27 de outubro de 2009

A Impulsão e a Flexibilidade

"Nós seremos senhores de dirigir essas forças musculares, a partir do momento em que soubermos ligar intimamente a impulsão à flexibilidade elástica das articulações".
General L’Hotte

Impulsão e flexibilidade que se combinam em proporções diferentes conforme a actividade a que o cavalo se destina. Em Equitação, a flexibilidade está sempre presente: no Ramener; flexibilidade do ante-mão , no Rassembler; flexibilidade das ancas, na Ligeireza ; no seu grau mais elevado, flexibilidade elástica e suave das articulações. Mas como 1ª condição para que uma articulação se dobre e distenda é preciso que haja movimento, logo, Impulsão.
A Impulsão é a primeira e última qualidade a procurar no cavalo de sela se ele já naturalmente a possui ou a fazer-lha adquirir se ele não a possui em si próprio. É antes de mais a procura da franqueza no movimento para diante, para se tornar depois em cada cavalo não somente um desejo permanente desse movimento, mas uma verdadeira ideia fixa, que se manifesta duma maneira decisiva quando o cavaleiro cede a mão e o cavalo "sai" para diante sem qualquer outra solicitação. Assim, para o Equitador, a Impulsão deve ser no princípio a sua única preocupação, para se tornar ao longo do ensino do cavalo numa obsessão constante e continuada. Por fim para a sua conquista ser completo, três objectivos de igual importância têm de ser conseguidos: O domínio da vontade do cavalo, isto é, a sua submissão total à vontade do homem.
O domínio das ancas, sede das forças impulsivas, que deverão não somente responder ao primeiro apelo das pernas, mas manter-se permanentemente activas, vibrantes, sob pena de constituírem pela sua inércia ou pela sua preguiça, uma fonte de resistências. O respeito absoluto da mão que regula e dirige a força e o movimento. Mas, se a impulsão é necessária para dar vida e força às articulações, paralelamente é fundamental desenvolver nestas a sua Flexibilidade.
Diz o General L’Hotte" que esta flexibilidade não pode ser adquirida senão depois de se ter disciplinado e preparado os músculos ou, se se prefere, as cordas que os fazem mover e os ter coordenado nas suas acções combinadas". Há pois toda uma ginástica a praticar, exercícios a executar. Eles são de duas espécies: Exercícios de flexibilidade lateral - que têm por fim descontrair o rim e fazer trabalhar assimetricamente os músculos; assegurar ao cavaleiro o domínio das ancas permitindo-lhe repor o cavalo direito. (Preocupação permanente com a amplitude dos andamentos, evitando a todo o custo a precipitação). Exercícios de flexibilidade longitudinal - que têm por fim favorecer a flexibilidade da coluna e por consequência a entrada dos posteriores e a mobilidade das ancas. Mas, se as ancas são a sede da impulsão, verdadeiro leme que dirige todo o movimento, o pescoço com toda a delicadeza que lhe advém da sua situação em relação à coluna vertebral, influenciando toda a massa, obriga o cavaleiro a tomar todas as precauções com a sua submissão, pois ele só é senhor do seu cavalo quando para além do domínio das ancas, puder regular a colocação da cabeça e do pescoço, acção da mão chegando à boca do cavalo sem brutalidade, com clareza e elasticidade, a cabeça flectida pela nuca, o chanfro adiante da vertical, a base do pescoço subida, arredondando-se, a nuca mantendo-se sempre o ponto mais elevado, numa posição que corresponde à atitude natural alta do pescoço do cavalo em liberdade (em equilíbrio e descontracção).