29 de outubro de 2009
Descontração do Maxilar e Extensão do Pescoço
A descontração do maxilar do cavalo é essencial no trabalho de adestramento para que ele possa assumir uma atitude correta, sem apoiar-se de forma pesada na embocadura. Para condicionarmos nossa montaria a tal descontração, passamos a “dedilhar” as rédeas com os dedos, promovendo uma massagem nas comissuras labiais e nas barras. Esta ação ocorre alternando-se os momentos de atuar e ceder das mãos, alternado-se também o lado da ação. É importante que as mãos do cavaleiro atuem em sincronia com o ritmo do movimento do cavalo. A resposta apresentada a esta ação será adescontração do maxilar do cavalo, manifestada através do ato de mascar a embocadura, o que ocasionará intensa salivação com conseqüente relaxamento da mandíbula e alívio do apoio.Já sabemos que a presença da sela e do cavaleiro sobre o dorso do animal reforça a sobrecarga natural que o mesmo apresenta em seus membros anteriores. No adestramento, buscamos através da obtenção da atitude, devolver ao cavalo o seu “equilíbrio natural”, permitindo ao conjunto a execução das figuras com desenvoltura, elegância e naturalidade. A obtenção da atitude se manifesta através do posicionamento específico de algumas regiões zootécnicas do cavalo, promovendo algumas mudanças de postura em seu corpo, a saber:Elevação da Base do Pescoço: Ocorre através do aumento da impulsão, com a projeção do cavalo para frente e a conseqüente resistência das mãos nas rédeas. Desta forma, obtemos uma maior sustentação do pescoço, que se eleva e se arredonda (encurva).Flexionamento da Nuca: Também ocorre em função do aumento da impulsão e resistência das mãos. Através de uma correta descontração do maxilar, o cavaleiro tem recursos para mobilizar a cabeça do cavalo, ajustando-a para trás com conseqüente recuo em seu ponto de equilíbrio.Engajamento dos Posteriores: Quando o cavalo flexiona a nuca ocorre o estiramento do “ligamento nucal”, o que promove um arqueamento dorsal da coluna, tornando-a mais flexível tanto longitudinalmente, quando lateralmente. Este arqueamento resulta no abaixamento das ancas e conseqüentemente no maior engajamento dos membros posteriores, trazendo para ele parte da sobrecarga do antemão.A atitude a ser assumida pelo cavalo irá variar em função do grau de reunião necessário para a realização das figuras a serem executadas. O importante é termos consciência de que a atitude, principalmente a mais reunida, requer um grande esforço muscular e, portanto, a sua permanência por períodos prolongados irá causar um grande desconforto para o animal. Devemos procurar condicionar corretamente a nossa montaria; aquecer devidamente sua musculatura no inicio do trabalho; evitar a atitude por períodos prolongados e promover no início, no final e em intervalos ao longo das sessões de treinamento, o exercício de extensão do pescoço.Utilizamos este exercício para promover um relaxamento dos músculos requisitados na obtenção da atitude, responsáveis pela elevação da base do pescoço e da postura flexionada da nuca.
Sua indicação se dá em diversas fases do trabalho montado: no início da sessão, para promover o aquecimento; durante a sessão, em intervalos que iram variar em função do grau de reunião dos exercícios e do condicionamento do cavalo; ao final da sessão para promover o alongamento necessário antes de encerrarmos o treinamento e desmontarmos do animal.Solicitamos a extensão do pescoço do cavalo, através do “dedilhar das rédeas” com conseqüente descontração do maxilar e busca do apoio por parte do animal. Neste momento, o cavaleiro cede as mãos, fazendo com que o cavalo estenda continuamente o seu pescoço na busca de um apoio impossível.
A manutenção de um leve contato é indispensável para que o cavalo continue a buscar constantemente este apoio e não interrompa a execução do exercício. O objetivo desta tarefa não se restringe somente à extensão do pescoço, mas a um completo alongamento da coluna vertebral do cavalo, extremamente sobrecarregado nos trabalhos montado.Este exercício, se utilizado corretamente e de forma rotineira, irá permitir uma manutenção da atitude por períodos cada vez maiores, além de preservar a integridade física do cavalo, prolongando a sua vida útil.