O contato com animais pode gerar expectativas de troca e representação de regras sociais, quando utilizados em terapias (WILSON & TURNER, 1998).
11 de abril de 2013
Autismo & Equoterapia
A utilização do cavalo no tratamento equoterápico, além da
função cinesioterápica, produz importante participação no aspecto psíquico, uma
vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e
comportamentos (GAVARINI, 1997). Este recurso terapêutico pode melhorar as relações sociais de
crianças Autistas favorecendo uma melhor percepção do mundo externo e ajuste
tônico-postural adequado (FREIRE, 2003). Segundo o DSM-IV, Transtorno Autista
ou Autismo Infantil Precoce é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de
desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta antes da idade de
três anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em três áreas:
interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Leia o artigo em "Mais Informações" ...
A interação com o cavalo, desde o primeiro contato
e cuidados preliminares até a montaria, também desenvolve novas formas de
comunicação, socialização, autoconfiança e auto estima.
O objetivo de nosso trabalho é ilustrar o processo de aproximação
e percepção com o cavalo, relacionamento com a equipe, superação de medos e
confiança. O sujeito da pesquisa foi uma criança com Transtorno Autista,
classificada segundo o DSM-IV, de 3 anos. Para os atendimentos equoterápicos
foi utilizado um mini-pônei que têm características que facilitam o trabalho de
aproximação. O Local dos atendimentos foi o Instituto São Vicente, onde
funciona o PROEQUO-UCDB. Foi realizada uma sessão semanal de Equoterapia durante dois semestres
letivos. E os dados colhidos através de observação, registro contínuo e fotos.
Na discussão falamos sobre o desenvolvimento das sessões. Nossas conclusões
demonstram que o contato com a equipe de atendimento e o cavalo, geram ganhos
mesmo quando a montaria propriamente dita não ocorre de forma efetiva.
Introdução
e Objetivos
O Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom
Bosco/PROEQUO – UCDB, situado na área de pesquisa avançada da UCDB, Instituto
São Vicente, foi criado no ano de1999. A equipe é composta por uma Psicóloga que
também é Instrutora de Equitação, um Fisioterapeuta e uma Terapeuta
Ocupacional. Visa o tratamento de pessoas portadoras de necessidades especiais
e/ou deficiências, e atende as Instituições de Campo Grande como a APAE,
Instituto Sul Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas – ISMAC, Sociedade Educacional “Juliano Varela”
(Síndrome de Down), além de pacientes da Clínica Escola UCDB. Oferece ainda
oportunidade de estágio voluntário promovendo o ensino, pesquisa e extensão aos
acadêmicos dos cursos de Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia
Ocupacional, Zootecnia e Veterinária da mesma Universidade.
As terapias utilizando animais promovem benefícios
relacionados ao bem estar físico e emocional, muitos estudos mostram os ganhos
da interação entre homens e animais. De maneira geral classificamos de duas
formas esta relação: promovendo a saúde humana e como terapia específica (FINE, 2000).
No âmbito da psicologia e da reabilitação, percebe-se que na
relação entre “pessoa- animal” existe uma troca que gera ganhos psíquicos e
físicos. Sendo assim, a Equitação não é considerada simplesmente como esporte
ou lazer, pois é possível usufruir muito mais do que aquilo que um simples exercício físico
oferece.
Ao analisar aspectos desta relação, verificamos a inexistência
de preconceitos, pois o animal na demonstração de afetos, não leva em conta o
prejuízo na aparência física da criança ou adulto.
Também o cavalo, por ser um ser vivo, tem suas
próprias reações e requer compreensão, atenção e afeto de quem o monta.
Assim, a estimulação que o animal proporciona pode ser aumentada através de um
trabalho complementar com exercícios e propostas que levem a pessoa buscar,
soluções criativas para seu crescimento e desenvolvimento
biopsiocosocial.
Além disso, os aspectos sociais, orgânicos e afetivos, são
trabalhados juntamente com a fisioterapia propriamente dita, cumprindo desta
maneira os objetivos de reabilitação global.
"As terapias utilizando cavalo podem ser
consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar
danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais, através de uma
atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo” (CONGRESSO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 1999).
Ainda de acordo com a autora, a Equoterapia favorece a
reintegração social, que é estimulada pelo contato do indivíduo com outros
pacientes, com a equipe e com o animal, aproximando-o desta maneira, cada vez mais, da
sociedade na qual convive.
