18 de julho de 2011

O Desengajar e sua Importância

Todas as vezes que houver algum problema de resistência, excitação, nervosismo ou mesmo rebeldia entre mim e o meu cavalo, quero poder criar uma situação onde possa parar tudo e recomeçar novamente. No meu entender, essa é a importância de estarmos ensinando o nosso potro a desengajar desde a sua Iniciação. Costumo dizer aos meus alunos que desengajar é como pisar na embreagem ou jogar a alavanca do câmbio no neutro. Independente da velocidade, o carro perde a impulsão. Na maioria das manobras que o cavalo usa para nos enfrentar, assim como disparar, corcovear, empinar etc... os posteriores estão engajados e o lombo reto. Leia em "Mais Informações ..."


O mais importante é compreender que quando desengajamos a garupa, estamos desengajando a mente, isto é, estamos limpando resistências mentais, porque físico, mente e emoção estão vinculados de maneira tal que um influencia o outro. Essa é a razão pela qual o desengajar é a primeira manobra que o cavalo deve aprender. E, com certeza, o seu amadurecimento e refinamento vão nos ajudar a prevenir muitos enganos e acidentes futuros.
 
Para que as flexões possam acontecer é preciso que haja descontração. Por isso, se o cavalo estiver com a auto-preservação aflorada, não existe freios ou ajudas artificiais que consigam ensiná-lo a desengajar. Um cavalo consegue dobrar o pescoço até que o seu focinho encoste na perna do cavaleiro e, ainda assim, manter a nuca reta e dura, enrijecendo o lombo, mostrando uma enorme resistência mental. E quando ele se coloca na defensiva, o posterior estará engajado para poder resistir, empurrando para frente e, principalmente, procurando uma brecha para escapar.
 
Nessa situação, a paleta pode cair para dentro ou para fora; nos dois casos estamos numa posição perigosa. O cavalo estará se empurrando para frente com um dos posteriores, se estendendo muito mais que o normal. Como conseqüência, vai colocar mais peso nos anteriores, principalmente no de fora. Essa é uma situação em que o cavalo fica completamente desequilibrado. 

Dessa maneira, é muito difícil que ele consiga recuperar o equilíbrio, porque as outras três patas estarão ocupadas procurando pelo centro de gravidade.
Quando conseguimos perceber que lombo, nuca e mente trabalham simultaneamente, é como ter três diferentes parâmetros para um mesmo fim. Se conseguirmos ler um, os outros dois terão a mesma leitura.
 
Para ensinar o meu cavalo desengajar é preciso que ele esteja usando bridão, que é a embocadura de mais fácil compreensão, tanto para o cavalo quanto para o cavaleiro. Começo tirando a barriga de uma das rédeas e posicionando o seu focinho naquela direção, isto é, flexionando suavemente a nuca. 

Quando um cavalo flexiona a nuca, apontando o focinho em algum grau para a esquerda, por exemplo, o seu posterior direito vai dar um passo para fora (direita). Quando ele consegue executar essa manobra com consistência e com algum grau de confiança, o posterior esquerdo entrará por baixo na frente do direito, na direção da barrigueira da frente; o anterior de dentro vai andar menos ou vai fazer um pivô, enquanto as outras três patas mantêm o movimento para frente, assegurando-lhe o equilíbrio.

Quero que o meu cavalo esteja bem ciente dessa manobra, porque ela é a minha segurança para quando sair do redondel ou em qualquer eventualidade fora dele. É isso que vai me ajudar a não perder o controle e, muito mais importante, é isso que vai nos manter, “cavalo e cavaleiro”, fora de perigo.
 
Muita gente se engana pensando que está desengajando um cavalo que se movimenta devagar em linha reta e, quando dobrado, ele pára os anteriores e dá um passo para o lado com o pé de fora. Isso não beneficia em nada o desengajar, porque, na verdade, ele precisa saber como dar um passo com o pé para fora da linha em que está seguindo e continuar com os anteriores para que possa se manter equilibrado em qualquer velocidade.
 
Quando um cavalo sabe como desengajar os posteriores, conseguimos prevenir corcovos, empinadas, disparadas ou qualquer falta de controle que eventualmente possa acontecer.

Eduardo Borba,
Inspirado em Martin Black
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