29 de outubro de 2009

A Escala de Treinamento

A Escala de Treinamento é a sublimação de todas as habilidades que o cavalo deve desenvolver durante seu processo de treinamento e adestramento. Sua progressão ajuda o cavaleiro a regular o trabalho de seu cavalo, construindo uma base sólida, tanto no aprimoramento muscular e físico geral, quanto no âmbito psicológico. Cada degrau da Escala pressupõe o aperfeiçoamento do passo anterior, num trabalho dinâmico, que pode ser adaptado, de acordo com as necessidades de cada cavalo. Criada na Alemanha, a Escala de Treinamento segue uma lógica simples, que tem sido posta em prática por cavaleiros e treinadores de todo o mundo, com excelentes resultados. Serve tanto como guia para o desenvolvimento do cavalo jovem, quanto como instrumento de aprimoramento de cavalos nos mais altos níveis de competição. A regra mais importante para a utilização da Escala é: só passe para o nível seguinte quando tiver dominado bem o anterior. E naturalmente, regrida ao nível anterior se tiver problemas com seu cavalo. O passo-a-passo é de extrema importância, e os níveis estão interconectados. Por exemplo, um cavalo que não tem retidão não conseguirá desenvolver boa impulsão, ou é improvável que um cavalo tenso tenha ritmo.
RITMO / CADÊNCIA / REGULARIDADE
Estes três conceitos, embora ligeiramente diferentes, resumem-se a um só ponto: a qualidade dos andamentos naturais do cavalo. São resultado do relaxamento mental e físico, pois dele depende a movimentação solta, fluente, espontânea. No primeiro degrau da Escala, o cavalo deve ter andamentos bem marcados, ritmados, de acordo com as batidas que definem cada um deles: quatro batidas para o passo, duas para o trote, e três para o galope. Para compreender o ritmo, o cavaleiro deve conhecer profundamente a mecânica dos andamentos.
DESCONTRAÇÃO / FLEXIBILIDADE / FLUÊNCIA
O cavalo de trabalho é, antes de mais nada, um atleta. E como qualquer esportista, deve desenvolver sua flexibilidade. Para tanto, é necessário que esteja descontraído, e disso decorre a fluência dos movimentos. O resultado final são movimentos belos, sem tensão, objetivo final do adestramento. Há dois tipos de flexibilidade: longitudinal e lateral. A flexibilidade longitudinal se reflete na garupa, dorso, pescoço, nuca e maxilar, dando ao cavalo a habilidade de manter-se na mão, enquanto oscila entre movimentos mais alongados, que requerem um deslocamento de seu peso para frente, e movimentos reunidos. A flexibilidade lateral é percebida pelo grau de encurvatura que o cavalo consegue atingir, na execução de círculos e movimentos laterais, sem perder o ritmo. Quando o cavalo está descontraído, fica feliz, se move com facilidade, masca suavemente a embocadura e balança a cauda no ritmo do andamento.
CONTATO / CONEXÃO
O conceito de contato transcende a ação das rédeas. É a plena aceitação, pelo cavalo, das ajudas do cavaleiro. O contato se dá através das mãos, pernas e assento, e é considerado ideal quando o cavalo responde aos comandos, sem resistências, com plena aceitação da embocadura. O bom contato existe quando o dorso do cavalo está elevado, os posteriores engajados, a nuca alta, o maxilar relaxado, e a cabeça ligeiramente à frente da vertical. No contato ideal, o cavalo encontra seu equilíbrio, e aprende a deslocar seu centro de gravidade de acordo com a situação sem, por exemplo, apoiar-se na embocadura. Disto advém o conceito de conexão. Para que o contato seja ideal, o cavaleiro deve aprender a dosar as ajudas adequadamente. Ele nunca deve ocorrer da frente para trás, ou seja, puxando-se as rédeas, mas sim de trás para frente, quando o movimento gerado nos posteriores leva o cavalo ao contato nas rédeas.
IMPULSÃO
É o resultado direto da energia criada pelas ajudas do cavaleiro. O cavalo impulsionado mostra clara vontade de deslocar-se para frente, movimentando o dorso e engajando os posteriores, com fluidez e energia. A impulsão também engaja a mente do cavalo, focando sua atenção no cavaleiro. Para se obter a impulsão adequada é necessário, voltamos a repetir, dominar os estágios anteriores da Escala: o cavalo deve ter ritmo, descontração e contato ideal. O treinamento adequado faz com que o cavalo se impulsione sem que o cavaleiro precise empurrá-lo o tempo todo. O trabalho de impulsão deve começar ao passo, pois a boa qualidade e transpistamento nesse andamento traduz-se na melhoria dos demais. É necessário destacar que o andamento impulsionado não é “corrido”, e deve ser desenvolvido criteriosamente durante o treinamento.
RETIDÃO
Cavalos têm sempre um lado mais fácil que outro. Assim, tendem naturalmente a se entortar. Tal como os seres humanos são canhotos ou destros, o cavalo nasce com esta tendência impressa em seu cérebro. A retidão é, portanto, um trabalho do cavaleiro ou treinador. Significa manter os posteriores do cavalo seguindo a mesma linha dos anteriores, e seu corpo paralelo à direção do movimento. Para atingi-la, é necessário realizar um trabalho focado no desenvolvimento equilibrado de ambos os lados do cavalo – ginástica –, para neutralizar suas tendências naturais. A retidão é de suma importância no desenvolvimento do cavalo, pois permite que seu peso e o contato com as ajudas do cavaleiro sejam distribuídos igualmente para ambos os lados, que o cavalo empurre-se com os posteriores equilibradamente, e para atingir a reunião, uma vez que essa depende do deslocamento do centro de gravidade para trás. É necessário ressaltar que uma cavalo “reto” não está necessariamente com a cabeça e pescoço retos em relação ao corpo, mas sim com encurvaturas condizentes com o movimento a ser executado.
REUNIÃO
No topo da pirâmide jaz a síntese de todos os estágios anteriores, e o objetivo final do adestramento: a reunião. Esta envolve o “abaixamento” da garupa, levantamento – e leveza – da frente, passadas mais curtas e alçadas. Os posteriores passam a mover-se bem abaixo do corpo do cavalo, para sustentar o levantamento da frente. A conseqüência natural é uma mudança do centro de gravidade do cavalo, à qual ele deve responder com perfeito equilíbrio. É na reunião que a auto-sustentação do cavalo fica mais evidente e, através dela, todos os andamentos são aperfeiçoados. A reunião é preponderante na realização de movimentos de alto grau de dificuldade, como mudanças de pé ao galope e piruetas. Requer grande força muscular, daí a importância de desenvolver um trabalho escalonado com seu cavalo antes de tentar obtê-la.
Na Escala original, utiliza-se a palavra durchlässigkeit: o fluxo de energia e das ajudas do cavaleiro através do cavalo, da frente para trás e de trás para frente ou, em tradução direta, “permeabilidade”. Em outras palavras, o cavalo deve estar “permeável”, disponível a responder às ajudas com ritmo, descontração, contato, impulsão, retidão, e deve ser capaz de atingir a reunião, num movimento cíclico de energia, que influencia todo o trabalho. Assim, é a finalidade de todo o treinamento, e deve ser encarada como tal. Apesar de termos examinado a Escala de Treinamento com vistas ao Adestramento, ela pode – e deve – ser utilizada no treinamento de qualquer cavalo, para qualquer modalidade. Por privilegiar o trabalho analítico e progressivo, é a mais efetiva ferramenta disponível a cavaleiros e treinadores, para a formação e aperfeiçoamento do cavalo de esporte.


FONTE : http://www.equestri.com.br

O Emprego das Ajudas

“Se o cavalo está feliz, tudo estará bem, no entanto se ele estiver constrangido, tudo dará errado.E no caso que seja necessário usar a força, então alguém entra no domínio que não mais corresponde aarte eqüestre, nem tão pouco, no círculo em que pessoas civilizadas habitam”.

A palavra “ajuda” deriva do verbo ajudar, prestar auxílio.Em francês a palavra é “Les aids”, em alemão “de hilfen”, em holandês “de hupen”. Xenophonte usoua palavra com um sentido mais amplo que significava, “indicar”. Como é preciso enfatizar o fato de que a idéia de ajudar um cavalo, permeia toda a literatura sobre equitação, farei uma breve análise da história eqüestre.Quando o homem completou a transição de comer o cavalo para usá-lo em benefício próprio, era de se esperar que no começo houvesse um sentimento de medo de ambos os lados. O homem temia o cavalo, porque ele era grande e imprevisível, o cavalo temia o homem, porque ele o machucava e tentava constrangê-lo. Quando o homem tentou utilizar o cavalo pela primeira vez, alguém mais paciente descobriu que o cavalo não é um animal agressivo, mas que pode se tornar quando constrangido e tratado de uma maneira cruel. Talvez esta descoberta inicial, tenha dado origem a psicologia no trato com o animal. No tempo de Xenophonte (380), muito progresso foi obtido na relação entre o homem e o cavalo,modificando do antagonismo para a cooperação, Xenophonte escreveu que: “Ninguém deve jamais perdera sua serenidade e maltratar o cavalo; este é o primeiro e melhor preceito e costume ao se lidar com cavalo.... Aqueles que compelem o seu cavalo com pancadas, fazem do mesmo mais assustado do que nunca”.Freqüentes lapsos foram cometidos, e ainda o são em nossos dias. FREDERICO GRISONE no seu GLIORDINE DI CAVALGARE (1550), não esquecia de recompensar e podia ser muito gentil com o cavalo. Entretanto, por causa de sua crença de que existem cavalos pervertidos, ele também podia tornar-se muito cruel: ele advogava a causa de bater nas orelhas do cavalo, bem como, deixar um gato amarrado pelas costas a uma vara, rastejar por entre a barriga e os posteriores do cavalo. Quando um cavalo negava-se a mover-se para frente, GRISONE segurava uma tocha de palha em chamas da cola do mesmo. Em nossos dias ainda existem aqueles que consideram o cavalo como um oponente. Estes sustentam que se o cavalo não oferece uma luta, o cavaleiro deve provocar uma, para que o cavalo saiba quem manda. No entanto o que eles não se dão conta, é que se o cavalo vencer esta luta, eles terão perdido o mesmo, e que se eles ganharem, conseguirão apenas mecanizar um cavalo covarde e sem brilho. Sob esta linha de opção, nós devemos aprender alguma coisa. De Pluvinel, escreveu: “... você têm que ter bastante cuidado em não enfadá-lo e apagar a sua gentileza, porque, os cavalos, assim como a fruta viçosa, uma vez perdido o momento de colhê-la, estará perdida para sempre, e uma vez perdida a gentileza, ninguém poderá mais resgatá-la”.Continuando De Pluvinel, ele dizia que quando alguém não tem consideração por seu cavalo, perderá não tão somente a sua gentileza, bem como o fará incorrigivelmente pervertido.De Pluvinel não foi o único a entender, na falta de sentido em travar uma batalha com o cavalo. Bem antes dele, Abou Bekr, mestre do Cavalo do sultão Nasser do Egito, pelo ano de 1300 escreveu: “Que o adestramento baseado na gentileza e psicologia deve visar um desenvolvimento das qualidades úteis, fazendo uso das qualidades que o cavalo traz consigo ao nascer”.

