagógicas, visando a integração ou reintegração sócio-familiar.

As áreas de aplicação da Equoterapia são:


· reabilitação, para pessoas com deficiência física e/ou mental;


· educação, para pessoas com necessidades educativas especiais e outros;social, para pessoas com distúrbios evolutivos ou comportamentais.



(Equitação Especial)

Equoterapia : Objetivos

Objetivos
A prática da equoterapia objetiva benefícios físicos, psíquicos, educacionais e sociais de pessoas com deficiências físicas ou mentais e/ou com necessidades especiais:

a) deficiências físicas ou mentais causadas por:

lesões neuromotoras de origem encefálica ou medular;

patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas por acidentes diversos;

disfunções sensório-motoras.

b) necessidades especiais causadas por:

necessidades educativas especiais;

distúrbios evolutivos;
distúrbios comportamentais;
distúrbios de aprendizagem.

(Equitação Especial)

24 de agosto de 2009

Equoterapia : Princípios e Fundamentos

Princípios e Fundamentos
Toda atividade equoterápica deve se basear em fundamentos técnico-científicos.
O atendimento equoterápico só poderá ser iniciado mediante parecer favorável em avaliação médica, psicológica e fisioterápica. s atividades equoterápicas devem ser desenvolvidas por equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar, que envolva o maior número possível de áreas profissionais nos campos da saúde, educação e equitação.As sessões de equoterapia podem ser realizadas em grupo, porém o planejamento e o acompanhamento deve ser individualizados.Para acompanhar a evolução do trabalho e avaliar os resultados obtidos, deve haver registros periódicos e sistemáticos das atividades desenvolvidas com os praticantes. A ética profissional e a preservação da imagem dos praticantes de equoterapia devem ser constantemente observadas.O atendimento equoterápico deve ter um componente de filantropia para que possa, também, atingir classes sociais menos favorecidas, para não se constituir em atividade elitizada. A segurança física do praticante dever ser uma preocupação constante de toda a equipe, tendo em vista: -o comportamento e atitudes habituais do cavalo e às circunstâncias que podem vir a modificá-los, como por exemplo uma bola arremessada ou um tecido esvoaçando, nas proximidades do animal;-a segurança do equipamento de montaria, particularmente correias, presilhas, estribos, selas e manta;-à vestimenta do cavaleiro, principalmente nos itens que podem trazer desconforto ou riscos de outras naturezas;-o local das sessões onde possam ocorrer ruídos anormais que venham assustar os animais.
(Equitação Especial)

Equoterapia: definição

Pela definição da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE – BRASIL) a Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou necessidades especiais, empregando o cavalo como agente de ganhos físicos, psicológicos e educacionais . O Coronel Lélio de Castro Cirillo entende que o tratamento transcorre tanto no plano educativo, pedagógico, psicológico e fisioterápico e define : “Equoterapia é um tratamento de reeducação e reabilitação motora e mental, através da prática de atividades eqüestre e técnicas de equitação” .
Heloísa Bruna Grubits Freire em Equoterapia :Teoria e Técnica - Uma experiência com crianças autistas , pontua a importância na reeducação, reabilitação e educação, da relação com o cavalo que proporciona uma articulação de movimentos correta e permiti uma interação afetiva. Acrescenta que no campo da psicomotricidade, o movimento tridimensional do cavalo influencia no desenvolvimento do esquema corporal e organização espaço temporal .A utilização do cavalo para o tratamento, além de sua função cinesioterápica, produz importante participação no aspecto psíquico, uma vez que o individuo se utiliza do animal para desenvolver e aperfeiçoar atitudes e comportamentos .
As terapias utilizando cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais, através de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo .
A Equoterapia, segundo Gavarine pode também ser uma terapia principal ou complementar, dependendo das peculiaridades do praticante. O atendimento equoterápico pode proporcionar uma reabilitação global, uma vez que o praticante é atendido em sua totalidade.
É na relação com o cavalo, com a equipe multidisciplinar e com o ambiente terapêutico que o praticante encontra subsídios para um novo tipo de educação, a possibilidade de novas vivências corporais, além do favorecimento de uma interação afetiva estabelecida no vínculo com o cavalo.
A Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) define a equoterapia como uma modalidade de equitação especial , sendo método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais , que além de seus efeitos terapêuticos, é o celeiro através do qual podem ser identificados os talentos que poderão seguir para os demais programas : equitação adaptada e hipismo paraolímpico .
(Equitação Especial)

