Alguns erros comuns do flexionamento são:excesso, com a cabeça muito “quebrada” para o lado de dentro, levando o cavalo a cair (escapar) com a paleta externa. A conseqüência será um ritmo deficiente nos andamentos. tração na rédea interna na tentativa de forçar o flexionamento. Neste caso, o cavalo fica com a frente (conjunto cabeça/nuca/pescoço) “amassados”, o que impossibilita a ação correta, com transpistamento, do posterior interno.· encapotamento, quando a rédea externa traciona ao invés de permitir o apoio consistente do cavalo. Cria-se uma resistência na nuca que impossibilita o flexionamento correto.
26 de outubro de 2009
Encurvatura e Flexionamento
por Claudia Leschonski
Nas aulas de equitação, nos bate-papos entre cavaleiros - e consequentemente na cabeça de muita gente - os conceitos de “encurvatura” e “flexionamento” do cavalo durante o trabalho de plano acabam sendo trocados, ou considerados como sinônimos. Entretanto, a compreensão das diferenças entre ambas é fundamental para todos aqueles que queiram trabalhar corretamente os seus cavalos.
Por Flexionamento entendemos o direcionamento lateral da cabeça do cavalo a partir da nuca, ou seja, o cavalo vira a cabeça para um dos lados sem envolvimento da coluna vertebral. Assim, o flexionamento acontece independente do posicionamento do eixo longitudinal (coluna) do cavalo. Num cavalo livre de tensão, a crista da crina aponta ligeiramente para o lado do flexionamento.A finalidade principal do flexionamento é obter um maior grau de obediência às rédeas de ação lateral - por exemplo, a rédea de abertura. O cavalo que aceita bem o flexionamento se torna mais sensível às ajudas internas e aceita mais positivamente as ajudas externas.O flexionamento correto é conseguido adiantando-se a rédea interna na mesma intensidade em que a rédea externa é encurtada, sem que o contato de ambas as rédeas seja abandonado. Enquanto isso, ambos os lados do assento (ísquio) precisam estar igualmente tensionados, ou seja, o cavaleiro não deve “entortar” ou “pesar” mais para um dos lados. No cavalo bem flexionado o cavaleiro enxerga o olho e a beirada da narina internos (interno: o lado para o qual o animal está flexionado, ou encurvado). Cumpre reparar que, classicamente falando, o flexionamento é “apenas” isso - fazer o cavalo virar a cabeça, olhando para um dos lados enquanto está trabalhando. Popularmente, observamos exercícios mais ou menos corretos sendo denominados de flexionamento, envolvendo o corpo inteiro do cavalo, em diversas posições “mirabolantes” da coluna. Talvez por problemas de tradução que costumam acometer nossos textos técnicos em nosso país, usa-se chamar de flexionamento trabalhos em duas pistas, arco reverso, ceder à perna, trabalhar em círculo olhando para dentro ou para fora, e assim por diante; também há treinadores que determinam de “flexionamento” o trabalho de plano, ou o aquecimento.
Alguns erros comuns do flexionamento são:excesso, com a cabeça muito “quebrada” para o lado de dentro, levando o cavalo a cair (escapar) com a paleta externa. A conseqüência será um ritmo deficiente nos andamentos. tração na rédea interna na tentativa de forçar o flexionamento. Neste caso, o cavalo fica com a frente (conjunto cabeça/nuca/pescoço) “amassados”, o que impossibilita a ação correta, com transpistamento, do posterior interno.· encapotamento, quando a rédea externa traciona ao invés de permitir o apoio consistente do cavalo. Cria-se uma resistência na nuca que impossibilita o flexionamento correto.
Alguns erros comuns do flexionamento são:excesso, com a cabeça muito “quebrada” para o lado de dentro, levando o cavalo a cair (escapar) com a paleta externa. A conseqüência será um ritmo deficiente nos andamentos. tração na rédea interna na tentativa de forçar o flexionamento. Neste caso, o cavalo fica com a frente (conjunto cabeça/nuca/pescoço) “amassados”, o que impossibilita a ação correta, com transpistamento, do posterior interno.· encapotamento, quando a rédea externa traciona ao invés de permitir o apoio consistente do cavalo. Cria-se uma resistência na nuca que impossibilita o flexionamento correto.