No mesmo livro ele escreveu: “Eu sustento a idéia de que haverá transtorno, resultante em uma garupa rígida, uma boca endurecida e medo, e mais cedo ou tarde ele se tornará rebelde, se alguém tentar colocar sua cabeça e o pescoço na posição correta, antes que o cavalo aprenda à fazer uma curva naturalmente”. Quando se pesquisa a história da equitação, duas coisas tornam-se claras. A primeira é que muito progresso foi obtido na atitude do homem para com o cavalo e que existe mais cooperação do que antagonismo. Além do que, as técnicas de se demonstrar ao cavalo claramente o que a gente deseja dele, têm se tornado consideravelmente refinadas. Por outro lado, é evidente que seja por causa da mentalidade de algumas pessoas, ou pela falta de conhecimento de como se lidar com cavalos, que muitas práticas agressivas, como as que foram mencionadas acima, ainda continuam a serem executadas. Após este breve histórico, vamos retornar ao nosso objetivo, as ajudas.Quando observamos um grupo de cavaleiros cavalgando, fica muito claro, que os erros mais graves são cometidos com as mãos. A principal razão para esta justificativa, são as reações naturais. Todo mundo irá dizer para você, que é preciso manter um contato leve e elástico, e que você nunca deve puxar. Mas, praticamente ninguém mantém um contato elástico, e a maioria das pessoas puxam. Fico consternado em constatar que muitos cavaleiros, ficam com os cotovelos retesados, e com as mãos parcialmente sobre o pescoço do cavalo, tornando impossível para o mesmo, que se mova francamente e sem constrangimento. (Especialmente no começo de uma lição, você têm que dar ao cavalo espaço bastante para que ele se mova sem constrangimentos). Estou convencido de que praticamente todos os problemas com a cabeça do cavalo, são causados por mãos inaptas. É muito difícil dizer, quando o resistir torna-se atuar com as mãos. Por esta razão, você têm que entender as funções dos músculos do braço. Em livros escritos durante os bons tempos da equitação Militar, as mãos devem estar à uma certa altura e os cotovelos estar rigidamente ajustados contra o corpo. Antes da 1º Guerra Mundial, a instrução era praticamente dada em cavalos “escola”, que carregavam a si próprios. Nestas circunstâncias, um leve mover dos dedos e um pequeno movimento dos punhos, era tudo que era preciso para guiar o cavalo. Mas estes cavalos não são mais encontrados para a instrução em nossos dias. É muito importante, que ocavaleiro não constranja o cavalo; em outras palavras; que ele não impeça o movimento para frente do cavalo. Por este motivo, sentado na posição correta e funcional, o cavaleiro deve seguir ao passo acompanhando o movimento da cabeça do cavalo. Ele deve ceder as suas mãos ao cavalo, mantendo um contato de pluma com a boca do mesmo. Desta maneira, o cavaleiro obterá o sentimento do ritmo do cavalo. As mãos devem estar em linha, que incluem: os cotovelos, antebraços, mãos, rédeas e a boca do cavalo. Se as mãos vêem abaixo desta linha, a cabeça irá para cima. O punho deve estar retesado e não pode quebrar. Apenas cavalos bem adestrados, que aprendem a carregarem a si próprios, podem ser conduzidos com o punho e os dedos. Quando o cavaleiro quer refrear o cavalo, ele deve tornar mais difícil para o mesmo, em trazer a sua cabeça para frente, reforçando o contato elástico, sem usar o bíceps; o que eu chamo de “colocar o freio na mão”. Se o cavaleiro usa o bíceps, ele tranca a junta do cotovelo, tornando impossível a elasticidade, e o resultado é que as mãos não são mais capazes de ceder. Além do que, o cavaleiro nunca deve usar os músculos de seus antebraços. Isto é muito importante para que se evitem as mãos que dançam no trote. As mãos têm que estar estáveis, movendo-se apenas pelo movimento do cavalo, e não pelo movimento do corpo do cavaleiro. Quando os músculos dos antebraços estão contraídos, torna-se impossível estabilizar as mãos. (Lembre o que os antebraços fazem quando você tenta estabilizar uma vara sob o seu dedo indicador). Se o cavaleiro não puder usar os músculos de seu antebraço, nem o seu bíceps, o que ele deve fazer para refrear o cavalo, colocando mais peso nas rédeas? A resposta é que ele deve usar o seu abdômen,músculos das costas, o tríceps e o peitoral maior, músculos que são utilizados quando a gente expande as costelas na caixa toráxica, durante inspiração profunda. É evidente que alguém só pode fazer isso, com um assento independente e estável.

Houve um tempo em que era dito, que o cavaleiro deveria utilizar as suas costas para cavalgar corretamente, de maneira que pudesse influenciar o cavalo da maneira mais eficiente possível.
Isto causou muito mal intendido. As pessoas pensavam que isto significaria que o cavaleiro deveria inclinar as suas costas para trás, de forma a conseguir um assento mais profundo na sela, e que o cavaleiro teria que tornar a si próprio pesado. Estas são presunções desastrosas. Como alguém pode esperar que o cavalo funcione bem, se o cavaleiro senta muito pesadamente e não alinha o seu centro de gravidade com o do cavalo? Quanto menos, nós nos tornarmos um fardo para o cavalo, melhor ele poderá nos servir. Cavalgar com as costas, significa usar os músculos abdominais, e desse modo esticando a coluna, que se cria a impulsão, e ao se utilizar a combinação dos músculos das costas com o tríceps, pode-se aumentar ou diminuir o peso sob as rédeas. Examinando-se as reações naturais, eu tenho um ponto de vista sobre as possibilidades adversas. Quando, ao se executar uma volta, o cavaleiro puxa (tensiona) a rédea interior, ou em outras palavras, quando usa a Rédea Direta de oposição. Este exemplo, foi a razão pragmática para nunca se usar esta rédea. Ao se adestrar cavalos, você deverá ser bem consciente do fato de que a quase totalidade dos cavalos ao serem cavalgados (montados) tentam não utilizar as suas garupas. Existem várias teorias que tentam explicar este fato. É de minha convicção que este enrigecimento (endurecimento) é produzido pelo homem. A maioria dos cavalos e especialmente os do Oeste (Western), são encilhados e cavalgados (montados) enquanto ainda são muito novos. Muito freqüentemente cavalos novos são retirados da cocheira (baia), têm uma sela pesada jogada em seu costado e então alguém o monta, com a única preocupação de manter-se em cima do mesmo. Não existe dúvida em minha mente, de que este fato é uma experiência traumática para o cavalo, é também bastante óbvio de que a pressão e o peso são doloridos, porque nenhum músculo na extensão da coluna foi trabalhado para receber tão repentina carga. Para livrar-se desta dor o cavalo retesa os músculos e o resultado é uma garupa rígida. Em estado selvagem, ou nas pastagens, você irá constatar cavalos movendo-se com corpo totalmente descontraído. Por este motivo, antes de colocar qualquer peso sobre o costado de um cavalo, primeiro os músculos desta região devem ser desenvolvidos por exercícios de ginástica, para poderem fazer frente a um fardo em suas costas. A maneira simples de se fazer isto é adestrar o cavalo. (sobre o qual falaremos mais tarde). então após uns poucos meses, deixar gradualmente o cavalo acostumar-se a ter um peso em seu costado, colocando-se uma sela nele. e baixar os estribos. Após algumas semanas, uma pessoa poderá pendurar-se na sela, e após alguns dias mais, passar a sua perna direita, sobre a mesma, e para o outro lado, acomodando-se de maneira que possa ficar o mais leve possível. Se após tudo isto, o cavalo permanecer com a sua garupa endurecida enquanto é montado, você deverá repetir os exercícios descritos acima. É muito importante que cavalos novos aprendam a fazer corretamente as mudanças de direção, porque esta é a maneira de ensiná-los a utilizar a garupa; um cavaleiro inexperiente pode causar muitos males ao cavalo ao utilizar inadequadamente as mãos durante as voltas. A maneira de ensinar-se um cavalo na iniciação a mudar de direção, é usando a rédea de abertura. O braço interno têm que estar o mais esticado possível para o interior, e as unhas dos dedos têm que estar com a face para cima, para que não haja pressão para baixo do bridão nas barras da boca do cavalo. No começo a mão de fora, deverá ser totalmente passiva. A ação da mão interna traz a cabeça do cavalo para o interior, enquanto a perna do interior, com a ponta do pé para cima, de forma que o músculo da barriga da perna, tensionado, pressiona um pouco atrás da barrigueira, de modo a ativar os posteriores do interior. Tão logo o cavalo tenha entendido que ele tem que executar uma curva, a Mão de fora, um pouco mais alta do que a do interior, avança a rédea de fora contra o pescoço, mas nunca sobre o mesmo. Quando a Mão de fora vai sobre o pescoço, ele puxará a cabeça para fora. Esta rédea de fora, têm que estar retesada o bastante para que possa funcionar mais ou menos como uma vara. Desta forma o cavalo aprende a mover as espáduas para dentro com a pressão da rédea de fora, a rédea indireta.

