Um pouco da história da Inclusão/Exclusão :A inserção e a relação das pessoas deficientes com o mundo vem mudando muito na história. Na sociedade primitiva, as pessoas deficientes eram exterminadas, possivelmente por condições de sobrevivência própria e de todo seu grupo social (CARLO, 1999). Na antiguidade os deficientes eram segregados, afastados da sociedade, pois sua diferença era vista como maldição, ligações demoníacas e todo tipo de crendices. Tudo que era diferente e desconhecido gerava medo e preconceito, chegando à exclusão dessas pessoas.Com a expansão do Cristianismo, o deficiente também é considerado como uma pessoa quetem alma e portanto passou- se a considerar que ele já não poderia mais ser eliminado ou abandonado. A partir daí, essas pessoas começaram a ser acolhidas em asilos, ou por famílias , mas isso ocorria mais por tolerância do que por compromisso ou responsabilidade para com eles (CARLO, 1999). Assim, se nos seus primórdios recebeu proteção em hospitais e asilos, impulsionados geralmente pela filantropia, já no final do século XIX contou com duas instituições governamentais para educação do cego e do surdo. No século XX, a medicina influiu fortemente até os anos de 1930, mas foi gradualmente substituída pela psicologia, principalmente devido à influência de Helena Antipoff nos cursos de formação de professores (JANNUZZI, 2004, p.195). Então podemos dizer que a partir do final do século XIX, tempo de mudanças e descobertas, passou-se a estudar os deficientes de modo a procurar respostas para seus problemas, pois até então eles eram tratados como doentes, em alguma instituição. Excluídos da família e da sociedade eram acolhidos em asilos religiosos ou filantrópicos. Ao mesmo tempo foram aparecendo algumas escolas especiais e centros de reabilitação (CARLO, 1999).No Brasil, o atendimento aos portadores de necessidades especiais, começou em 12 de setembro de 1854, pelo decreto imperial n. 1.428, quando D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro, hoje conhecido como Instituto Benjamin Constant, nessa mesma época e cidade foi criado também o Instituto do Surdos- Mudos, hoje conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos- INES (BUENO, 1993). Pouco a pouco, graças a Ongs como a Sociedade Pestalozzi, a AACD- Associação de Assistência à Criança Defeituosa e a APAE- Associação de Pais e Amigos do Excepcional, a questão da deficiência foi saindo do âmbito das doenças para tornar- se uma questão educacional (BUENO, 1993). De acordo com o artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil, a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A diretriz apontada pela Carta constitucional é reforçada pela lei 7853/89, de 24 de outubro de 1989, regulamentada pelo decreto n º 3.298/20. 12.99, que dispõe sobre a responsabilidade do poder Público em prover condições para o ingresso e a permanência de alunos com necessidades especiais nos sistemas de ensino. Nesse sentido, nenhuma escola pode recusar, sem justa causa, o acesso do deficiente à instituição. A lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, em seu capítulo V, artigo 58, refere-se à Educação Especial como modalidade da Educação Escolar, que deverá ser ofertada, preferencialmente, na rede regular de Ensino, particularmente aos alunos com necessidades educacionais especiais, havendo, quando necessário, serviços de apoio especializado. Sobre isso Turra, Martines e Mariotto Pinto (2002, p. 8) se expressam assim: No entanto, professor, sabemos que ainda existe muito preconceito e discriminação em nossa sociedade. Embora na teoria esteja tudo muito claro, na prática esta teoria não se efetiva. Nosso papel como educadores é o comprometimento com a educação e com o futuro das crianças, independente de sua cor, sexo, raça, credo ou classe social, e se tenham ou não alguma deficiência.
Milena Franco :Pedagoga; Especialista em Educação Especial pela Universidade Metodista de Piracicaba. Psicopedagoga, pela Universidade Castelo Branco do Rio de Janeiro.