O conhecimento da fisiologia da digestão dos eqüinos é essencial para práticas nutricionais eficazes e faz – se necessário conhecer não somente como o trato digestivo funciona, mas o quão eficiente o seu funcionamento pode vir a ser, para que tenhamos êxito nas diversas atividades eqüestres, relacionadas com cada estágio fisiológico do animal ou com os objetivos do criador. Um ponto muito importante refere-se à avaliação da ingestão dos diferentes alimentos pelos animais, devido aos aspectos morfofisiológicos do trato gastrintestinal de cada espécie.
Assim, pesquisas de avaliação de alimentos utilizam ensaios de digestibilidade como ferramenta interpretativa, que respaldam a elaboração de estratégias nutricionais para eqüinos. A caracterização dos alimentos também é fundamental para que se tenha êxito na utilização adequada dos mesmos na alimentação dos animais. No processo de caracterização dos alimentos é importante conhecê-los quanto à composição químico - bromatológica, presença de fatores anti - nutricionais ou outras características que possam limitar o uso na alimentação animal.
Além da nutrição adequada um bom manejo diário de instalações asseguram melhores condições de bens estar que por sua vez, auxiliam para um melhor desempenho animal.
Distúrbios emocionais ou psicológicos produzidos pelo confinamento prolongado, em oposição à ocorrência de fenômenos fisiológicos ou orgânicos são freqüentes. Os problemas de comportamento mais comumente encontrados nos eqüinos podem ser divididos em três categorias: vícios, agressividade e distúrbios sexuais, os dois primeiros ocorrendo principalmente em animais estabulados e no terceiro relacionado por causas que estão presentes em animais na sua maioria, independentes no sistema de criação. O espaço para o cavalo foi ficando cada vez menor, obrigando o animal a ficar confinado (às vezes 24 horas por dia) em pequenas baias, o que acarretou modificações em seu comportamento, diante da necessidade de adaptação a um ambiente reduzido. Conseqüentemente duas características da vida do cavalo que vive em um ambiente natural estão ausentes na do cavalo estabulado: a vida em grupo e o tempo de pastejo o que pode afetar no comportamento animal.
É muito importante atentar para temperatura ambiente dentro dos estábulos, estas devem ser dentro das temperaturas aceitáveis de conforto térmico à espécie que devem estar próximo de 25° C, para que os animais não demonstraram comportamento de possível desconforto.
Dentre os comportamentos observados em animais estabulados, destacam-se: posição do animal (em pé ou deitado); localização do animal dentro da baia (frente, centro, fundo); temperamento do animal (quieto, agitado, alerta); tempo depreendido em alimentação e passeio diário assim como desenvolvimento de algum distúrbios de comportamento (morder partes da baia, comer fezes, aerofagia), no qual todos devem receber uma atenção especial.
Para isso um número de refeições diárias, possibilita que os animais desprendem boa parte do tempo alimentando-se, o que provoca um comportamento similar com a frequência circadiana alimentar e ao habito natural de alimentação a espécie e assim garantindo um fluxo de digesta mais constante. Os animais gastam em média uma hora e meia por refeição. Com relação ao comportamento alimentar, ao comparar eqüinos alimentados com concentrado, com eqüinos alimentados com feno, constatou-se que estes passaram mais tempo comendo, acarretando menos tempo ocioso para adquirir distúrbios no comportamento, do que os animais que comeram alimentos concentrados. Se quantidade insuficiente de fibra é oferecida aos animais, os indicadores de saciedade podem não ser ativados, deixando os cavalos com uma alta motivação alimentar além de possibilitar possíveis distúrbios alimentares e comportamentais, quando se aumenta a porcentagem de concentrado na dieta, a incidência de distúrbios orais de comportamento. Alguns pesquisadores acreditam que o tédio é um dos principais fatores desencadeadores de distúrbios comportamentais em animais.
Passeios diários, mesmo que por um período relativamente curto, auxiliam nos movimentos peristálticos (taxa de passagem da digesta), acalmam os animais e evitam o aparecimento de edemas graves nos membros, exceto esporadicamente que em alguns animais com ocorrência de pequenos edemas nos boletos e/ou quartelas que tenderam a desaparecer nos primeiros dias de alojamento.
Dentre os comportamentos mais observados, o comportamento de estar parado em pé localizado no centro da baia e quieto (animal descansando), pode indicar que os animais estavam em relativo conforto, cavalos criados em baias que permitem um contato visual reduzido com o meio exterior tendem a apresentar uma maior porcentagem de comportamentos anormais do que cavalos mantidos em baias que permitem um amplo contato visual com outros animais e seres humanos.
Os distúrbios de comportamentos são causados em grande parte pelo estresse em animais estabulados quando existem problemas de nutrição inadequada ou insuficiente, alterações climáticas, exaustão provocada por exercícios exagerado, presença ou ausência de cama, alojamento pequeno, falta de tranqüilidade e falta de contato social com outros animais ou seres humanos.