Quando o cavalo não precisa mais da ajuda da rédea de abertura, então chegou o momento de ensinálo a maneira correta de se fazer uma mudança de direção; atrasando a perna interna do cavaleiro e por uma leve flexão da cabeça do cavalo, causada por uma suave vibração da mão interna, o cavaleiro só consegue vislumbrar o olho do cavalo (Pli) que está para o interior do círculo. Uma maneira de saber se o cavalo entendeu o significado da rédea indireta é volver a direita, usando-se a rédea de abertura direita, então volver a esquerda com esta mesma rédea, agora com a rédea indireta contra o pescoço.A rédea interna agora têm que ser utilizada para fazer o cavalo flexionar o pescoço, de forma que o cavaleiro possa vislumbrar o olho do cavalo que está para o interior. consequentemente, o cavalo estará olhando na direção em que está indo, e então irá ceder a mão do cavaleiro, flexionando a cabeça e deixando ir para o interior a sua boca. A rédea do interior deve estar retesada o bastante para que a vibração da mão do cavaleiro, possa ter efeito na boca do cavalo. Algumas vezes, uma gentil rotação de mão para cima é bastante para se conseguir a flexão. A mão do cavaleiro deve estar próxima a cernelha, para prevenir que a cabeça venha para o interior.Para sustentar o cavalo com a rédea de fora, pressionar a mesma contra o pescoço. Ao se pedir uma mudança de direção, usar a rédea interna apenas para vislumbrar o olho do cavalo, o cavaleiro não impedirá o posterior interno de executar uma passada larga, a qual ele faria se estivesse puxando a rédea.O objetivo é fazer o cavalo executar uma passada larga com o seu posterior interno, porque este esforço é uma ginástica que irá desenvolver os músculos da garupa. Mais tarde iremos discutir como as pernas do cavaleiro devem fazer durante uma mudança de direção.A volta para a esquerda é geralmente mais difícil. É causado pelo fato de que quase todos os cavalos têm uma natural inflexão para o lado direito, o que ocasiona que a cabeça seja carregada levemente para a direita. O resultado disto, é que o cavalo toma a rédea esquerda e não aceita a rédea direita. Existem inúmeras explicações para este fenômeno. Penso que a explicação mais lógica é que não existe nada na natureza totalmente simétrico. O ser humano pode ser destro ou canhoto; alguns cavalos tomam a rédea direita, a maioria toma a esquerda. O resultado deste tomar (conduzir, acompanhar, pegar, apanhar, agarrar) é que, em uma volta o cavalo poderá encurtar a passada do posterior interno caindo sobre a espádua esquerda. Isto deixa claro como é importante que o cavalo execute uma volta correta, dessa maneira ele estará hábil a ginasticar os músculos da garupa. D’Auvergne (1729-98) escreveu: “Este é o problema que nunca têm fim para todo cavaleiro com todo cavalo, em fazê-lo ir igualmente com ambas as rédeas”. O que nós pedimos ao cavalo, é tão difícil quanto, se nos pedissem para usarmos nossas mãos direita e esquerda da mesma maneira. Existe uma diferença entre o método e o objetivo. “Idealisticamente as ações das pernas e das mãos devem ser tão discretas que o olho não conseguisse captá-las”. (L’HOTTE). Antes que alcancemos este objetivo, nós teremos que manipular (manejar); isto é, executaremos as ajudas com as mãos de forma visível. Este é o método. Entretanto, deveremos sempre manter na mente que quanto menos nós manejarmos melhor, já que a boca do cavalo é muito sensível, nós deveremos tentar não machucá-la. Bocas duras e insensíveis, são produzidas pelo homem.Na andadura passo, o cavalo executa um movimento lado a lado, semelhante ao de uma cobra, se este movimento é permitido ir através das rédeas para as mãos, elas farão um movimento de serrote, alternando a esquerda e a direita. Muitos cavalos se saem melhor quando o cavaleiro segura as rédeas com uma mão. Por esta razão, quando cavalgar com ambas as mãos, o cavaleiro deve mantê-las imóveis e tão próximas, que o cavalo tenha a impressão de que apenas uma das mãos segura as rédeas. A melhor maneira de se adquirir isto, é colocando as unhas e as articulações dos dedos juntas.Você tem que considerar o que acontece quando o cavaleiro executa estes movimentos de serrote, estando o cavalo usando um bocado com barbela. É fácil de entender que bocados que não são articulados (freio), fazem mais movimento na boca do cavalo do que o bridão, quando o cavaleiro tem mãos de serrote. Por esta razão, é considerado mal hábito segurar as rédeas de um bocado não articulado (freio) com as duas mãos. Como poderá o cavaleiro esperar que o cavalo tenha confiança em suas mãos, quando este pedaço de metal sólido está constantemente movendo em sua boca?
É um tipo de preguiça mental, no homem moderno pensar que porque é fácil, não existe nada de errado quando alguém puxa as rédeas, à direita e à esquerda o tempo todo. Um exemplo mencionado previamente, é a ação de guiar uma bicicleta quando se faz curvas. Quando o homem cavalgou pela primeira vez, ele tinha as rédeas em uma das mãos, pela simples razão de que ele só tinha uma única mão disponível, com a outra, ele carregava sua arma, seja para caçar ou para combater. Por exemplo, os Hunos atacavam sem rédeas em sua mãos. Eles chegavam até o inimigo em ondas, atirando uma flecha quando estavam próximos o bastante; então volviam e durante a execução desta volta, eles atiravam a segunda flecha; enquanto galopavam em retirada para dar vez a próxima onda, eles atiravam a terceira flecha. Em nossos dias o “cowboy” monta o touro com apenas uma mão. Os cavaleiros da Escola de equitação Espanhola e alguns poucos classistas cavalgam com o freio e bridão, ficando as duas rédeas do freio na mão esquerda juntamente com a rédea esquerda do bridão, e a rédea direita do bridão fica sozinha na mão direita. Na posição básica, com as mãos niveladas, os dedos formam um ângulo de 45 graus para que as costas das mãos lembrem um detalhe inclinado (oblíquo), e o cavaleiro manuseia as rédeas enquanto elas formam uma só linha: cotovelos, punhos, boca. Quando solicita uma volta, a mão de fora eleva-se um pouco, de forma que a rédea pressione contra o pescoço do cavalo. Nas transições para diminuir a andadura, um auxilio sempre útil é virar as unhas de uma mão para cima, e algumas vezes ainda a mão toda. A razão para isto, é que o bridão, sendo um bocado articulado, irá agir como um quebra-nozes quando o cavaleiro resistir com as mãos niveladas, o que fará com que a boca do cavalo seja beliscada. Este aperto, é claro, produz dor no cavalo e ele irá reagir a maioria das vezes, atirando a sua cabeça para cima ou então lutando contra a mão do cavaleiro.Agora, eu irei focalizar a minha atenção nas ajudas que criam a impulsão; o assento e as pernas; os quais algumas vezes, também podem funcionar como ajudas guias. Nós já vimos a razão da posiçãocorreta para podermos aplicar as ajudas.É evidente que o movimento de extensão da espinha só pode ser feito pelos músculos abdominais e lombares (costas), o que deixa claro, que o cavaleiro não deve apenas se utilizar destes músculos para guiar o cavalo, mas também para criar a impulsão. Quando é necessário, o movimento do assento pode ser intensificado apertando-se as barrigas das pernas. Quando as pontas dos dedos dos pés estão para cima, os músculos da panturrilha agem mais fortemente, e muita pressão pode ser aplicada. Sobre a influência de CAPRILLI, o slogan surgiu “TALLONI BASSI”, os calcanhares baixos. A desvantagem de empurrar os calcanhares para baixo é que a parte inferior da perna vai muito para frente. A posição correta da parte inferior da perna é muito importante, ela deverá repousar um pouco atrás da barrigueira. Para o observador, os lóros devem estar perpendiculares. Quando o cavaleiro deseja mover as ancas para o lado de fora, a pressão deve, ser aplicada um pouco mais atrás. O mesmo procedimento deverá ser aplicado, quando o cavaleiro quer prevenir que o cavalo traga suas ancas para dentro ou para fora. No começo nós abordamos a mudança de direção. O fato até então estava centrado nas ações das mãos. Agora nós iremos nos concentrar na função do assento e das pernas enquanto se faz uma volta. Com a mão interna o cavaleiro posiciona a cabeça do cavalo, de forma que ele apenas vislumbre o olho do mesmo voltado para o interior (PLI), e que permita que o cavalo enxergue para onde está indo. Com a rédea de fora o cavaleiro empurra a espádua do cavalo na direção que ele quer ir. Quando o cavaleiro inclina o seu corpo, girando a sua coluna vertebral, na direção do movimento, ele reforça a ação da rédea de fora. Nós já vimos que a pélvis pode ser inclinada para frente e para cima, mas ela também pode girar. Olhar movendo a cabeça não influencia o assento do cavaleiro, mas olhar e volver o quadril e os ombros, influencia o assento e as mãos do cavaleiro. Quando o cavaleiro está sentado corretamente, com o eixo ajustado, para facilitar o uso da rédea de fora, ele previne um pouco que ela venha a ficar muito retesada, e desse modo contendo (segurando) o dorso (lombo, costas). Quando ele for girar a sua pélvis, trazendo seu osso do quadril de fora para frente, a pressão na parte interna do osso no assento aumenta. Esta pressão pode ser reforçada, avançando-se o joelho interno profundamente. É muito importante que ao avançar o joelho para baixo, o calcanhar permaneça na linha: ombros, osso do assento e canhares. O objetivo é dobrar o cavalo em volta da perna interna, o qual seria impossível se a parte inferior da perna estiver muito para trás. Este é um erro comum durante a execução de espádua a dentro, porque ele empurra as ancas para fora e traz o cavalo para dentro na posição de ceder a perna, a qual será abordada mais tarde em alguns detalhes.

