Como citado pelos
autores do livro Criação do cavalo e de outros eqüinos, publicado em 1983,
Torres e Jardim:”...A cama de uma baia é
um substrato de material absorvente que se coloca sobre o piso para dar maior
conforto ao animal...” Algumas pessoas ainda duvidam da importância de
dedicar cuidados ao tipo de superfície à qual o seu animal é submetido nas
baias e estábulos. È uma postura inadequada e que pode prejudicar e muito a
vida do cavalo. A cama do animal é tão fundamental quanto à sua própria
alimentação e exige cuidados diários e atenção redobrada principalmente para
cavalos de esportes que passam a maior parte do seu tempo em baias por exemplo. Leia em " Mais Informações" ...
Uma boa cama deve
ser macia, seca e plana e com boas propriedades absorventes, evitando o mau
cheiro pela decomposição da urina e das fezes. Não deve ser úmida, se não
concorrerá para o apodrecimento da ranilha e amolecimento dos cascos. A cama
permite também nivelar melhor o chão, de maneira que o animal não se canse nem
adquira aprumos viciosos. Uma cama suja ou mal cuidada pode facilitar o
aparecimento de doenças e danos aos cascos, além de problemas respiratórios,
pela forte presença de amônia, principalmente quando a urina não é bem drenada
ou limpa.
Para se ter uma boa cama, independente do material usado, o segredo é a
limpeza, conservação e reposição. É preferível que toda a cama seja revirada diariamente,
retirando tanto as fezes quanto todos os focos de umidade, mas alguns
tratadores se limitam à limpeza superficial, fazendo com que a umidade se
espalhe cada vez mais, acabando por exigir a troca de toda a cama em poucos
dias.
Em quase toda parte,
a consideração econômica, aliada à disponibilidade de material e fatores
regionais como clima continuam sendo os fatores mais importantes na escolha do
tipo de cama. Há uma quantidade enorme de materiais que podem ser utilizados,
de diferentes custos e disponibilidade de material, dependendo da região do
criador. A escolha, no entanto, não deve ser baseada na atividade que o animal
desenvolve, mas sim nas vantagens para filosofia de trabalho do local, a
disponibilidade regional, os custos e a qualidade.
Os materiais mais
comuns são: maravalha, pó de serragem, pavimentos sintéticos, preparado de
serragem, bagaço de cana, palha de arroz e areia. Leia, a seguir, algumas das
características de cada um deles:
Maravalha: são raspas
de madeira, muito utilizadas para os cavalos. É o tipo de cama mais comumente
encontrado nas hípicas, especialmente no sul e sudeste do país. A velocidade de
consumo, e a necessidade de reposição, variam de animal para animal e da forma
como o tratador dedica-se a limpeza. Absorvem muito bem a urina sendo de fácil
manejo quanto à limpeza. Nem sempre é possível encontrar maravalha à vontade,
mas é uma das melhores camas para cavalo.
Pó de serragem: em alguns
lugares ou durante algumas épocas do ano, não é possível conseguir serragem em
flocos, quando o pó passa a ser uma alternativa. Porém, um cuidado deve ser
tomado quanto ao pó de serragem. Embora ele seja até mais macio que a serragem,
e igualmente absorvente, ele tem o inconveniente de irritar as vias
respiratórias, especialmente em cavalos alérgicos. Ele também costuma ser mais
úmido do que a maravalha devido ao processo de obtenção do mesmo. Mesmo assim,
na falta de alternativas pode ser utilizado, tomando-se cuidados especiais com
o seu manejo (limpeza e troca freqüentes). Cavalos com problemas respiratórios
tais como enfisema ou alergias não devem ser colocados em cama de pó de
serragem, pois os sintomas podem se agravar. Em constante contato com o pó e
por período prolongado alguns cavalos podem vir a desenvolver a ORVA –
Obstrução Recorrente das Vias Aéreas.
Palha de arroz: Em algumas
regiões, a palha do grão de arroz é disponível em grande quantidade, e
praticamente gratuita. As "casquinhas" de arroz formam uma cama muito
seca e absorvente e, no entanto recomendasse evitar o uso deste material para
cama de eqüinos, especialmente por períodos prolongados. A razão é a elevada
abrasividade destas cascas, devido ao seu conteúdo de sílica; ao serem
ingeridas pelos animais, elas provocam irritações (lesões) das mucosas de estômago
e intestino, que podem levar a gastrites e úlceras.
Bagaço de cana: apresenta os problemas semelhantes àqueles da palha
de arroz, e também os motivos de sua utilização residem na sua fácil
disponibilidade e em seu baixo custo. Entretanto, este material também é
sujeito a causar cólicas, seja pela sua fermentação ou contaminação, seja pela
capacidade física de causar impactação cecal. Cavalos que ficam estabulados em
bagaço de cana, especialmente se não estiverem habituados ao mesmo, devem
receber volumoso à vontade em grandes quantidades, evitando que adquiram
apetite pelo bagaço.
De forma geral
deve ser evitado todo e qualquer tipo de cama com possibilidade de ingestão
pelos animais, devido aos motivos já comentados e com a possibilidade de contaminação
com endoparasitos.
Areia: em diversas partes do país, o uso de areia é muito comum.
Ainda que ela possa a primeira vista parecer um material ideal, é necessário
atentar para a existência e possibilidade de cólicas de areia no cavalo, que
acontecem em terras de solo arenoso, quando o cavalo acaba ingerindo areia ao
se alimentar. A areia se deposita, por gravidade, nas partes inferiores do
intestino, de onde não é deslocada pelo movimento intestinal comum, podendo
causar dores crônicas e absorção intestinal torna se insuficiente. Deve-se ter
um cuidado especial com cavalos estabulados em areia, evitando que eles não
recebam feno e capim direto do chão (uso de rede ou fenil), e também que não
comam ração do chão. Porém é muito difícil que após o termino do alimento o
animal não irá procurar alimentos que tenham caído e desta forma, estará
ingerindo alguma quantidade de areia, assim recomendasse ao não uso deste tipo
de cama.
Borracha: É um tipo
moderno de cama. São placas de borracha antiderrapante. Traz um inconveniente,
pois não absorve a urina, deixando um cheiro desagradável de uréia no ambiente.
Para se utilizar este tipo de cama devemos lavar diariamente a baia. Outro
inconveniente é de ser um material macio e confortável para o animal. O custo
também para implantação é um pouco alto, fazendo com que se torne inviável
dependendo da quantidade de baias do estabelecimento.
Podemos notar que
de todas as alternativas a Maravalha ainda é a melhor. Porém é importante se
atentar para a madeira utilizada na fabricação deste material. Observa-se que
determinadas madeiras produzem desconforto de grau variado, tanto nos animais
quanto nas pessoas responsáveis pela sua manutenção. A melhor, no entanto,
segundo alguns estudos veterinários, é a Maravalha de Pinus por ser da espécie
menos alergênicos. Além de não causar alergias ou problemas respiratórios, há
também outras vantagens na sua utilização como o fato de não empretejar
rapidamente, ter uma ótima absorção da urina e um odor agradável.
Autor
Dr. Hélio Itapema- formado pela Universidade de Alfenas -
UNIFENAS e especialização na TIERARZTLICHE KLINIK TELGTE, Alemanha. Para entrar
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