Comportamento de agressividade é um dos problemas de comportamento freqüentes nos eqüinos. Sua grande importância se deve aos riscos de causar danos ao homem e a outros animais. 0s cavalos estabulado, não tendo oportunidade de fugir, quando por algum motivo (medo, estresse ou entediado) pode apresentar comportamento de autodefesa tornando-se agressor. Os eqüinos podem sofrer também de claustrofobia natural, pois, devido a espécie ter habito natural por grandes áreas, quando presos em baías podem se tornar agressivos. Alguns animais apresentam comportamentos agressivos somente em algumas situações, durante alimentação, estro (cio), manuseio da cabeça ou membros, na baia ou quando capturados no pasto.
Quando relacionados aos distúrbios de comportamento de ordem alimentar e ingestivos, observamos que os animais apresentaram incidência de mastigação ou morder madeira, o qual pode ser explicado por um possível tempo maior ocioso ou deficiência de material fibroso, uma vez que o aumento de volumoso tendem a eliminar a incidência deste distúrbio. Este tipo de comportamento é altamente indesejável, em animais de estabulados por vários motivos, pois pode se apresentar com relativa freqüência e pela possibilidade de causar prejuízos como irritações intestinais, cólicas, problemas dentários, além dos prejuízos com a manutenção das instalações.
As principais causas deste distúrbio comportamental pode ser o tédio, deficiências de minerais na dieta (fósforo, cloreto de sódio, cobre e microelementos), a limitada quantidade de forragens fornecida, além da densidade dos alimentos, ou seja, alimentos muito macio e tenros que levem pouco tempo para ser ingerido, assim como a utilização de alimento peletizado, que são ingeridos de forma rápida.
Para reduzir o vício de morder madeira, recomendasse ocupar ao máximo o tempo dos cavalos, além de se verificar a composição da dieta, outra forma é soltando os animais em piquetes aumentando a carga de exercícios, porem a quantidade de volumoso fornecido e o número de vezes que se fornece as ração dietas podem ser alternativas viáveis, alguns pesquisadores quando realizam trabalhos de nutrição eqüina, fornecem a quantidade de alimento para atender as exigências dos animais dividido em até quatro refeições diárias.
A coprofagia (ato de comer fezes) é também um vício encontrado nos eqüinos estabulados, a atitude é preocupante quando ocorre em animais adultos, pois pode causar infestações parasitárias, transmissão de doenças e cólicas. Os principais fatores que levam os animais apresentarem este tipo de comportamento pode ser devido a dietas deficientes em proteínas (com menos de 10%) e com pouca quantidade de alimentos volumosos podem também causar a coprofagia, porém deve se ter cuidado e lembrando quer as dietas fornecidas aos animais devem ser balanceadas conforme as exigências nutricionais ao estagio fisiológico, sexo e função do animal. O feno fornecido aos potros a partir do segundo mês de vida, ou no início de uma possível estabulação, quando iniciam a ingestão do mesmo, deve ser de boa qualidade e em quantidade adequada, pois, caso contrário, os animais podem ingerir material da cama da baia, adquirindo o vício da coprofagia.
O fornecimento de alimento de boa qualidade e correta quantidade, principalmente de volumosos não peletizados, divididos em varias porções diárias, pode evitar ou eliminar esta alteração de comportamento, pois os animais passarão a maior parte do tempo se alimentando.
Outro distúrbio comportamental observado em animais estabulados é o ato de engolir ar (aerofagia), quando os animais apresentam este tipo de comportamento, os principais problemas causados são cólicas gasosas, além disto este hábito pode ser freqüentemente copiado por outros eqüinos e, uma vez adquirido o vicio, dificilmente pode ser eliminado.
Assim, devem ser tomados alguns cuidados a fim de evitar possíveis problemas como aparecimento de distúrbios de comportamento. Desta forma recomendasse cuidado principalmente com quantidades de alimentos e tempo entre as alimentações. A possibilidade de aparecimento de tais distúrbios de comportamento deve ser minimizada com uso de boas técnicas e conhecimento do manejo da espécie. Em casos de aparecimento de tais comportamentos e duvidas como eliminar ou minimizá-los recomendasse sempre buscar maiores informações com técnicos especializados.
Nota
Não havendo forma de eliminar eficazmente os vícios de estábulo e sabendo que estes resultam do tédio e ansiedade do confinamento no estábulo, torna-se imprescindível permitir ao cavalo que a sua vida se assemelhe o máximo possível à dos seus parentes selvagens. As condições necessárias para prevenir o desenvolvimento de desvios comportamentais são:Exercício, montadas regulares e treino;
Dieta equilibrada;Cuidados de saúde em dia;Algum tempo no campo de pasto (de preferência com outros cavalos, potros, póneis ou mesmo outros animais, como cabras, burros, ovelhas ou aves).