Para reforçar a pressão da panturrilha o cavaleiro pode usar esporas. As esporas devem estar ajustadas ás botas de maneira que não seja necessário puxar os calcanhares para cima quando necessitarmos usálas. Nós já explicamos o porque dos calcanhares não deverem nunca ser puxados para cima. Se um cavalo é preguiçoso, pode ser apropriado o uso de esporas. A aplicação deve ser como um ataque por ferroada, sem tirar o calcanhar da posição. Um ataque vivo, rápido e vigoroso é melhor do que uma repetição de ataques brandos. Um autor francês contemporâneo escreveu “As esporas devem ser afiadas como adagas, para que depois de uma aplicação o cavalo saiba que tem que repeitá-las”. Eu não vou me estender com esse método mas é alguma coisa para se pensar bem, quando nós vemos tantos cavaleiros constantemente aguilhoando suas esporas na barriga do cavalo, enquanto o mesmo dá pouca importância ao fato, ficando totalmente apático ao uso das mesmas. O propósito da espora é acordar o cavalo e enfatizar a ação da panturrilha da perna. O pingalim deve ser usado com cavalos totalmente inexperientes, que ainda não entendem nada. Uma pequena batida de leve na espádua, acompanhada de um comando encorajador de voz, fará o cavalo mover-se para frente. Gradualmente, isto, terá que ser acompanhado pelo cavaleiro, estendendo a sua coluna e aproximando as suas panturrilhas das pernas. Geralmente a extensão da coluna do cavaleiro irá aumentar a tonicidade dos músculos da barriga da perna, até um pouco satisfatório, devemos no entanto ter o cuidado de não pressionar constantemente a barriga da perna, porque alguns cavalos ficarão apertando a si mesmos contra as pernas que funcionarão como um vício. No adestramento avançado, o cavaleiro deve usar um comumente chamado chicote de adestramento, rígido e de 1,20m de extensão. Ele deve ser usado atrás da panturrilha da perna como um substituto para as esporas ou mesmo da panturrilha da perna, em caso do cavalo por alguma razão não reagir prontamente às ajudas da perna. A melhor maneira de se usar o chicote de adestramento, é trazendo a mão que o segura para o interior e então girar o punho. Uma leve batida será o resultado. Mais do que isso geralmente não é necessário, e quase sempre o som obtido contra a bota é suficiente. Você nunca deve esquecer que esta é uma ação estimuladora e encorajadora. Trazendo a mão para dentro e girando o punho, você evita ceder na boca do cavalo, o que é, claramente uma ação contra-produtiva. Isto tem que ser bem entendido, pois o chicote de adestramento é uma ajuda, e não um instrumento de punição. O que quase sempre é chamado de desobediência, é, na verdade, resultado de um mal adestramento; o cavalo não entende ou então não está fisicamente hábil para executar o que o cavaleiro está a lhe exigir para fazer. O cavaleiro tem que entender, que neste caso, as suas esporas, chicotes e todas as diferentes posições de rédeas, na verdade não são ajudas reais. No máximo, elas devem ser consideradas como meios de reforçar e algumas vezes substituir as ajudas, (em uma sela lateral para damas, as senhoritas tinham que conduzir o chicote pelo lado direito, porque ambas as pernas estavam pousadas sobre o lado esquerdo do cavalo). Quando segurar as três rédeas e um freio e bridão, o chicote deve sempre estar sendo conduzido pela mão que segura a rédea isolada. Eu não posso terminar esse capítulo sem mencionar a voz, a qual, é uma ajuda como as outras que nós já abordamos. O artigo 417.4 de adestramento da F.E.I., regulamenta que: “O uso da voz de qualquer forma que ocorra, ou o estalar com a língua, uma vez ou repetidamente, consiste em uma séria falta, que importa em deduzir pelo menos em dois pontos, daquele cavaleiro que venha diferentemente a adotar esta conduta no movimento ocorrido”. Como um resultado desta regra, um competidor suíço de Grand Prix, durante os Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles, foi desclassificado pela alegação de estalos com a língua, embora ele tivesse um alto escore. Este episódio, marcou evidentemente os entusiastas do adestramento americano, de forma que ninguém atreveu-se a abrir a boca (questionar). Eu me lembro do meu primeiro envolvimento com um Clube Pônei americano na década de 1950, fiquei pasmo, porque ninguém nunca conversava com o seu cavalo. Isto foi, claramente, resultado de uma concepção errônea. Existe uma diferença imensa entre um cavaleiro de clube e um cavaleiro de Grand Prix, e também ocorre uma grande diferença entre um cavalo novo e que ainda não foi adestrado e um cavalo de Alta Escola de Grand Prix. Você nunca deve esquecer que existe uma diferença entre o método e o objetivo. O objetivo, é claro, que a combinação cavalo e cavaleiro executem os mais difíceis movimentos, sem que alguém veja ou ouça como o cavaleiroinfluencia o seu cavalo.
Parte do método para se adquirir esse objetivo é usar a voz.FREDERICO GRISONE dedicou um capítulo para o uso da voz no Gliordini di Cavalcare. E de Pluvinel escreveu: “A voz é a espora da mente”; Uma das grandes vantagens de se usar a voz é que ninguém praticamente pode causar algum dano ao cavalo, o que não pode ser dito sobre as outras ajudas. Todo mundo que faz uso do adestramento sabe como rapidamente o cavalo terá o sentido de diferentes sons. Porque não tomar vantagem desse fato, e no começo do adestramento com a sela, fazer o cavalo avançar ao passo , trote e galope sob o comando da voz ? A voz pode ter um efeito calmante sobre ocavalo. Por esse motivo penso que fora do adestramento na arena, deve existir muita conversa com cavalo. As palavras não são importantes, e sim o tom delas. Minha advertência é: primeiro conversar (falar, comunicar), então sussurrar e finalmente pensar. Dessa maneira ninguém escutará você. Alguém dificilmente pode chamar o estalar de língua como um comando de voz, mas isso encoraja o cavalo. Na Europa Oriental o som produzido pela vibração da língua (ronronar) é o comando para diminuir uma transição. Aprendi isso em Munchem-Riem, onde ouvi Ottokar Pohlman, um prussiano do oriente, fazendo este som. Quando mais tarde, tentei eu mesmo com o meu cavalo da raça Trakehner polonês, que já estava na América por muitos anos, descobri para minha satisfação que ele reconheceu e respondeu ao som. Desde que nós estamos vivendo em uma época na qual os mecanismos e a mecanização reinam supremos, algumas pessoas parecem que esqueceram que o cavalo é uma criatura viva, o qual deve ser respeitado como tal. Existem membros da veterinária profissional que desgraçam isto, esquecendo que a sua principal função deve ser o bem estar do cavalo e não a ambição ou a carteira no bolso do cavaleiro ou proprietário. Nenhum veterinário deve agir como um mecânico de corrida de carros. Se tem problemas de motor, o piloto o traz para o box, os mecânicos fazem o trabalho, empurram o carro de volta à pista e o piloto continua na corrida. Um verdadeiro cavaleiro, conhece o seu cavalo e sabe o que se pode exigir dele. Marit Kretschmar, no seu Pferd und Reiter in Orient (1980) descobriu que pelo menos em dois Épicos Turcos, estava subscrito, que o comando que rompesse uma batalha porque os cavalos estivessem muito cansados para prosseguir, era enaltecida, enquanto o oponente que não agisse da mesma forma não era visto com bons olhos. O segundo épico era o que tivesse perdido o seu filho durante uma caçada, teria o seu cavalo a procura do mesmo durante uma noite, e seus outros filhos cavalgariam três noites para salvar o irmão. A relação ética entre homem e o cavalo foi muito forte entre os turcos. Os tempos mudaram e o homem não é dependente do cavalo, mas isto não significa que nós devemos esquecer as supremas qualidades deste extraordinário ser vivo. O cavalo por natureza é um ser vivo, não agressivo, apenas muito disposto a cooperar, desde que provido apenas por um tratamento gentil e firme. Se você o trata como uma motocicleta, irá ter sérios problemas. Jeannie Boisseau, no Notes sur L’enseignement de Nuno Oliveira (1979) cita uma máxima de Oliveira: “Se o cavalo está feliz, tudo estará bem, no entanto se ele estiver constrangido, tudo dará errado.E no caso que seja necessário usar a força, então alguém entra no domínio que não mais corresponde aarte eqüestre, nem tão pouco, no círculo em que pessoas civilizadas habitam”. Termino este capítulo, exortando os meus leitores a aplicarem as ajudas para auxiliarem o cavalo, não para o colocarem em uma moldura. (Capítulo traduzido do Livro“MISCONCEPTION AND SIMPLE TRUTHS IN DRESSAGE”) .

