6 de agosto de 2010

As Esporas


Com o desenvolvimento da indústria eqüina foram lançados inúmeros acessórios , ou complementos, destinados à prática da equitação em suas várias modalidades - Hipismo Rural, Hipismo Clássico, Adestramento, Corridas, Pólo, Serviço. Estes acessórios são ajudas auxiliares aos comandos principais da equitação, os quais, sabemos, são as mãos, as pernas e o deslocamento do peso na sela. Alguns destes acessórios são imprescindíveis, em casos específicos. Contudo, existem muitas restrições. Caso estas limitações não forem de conhecimento dos equitadores, tanto o desempenho como o comportamento eqüino serão afetados. Leia em Mais Informações ... 
Infelizmente, a literatura brasileira é bastante escassa em relação ao uso adequado destes acessórios de equitação. O que se observa no meio eqüestre brasileiro é uma rotina de violência e agressões contra a natureza do cavalo, com certos acessórios sendo utilizados meramente como meio de castigo desnecessário, ou em tentativas, geralmente frustadas, de uma correção artificial de eventuais defeitos de conformação que interferem na qualidade dos andamentos.
A espora é uma barra arredondada, ou achatada, de espessura entre 1,0 a 2,0 cm, que se encaixa no calcanhar, tendo um prolongamento na sua parte central, denominado de cão, ou papagaio. É a forma do cão que determina o tipo de ação da espora, mais branda ou mais severa. Se a espora tem um cão mocho, arredondado ou chato, sua ação é branda, servindo para o adestramento, concursos de marcha, saltos e outras atividades que exigem comandos mais discretos, suaves, com sensibilidade.
Se o cão tem rosetas, porém sem pontas, e sendo giratórias, a espora será de ação moderada. Mas se a roseta é pontiaguda, perfurante, sendo fixa ou giratória, a espora terá ação severa, tornando a equitação violenta (ex.: rodeios e doma tradicional).
A função da espora é auxiliar e reforçar comandos derivados da pressão das pernas do cavaleiro. Seu uso torna-se necessário em cavalos de pouca sensibilidade e/ou cavalos linfáticos, sem "calor" para respostas mais precisas apenas com a pressão de pernas e toques de calcanhares. Mas cuidado, as esporas não devem ser aplicadas por pessoas inexperientes. Também não devem ser usadas de forma isolada, sem os comandos simultâneos das ajudas principais da equitação.
A sutileza no uso das esporas está exatamente na sensibilidade do cavaleiro em perceber a facilidade das respostas do cavalo aos comandos de pernas. Caso haja necessidade de um aumento na velocidade dos andamentos, ou mais energia em manobras radicais, as esporas devem ser acionadas através de toques sutis e interruptos na região do Cilhadouro.
Se o movimento desejado é o curvilíneo, apenas uma espora , do lado interno da curva, deve ser acionada, com toques contínuos entre a cilha e a barrigueira. Já no caso específico de uma manobra radical, com giro completo sobre o casco posterior, a espora pode atuar como ajuda auxiliar dos comandos de rédeas, que forçam o cavalo a movimentar seus anteriores, girando sobre o apoio de um caso posterior.
Neste caso, que é o "spin", movimento bastante executado nas provas de maneabilidade, a espora atua pelo lado externo do giro, pressionando continuamente a região do Cilhadouro. Já no caso do movimento de "ladear", uma espora pode atuar entre a cilha e a barrigueira, no lado contrário ao da direção do movimento.
Em casos especiais, as esporas podem ser utilizadas como meio de punição das atitudes de mal comportamento. Mas cuidado, o uso impróprio das esporas desenvolve vícios graves de morder e escoicear. Qualquer que seja a punição, esta deve ser aplicada imediatamente após uma atitude de rebeldia. O bom senso sempre será o indicativo de uma tomada de decisão: Punir? De que forma? Mais branda? Mais severa?
Uma ótima recomendação é a de que as esporas somente devem ser usadas como um ultimo recurso, visando desenvolver respostas mais imediatas aos comandos de pernas. O correto é tentar o uso inicial da tala de equitação. Caso as esporas sejam utilizadas de imediato, o cavalo talvez desenvolva um certo medo contra a atuação das pernas do cavaleiro.