Equoterapia e Praticante : origem dos nomes

A palavra Equoterapia foi criada pela ANDE-BRASIL (2000), para caracterizar todas as práticas que utilizem o cavalo como técnicas de equitação e atividades eqüestres, objetivando a reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. Foi criada com três intenções :- a primeira, homenagear a nossa língua mãe - o latim - adotando o radical EQUO que vem de EQUUS;- a segunda, homenagear o pai da medicina ocidental, o grego HIPÓCRATES de LOO (458 a 377 a.C.), que no seu livro "DAS DIETAS" já aconselhava a prática eqüestre para regenerar a saúde, preservar o corpo humano de muitas doenças e no tratamento de insônia e mencionava que a prática eqüestre, ao ar livre, faz com que os cavaleiros melhorem seu tônus. Por isso, adotou-se TERAPIA que vem do grego THERAPEIA- a terceira foi estratégica: quem utilizasse a palavra EQUOTERAPIA, totalmente desconhecida até então, estaria engajado nos princípios e normas fundamentais que norteiam esta prática no Brasil, o que facilitaria o reconhecimento do método terapêutico pelos órgãos competentes.A palavra Equoterapia está registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o Certificado de Registro de Marca n.º 819392529, de 26 de julho de 1999.O presente método foca as suas atividades ao usufruto do atendido, que é na verdade o protagonista de sua própria terapia, e assim tornou-se imprescindível nomear e classificar aquele que detém o ônus terapêutico; segundo o manual do primeiro curso básico de Equoterapia, realizado pela Associação Brasileira de Equoterapia, a ANDE (2000), o termo Praticante de Equoterapia “(...) é o termo utilizado para designar a pessoa portadora de deficiência e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas"
(A Equitação Especial)

Rotação e Translação derivados do Movimento Tridimensional

Quando o cavalo se desloca ao passo, ocorre o movimento tridimensional do seu dorso; portanto, há deslocamentos segundo os três eixos conhecidos (x, y, z), ou seja, para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para outro. Tal movimento é transmitido ao cavaleiro pelo contato de seu corpo com o do animal, gerando movimentos mais complexos de rotação e translação .
Esse ajuste tônico ritmado resulta em uma mobilização osteoarticular que determina um número impressionante de informações proprioceptivas. Esse sistema promove as percepções (propriocepção), consciente e inconsciente das diferentes partes do corpo.

Biomecanica do Cavalo na Equoterapia : o passo (3ª parte)

3ª. Parte : O Passo e o movimento no plano vertical
Neste movimento percebe-se a ocorrência da elevação e rebaixamento do corpo do cavalo. Com a movimentação do animal, quando este abaixa o pescoço, a coluna vertebral será elevada, e quando o pescoço é elevado à coluna vertebral é rebaixada. Dessa forma, a movimentação longitudinal deverá ser acompanhada pelo praticante .
Assim, enquanto um membro posterior está se estendendo para impulsionar o animal para frente, o outro está se deslocando para frente a fim de sustentá-lo. Quando os membros posteriores estão nesta posição, o vértice do ângulo por eles formado, com a garupa do animal está em seu ponto mais baixo.
Com a continuidade do movimento, o posterior que está a frente se estende e, com isso, eleva a garupa ao transpô-la sobre o seu ponto de apoio, depositando-a novamente à frente numa posição mais baixa. Este deslocamento se produz durante o movimento de cada um dos posteriores. Quanto mais para baixo do corpo o cavalo coloca o seu membro posterior, maior é o abaixamento da garupa, aumentando e acentuando o movimento vertical (comparação a uma roda denteada) .
(A Equitação Especial)

Biomecanica do Cavalo na Equoterapia : o passo (2ª parte)

2ª. Parte : O Passo e o movimento no plano horizontal


Nesta movimentação a anca do animal é projetada para frente, promovendo uma flexão lateral da coluna do animal. O cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores), solidária com a coluna. Isto provoca uma inflexão da coluna, tornando-a um arco em torno do posterior que está para frente e desloca o ventre do cavalo para o lado oposto .Assim, conforme as mudanças de passos, como por exemplo, o cavalo coloca o membro posterior direito (PD) à frente, ocorrerá um deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo .


Eixo transversal (movimento látero-lateral)
Este movimento é produzido pelas ondulações horizontais da coluna vertebral do cavalo, que se estende desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda. Estas ondulações são produzidas e executadas de maneira simétrica em relação ao eixo longitudinal do animal. O grau de flexibilidade do cavalo tem influência direta sobre sua andadura. Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos, e mais suave será a sua andadura e quanto maior for a amplitude do movimento maior será o passo do cavalo e em conseqüência, maior será o deslocamento lateral do ventre .
Eixo longitudinal (movimento ântero-posterior)


 
Iniciando o movimento pela distensão do posterior direito, o cavalo provoca desequilíbrio, deslocando seu corpo para frente e para a esquerda. Para retomar seu equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança o anterior esquerdo para escorar a massa que se desloca. E quando toca o solo com o anterior esquerdo, freia o movimento para frente, provocando um desequilíbrio também para frente, no praticante. Neste momento o cavalo levanta a cabeça e com este movimento detém o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o avançar do posterior direito. A anca do lado direito avança e abaixa colocando-se em baixo do cavaleiro, sustentando o seu peso e trazendo-o novamente para trás, ajudando-o a retomar o equilíbrio. Na seqüência, o posterior esquerdo distende-se e empurra o cavalo para frente e para a direita. O movimento se sucede quando o anterior direito toca o solo, nova freada, novo desequilíbrio, e com o avançar do posterior direito, nova retomada do equilíbrio e conseqüentemente deslocamento para trás.

(A Equitação Especial)

Biomecanica do Cavalo na Equoterapia : o passo

1ª. Parte : O Passo e o movimento Tridimensional

O cavalo possui três andaduras naturais: passo, trote e galope. Dentre essas, a mais utilizada na Equoterapia é o passo, sua andadura natural que se caracteriza por ser ritmada, cadenciada e em quatro tempos, ou seja, ouvem-se quatro batidas distintas, nítidas e compassadas que correspondem ao pousar do animal. É a andadura mais freqüente por conta da riqueza dos movimentos tridimensionais .
O movimento causado pelo passo se assemelha ao da marcha humana, pois o dorso do cavalo realiza um movimento tridimensional: para frente e para trás; para um lado e para outro; para cima e para baixo. Isso requer do praticante reações de equilíbrio e de retificação postural para que possa se manter sobre ele. Esse movimento é transmitido ao cérebro do praticante pelas inúmeras terminações nervosas aferentes. O cérebro, por sua vez, manda informações ao corpo para que novos ajustes motores sejam realizados por meio do comportamento adaptativo, que é resultante também dos estímulos sensoriais da Equoterapia .
“Nenhuma outra forma de terapia é capaz de imitar com tanta perfeição os movimentos da bacia como o andamento ao passo do animal” (A Cura que vem pelo Cavalo - Revista Hippus) .
A principal característica é que o passo produz no cavalo e transmite ao cavaleiro uma série de movimentos seqüenciados e simultâneos, os quais resultam em um movimento tridimensional, ou seja, no plano vertical, produz um movimento de cima para baixo, no plano horizontal, um movimento para a direita e para a esquerda, segundo o eixo transversal do cavalo e segundo seu eixo longitudinal, um movimento para frente e para trás. Este movimento é completado com pequena torção da bacia do cavaleiro que é provocada por inflexões laterais do dorso do animal. A mecânica do movimento natural do cavalo faz com que ele desloque seus quatro membros sempre na mesma seqüência, ou seja, inicia o seu deslocamento pelo anterior direito (AD), em seguida o membro posterior esquerdo (PE), depois o anterior esquerdo (AE), e logo após o posterior direito (PD), assim, chega, novamente, ao anterior direito, iniciando um novo passo em seu deslocamento.

(A Equitação Especial)

