Técnicas do Taqueio de Polo Aplicadas a Equoterapia
Este artigo tem como enfoque dois praticantes de equoterapia que tiveram acrescidas em suas sessões, técnicas do jogo de pólo. O primeiro, do sexo masculino, na faixa etária entre 10 e 11 anos, portador de Paralisia Cerebral apresentava falta de concentração, e problema na visão, fazendo com que tivesse dificuldade em calcular a distância e a profundidade dos objetos que porventura estivessem a sua frente como por exemplo, um degrau de escada ou a sarjeta da rua, conseqüentemente com a junção dos dois problemas, tinha grande deficiência de equilíbrio; a segunda praticante estava com a idade de 13 para 14 anos, teve indicação de equoterapia para melhoramento do condicionamento físico, correção de postura e equilíbrio, devido a uma doença degenerativa dos músculos hoje, controlada; em comum com o primeiro praticante tinha também problemas de visão mas, com menor gravidade. O método a ser aplicado consiste em utilizar o tratamento da equoterapia, que é a utilização do cavalo como agente cinesioterapêutico onde, se deslocando ao passo, o animal produzirá um andar tridimensional muito semelhante ao andar humano, o qual será transmitido por inércia a quem estiver sobre seu dorso e fará o praticante buscar naturalmente, o equilíbrio para não cair do animal pois, estará sendo deslocado na ordem de até 5 centímetros, para cima e para baixo, para um lado e para o outro, para frente e para trás, e ainda acompanhando o movimento do dorso do cavalo, também sofrerá uma leve rotação da cintura pélvica, na ordem de 8 graus formando assim, o denominado movimento tridimensional. Desta forma, o praticante estará recebendo continuamente e de forma muito semelhante, estímulos em seu complexo muscular e terminações nervosas na ordem de 180 oscilações por minuto. Cientificamente comprovada ser a mais indicada para a saúde, sendo também estimulado o senso de equilíbrio que por um motivo ou outro, não possa ser trabalhado. Somando-se a isto, associaremos técnicas do taqueio do jogo de pólo a cavalo. O jogo de pólo possui quatro tacadas básicas normalmente, executas com o taco na mão direita devendo para os fins equoterápicos, o taco ser trocado de mão para que o praticante possa trabalhar os dois lados do seu corpo, bastando que sejam invertidos os movimentos. Necessário ressaltar que no jogo de pólo, os cavalos estarão encilhados e os jogadores dependerão muito do apoio dos estribos para maior precisão e alcance das tacadas; mas, precisão e alcance são irrelevantes para os fins da prática da equoterapia sendo que, o praticante poderá estar montado apenas utilizando manta, com ou sem cilhão e estribos. A primeira tacada é para frente, com a bola pelo lado direito do cavalo. O praticante deverá caso esteja montado com sela, apoiar-se no estribo para obter maior rotação do tronco; o antebraço e o braço devem permanecer em linha reta durante todo o movimento que começará quando o jogador, olhando para a bola, deslocará sua mão para trás e para cima do nível superior de sua cabeça. No mesmo instante, seu ombro direito e o braço se estendem ao máximo em cima da cabeça. Quanto mais potência se pretende da tacada, mais alta deverá ser a mão direita acima da cabeça. (Fotos 1, 2 e 3) . A segunda tacada também é para frente, com a bola pelo lado esquerdo do cavalo, o taco à esquerda do pescoço do cavalo deverá ser deixado cair para baixo e para frente. O praticante deverá girar o tronco em torno da cintura para a esquerda, deslocando o ombro direito o quanto puder; dependerá para isto do arreamento que estiver usando durante a sessão tentando colocar a linha dos ombros paralela à direção que se pretenda deslocar a bola. Nesta tacada, quando executada de maneira correta, o praticante ao girar os ombros, deverá sentar-se sobre a coxa esquerda, simultaneamente elevará a mão direita até a altura da face esquerda. (Fotos 4, 5 e 6) . A tacada para trás, com a bola para o lado direito do cavalo, é o terceiro modo de taqueio. O "back", como são conhecidas as tacadas em que ao bater na bola, a mesma será impulsionada no sentido cabeça-anca do cavalo o praticante dobrará ligeiramente seu corpo para a esquerda, suspendendo-se nos estribos caso esteja usando ficando sentado sobre a coxa direita. Ao mesmo tempo, o ombro direito apontará para frente e para baixo na direção da bola, enquanto a mão direita se eleva até a altura da cabeça, deixando o taco sensivelmente caído sobre o ombro esquerdo. Após armada a tacada, o taco desce em direção a bola. (Fotos7,8 e 9) . A última das tacadas básica é para trás, com a bola pelo lado esquerdo do cavalo, assim, o praticante deverá trazer a mão direita para o lado esquerdo do pescoço do cavalo. Caso esteja montado com sela, o praticante deverá suspender-se nos estribos, girando o ombro direito para frete do cavalo e o ombro esquerdo para trás, de modo que a linha dos ombros fique sensivelmente paralela à direção em que se quer taquear a bola. Ao mesmo tempo, o praticante erguerá seu braço direito quase que verticalmente, estendendo-o ao máximo e inclinando o taco para trás do braço. Estando nesta posição, bastará descer o taco passando rente ao pescoço do cavalo em direção da bola. (Foto 10, 11 e 12) . Conclusão : A prática da equoterapia constante e regular, por si só, já é um excelente método terapêutico para aquele que de alguma forma necessite de um tratamento diferenciado pois, o praticante estará recebendo tratamento especializado e sendo orientado por uma equipe interdisciplinar ao mesmo tempo em que sua atenção estará voltada para um local diferente dos consultórios convencionais pois, o praticante estará montando e muitas vezes conduzindo um animal muito maior do que ele. Os praticantes mencionados já praticavam equoterapia há algum tempo sem comprometimento cognitivo, com rapidez de raciocínio e de pequeno comprometimento físico. Estavam necessitando de um maior atrativo para que as sessões de equoterapia não se tornassem maçantes e cansativas assim, ao serem introduzidas técnicas de taqueio do jogo de pólo, esses praticantes tiveram grande desenvolvimento do condicionamento físico como também no equilíbrio pois, para taquear é necessário muita concentração para que se possa acertar a bola uma vez que, tanto o binômio cavalo/cavaleiro e a bola poderão estar: estáticos, deslocando-se no mesmo sentido, ou a inda em sentido contrários. Outro fator observado, foi a melhora de percepção dos objetos ou obstáculos pois, para que se acerte a tacada, é necessário que se tenha a noção exata da distância, da bola, com o tempo e sincronismo de todo os movimentos de rotação do tronco, braço e ante-braço que conduzirá o taco ao encontro da bola, sendo trabalhado neste aspecto, o ajuste fino de coordenação motora e novamente o equilíbrio. A equoterapia não é um esporte mas sim, um tratamento em que uma equipe interdisciplinar deverá atuar em comum acordo. Todas as adaptações e cuidados deverão ser tomados, respeitados os limites de cada praticante, para que a sua integridade física e psicológica não sejam agredidas ou desrespeitadas.
Carlos Odilon Vetrano de Queiroz - 1º Sargento do Exército Brasileiro da Arma de Cavalaria, trabalha com equoterapia desde 1994, serve atualmente no 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado em BELA VISTA-MS .