O Papel das Ajudas

O papel das ajudas na conduta do cavalo bem adestrado pode ser resumido na forma seguinte: As pernas do cavaleiro dão a impulsão ao cavalo, e as mãos regulam, por intermédio das rédeas, a forma sob a qual será dispendida essa impulsão. Para tornar essa fórmula mais clara suponhamos por exemplo, as pernas do cavaleiro colocadas junto aos flancos do cavalo, de maneira a impulsioná-lo ativamente para frente. Se ao mesmo tempo as rédeas forem relaxadas, o animal dispenderá sua impulsão sob a forma de aceleração da andadura. Se as rédeas se tornarem tensas, as pernas sempre impulsionando, o cavalo paralisado nos seus movimentos de extensão, dispendirá uma parte de sua impulsão em altura, isto é, elevará fortemente os seus membros. Segundo as variações de ação da rédeas, o cavalo passará do grande trote ao trote largo, para o trote médio, depois para o trote cadenciado com extensão e, finalmente, para o trote sobre o mesmo lugar ou piaffer. O cavalo passará igualmente assim, do galope largo para o médio, para o galope curto e finalmente para o galope sobre o mesmo lugar. Nos diferentes casos, as pernas imprimiram a impulsão e segundo a definição anterior, as rédeas regularam a forma sob a qual essa impulsão foi dispendida. Durante todas essas variações de andaduras e ação das pernas, contrariamente ao que se poderia supor, deve ser tanto mais enérgica quanto mais diminuir a andadura, a fim de combater a tendência de parar produzida no cavalo pelas rédeas. Resulta disso que, no cavalo, a impulsão dada pelas pernas se traduz em vontade de aceleração ou, ao contrário, de diminuição, ambas da andadura, conforme a forma das rédeas serem manejadas. Na idade média, e até em uma época relativamente recente, a posição do cavaleiro sobre o cavalo não lhe permitia servir-se das pernas, senão por meio de batidas. As pernas, na realidade, agiam quase exclusivamente para levarem as esporas ao contato com os flancos do animal. As rédeas eram quase que o único meio de conduta do cavaleiro. Ora, todo cavalo conduzido unicamente com as rédeas é mal equilibrado e acaba por ficar com a boca dura. É bastante olhar as gravuras antigas para se ver o comprimento do bocado em todos os cavalos, para então se ficar certo de que aqueles animais, capazes de suportarem semelhantes instrumentos de tortura, deveriam possuir bocas extraordinariamente insensíveis. Hoje em dia, o papel das pernas, sobretudo depois do trabalho de BAUCHER, é bem compreendido egraças ao seu emprego judicioso, existem cavalos que oferecem ao mesmo tempo bastante vivacidade, leveza e flexibilidade. Mas isso não acontece senão com os cavalos e cavaleiros perfeitamente adestrados. A educação das mãos sempre foi, até a época citada, mais geral do que as pernas, e a maioria dos cavaleiros conduzia os seus cavalos com as mãos, e muito pouco com as pernas. É por essa razão, em grande parte, que quase todos os cavalos tinham boca dura, eram tão mal equilibrados e tinham as andaduras tão pouco conformadas. A teoria geral do papel das ajudas para o cavalo bem adestrado não é aplicável aos cavalos insuficientemente adestrados. Para estes, é preciso substituir a habilidade do cavaleiro pela força.

A Ação das Rédeas

"As rédeas atuam por intermédio da mão do cavaleiro. Este deve ter o máximo cuidado em não surpreender o cavalo e empregar as rédeas sem prejudicar nem corrigir a ação das pernas. São cinco seus efeitos (...)"

PRIMEIRO EFEITO : Rédea de Abertura

Ações do cavaleiro
A mão direita desloca-se para direita e para frente com o braço estendido e a palma da mão voltada para cima;
A mão esquerda é reguladora, inicialmente cede e depois regula;
As pernas são aplicadas na
posição normal e agem por batidas, limitando-se a gerar e manter a impulsão;

O assento é levado ligeiramente para a direita;
Efeitos sobre o cavalo
Cabeça: volve levemente para a direita;
Focinho: volve levemente para a direita;
Pescoço: encurva-se à direita;

Espáduas: a direita é levemente sobrecarregada;
Garupa: nenhum efeito sobre a garupa;
Resultado

A rédea direita de abertura, leva o peso do pescoço para a espádua direita sem fazer oposição às ancas, queseguem a direção tomada pelas primeiras. O cavalo volverá à direita, avançando.

SEGUNDO EFEITO : Rédea direta de oposição ("mestra da garupa")

Ações do cavaleiro
A mão direita age paralelamente ao eixo longitudinal do cavalo, da frente para trás e para cima. A mão esquerda é reguladora;
A perna direita, da posição é aplicada na posição atrás e age por pressão, para impelir a garupa para a esquerda;
A perna esquerda, da impulsão, é aplicada na posição normal e age por batidas para gerar a impulsão;
O assento é levado para a direita
Efeitos sobre o cavalo
Cabeça: inicialmente volve à direita e depois para trás;
Focinho: volve à direita e depois para trás;
Pescoço: inteiramente curvado à direita;
Espáduas: direita muito fortemente sobrecarregada;
Garupa: impelida para a esquerda.

Resultado
A rédea direita direta de oposição encurva o pescoço à direita, levando seu peso sobre a espádua direita para fazer oposição às ancas e impeli-las à esquerda. Em conseqüência, as espáduas vão para a direita, a garupa para a esquerda e o cavalo volve para a direita.

TERCEIRO EFEITO : Rédea Contrária

Ações do cavaleiro
A mão direita age para a esquerda e para frente;
A mão esquerda é reguladora;
As pernas agem igualmente na posição normal, por batidas gerando a impulsão;
O assento é levado para a esquerda
Efeitos sobre o cavalo
Cabeça: volve para a direita e a nuca para a esquerda;
Focinho: volve para a direita, para trás e para baixo;
Pescoço: curva-se, levemente, para a direita;
Espáduas: esquerda, levemente,sobrecarregada;
Garupa: não sofre nenhum efeito
Resultado
A rédea direita contrária faz inclinar a nuca para a esquerda, e põe o peso do pescoço sobre a espádua esquerda, sem fazer oposição às ancas. O cavalo volve para a esquerda.

QUARTO EFEITO : Rédea contrária de oposição na frente das espáduas ("mestra das espáduas)

Ações do cavaleiro
A mão direita age à esquerda e para trás, a frente das espáduas;
A mão esquerda é reguladora;
A perna direita é aplicada na posição normal, por batidas, gerando a impulsão;
A perna esquerda atua na posição atrás, por pressão, impelindo a garupa para a direita;
O assento é levado para a esquerda
Efeitos sobre o cavalo
Cabeça: volve para a direita e depois para trás;
Focinho: volve para direita e depois para trás;
Pescoço: curva-se bastante para a direita;
Espáduas: esquerda muito fortemente sobrecarregada;
Garupa: impelida para direita por oposição às espáduas;
O peso é transportado para trás, sobrecarregando a lateral esquerda.

Resultado
A rédea direita contrária de oposição na frente das espáduas, encurva o pescoço à direita, pondo o seu peso sobre a espádua esquerda e desloca as ancas para a direita, em conseqüência da oposição das espáduas às ancas. O cavalo volve para a esquerda.

QUINTOEFEITO : Rédea contrária de oposição atrás das espáduas ( "mestra da massa")

Ações do cavaleiro
A mão esquerda é reguladora;
A perna direita é aplicada na posição atrás, por pressão, impelindo a garupa para a esquerda;- A perna esquerda, atua na posição normal, por batidas, gerando a impulsão;
O assento é levado para a esquerda, no sentido do movimento .
Efeitos sobre o cavalo
Cabeça: volve para a direita e depois para trás;
Focinho: volve para a direita e depois para trás;
Pescoço: curva-se para a direita;
Espáduas: esquerda muito sobrecarregada;
Garupa: impelida para a esquerda, sobrecarregando o posterior esquerda
Resultado
A rédea direita contrária de oposição atrás das espáduas, encurva o pescoço à direita e coloca o seu peso sobre a espádua e a anca esquerda, deslocando, quando o cavalo está em movimento, toda a massa para a frente e à esquerda pela oposição da cabeça e pescoço às espáduas e às ancas.

Descontração do Maxilar e Extensão do Pescoço

A descontração do maxilar do cavalo é essencial no trabalho de adestramento para que ele possa assumir uma atitude correta, sem apoiar-se de forma pesada na embocadura. Para condicionarmos nossa montaria a tal descontração, passamos a “dedilhar” as rédeas com os dedos, promovendo uma massagem nas comissuras labiais e nas barras. Esta ação ocorre alternando-se os momentos de atuar e ceder das mãos, alternado-se também o lado da ação. É importante que as mãos do cavaleiro atuem em sincronia com o ritmo do movimento do cavalo. A resposta apresentada a esta ação será adescontração do maxilar do cavalo, manifestada através do ato de mascar a embocadura, o que ocasionará intensa salivação com conseqüente relaxamento da mandíbula e alívio do apoio.Já sabemos que a presença da sela e do cavaleiro sobre o dorso do animal reforça a sobrecarga natural que o mesmo apresenta em seus membros anteriores. No adestramento, buscamos através da obtenção da atitude, devolver ao cavalo o seu “equilíbrio natural”, permitindo ao conjunto a execução das figuras com desenvoltura, elegância e naturalidade. A obtenção da atitude se manifesta através do posicionamento específico de algumas regiões zootécnicas do cavalo, promovendo algumas mudanças de postura em seu corpo, a saber:Elevação da Base do Pescoço: Ocorre através do aumento da impulsão, com a projeção do cavalo para frente e a conseqüente resistência das mãos nas rédeas. Desta forma, obtemos uma maior sustentação do pescoço, que se eleva e se arredonda (encurva).Flexionamento da Nuca: Também ocorre em função do aumento da impulsão e resistência das mãos. Através de uma correta descontração do maxilar, o cavaleiro tem recursos para mobilizar a cabeça do cavalo, ajustando-a para trás com conseqüente recuo em seu ponto de equilíbrio.Engajamento dos Posteriores: Quando o cavalo flexiona a nuca ocorre o estiramento do “ligamento nucal”, o que promove um arqueamento dorsal da coluna, tornando-a mais flexível tanto longitudinalmente, quando lateralmente. Este arqueamento resulta no abaixamento das ancas e conseqüentemente no maior engajamento dos membros posteriores, trazendo para ele parte da sobrecarga do antemão.A atitude a ser assumida pelo cavalo irá variar em função do grau de reunião necessário para a realização das figuras a serem executadas. O importante é termos consciência de que a atitude, principalmente a mais reunida, requer um grande esforço muscular e, portanto, a sua permanência por períodos prolongados irá causar um grande desconforto para o animal. Devemos procurar condicionar corretamente a nossa montaria; aquecer devidamente sua musculatura no inicio do trabalho; evitar a atitude por períodos prolongados e promover no início, no final e em intervalos ao longo das sessões de treinamento, o exercício de extensão do pescoço.Utilizamos este exercício para promover um relaxamento dos músculos requisitados na obtenção da atitude, responsáveis pela elevação da base do pescoço e da postura flexionada da nuca.
Sua indicação se dá em diversas fases do trabalho montado: no início da sessão, para promover o aquecimento; durante a sessão, em intervalos que iram variar em função do grau de reunião dos exercícios e do condicionamento do cavalo; ao final da sessão para promover o alongamento necessário antes de encerrarmos o treinamento e desmontarmos do animal.Solicitamos a extensão do pescoço do cavalo, através do “dedilhar das rédeas” com conseqüente descontração do maxilar e busca do apoio por parte do animal. Neste momento, o cavaleiro cede as mãos, fazendo com que o cavalo estenda continuamente o seu pescoço na busca de um apoio impossível.
A manutenção de um leve contato é indispensável para que o cavalo continue a buscar constantemente este apoio e não interrompa a execução do exercício. O objetivo desta tarefa não se restringe somente à extensão do pescoço, mas a um completo alongamento da coluna vertebral do cavalo, extremamente sobrecarregado nos trabalhos montado.Este exercício, se utilizado corretamente e de forma rotineira, irá permitir uma manutenção da atitude por períodos cada vez maiores, além de preservar a integridade física do cavalo, prolongando a sua vida útil.

