18 de agosto de 2009

O Dressage

Definição
O adestramento ou dressage (que deriva da palavra francesa dresser, que significa "treinar") é uma das tres modalidades olímpicas , regulada pela Federação Equestre Internacional (FEI).

Origens
Os prenúncios do Adestramento remontam à Grécia Antiga, com Xenofonte (historiador e instrutor equestre do século III antes de Cristo). Muitos de seus preceitos de não violência e do não uso da força são válidos até hoje. Ao longo da história essa maneira mais adequada de preparar e montar cavalos foi se desenvolvendo gradualmente. O desabrochar do Adestramento teve como berço a Europa renascentista, mais especificamente a Itália. Mas na forma como o conhecemos hoje, se deve principalmente ao grande mestre francês do princípio do século XVIII, François de la Guerinière, que teve o mérito de aprimorar e refinar todas as técnicas conhecidas até então. Esses ensinamentos estão registrados em sua obra "Escola de Cavalaria ", considerada a "biblia" do Adestramento e base teórica da Escola Espanhola de Equitação de Viena - o tempo máximo da arte clássica eqüestre. Uma das principais diferenças do Adestramento daqueles tempos e o de hoje é o caráter de competição que a modalidade assumiu neste nosso século.
O princípio mais sagrado do Adestramento foi dado por outro grande cavaleiro francês, o general L' Hotte. Corresponde ao enunciado calmo, direito e para frente. Significa que para fazer qualquer coisa bemfeita, o animal não pode estar nervoso, andar torto ou rígido de um lado e também não pode prescindir de forte impulsão. Quanto mais se monta, mais adquire-se consciência desta verdade de validade incontestável. Esta deve ser a primeira e última preocupação do Adestramento, que tem ainda a virtude de desenvolver, tanto no cavalo como no cavaleiro, a disciplina, a perseverança, a prontidão, a discrição, a elegância, a graça e a leveza de movimentos.
Tendo surgido como forma sistematizada de preparar e mostrar um cavalo de montaria, no Adestramento não há, e nunca houve, preocupações com grandes velocidades. Nas provas não existe corrida contra o relógio, muito embora haja um tempo limite. Mas o que conta são movimentos bem feitos sem resistências, leves, graciosos e precisos. Com a sua expansão o Adestramento se tornou uma prática de regras padronizadas, a fim de que os cavaleiros fossem testados em competições internacionais. Desde 1912, em Estocolmo, o Adestramento se constituiu também numa modalidade olímpica dos esportes.



Finalidades
Todos os cavalos e cavaleiros que praticam qualquer outra modalidade do Hipismo deveriam primeiro ter um bom embasamento de Adestramenrto. Ë dele que saem as técnicas e orientações para o bom cavalgar, em qualquer atividade eqëstre, mesmo que de serviço.
O objetivo geral do Adestramento é auxiliar o cavalo a desenvolver, através de diversos exercícios, a capacidade de executar todos os seus movimentos naturais, tornando-o um animal flexível, calmo, atento ao cavaleiro e, portanto, agradável de se montar.O adestramento tem por objetivo o desenvolvimento harmônico do organismo e dos recursos naturais do cavalo. Visa, então, tomar o cavalo calmo, ágil, desembaraçado e flexível, como também confiante, atento e ativo, em condições de realizar um perfeito entendimento com seu cavaleiro.Essas qualidades, decorrentes do desenvolvimento harmônico colimado no adestramento, manifestam-se pela:franqueza e regularidade das andaduras; harmonia, leveza e facilidade dos movimentos; leveza do antemão e engajamento dos posteriores; submissão ao bocado, sem opor nenhuma tensão ou resistência .
Ao atingir o mais alto grau de adestramento, o cavalo deverá dar a impressão, quando executar as figuras solicitadas por seu cavaleiro, de que se move por si mesmo.
O adestramento comporta duas etapas, que devem ser observadas criteriosamente:o desbaste; o adestramento propriamente dito.
O desbaste abrange os primeiros exercícios de submissão do cavalo ao cavaleiro, quando este o conduz à mão e à guia e, mais tarde, montado.
O adestramento propriamente dito desenvolve-se segundo uma programação de atividades físicas de dificuldade progressiva, em etapas cuja duração depende rigorosamente das aptidões do cavalo e da habilidade e dos conhecimentos técnicos do adestrador. Essas etapas são os degraus de acesso àquele estágio em que as metas principais do adestramento podem ser consideradas como atingidas:equitação elementar, secundária e superior .
No curso do adestramento , o adestrador deverá observar atentamente o comportamento de seu cavalo, embora a destinação, a especialização que pretende lhe dar seja praticamente garantida pelas aptidões naturais reveladas .
De qualquer forma, a "especialização" somente deverá ser iniciada ao fim da primeira etapa do adestramento propriamente dito--a equitação elementar--, que deve ser considerada como um aprendizado básico, indispensável a qualquer pretensão futura. Essa primeira etapa somente terá terminado quando o adestrador concluir conscienciosamente que seu cavalo venceu esse primeiro degrau galhardamente, quando, então, ele poderá escolher o destino de seu cavalo: picadeiro, salto, pólo, concurso completo de equitação etc.
O adestramento do cavalo de sela se dará em função do seu desenvolvimento físico, variável segundo a raça. O puro-sangue inglês e o árabe são animais precoces, que atingem o ápice da evolução física aos três ou quatro anos; enquanto os cavalos de outras raças somente ganham plena desenvoltura física após os seis anos de idade. É o que acontece com o anglo-árabe francês, com o trakehner alemão, com o hunter irlandês, com os cavalos andaluzes espanhóis, os lipizzanos austríacos, os orlov russos, os cavalos argentinos e os B.H., Cavalos brasileiros de hipismo.