Estudos sobre o Andamento do Cavalo e sua Relevância para o Método Equoterapia


Ao longo da história da Equoterapia, diversos trabalhos ciêntificos foram realizados com o obvjetivo de se determinar a relevância do andamento do cavalo para a Equoterapia .
Em 1979, Woods referiu também que, quando o cavalo anda, o seu centro de gravidade se desloca em movimentos tri-dimensionais de modo similar ao do ser humano , quando caminha. Como resultados, Mackay-Lyons e colaboradores, em 1984, verificaram que clientes com esclerose múltipla e com dificuldades para deambular haviam tido progresso em velocidade e alternância de passos, quando submetidos à Equoterapia durante 9 semanas/2 vezes por semana.
"Eles tinham progredido de uma forma que nenhum método teria conseguido" disseram os mesmos autores .
Segundo Rasch,1989, a maneira como um cavalo anda é proveniente da combinação das características de conformação (altura e peso), atitude, idade e adestramento anterior. E quando aprende novas tarefas, como trabalhar em Equoterapia, específicos treinamentos do cavalo são necessários para organizar as necessárias respostas para ele funcionar como um instrumento terapêutico .
Em 1992 , na Universidade de Delaware, Fleck defendeu tese de "master" sobre os mecanismos do caminhar humano e do cavalo. Ele usou um filme d 16 mm para comparar os movimentos pélvicos normais de 24 crianças normais, enquanto caminhavam ao passo normal e enquanto, ao lado, um cavalo andava ao passo habitual. Ele encontrou que o deslocamento linear das pelvis das crianças durante o caminhar e ao andarem a cavalo, eram diferentes em magnitude nas não , nos movimentos, nos tempos e nas seqüenciais organizdasa. Isto é, os tempos e as seqüências dos passos do ser humano e do cavalo são similares, mas não a magnitude, em parte, porque o cavalo é um animal muito maior.
Freeman em 1992, usou um tipo de análise cinemática quantitativa para medir os movimentos da pelve de um cavalo ao andar ao passo. Suas medidas revelaram o seguinte: A pelve do cavalo se move em 3.92 graus no plano sagital, 6,98 graus no coronal e 9,08 no transverso. Estas medidas dos movimentos pélvicos do cavalo são achados semelhantes aos parâmetros encontrados por Perry e Sutherland para os movimentos pélvicos dos homens adultos.
Sutherland, em 1980, analisando 186 crianças normais, achou que havia deslocamentos pélvicos medindo de 2 a 3. 5 graus no plano sagital, 10 graus no plano frontal ( 5 graus no início do movimento e 5, no final) e aproximadamente, 20 graus no plano transverso (10 graus de cada lado, em relação ao plano frontal).
Além da similaridade dessas comparações e movimentos, a cadência dos passos do cavalo são muito similares à do homem A média de passos do homem é aproximadamente de 110-120 / minuto e um cavalo grande caminha à uma velocidade de 100-120 passos por minuto, (segundo Barnes, 1993). Durante uma sessão de Equoterapia de 30 minutos, o cavaleiro será exposto e terá oportunidade de desenvolver diversas habilidades motoras. Segundo, Whamem 1992, um cavalo que ande na velocidade de 110 passos por minuto, terá a oportunidade de dar 3.000 passos durante a sessão. Isto proporcionará ao cavaleiro centenas de deslocamentos específicos para se manter na posição montada adequada, equilibrando-se na linha média em harmonia com os movimentos do cavalo. Além disso, inúmeros movimentos serão transmitidos ao cavaleiro pelos movimentos multidirecionais imprimidos ao cavalo.
De acordo com Citterio, em 1982, e Riede em 1988, as metas principais da Equoterapia são: - a estabilidade postural automática em alinhamento com o centro de gravidade. E quando o cavalo começa a mover-se e a pelve do cavaleiro a mover-se com uma inclinação posterior , haverá um realinhamento do tronco sobre a pelve, a cabeça mover-se-á com uma suave flexão e os olhos tenderão a ficar na horizontal. Esta é uma posição funcional que leva o cavaleiro a se adaptar aos movimentos do cavalo e interagir com o ambiente.
O estudo por partes de movimentos conjugados entre cavaleiro e cavalo é essencial para que se aplique a Equoterapia:
1. Guiar o cavalo por uma linha longa e reta é o objetivo inicial do tratamento. Isto provocará no cavaleiro, movimentos de flexão e extensão. Isto facilita o controle de tronco e os movimentos da pelve para frente e para trás ao acompanhar os movimentos do cavalo, com transições entre impulsos fortes e fracos, alongando e encurtando o passo do cavalo. Para um muito bom controle de flexão/extensão do cavaleiro, as transições entre o andar-parar-andar do cavalo são muito empregadas .
2. Os movimentos no plano frontal auxiliam para as flexões laterais do cavaleiro. Serve para ele alongar e encurtar a sua musculatura do tronco. As atividades de encurtar e alongar o passo do cavalo servem para os deslocamentos do peso do cavaleiro montado. Ao guiar o cavalo em curva, haverá um aumento nos movimentos de rotação da sua pelve. E segundo Citterio (1985) estes movimentos do cavalo facilitarão as flexões laterais da pelve e do tronco do cavaleiro. Se o cavalo andar em círculo, o cavaleiro inclinar-se-á para o lado externo da curva por causa do impulso da força centrifuga aplicada nele. Ele experimenta um deslocamento do peso para fora da linha média, que o faz alongar o tronco desse lado e contraí-lo do outro lado. O deslocamento do peso do cavaleiro auxilia o cavalo a andar ao passo por facilitar-lhe os movimentos de trocas de patas. É o mesmo que acontece com o cavaleiro ao andar a pé .
3. Curvas suaves podem ser combinadas com mudanças de direção do cavalo para incrementar a alteração do peso do cavaleiro através da linha média (lombo do cavalo) e provocar flexões laterais de um lado para outro. Quanto menor e mais fechada a curva provocará mais movimentos do cavaleiro, porque o componente rotacional do movimento do cavalo torna-se-á maior. Os movimentos rotacionais na pelve e no tronco do cavaleiro podem ser incrementados com os movimentos laterais do cavalo. O cavalo movimenta-se para a frente com distintos movimentos em diagonal (à direita e à esquerda) ao andar ao passo principalmente e as suas flexões laterais são percebidas como rotacionais pelo cavaleiro, porque a anca do cavalo e os quadris do cavaleiro formam um ângulo de 9O º graus entre essas estruturas .
4. O cavalo deve ser conduzido ora com passos largos, ora com passos curtos, e com alterações de velocidade, porque isso proporcionará ao cavaleiro, necessidades de controle de tronco e equilíbrio na direção anterior e posterior. Em todos estes movimentos durante a sessão de Equoterapia, o cavaleiro é ativamente, estimulado e reage com retificações posturais automáticas (inconscientes) e sem relações corticais cerebrais, segundo Citterio,1985. O cavaleiro, apesar de ter uma participação nessas atividades de forma inconsciente, nada impede que o instrutor reforce informações e solicitações para correções volitivas ou cognitivas sobre como montar bem. Schimidt,1988, afirma que o cavaleiro passa a prever, a antecipar e a seguir mecanismos de ajustes posturais a cavalo.
5. Assim, a chave para se entender os efeitos dos três componentes dos movimentos do cavalo ao passo é necessário compreender-se o valor deles sobre o cavaleiro .
1º) As aceleração / desaceleração dos movimentos do cavalo influenciam inclinações anteriores e posteriores da pelve e do tronco do cavaleiro. Quando o cavalo realiza a fase acelerada do movimento do passo (levantando e movendo membro posterior para a frente), a pelve e o tronco do cavaleiro se deslocam, inclinando-se para trás e quando o cavalo firma o membro posterior no solo na fase de desaceleração, o cavaleiro inclina a pelve e o tronco para a frente.