A Relação Contato Apoio Impulsão (CAI)


O apoio é a pressão exercida pelo cavalo em resposta à ação das rédeas devidamente ajustadas pelo cavaleiro. A necessidade do apoio vem do fato de o cavalo ser um animal debruçado em seus membros anteriores e a presença da sela e do cavaleiro sobre o seu dorso reforçarem ainda mais esta sobrecarga natural. Apoiando-se na embocadura, o cavalo adquire um “ponto de equilíbrio” que lhe permite deslocar com maior naturalidade, confiança e desenvoltura, podendo assim atingir uma melhor qualidade no aprimoramento de suas andaduras naturais .Desta forma, chegamos a conclusão de que o apoio deverá ser franco, porém suave, não trazendo desconforto ao cavalo e nem ao seu cavaleiro. Portanto, podemos afirmar que é tarefa do cavaleiro regular a pressão do apoio a partir do contato exercido pela ação de suas mãos sobre as rédeas.
O contato pode ser definido como sendo a comunicação exercida entre as mãos do cavaleiro e a boca do cavalo, promovida pelo cavaleiro através do correto ajuste das rédeas. A leveza e sutileza do contato das rédeas deve ser sempre lembrado, uma vez que a boca é a área mais sensível do cavalo, e justamente nela é onde temos o maior distanciamento do cavalo com o cavaleiro. Devemos tentar imaginar que nossos dedos estão em contato direto com asargolas da embocadura, porque na verdade as rédeas deveriam ser mais um instrumento de
liberação do que de contenção.

O ideal no trabalho de contato seria "o cavalo procurar o apoioleve nas mãos do cavaleiro, e a estas garantir a sua atitude".

O contato correto e natural, isto é: um apoio leve e equilibrado nos dois lados da embocadura, chanfro à frente da vertical, pescoço arredondado, boca, ganachas, nuca e pescoço descontraídos , pode ser atingido por métodos variantes , porém não antagonicos .
Alguns métodos aconselham começar o trabalho já com contato de mãos resistindo contra o movimento ascendente, ao mesmo tempo que o assento e pernas solicitam este apoio ? Outros
métodos pregam que se deixe as rédeas mais livres no inicio, para que o cavalo com o tempo procure apoio nas mesmas. Existe verdade em ambos os casos, mas o importante é saber
"quando e o quanto se conserva o contato e quando e o quanto se cede". O ato de conservar o apoio ou ceder pode acontecer em momentos diferentes, de acordo com o nível, tipo de cavalo ou
momento.

"Certos cavalos precisam primeiro ser encostados na mão para depois se descontraírem; outros terão que ser descontraídos primeiro, para depois procurarem contato".

Para compreender isto, é preciso saber a noção do que é "impulsão", pois muitas pessoas a entendem erroneamente. A impulsão consiste em ter o cavalo, nas três andaduras, usando
sempre a mesma energia e atitude, sem o auxílio exagerado das ajudas. O desenvolvimento das andaduras naturais é um tema que também não tem regras rígidas. Certos cavalos nascem com osandamentos de tal maneira amplos, com cadência natural e equilíbrio que, sob o peso do cavaleiro conservam desde o início do trabalho a qualidade dos mesmos. Outros tem andaduras amplas, mas não tem bom equilíbrio e sob o assento do cavaleiro, se defendem jogando o peso sobre as espáduas. Outros ainda, pela sua conformação, levantam demais o seu antemão, não avançando o suficiente. Há também cavalos com andaduras rasteiras e picadas, junto com as espáduas contraídas. Em todos estes casos, deve-se examinar como funciona o dorso do cavalo sob o peso do cavaleiro. É preciso encontrar a "atitude e o ritmo" que se deve trabalhar. Alguns em movimentos mais amplos, onde encontram mais equilíbrio; outros com menos amplitude inicial, para melhor equilíbrio,passando pogressivamente à extensão das andaduras, sem prejuízo da cadência adquirida. As rédeas são o prolongamento dos braços, que devem estar corretamente posicionados e o contato é simultâneo nas duas mãos que estão em posição correta. Se é pedida a descontração do maxilar, as mãos (os dedos) se flexionam então alternadamente (como se espremessem uma esponja), pressionando e cedendo. Toda vez que o cavaleiro sentir que o cavalo cedeu o suficiente e procura com confiança a sua mão, este deve ceder ligeiramente as rédeas (abrir os dedos das mãos ou avança-las) como uma recompensa. Certos cavalos (iniciantes principalmente) só conseguem ceder quando se pede uma flexão temporária de pescoço para um lado e depois para o outro - o tempo em que esta flexão é pedida depende de cada cavalo e estágio. Com a impulsão ativa e o uso do assento e pernas o cavaleiro vai trazendo o cavalo para "dentro" de sua mão. Portanto é vital que ele tenha uma boa e calma postura de mãos, com muita sensibilidade e coordenação, também entre o uso do assento e pernas que sempre antecedem a ação das mãos. Estas não devem ter movimentos bruscos, fortes ou descoordenados, pois o cavalo perderá toda a confiança no seu apoio (normalmente o cavaleiro inexperiente, sem controle ou insensível, tende à dar correções fortes, usando as rédeas com brutalidade). Por outro lado, mãos sem contato nenhum inviabilizam a colocação do cavalo na mão. Não se dá só atenção às mãos, mas também à ação de pernas do cavaleiro.

"A maioria das más sensações que a mão recebe são devidas ao mau emprego das pernas".

Estas devem estar bem descidas e descontraídas, sem se mexer, mantendo um leve e contínuo contato quando não acionadas. Um erro grave é o cavaleiro não perceber que apertando as pernas, contrai as suas costas pelo mau funcionamento da cintura. O uso das pernas é feito com toques rápidos e definidos, porém com o espaço suficiente para que o cavalo entenda e corresponda. Pernas que batem constantemente deixarão o cavalo insensível ou ocasionará perda de ritmo e equilíbrio.
Aquecimento
O trabalho de aquecimento deve ser feito normalmente na seqüência de passo, trote elevado e galope - alguns cavalos necessitam de mais tempo no trabalho ao passo para melhor descontração, outros precisam de mais tempo ao galope para soltar a musculatura das costas. Normalmente o cavalo estará aquecido corretamente nas três andaduras, com extensão de pescoço, equilíbrio e relaxamento depois de 20 minutos de movimentação (dentro deste contexto está também incluído o trabalho de guia). Só então ele estará pronto para iniciar o trabalho (dependendo naturalmente do grau de adiantamento em que ele se encontra), com contato leve mas constante e com a linha superior mais diminuída - mais enquadramento. Agora o seu pescoço não está mais livre, mas procurando gradativamente colocar-se na mão e organizar os seus membros, sua coordenação e trabalhar com seu dorso e pescoço "redondos".
Correções
No caso de cavalos que tendem a ficar "fora e acima da mão" (pescoço invertido e costas côncavas) oferecendo resistência e contração, sem avançar, terão pela frente um trabalho mais
demorado, pois é necessário ativar a musculatura não utilizada (a musculatura superior do pescoço e dorso). O trabalho de guia com "rédeas de atar" (com ajustamento progressivo), ajuda o cavalo a se posicionar e soltar sua musculatura sem o peso do cavaleiro no dorso, ao mesmo tempo que o faz tomar confiança com a embocadura.( As rédeas auxiliares devem ter o efeito de impedir que o cavalo levante demais o pescoço e cabeça - que ele arredonde a nuca porém sem embutir o pescoço). A boca do cavalo é uma de suas partes mais sensíveis por isso é necessário examinar a espessura das barras, o comprimento e a largura da boca, para poder escolher a embocadura que lhe convém.

"Um bridão pode ser uma embocadura forte quando um cavalo entra em luta com ele e um freio pode ser brando quando utilizado por uma mão sábia".

"O ensino do cavalo não consiste somente em colocar a cabeça na posição correta, fazendo os movimentos pedidos pelo cavaleiro.É sobretudo transformar um cavalo num corpo descontraído que dá ao cavaleiro as sensações mais agradáveis e com o mínimo deesforço".

