3 de novembro de 2009

Descontração Direta e Indireta do Maxilar

“Somente a descontração da boca não basta, ela pode ser enganosa porque não conduz
necessariamente à leveza , é preciso que seja acompanhada da descontração de todo o cavalo"
“ Se o cavalo descontrai o lombo, isto tem como consequência infalível uma repercussão na boca.”
Nuno de Oliveira

Entende-se por reação como sendo a tendência ou ação do cavalo para desobedecer os comandos deseu cavaleiro. Esta reação pode apresentar vários graus de intensidade; desde uma simples contração muscular até a revolta franca e enfurecida.Observa-se que um dos mais claros sintomas de que algo não vai bem com o cavalo ,quando ele apresenta um endurecimento intermitente ou contínuo em suas ganachas, resultado de uma contração domaxilar ou queixo. Quando isso acontece no cavalo enfrenado, percebe-se que ele tenta morder nervosamente os bocados da embocadura, mantendo-a presa por momentos pelos colmilhos .A certeza de que o cavalo esta descontraído é assegurado pelo ato de mascar maciamente sua embocadura. Para fazer isso, ele tenta engolir a embocadura com o auxílio da língua. Esse movimento de bocado por vezes produz um som metálico, som esse facilmente percebido pelo cavaleiro quando usa freio e bridão.Entretanto é preciso não confundir esse mascar calmo da embocadura com o rilhar surdo e nervosodos dentes contra a embocadura. Esse estado demonstra nervosismo e reação.
O Processo Direto
São assim denominados quando se tenta obter a descontração do maxilar diretamente sobre a bocado cavalo, executados no trabalho de baixo ou montado.
1)Baucher 1ª. forma
Ações exercidas ao mesmo tempo sobre os maxilares em sentido inverso para provocar a abertura.Torção do freio na boca, uma rédea para frente e a outra para trás.A mobilização do pescoço é associada o mais cedo possível à mobilização do maxilar. O ramener é então obtido pelo retraimento da cabeça em direção ao corpo.
2)Baucher 2ª. forma
O Objetivo principal é a mobilização da boca e língua com imobilidade da cabeça. O ramener é entãoobtido pelo processo inverso, isto é, pela progressão do corpo na direção da cabeça realizado pouco a pouco no decorrer do adestramento em conjunto dos flexionamentos.Tanto na primeira como na segunda forma o que há de comum são as flexões executadas em estação, isto é, com o cavalo parado.
Observações
O posto na mão pode ficar desaprumado, com isso poderão aparecer resistências à mão.A imobilidade dos posteriores não é favorável à obtenção de leveza a atonia dos músculos atinge o maxilar. Quando se chega a produzir a descontração, ela pode cessar em movimento.Existem algumas embocaduras que facilitam a descontração em cavalos mais difíceis. São conhecidos: os freios com passador de língua, os freios bomba, os “Jouet” (brinquedos) presos aos bridões, que provocam a mobilização da língua. Essas embocaduras podem trazer inconvenientes ,como por exemplo a denominada língua de serpentina, que é provocada pela utilização indevida do “Jouet”. Pode produzir resultados satisfatórios com cavalos rebeldes, que encapotam ou que cerram os dentes com violência. Como regra geral, essas embocaduras podem ser utilizadas no período que antecede o Adestramento Acadêmico, devendo ter em mente o retorno as embocaduras normais.
O Processo Indireto
1)Emprego da espora
2)Emprego do chicote
3)Flexionamento de conjuntos especiais
1)Emprego da espora
O apoio simultâneo das 2 esporas na cilha, provoca a abertura da boca, que leva a descontração domaxilar.Inconvenientes:A abertura da boca pode não significar a descontração do maxilar, o afastamento dos maxilares é excessivo e o movimento da língua e fraco. Esse conjunto de movimentos é mais parecido com a mastigação do que propriamente com a deglutição. Não há suavidade na cessão. O valor desta descontração ,como testemunho da leveza é quase nulo por ser provocado pela ação dolorida das esporas na região da cilha O processo atenta contra a impulsão, porque deixa o cavalo duvidoso e por vezes rebelde em relação ao emprego das pernas.
2)Emprego do chicote
A ação do chicote sobre os rins do cavalo, no vértice da garupa provoca a abertura da boca e a
mobilização da língua. É um processo menos perigoso do que o emprego das esporas, porque não compromete a ação impulsiva das pernas.Pontos especiais de aplicação: a)Inserção dos rins com saída da garupa: Age diretamente sobre a boca do cavalo b)Toda a extensão do dorso: Pode provocar elevação do dorso e às vezes um arqueamento muito acentuado. c)Vértice da garupa: Pode provocar até o coice, havendo uma tendência maior para o engajamento. Essa atitude provocada pelo chicote é similar ao posto na mão regular, se diferencia apenas pela atitude de conjunto tomada pelo cavalo no momento que a descontração do maxilar se produz. Esses processos têm seu emprego eficaz quando o cavalo se apresenta: alto de frente, esmaga seu posterior ou cava o dorso.
3)Flexionamento de conjuntos especiais
O trabalho nas voltas, meias voltas e invertidas meias voltas, deixam o cavalo com aptidão, e é aumentada quando se produz o deslocamento lateral do cavalo no trabalho em duas pistas. A razão está no cruzamento dos posteriores que tem relação direta sobre os músculos do maxilar. A mobilização aumenta na medida que a mobilidade das ancas aumenta em relação as espáduas, tendo seu efeito máximo nas piruetas invertidas. Com o decorrer do adestramento o apoio se fixa e se regulariza, o cavalo se sustenta com mais facilidade e o equilíbrio é recomposto. É o processo mais eficaz na obtenção da descontração do maxilar.