A utilização do cavalo para o tratamento, além de
sua função cinesioterápica, produz importante participação no aspecto psíquico,
uma vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e
comportamentos. No âmbito da Psicomotricidade
observamos a aprendizagem de movimentos rítmicos,
aquisição de equilíbrio, desinibição e segurança motora; autoconsciência motora
corpórea favorecida pelo enérgico contato físico
com o animal (GAVARINI, 1997; CONGRESSO NACIONAL
DE EQUOTERAPIA, 1999).
Segundo (CONGRESSO NACIONAL DE EQUOTERAPIA,
1999)os efeitos visados são de quatro ordens: Relação, onde a valorização plena
do indivíduo a cavalo, a comunicação, autoconfiança, autocontrole, vigilância
da relação, atenção e tempo de atenção;
Psicomotricidade, pode melhorar o tônus, mobilizar as
articulações da coluna e bacia, facilitar o equilíbrio e postura do tronco
ereto, favorecer a obtenção da lateralidade, melhorar a percepção do esquema
corporal, permitir melhor conhecimento de posições de seu corpo e do corpo do cavalo; Natureza técnica
(o cavalo), favorece aprendizagens referentes aos cuidados com ele: estábulos,
alimentação, curativos, selar e colocar as rédeas e, sobretudo, as técnicas de
equitação e; Integração na sociedade, contato com o
animal, pessoal do centro eqüestre, outros membros
do grupo, outros cavaleiros, e quando possível, durante os circuitos
percorridos, com os habitantes da vizinhança.
Segundo o DSM-IV e a CID-10, Transtorno Autista ou
Autismo Infantil Precoce é um transtorno invasivo do desenvolvimento definido
pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta
antes da idade de três anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas:
interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Sua
prevalência é de 4 a 5:10.000, com predomínio em indivíduos do sexo masculino
(3:1 ou 4:1), sendo decorrente de uma vasta gama de condições pré, peri e pós-natal.
Autismo Infantil é uma síndrome caracterizada por alterações
presentes desde idades bastante precoces e que se manifesta, sempre, por
desvios nas áreas da relação interpessoal, linguagem/comunicação e
comportamento.
O desenvolvimento da motricidade dos Autistas no Recurso
Equoterápico é altamente significativo e pode repercutir de forma imediata nos
hábitos de independência, sugerindo a necessidade de um trabalho intensivo
como forma de atingir também os aspectos afetivos, sociais e cognitivos, por
este motivo deve-se encorajar o praticante a obter independência sobre o cavalo
(FREIRE, 2004).
Este recurso terapêutico pode melhorar as relações sociais de
crianças Autistas favorecendo uma melhor percepção do mundo externo e
adequações nos ajustes tônico-posturais, torna-se então necessário a
apresentação de níveis realísticos, para que a satisfação e a autoconfiança
sejam obtidos, sendo assim, paciência e tato serão necessários para auxiliar um autista a eliminar
medos, maneirismos e aprender a montar (FREIRE, 2003).
As fases da Equoterapia no trabalho com autistas são
importantes para a aceitação do contato com os animais por parte dos pacientes,
estes são citados por Freire (1999) a seguir: Fase da aproximação, onde a
pessoa conhece o animal e suas características (temperatura, movimentos, textura da pelagem,
entre outros), esta propicia a oportunidade de comparações e estimula a
curiosidade; a fase da descoberta engloba duas etapas, sendo a primeira no solo
feita de forma lúdica estimulando o contato efetivo com o cavalo e a segunda em montaria parada para adaptação e
percepção das possibilidades da relação com o animal; a fase educativa que diz
respeito a sessão equoterápica e fase da ruptura, importante para continuidade do trabalho pois é
preciso o entendimento por parte da criança que o término da sessão não
significa que ela não terá a possibilidade de retorno.
A autora relata a importância de ressaltar que as
crianças poderão ter dificuldades em aprender através de instruções verbais
sendo necessária uma paciente repetição e orientação corpórea. O terapeuta deve
tornar a aula movimentada e interessante para impedir que os cavaleiros queiram abandonar a
atividade (todo tipo de estimulação inclusive lançar mão de recursos materiais)
(FREIRE, 2004).