Por Encurvatura compreende-se a alteração da curva descrita pelo eixo longitudinal - ou seja, a coluna vertebral - do cavalo. Ela pode existir em graus diversos, tanto maior quanto menor for o diâmetro do círculo ou da curva percorridos pelo cavalo, desde a linha reta até a pirueta. Esta encurvatura precisa ser uniforme por toda a extensão da coluna, até o ponto em que isto seja anatomicamente possível, já que alguns segmentos da coluna eqüina são mais rígidos do que outros. O pescoço é a região mais flexível da coluna, enquanto a área da bacia é rígida. Esta característica é responsável pela maior parte das execuções defeituosas de encurvatura, como quando a “encurvatura” do ante-mão não é acompanhada por igual atitude do pós-mão. Neste caso, observamos que as pegadas dos posteriores não seguem exatamente as pegadas deixadas pelos anteriores, ao invés “fugindo” para um dos lados. A encurvatura é obtida pela correta coordenação das ajudas diagonais:· mais peso colocado sobre o ísquio (osso do assento) interno;· perna interna age na posição de impulsão, ativando o posterior interno;· perna de posição (externa) impede a fuga do posterior;· a rédea interna impõe o flexionamento e se necessário conduz o cavalo em direção à curva desejada (rédea de abertura);· a rédea externa cede de acordo com flexionamento e encurvatura internos do cavalo, ao mesmo tempo em que impede o excesso de colocação do pescoço para dentro e delimita a posição da paleta externa. A deficiência mais comum na execução da encurvatura é forçar a quebra excessiva do pescoço, impedindo a encurvatura desejada na região dorsal. Neste caso, a “encurvatura” existe apenas no pescoço, e no trabalho em círculo podemos observar que os posteriores fogem do trajeto desenhado pelos anteriores.
Note que ; não existe encurvatura sem flexionamento, enquanto o flexionamento sem encurvatura é possível e solicitado em alguns exercícios, tais como o ceder à perna. Aplicações de encurvatura e flexionamento nos exercícios de adestramento ;Tanto o flexionamento quanto a encurvatura são condições indispensáveis para a realização dos trabalhos em duas pistas. O flexionamento serve principalmente para a preparação para determinados exercícios, os quais pedem encurvatura lateral ou mudanças de direção, e também testa a permeabilidade (ou seja, submissão) da região da nuca do cavalo. O grau de flexionamento pode crescer um pouco, à medida que aumenta o nível de treinamento do cavalo. À medida que cresce a dificuldade dos exercícios de adestramento, aumenta o grau esperado de encurvatura; por exemplo, a encurvatura do cavalo em círculos de 10 m é muito maior que aquela do círculo de 20 m. A encurvatura correta pode ser obtida apenas quando o cavalo se apresenta alinhado (direito) em retas e curvas, com ambos os posteriores seguindo o trajeto dos anteriores, e buscando constantemente o contato da rédea externa. Apenas o cavalo corretamente equitado, capaz de executar círculos pequenos em perfeito equilíbrio, com os posteriores colocados sob a massa e alinhados com os anteriores - e portanto aptos a gerar a impulsão necessária - terá bom desempenho nos eventos desportivos, pois curvas fechadas, equilibradas e rápidas são exigidas tanto nas reprises de adestramento quanto na corrida de tambor e balizas, nas partidas de pólo e nos desempates das provas de salto. O pré-requisito para esta encurvatura é o flexionamento livre de resistências. Em contrapartida, o cavalo que apresenta resistências e defesas ao flexionamento, e depois à encurvatura, será incapaz de manter ritmo, direção e impulsão, e por conseguinte equilíbrio, durante o trabalho. Estas deficiências se tornam tanto mais perceptíveis quanto maior a velocidade dos andamentos, ou seja - pode ser possível maquiar deficiências durante o treinamento diário, mas elas acabam vindo à tona no calor de uma disputa, qualquer que seja a modalidade. O bom treinamento de cavalos é a soma de inúmeros detalhes. Jamais confunda o “básico” com “simples” e menos ainda com supérfluo. É na educação básica sólida que ancoramos as estruturas necessárias ao desempenho de toda a vida atlética do cavalo.
Claudia Leschonski
Médica veterinária, treinadora de cavalos, instrutora de equitação, professora universitária. Escreve sobre equitação e manejo. Ministra clínicas periódicas na Escola Desempenho de Equitação .