Montado, pode-se experimentar este processo: O cavalo levanta demais sua cabeça e pescoço: Uma das mãos do cavaleiro (a mão de fora, a externa) trabalha como uma "alavanca", boqueando e impedindo que o pescoço passe de um certo ponto para cima. Simultaneamente a mão interna "resiste" na mesma posição, para que a ação de alavanca da rédea externa tenha êxito. Assim que o cavalo cedeu o pescoço e maxilar, a mão interna alivia o contato, como indicação de que o processo está correto. Caso não haja relaxamento e apoio correto nos dois lados da embocadura, o cavalo vai balançar a cabeça de um lado para outro, com rigidez e tensão. O pedido de descontração pelas mãos (abrir e fechar de dedos), não deve ser automática e rápida e sim com sensibilidade, sentindo qual o lado que apresenta mais dificuldade. Simultaneamente a ação de perna é maior do lado em que se apresentar mais resistência. (Trabalhos em círculo ajudam mais neste processo, principalmente na andadura de galope). Cavalos que tendem à jogar todo seu peso e equilíbrio "sobre as espáduas" demonstram que não estão usando ativamente seus posteriores e sua sustentação.Quanto mais forte o contato de rédeas, mais o cavalo deslocará seu peso sobre elas. Um trabalho prolongado, com muitas transições de andaduras e exercícios de encurvatura, fortalecerá a musculatura das costas e dos posteriores, mudando assim gradativamente o centro de gravidade . Outra reação negativa é o "encapotar" - enrolar o pescoço e ficar "atras da mão". Várias são as causas, como: Uma mão muito forte, embocadura inadequada, fraqueza da musculatura do pescoço, falta de impulsão ou dores na parte anterior. Neste caso a correção também é mais demorada. O cavalo precisa trabalhar com maior amplitude de pescoço, com mais impulsão, com menos exigências (trote e galope de trabalho e suas transições, em áreas espaçosas e amplas). É um trabalho de paciência e à longo prazo, pois o animal precisa de tempo para ter de novo confiança no contato e fortalecer sua musculatura.

27 de outubro de 2009

A Impulsão e a Flexibilidade

"Nós seremos senhores de dirigir essas forças musculares, a partir do momento em que soubermos ligar intimamente a impulsão à flexibilidade elástica das articulações".
General L’Hotte

Impulsão e flexibilidade que se combinam em proporções diferentes conforme a actividade a que o cavalo se destina. Em Equitação, a flexibilidade está sempre presente: no Ramener; flexibilidade do ante-mão , no Rassembler; flexibilidade das ancas, na Ligeireza ; no seu grau mais elevado, flexibilidade elástica e suave das articulações. Mas como 1ª condição para que uma articulação se dobre e distenda é preciso que haja movimento, logo, Impulsão.
A Impulsão é a primeira e última qualidade a procurar no cavalo de sela se ele já naturalmente a possui ou a fazer-lha adquirir se ele não a possui em si próprio. É antes de mais a procura da franqueza no movimento para diante, para se tornar depois em cada cavalo não somente um desejo permanente desse movimento, mas uma verdadeira ideia fixa, que se manifesta duma maneira decisiva quando o cavaleiro cede a mão e o cavalo "sai" para diante sem qualquer outra solicitação. Assim, para o Equitador, a Impulsão deve ser no princípio a sua única preocupação, para se tornar ao longo do ensino do cavalo numa obsessão constante e continuada. Por fim para a sua conquista ser completo, três objectivos de igual importância têm de ser conseguidos: O domínio da vontade do cavalo, isto é, a sua submissão total à vontade do homem.
O domínio das ancas, sede das forças impulsivas, que deverão não somente responder ao primeiro apelo das pernas, mas manter-se permanentemente activas, vibrantes, sob pena de constituírem pela sua inércia ou pela sua preguiça, uma fonte de resistências. O respeito absoluto da mão que regula e dirige a força e o movimento. Mas, se a impulsão é necessária para dar vida e força às articulações, paralelamente é fundamental desenvolver nestas a sua Flexibilidade.
Diz o General L’Hotte" que esta flexibilidade não pode ser adquirida senão depois de se ter disciplinado e preparado os músculos ou, se se prefere, as cordas que os fazem mover e os ter coordenado nas suas acções combinadas". Há pois toda uma ginástica a praticar, exercícios a executar. Eles são de duas espécies: Exercícios de flexibilidade lateral - que têm por fim descontrair o rim e fazer trabalhar assimetricamente os músculos; assegurar ao cavaleiro o domínio das ancas permitindo-lhe repor o cavalo direito. (Preocupação permanente com a amplitude dos andamentos, evitando a todo o custo a precipitação). Exercícios de flexibilidade longitudinal - que têm por fim favorecer a flexibilidade da coluna e por consequência a entrada dos posteriores e a mobilidade das ancas. Mas, se as ancas são a sede da impulsão, verdadeiro leme que dirige todo o movimento, o pescoço com toda a delicadeza que lhe advém da sua situação em relação à coluna vertebral, influenciando toda a massa, obriga o cavaleiro a tomar todas as precauções com a sua submissão, pois ele só é senhor do seu cavalo quando para além do domínio das ancas, puder regular a colocação da cabeça e do pescoço, acção da mão chegando à boca do cavalo sem brutalidade, com clareza e elasticidade, a cabeça flectida pela nuca, o chanfro adiante da vertical, a base do pescoço subida, arredondando-se, a nuca mantendo-se sempre o ponto mais elevado, numa posição que corresponde à atitude natural alta do pescoço do cavalo em liberdade (em equilíbrio e descontracção).

O Trabalho da Guia

"Muitas coisas boas se podem obter com trabalho à guia bem feito mas, também, muitas coisas más podem ficar, por vezes para toda a vida de um cavalo que foi desordenadamente trabalhado à guia”
Mestre Nuno Oliveira

O trabalho de guia , ajuda o cavalo a se posicionar e soltar suamusculatura sem o peso do cavaleiro no dorso, ao mesmo tempo que o faz tomar confiança com a embocadura. Desenvolve a musculatura , a flexibilidade e a implusão , bem como para fazê-lo flexionar o corpo para andar em curva.Neste trabalho, além da guia o chicote e a voz do Equitador são ajudas fundamentais.O chicote substitui as pernas do cavaleiro quando montado dando a impulsão, que deverá estar sempre em boa relação com a tensão elástica da guia. A voz é muito importante para tranqüilizar. Este trabalho deve executar-se com freqüentes e calmas transições ao passo, para depois partir em andamento mais ativo. O trabalho à guia deverá ser feito essencialmente a trote.Na primeira fase o Equitador que segura a guia está parado, fazendo pivot na perna para o lado onde o cavalo circula, sendo auxiliado por um ajudante que agarra o chicote com a mão contrária ao lado do movimento, evita assim que o cavalo queira voltar para trás.O cavalo deve executar sempre círculos e figuras com correção. Os cavalos devem ser passados à guia sempre de cabeção, com argola no chanfro.Este trabalho feito com rédeas fixas, nunca muito apertadas, e feito em andamentos bem cadenciados é fundamental para uma bom desenvolvimento muscular, indo o cavalo transferindo o peso para o post-mão progressivamente arrumando os posteriores debaixo da massa sem a sobrecarga do peso do cavaleiro. A duração e quantidade de sessões de trabalho com rédeas fixas dependem muito de cavalo para cavalo.( As rédeas auxiliaresdevem ter o efeito de impedir que o cavalo levante demais opescoço e cabeça - que ele arredonde a nuca porém sem embutir o pescoço).
O material consiste em :
A guia ; constitui-se de uma tira de nylon ou de lona de comprimento variável entre 6 e 10 metros.Deve possuir em uma das extremidades uma alça e na outra extremidade um dispositivo que permitaprendê-la ao cavalo (mosquetão, preferencialmente).O cabeção , que nada mais é do que uma cabeçada sem embocadura, em cuja focinheira existe um ferro grosso e articulado envolvido por um couro fino e liso.O formato desse ferro deve adequar-se ao formato do chanfro do cavalo, sendo que é conveniente a existência de um pedaço de couro que prenda na parte inferior da calha do cavalo para que ele não fique frouxo e então por isso machuque o animal.
A cabeçada com bridão ; uma cabeçada normal provida com um bridão grosso.A guia pode ser presa à cabeçada de 3 maneiras:
1) Em uma das argolas do bridão (a do lado correspondente à mão em que estivermos trabalhando).
2) Em uma tira de couro que passa atrás do mento do animal e une as argolas do bridão.
3) Passando a guia por uma argola (a do lado correspondente à mão em que estivermos trabalhando)do bridão, passando ainda a guia por cima da nuca do cavalo de tal maneira a prendê-la na outra argola dobridão.
(Equitação Especial)

26 de outubro de 2009

O Trabalho no Exterior

"Quanto mais livremente deixar seu cavalo olhar, menos medo ele terá.
Travará, assim, conhecimento com todas as coisas que nunca viu "
Gen Jules de Benoist

O trabalho do cavalo no exterior, ou em campo aberto, é importantíssimo. Ele possibilita atingir objetivos como acalmar o animal, equilibrá-lo, desenvolver a musculatura e o fôlego, além de ginasticá-lo com os saltos em obstáculos rústicos ou poças d'água.

