8 de abril de 2010

Medicina Ortomolecular para Equinos

O eqüino, através dos tempos, foi sendo selecionado, desenvolvido e aprimorado para desempenhar funções cada vez mais específicas. Atualmente, este animal tornou-se muito mais que simplesmente um meio de transporte ou de tração – é um atleta completo. E como todo atleta é submetido à esforços repetitivos, à intenso condicionamento físico e psicológico e, como conseqüência disso, temos o stress que poderá ocasionar o aumento da susceptibilidade à doenças e lesões, queda do rendimento no trabalho e distúrbios comportamentais. Leia em "Mais Informações" ...
O convívio direto e diário dos eqüinos com o ser humano possibilita uma melhor observação e monitoração desse stress e, decorrente disso, a instituição de um programa terapêutico adequado. Para uma performance elevada, o eqüino deverá receber, entre outros cuidados, uma alimentação balanceada, com a suplementação de minerais, vitaminas e aminoácidos, elementos esses, essenciais para manter o animal em equilíbrio.
Uma das formas eficientes de se fazer uma análise para se descobrir se o animal está em equilíbrio é através da Medicina Biomolecular que, quando aplicada corretamente aos animais, ajuda a detectar com grande precisão, o que está em falta e o que está em excesso em um organismo. A partir disto, pode-se elaborar uma formulação individualizada onde serão supridos os débitos e removidos os excessos.
Essa terapia tem a grande vantagem de ser preventiva, ou seja, pode-se fazer uma avaliação de um animal desde a sua fase jovem, corrigindo suas carências e elaborando um programa direcionado aos objetivos que se pretende alcançar. Desta forma, pode-se obter um atleta de máxima performance e alta resistência, um reprodutor com longa vida útil ou uma matriz de alta eficiência.
Através da análise e interpretação do mineralograma podemos, também, avaliar a situação das pastagens do local onde são criados os animais, fazendo as correções necessárias no solo trazendo benefícios à todo o resto do plantel. Um correto panorama do que os animais estão absorvendo ou a detecção de minerais tóxicos pode alertar, precocemente, que tipo de distúrbios poderão ocorrer no criatório e que implicações eles trarão futuramente. Aliado a tudo isto, há a economia no momento de elaborar os compostos para a correção do solo ou da formulação da ração e suplementação mineral.
O material utilizado para que seja feito o mineralograma é de fácil obtenção, pois são algumas gramas de pelos coletados, geralmente, na superfície dorsal da orelha, peito e tábua do pescoço. Utiliza-se preferencialmente essas áreas por serem ricamente vascularizadas, pois os níveis de minerais no pelo são aferições dos mesmos que foram confinados ao pedículo piloso por um período de tempo – às vezes meses ou até anos antes do aparecimento destes no soro sangüíneo do animal. Este nível de sensibilidade permite o emprego da Medicina Biomolecular como uma terapêutica preventiva. Outra forma de análise é através do soro sangüíneo que diferencia-se da análise do pelo por mostrar um resultado de curto prazo, ou seja, revela os desequilíbrios mais recentes ocorridos no organismo do animal. Atualmente existem vários laboratórios no Brasil capacitados a fazer exames em animais e que já elaboraram tabelas de referência para interpretação dos resultados.
Modernamente se conhecem várias interações entre os minerais e que tem influência recíproca. Isto quer dizer que, se um destes elementos estiver em excesso ou em deficiência, estará influenciando seus antagonistas provocando o desequilíbrio, ou seja, não adianta estabelecer uma dieta rica em cálcio no caso de baixa do mesmo, se isso irá ocasionar, por exemplo, baixa nos níveis de magnésio, o que poderá trazer problemas como irritabilidade, tremores e contrações musculares, redução do apetite, crescimento retardado entre outros sintomas.
Como exemplo, cito o caso de uma fêmea da raça crioula, com 1,5 anos e que apresentava um quadro de ataxia (incoordenação) que é chamado popularmente de “bambeira”. O animal não conseguia caminhar em linha reta, arrastava as pinças dos membros posteriores no chão e via-se nitidamente uma atrofia com diminuição da massa muscular na região do trem posterior do animal. Este eqüino vinha sendo tratado com as terapêuticas indicadas para esses quadros, sem a obtenção de resultado algum. Foi então, feita a coleta de pêlos para a realização do mineralograma. O resultado revelou que, além de alguns desequilíbrios de minerais essenciais, havia um o aumento de 100 vezes no nível de manganês presente no organismo deste animal. Na literatura, o acúmulo de manganês provoca sintomas de parkinsonismo, caminhar instável, incoordenação motora, entre outros sintomas. Foi feita a remoção do mineral manganês através de uma técnica chamada de quelação durante 30 dias. Antes deste período, o animal já encontrava-se com o caminhar firme e não arrastava mais os membros posteriores. Continuou-se com uma série de procedimentos dentro da terapêutica e, ao final de 60 dias o animal estava plenamente recuperado, não havendo nenhum indício de incoordenação. Coletou-se novamente os pêlos para análise e observou-se que o nível de manganês havia voltado aos patamares normais. Este animal continuou a desenvolver-se, recuperou a massa muscular através de exercícios e treinamento vindo, inclusive, a classificar-se em provas e posteriormente a ter crias. Não houve retorno dos sintomas e, após intensa investigação, detectou-se que a intoxicação gradual deu-se devido à ingesta de um suplemento mineral com altos níveis de manganês que foi administrado na desmama, diariamente, ao animal.
Na prática vem observando-se nos animais tratados com Medicina Biomolecular, uma mudança surpreendente, tanto na aparência geral, como também na performance, aumento da resistência física e às enfermidades. Com todas estas vantagens, essa terapêutica apresenta-se como mais uma ferramenta útil no diagnóstico e prevenção dos problemas encontrados na prática clínica em animais de performance ou de reprodução.