Muitas vezes, as crianças manifestam pequeno ou nenhum
interesse por outros cavaleiros ou instrutores, entretanto à medida que
progridem eles provavelmente se afeiçoam a um cavalo ou a uma pessoa. É
essencial estabelecer limites, direções claras e curtas, tentando manter contato visual (olho no
olho), além de elogiar quando estiver certo (FREIRE, 2004).
Freire (1999) ao desenvolver um instrumento de avaliação em
Equoterapia embasado no DSM IV, a tabela ECCA (1999), cita os pontos
importantes a serem observados no trabalho com autistas:
1) Percepção do Outro: Focalizar atenção em um membro
da equipe (visual ou auditiva), alerta da existência ou sentimentos dos outros;
2)Imitação: Imitação dos gestos propostos pela equipe;
3)Jogo Social: Reciprocidade social ou emocional.
Relacionar-se com os membros da equipe;
4) Amizade com seus pares: Relacionar-se ou procurar
outro paciente, ou seja, relacionamento apropriado com seus pares em nível de
desenvolvimento;
5) Balbucio Comunicativo: Balbucio com intenção de relacionamento
social;
6) Mímica: Mudança de expressão facial;
7) Linguagem Falada: Palavras inteligíveis;
8) Sorriso como Resposta: Sorriso que denota algum sentido;
9) Postura corporal ou gestos para iniciar ou modular a
interação: Vontade objetiva demonstrada, tentativa de compensar a linguagem
falada com modos alternativos, tais como
gestos ou mímica;
10) Estereotipias: Maneirismos motores esterotipados e
repetitivos, por
exemplo agitar ou torcer as mãos ou dedos ou
movimentos complexos de todo corpo;
11) Vinculação com objetos inusitados: Estar sempre
necessitando de algum objeto diferente
para manipular na hora de sessão;
12) Percepção em relação ao mundo externo: Observação
de objetos e situações que diferem do cavalo e equipe que acompanha o paciente;
13) Ajuste tônico postural: Ajuste da postura a cavalo;
14) Reação de evitação ao cavalo: Não querer
aproximar-se do cavalo;
15) Estado de excitação: Agitação excessiva durante a sessão;
16) Aversão ao contato físico: Não admitir o toque ou afago
dos membros da equipe;
17) Obedecer ordens simples: Fazer o que é proposto durante a
sessão;
18) Percepção, exploração e relacionamento com animal:
Perceber o cavalo;
19) Iniciativa própria: Mostrar intenção e desejo por algo;
20) Dispersão: Desligar-se do ambiente, equipe e
animal durante a sessão.
É importante a aceitação do contato com os membros
da equipe, inclusive o contato corporal. O recurso equoterápico pode auxiliar
na melhora das relações sociais das crianças autistas.
O desenvolvimento afetivo é importante para
cognição e aprendizagem, além disso, existe uma relação entre áreas motoras e o
desenvolvimento emocional e afetivo, o que reforça a importância de trabalhos e
propostas que beneficiem o desenvolvimento da motricidade, favorecendo uma melhor percepção do
mundo externo, no ajuste tônico-postural.
Segundo Roberts (2002) existem semelhanças entre o
comportamento autista e atitudes do cavalo. Para ambos, ruídos mais altos,
mudanças na rotina e ambientes desconhecidos causam insegurança e grande parte da
comunicação que estabelecem depende da linguagem corporal. Toleram uma
quantidade restrita de contato corporal, sendo que este nunca ocorre através de
imposição. Segundo o autor a capacidade instintiva do cavalo de perceber as
intenções do cavaleiro leva o animal a acalmar-se quando montado por um
Autista.
O contato com animais pode gerar expectativas de troca e representação de regras sociais, quando utilizados em terapias (WILSON & TURNER, 1998).
A interação com o cavalo, desde o primeiro contato e cuidados
preliminares até a montaria, também desenvolve novas formas de comunicação,
socialização, autoconfiança e auto estima (FREIRE, 2003).
Em trabalhos com crianças psicóticas o pônei é utilizado para
entrar em "contato".
Este facilita a entrada em "nosso" mundo
abrindo um canal para a comunicação "social" (RAPENE, 1998).
O Autista pode olhar, tocar e este “objeto” não é estático.
Este conhecimento gera comparações entre as partes do
corpo do cavalo e da própria criança, além de suas utilidades e possibilidades.
O cavalo não é um predador e suas reações de alerta servem como defesa contra
agressores assegurando sua proteção.
A criança começa a perceber as reações do pônei e sente-se
encorajada a aproximar-se.