Calma
A calma é desenvolvida porque o cavalo se depara com árvores, plantas e com pequenos animais. É importante habituá-lo a passar em qualquer lugar. Se o animal demonstrar temor diante de algo, mantenha a tranquilidade e mostre-o quenão é nada de mais. Os animais nervosos deverão marchar ao passo e o cavaleiro terá que manter essa andadura até que o cavalo acostume.
"Quanto mais livremente deixar seu cavalo olhar, menos medo ele terá. Travará, assim, conhecimento com todas as coisas que nunca viu. O cavaleiro, cedo, deverá habituar-se a marchar assim, com as rédeas completamente abandonadas. É a melhor maneira de acalmar um cavalo irritado e não exasperá-lo por ações da embocadura" (Gen Jules de Benoist)
Equilíbrio
Passeios por terrenos variados, com subidas e descidas, desenvolvem o equilíbrio. É importante transpor pequenos obstáculos com as rédeas compridas o suficiente para que o cavalo olhe o que está fazendo e busque o equilíbrio de que necessita.As mudanças de inclinação do terreno variam o equilíbrio e forçam o cavalo a fazer esforço com o post-mão (parte da frente).
Músculos
O trabalho no exterior funciona como uma ginástica, capaz de desenvolver a musculatura. Todos os músculos são trabalhados, principalmente nas subidas e descidas. Alternância de passo, trote e galope também ajudam na tonificação muscular.
Fôlego
A capacidade respiratória aumenta no campo. Colocando o cavalo no galope curto, será possível ensiná-lo a respirar, levando-o a coordenar a respiração com a andadura. Sem tirar o animal do ritmo, é possível levá-lo a ampliar a velocidade das passadas, fazendo-o respirar mais profundamente, aumentando a capacidade dos pulmoões.
Ginástica para o Trabalho
ginástica realizada no exterior é altamente proveitosa, porque além de favorecer o desenvolvimento muscular, contribui para aumentar a franqueza, a coragem, calma na frente dos obstáculos, iniciativa e destreza. Também auxilia no equilíbrio.
"Que a saída ao exterior seja um passeio para o cavalo como para você. Deixe-o interessar-se pela paisagem, deixe-o abocanhar a erva que o tenta. É uma distração que o fará esquecer um regresso muito desejado às baias e à ração de aveia!"

Extraído de "Coquêt du Cheval" - Yves de Benoist-Gironiere

Problemas e Soluções no Trabalho Básico de Plano

por Ingrid Borghoff Troyko
Aqui serão abordados alguns problemas comuns que o cavaleiro pode encontrar no trabalho diário e qual seriam as sugestões e correções.

P. O cavalo anda muito rápido e corrido durante o trabalho, não mantendo o ritmo certo.
R. Primeiramente controlar o balanceamento entre ração e movimentação.
Controlar também a necessidade de movimentação, complementando além do trabalho, exercícios na Guia, soltar em liberdade ou caminhar. O trabalho na Guia deve ser feito antes de montar, para que o animal (principalmente jovem), tenha possibilidade de se soltar e descontrair sem o peso do cavaleiro.Durante o trabalho montado, o cavaleiro acalma o animal por meio da voz, exercitando-o nos círculos grandes, intercalando linhas retas não muito longas, como também transições para ao passo. O trabalho de descontração e flexionamento é mais longo, principalmente nos círculos, oito de contas, serpentinas (primeiramente ao trote e depois ao galope, quando o cavalo estiver mais calmo e descontraído).
P. Durante o treinamento o cavalo perde impulsão e atividade
R. Intercalar mais linhas retas alternando com círculos grandes.Não manter as pernas muito tencionadas- usar as mesmas com leves toques e se for necessário trabalhar com um chicote de tamanho médio. Ele será usado logo atras da perna do cavaleiro ao mesmo tempo em que esta estiver ativa. O uso de espora pode ajudar também, porém usada com parcimônia. Se o cavaleiro só dispõe da espora para ativar, sem o uso de assento e pernas, o cavalo com o tempo não respeitará mais a mesma, mesmo que seja trocada por esporas cada vez mais fortes.O ginete deve-se fazer respeitar nas suas ajudas, sem muitos artifícios. Variar bastante os movimentos e andaduras para que o cavalo fique mais atento prestando mais atenção aos comandos (variação de andaduras, alongamentos e transições.)
P. No trabalho em círculo, o cavalo não respeita a perna interna do cavaleiro e cai para dentro do circulo.
R. Usar a perna interna ( se necessário com toque de chicote ao mesmotempo) empurrando o cavalo contra a rédea externa que impede o desequilíbrio das espáduas.
P. No círculo o cavalo tende a se desequilibrar para fora.
R. A perna interna do cavaleiro mantém a encurvatura e a perna externa, com pressão ou toques, impede a saída da garupa. A rédea externa impede também a saída das espáduas.
P. Durante o trabalho de flexionamento, o cavalo se debruça demais e pesa sobre as mãos.
R. Primeiramente observar durante o aquecimento se o cavalo alonga o pescoço e dorso. Depois quando já colocado na mão, trabalhar a rédea interna sem fixar o contato (abrir e fechar os dedos), para que ele não encontre um apoio constante sobre as duas rédeas.É muito importante que se mantenha a impulsão, pois o cavalo encapotado está constantemente atras do movimento. Ele levantará e aliviará a frente assim que trabalhar com mais atividade e energia dos posteriores. A andadura de galope propicia mais o cavalo a se debruçar, portanto alternar com trote, com alongamentos e transições.(Observar se aembocadura está adequada - quanto mais fino for o bridão, mais forteele atua)

Os Exercícios e suas Funções

por Ingrid Borghoff Troyko
O trabalho básico com o cavalo, tem como objetivo buscar a calma, concentração, retidão, reunião e impulsão – aumentando assim a atividade, não a velocidade, além da descontração, equilíbrio e flexibilidade. Para se alcançar um objetivo, é importante trabalhar nestes exercícios, e saber qual é a finalidade deles.
Trabalho em linha reta : uma pista.
Função:Busca o equilíbrio do cavaleiro e cavalo.Ele deve atender ás ajudas, se organizando e se enquadrando.Verifica- se onde estão as dificuldades de equilíbrio de cada lado nas três andaduras.
A retidão deve ser cada vez mais aprimorada ( a linha da nuca e garupa), como também a retidão e o equilíbrio no contato igual dos dois lados na embocadura e a aceitação equilibrada das duas pernas do cavaleiro.Exercícios como linhas retas , fora da cerca ou parede, diagonais,linhas quebradas ou cortar o picadeiro já demonstram se o cavalo está reto e com equilíbrio.(andaduras trabalho e reunidas).
Trabalho em círculo - encurvatura.
Função:Alongamento da musculatura da parte externa, engajamento do posterior interno. Flexionamento de nuca, pescoço e costado.Equilibra, cadencia e facilita a colocação do cavalo na mão. Somente um cavalo que já possui uma relativa retidão é que estará apto ao trabalho de encurvatura.Os posteriores seguem a linha dos anteriores, sem escapar com a garupa para fora dos círculos ou sem desequilibrar, caindo para dentro dos círculos.(Passo, trote e galope).Para controlar o equilíbrio e encurvatura dos dois lados, se trabalha o cavalo em:Círculos alternados, oito de contas, serpentinas de vários laços, meias voltas no passo e trote de trabalho (no princípio). Na andadura de galope os exercícios variam entre círculos, meias- voltas, oito de contas com transições- galope, trote e galope- serpentinas com transições- galope, trote e galope- e serpentinas com mudanças de pé.A encurvatura, mesmo que pouco acentuada ( se os círculos forem grandes) deve ser mantida, lembrando que a mesma vai da nuca até a garupa, flexionando principalmente as costelas e engajando o posterior interno.O tamanho dos círculos depende do estágio em que se encontra ocavalo, e será muito prejudicial forçar o mesmo em larguras menores.No principio círculos de 20 metros, depois 15 metros,(iniciantes) 10, 8 e 6 metros (adiantados).Com a alternância de direção se verifica qual o lado que apresenta mais dificuldade, sempre atento que o cavalo esteja enquadrado e posto na mão.(Andaduras de trabalho à princípio e depois reunidas.)
Aspectos negativos no trabalho de encurvatura:
- O cavalo está fora da mão.
- Entorta a caça, entesoura
- Passadas irregulares – corre ou diminui.
- Não consegue manter a encurvatura
- Coluna reta ou encurvatura ao contrário.
- Tensão e resistência.
- Não consegue manter o desenho.
- Cai sobre as espáduas.
Trabalho de reunião
Função:Ativa a força propulsora dos posteriores, flexionando o dorso, equilibrando e facilitando mais o trabalho.Além de formar a musculatura correta, o cavalo adquire mais equilíbrio (sobre os posteriores), consequentemente mais elevação e liberdade de espáduas, trabalhando com mais facilidade e agilidade em movimentos organizados, aceitando com presteza aos comandos das ajudas.Exercícios elementares – Transições de andaduras, alongamentos e retomada, trabalho em círculos (progressivamente mais fechados), ceder à perna e espádua à dentro no trote.Exercícios mais avançados- Transições do trote e do galope para o alto, voltas pequenas, espádua à dentro, apoio, renvers e travers no trote – renvers , travers e apoio no galope.Todo trabalho de reunião é feito progressivamente, e só terá êxito quando o cavalo estiver bem colocado na mão, flexível e com o dorso já formado – trabalhando sem dificuldades nas linhas retas como nas encurvaturas. Se a um cavalo for pedido a reunião precoce, além de se tensionar e corresponder com dificuldade, ele poderá ter sérios problemas físicos. Cabe ao cavaleiro decidir quando e quanto de reunião se deve solicitar.
Trabalho de alongamento das andaduras
Função:Não só desenvolve a flexibilidade da coluna, das espáduas e a mobilidade dos posteriores, mas também a impulsão, o engajamento dos posteriores e a auto sustentação.
Trabalho de movimentos laterais
Função:Ajuda a flexibilizar o cavalo, descontrair a coluna, alongar a parte externa e engajar o posterior interno melhorando a reunião.Propicia o trabalho mais intenso e flexível dos posteriores, bem como a leveza e mobilidade das espáduas, descontração do pescoço e ganachas. Elimina contrações musculares e melhora a atenção às ajudas.
O galope falso
Função:Melhora a qualidade do galope, busca mais equilíbrio, ritmo e prepara o cavalo para as mudanças de pé.Pode ser feito primeiramente em espaços amplos, e se o cavalo já consegue manter o galope falso bem equilibrado, sem correr, sem perder o ritmo dos galões – executado então em serpentinas ( um laço no galope justo, outro laço no galope falso, assim por diante) ou em meias voltas invertidas. (no galope de trabalho ou galope reunido).Todos os exercícios são feitos e desenhados no picadeiro com pontos de referência, que podem ser letras ou outras marcas, pois se o trabalho é feito em um campo aberto com distancias variáveis, o cavaleiro não terá como avaliar o desempenho exato de cada exercício.