2º) No momento em que o cavalo realiza um movimento de rotação da anca ao trocar os membros posteriores, o cavaleiro realiza um movimento de flexão lateral da pelve.
3°) O terceiro movimento componente do passo ocorre quando o cavalo realiza a fase de elevação e deslocamento para a frente do membro posterior, o que provoca uma flexão do seu tronco. Este movimento produz rotação do tronco e da pelve do cavaleiro.
Estes movimentos do cavalo produzem no tronco e pelve do cavaleiro: rotação anterior da pelve, deslocamento para frente e flexão lateral, quando os membros do cavalo agem diretamente sobre ele ao se deslocarem. Até hoje, nenhum aparelho foi inventado ou construído para replicar, com perfeição, os movimentos tridimensionais e multidirecionais do cavalo sobre o cavaleiro .
Segundo Engel, outra idéia importante em Equoterapia, é entender que uma pessoa montada num cavalo não é um simples passageiro. Ela deve guiar o cavalo e fazê-lo andar em variadas direções e velocidades, pois os movimentos rítmicos do cavalo e suas influências são considerados os principais fatores da Equoterapia .
(José Torquato Severo é médico neurologista, professor universitário,Mestre em Educação e Cel Cav R1 do Exécito)

21 de agosto de 2009

O Reconhecimento da Equoterapia

Meio de transporte, força motriz, companheiro na prática esportiva ou simplesmente fonte de lazer e diversão, o cavalo ganhou lugar de destaque na humanidade. A liberdade que alcançamos ao cavalgar é uma sensação indescritível, algo que funciona como uma terapia. Esse potencial foi explorado pela medicina, que usa a equitação para fins de tratamento.
Trata-se da equoterapia que, de acordo com Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil), é um método terapêutico e educacional, que usa o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais. A equoterapia é indicada para pessoas com lesões neuromotoras, patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas e disfunções sensoriais. O método também é aplicado com fins educacionais, principalmente para crianças com déficit de atenção e hiperatividade. Ainda é indicada para quem apresenta distúrbios comportamentais.


" Somos pelo reconhecimento da Equoterapia como método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionadas aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais." " A Equoterapia é um método educacional que favorece a alfabetização, socialização e o desenvolvimento global de alunos portadores de necessidades educativas especiais"
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
SESSÃO PLENÁRIA 09 DE ABRIL DE 1997
DIVISÃO DE ENSINO ESPECIAL
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO


(A Equitação Especial)