O objetivo desse estudo é ilustrar o processo de
percepção da criança com relação ao cavalo e aproximação com o mesmo,
relacionamento com a equipe, superação de medos e aquisição de confiança e
como, através desta aproximação podemos obter ganhos em nível terapêutico.
Metodologia
Esse trabalho caracteriza-se como um estudo de
caso de validação clínica com uma abordagem qualitativa no qual o sujeito foi
uma criança com Transtorno Autista, classificada segundo o DSM IV, de 3 anos.
Para os atendimentos equoterápico utilizamos um mini-pônei,
encilhado com sela australiana tamanho infantil, cabeçada e cabresto.
Este animal possuí características que facilitam o trabalho
de aproximação, tais como: altura, tornando-se menos ameaçador; docilidade;
facilidade para condução em diversos locais, muitas vezes inacessíveis a
cavalos de grande porte.
Para o registro das sessões adotamos as fichas
diárias padrão do PROEQUO-
UCDB, registro contínuo, tabela de observação de
comportamento do Autista em Equoterapia (ECCA,1999), fotografias e entrevistas
com familiares. O local dos atendimentos foi o Instituto Os atendimentos foram realizados com dois acadêmicos
estagiários do curso de Psicologia, Psicóloga e Instrutora de Equitação,
Fisioterapeuta, e Terapeuta Ocupacional.
As sessões aconteceram durante dois semestres
letivos, em sessões semanais de trinta minutos. E os dados colhidos através de
observação, registro contínuo e fotos.
Os atendimentos objetivaram a aceitação do cavalo
pelo paciente, utilizando o espaço existente no PROEQUO-UCDB, permitindo assim
a aceitação do mesmo aos membros da equipe de atendimento e exploração do
local, onde a natureza é abundante.
Contamos no local com trilhas, vários tipos de
piso (areia, grama, água) e picadeiro para trabalho.
Resultados e discussão
A seguir faremos um relato resumido sobre algumas sessões:
Durante as primeiras sessões não aceitava o
contato com a equipe, ficando somente com a mãe.
Os terapeutas buscaram o contato com a criança inicialmente
utilizando os recursos naturais existentes no local (lago, árvores, sons de
pássaros, texturas de materiais encontrados na natureza), sempre buscando
despertar seu interesse e atenção. Após este período o sujeito conseguiu ficar
só com os terapeutas.
Depois do contato inicial (aproximadamente três semanas) o
cavalo entrou nesta relação, as brincadeiras realizadas sempre contavam com a
presença do pônei, C. o ignorava e todas as tentativas de aproximação eram
refutadas com choros e gritos.
Nesta situação era comum C. sair correndo e dar pequenas
paradas olhando para trás, talvez para que o seguíssemos para longe do animal.
A escolha do mini pônei deve-se a seu pequeno
porte e docilidade que facilitam tanto o seu manejo e companhia durante os
atendimentos quanto a expectativa da redução do temor da criança, pois este tem
acesso a um animal menor nesta fase inicial.
Em alguns momentos começamos a perceber que C.
parava e observava algumas reações do cavalo. A partir daí vimos relatos de sua
fala tais como: “Oi Renatinho” (nome do pônei).
Todas nossas tentativas de colocar C. no cavalo
foram frustradas, pois ele somente se aproximava deste quando queria.
Percebemos que com o
decorrer das sessões C. tornou-se mais curioso com relação ao animal e
explorava o ambiente que chamava atenção de Pônei.
Quando o cavalo começava a pastar ele arrancava grama ao seu lado
e dava ao terapeuta e indicava segurando a mão do mesmo para dar ao animal.
Quando caminhava na mata ao lado de “Renatinho” percebia as
reações de alerta do animal parava de andar e olhava ao redor
demonstrando que estava percebendo o ambiente.
Começou durante o trabalho a explorar a sela
observando suas partes e dando tapas no assento da mesma.
A primeira vez que montou, parou em frente ao cavalo e tocou
a cara do mesmo com uma das mãos. Em seguida parou do seu lado e fez o mesmo
com a sela, depois a segurou e gesticulou como se fosse montar. O colocamos
sobre o cavalo e ele deu algumas voltas montado, tentou descer e o ajudamos, deu “tchau”
pela primeira vez à equipe e foi embora.
Durante a montaria cantou.
A partir daí se mesclam sessões em que C. chega correndo para
ver os cavalos que ficam amarrados, brinca com eles, mas não monta e outras que
pede através de gestos para montar e ficando sobre o cavalo por um breve
período de tempo.
Ao final do segundo semestre de trabalho C. já
aceitava os cavalos grandes e começava a dar sinais de descontração, explorando
as partes do animal enquanto montava e chamando a atenção da equipe através de
“tapinhas” e gargalhadas.
A mãe de C. relata que ele está verbalizando mais e
observando mais situações e objetos.
Conclusões
Nossas conclusões demonstram que o contato com a
equipe de atendimento e o cavalo, gera ganhos mesmo quando a montaria não
ocorre de forma efetiva. O cavalo torna- se atraente para o autista estimulando seu contato
visual e expressão corporal, mais uma vez apresentando-se como facilitador na
relação social destas crianças.
Estas evidências corroboram com a literatura onde Roberts
(2002), cita que a equitação além de estimular o desenvolvimento do ser humano
como um todo tem seus benefícios aumentados através da estimulação do ambiente;
por meio do ruído causado pelas folhas das árvores, a sensação do vento no
rosto e a experimentação de uma diversidade de odores.
No trabalho com Autistas é importante a percepção por parte
da equipe de qual o momento o paciente está vivendo em relação ao cavalo para
que sua aproximação ocorra, pois o fato de perceber e aceitar o animal
pressupõe uma curiosidade e contato com a realidade vivenciada naquele momento.
Através da utilização do Pônei percebemos que se aproximar do
animal torna-se menos ameaçador devido ao seu pequeno porte. A criança pode
tocá-lo com maior facilidade, explorar suas partes e interagir com o animal
percebendo de perto suas reações.
Também o trabalho de descoberta torna-se mais
seguro, pois o terapeuta pode usufruir uma liberdade maior ao cuidar da criança.
Tanto no cavalo como no pônei foi fundamental a percepção do
momento que a criança estava vivendo para tentar aproximá-lo do animal.
Durante os semestres em que fizemos a aproximação todos os
relatos dos familiares vinham de encontro a nossas conclusões durante o
trabalho, pois fora do ambiente da Equoterapia ele começou a observar o mundo
ao seu redor, modular mais gestos com intenção de comunicação e seu comportamento
permitiu uma maior aproximação e contato com as pessoas.
Concluímos que o Pônei facilitou a aproximação de nosso
paciente também com relação ao seu aspecto lúdico possibilitando que este
“brincar” fosse mais tarde transferido para o cavalo.
Os resultados vêm de encontro à teoria onde a
criança apresentou percepção do outro, jogo social, mímica, postura corporal ou
gestos para iniciar ou modular a interação, percepção em relação ao mundo
externo, percepção, exploração e relacionamento com animal, iniciativa própria que são pontos importantes
segundo Freire (1999).
Este estudo não visa generalizações, mas demonstra que o
trabalho envolvendo animais é de extrema importância e seus resultados válidos
quando aplicados às crianças Autistas. Em nosso caso facilitou a montaria e o
aspecto cognitivo e afetivo social.
Referências
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Brasília. Anais... Brasília: Ande
Brasil, 1999.
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BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA. Salvador
– Bahia, 2004
FREIRE, H. B. G. Case Study: Therapeutic Riding
and a child with atypical autistic condition.
Anais... XI INTERNATIONAL CONGRESS: The Complex
Influence of Therapeutic Horse
Riding
FREIRE, H. B. G. G. O. Equoterapia teoria e
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autistas.São Paulo: Vetor, 1999.
GAVARINI, G. Aspectos Teóricos da Reabilitação
Eqüestre. In: Wilsom de Moura (Coord.).
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Princípio Programa de Equoterapia do
Pará. Pará, 1997.
RAPENE, M. P. La metamorfose de l’enfant
psychotique. Avec l’aide d’um “co-therapeute”:
Lê Pônei...
Attestation Universitarie de Rééducateur Par
l’Equitation, Centre
psychothérapique de NANCY, 1998.
ROBERTS, M. Violência não é a resposta: Usando a
sabedoria gentil dos cavalos para
enriquecer nossas relações em casa e no trabalho.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
WILSON, C.C. e
TURNER, D.C. Companion Animals in Human Health. London: Sage
Autoria: FREIRE, H. B. G. - freirejb@terra.com.br
POTSCH, R. R.
Instituição: Universidade Católica Dom Bosco –
UCDB, Brasil