A especialização, por isso, além de estar baseada nas aptidões apresentadas pelo cavalo, deverá sujeitar-se à influência de vários outros determinantes importantes: a raça (hereditariedade), o sangue, o temperamento, o modelo, a conformação física, as andaduras e o equilíbrio natural. Particularidades que distinguem de maneira considerável uma raça da outra, um cavalo do outro.
Aos conhecimentos sobre a hereditariedade e a morfologia do cavalo registrados pelo adestrador deve-se somar ainda um estudo do seu "moral", ou seja, do seu caráter e do seu temperamento.
O aspecto psíquico e o físico formam um todo muito importante, considerando-se que o conhecimento do cavalo, indispensável ao adestrador em qualquer grau ou natureza da equitação a que se dedica (equitação esportiva, acadêmica etc.) Seria imperfeito se não se incluísse uma atenta observação das características psíquicas do cavalo.

A Pratica Esportiva No adestramento o conjunto deve efetuar determinados movimentos , que são as figuras e o objetivo é obter a maior pontuação possível.
Tanto o cavalo como o cavaleiro devem estar confiantes e entrosados para efetuar a figura já que havendo um pequeno erro a qualidade do movimento fica comprometida prejudicando a pontuação. Para um cavalo chegar ao olímpico requer muito treinamento, saúde e sorte.
Geralmente o treinamento de uma cavalo de adestramento começa aos 4 anos de idade e chegando ao seu ponto máximo entre 12 e 16 anos. O trabalho é gradual e exige muita paciência principalmente na contrução de confiança cavalo e cavaleiro. Afinal comandar um animal em torno de 650 kgs. com simples comandos de assento por uma cavaleiro ou amazona que pesam entre 55 e 90 kilos não é das tarefas mais fáceis !
A questão da saúde esta relacionada a condição do cavalo em receber durante 6 dias/semana e onze meses/ano vários tipos de exercício. Um cavalo com 12 anos de idade é um verdadeiro atleta com pura musculatura e caráter próprio desenvolvido !
A sorte tem seu espaço nas várias etapas em um convívio com o cavalo. Por mais que o cavaleiro faça analises de conformação, andadura, temperamento e saúde quando escolhe um cavalo no campo a sorte é imprescindível na confirmação na combinação dos fatores.
O julgamento na prova de adestramento é subjetivo. Os juízes julgam a reprise de cada conjunto dando notas de 1 a 10 de acordo com cada figura feita. Os juízes recebem treinamento específico e tem seu nível de atuação de acordo com o número de horas julgadas e com o grau de atualização, via participação de treinamentos.
Existem várias séries de acordo com o nível de dificuldade das figuras. A mais fácil, para iniciantes, é a elementar. Depois segue a seguinte ordem: preliminar, média I , média II, forte e GP Internacional. Existem várias figuras divididas em menor ou maior grau de dificuldade de acordo com o nível da reprise , procurando sempre a máxima perfeição possível, as reprises variam em categorias de dificuldade, desde as mais fáceis até as mais completas.
Nas primeiras, os movimentos são relativamente simples, apenas com deslocamentos bem retilíneos e curvas ou círculos bem arredondados. Nestas categorias os trabalhos são de uma só pista, isto é, de deslocamento onde os pés dos cavalos seguem os mesmos rastros ou caminhos de suas mãos. Já nas reprises um pouco mais avançadas pede-se o trote alongado e o galope reunido. Pede-se também os trabalhos em duas, isto é, deslocamentos nos quais os pés não seguem os mesmos rastros ou caminhos das mãos. São eles o ceder à perna, o espádua para dentro, o "travers "(cabeça ao muro), o "renvers"(garupa ao muro) e o apoiar.
Todos esses movimentos têm a finalidade de flexionar o animal, aperfeiçoar a cadência, engajar mais os posteriores, melhorar o posicionamento da cabeça e pescoço e ainda tornar mais leve as respostas aos comandos das rédeas, assento e pernas do cavaleiro. Nas reprises bem avançadas estão incluídos movimentos de Alta Escola como o piaffer - trote no mesmo lugar, reunido , cadenciado, elevado e majestoso -, a passage - trote reunido, alçado, bem cadenciado, muito impulsionado e com um tempo de suspensão maior do que o normal - a pirueta ao galope ( giro de 360º ao redor do posterior interno ) e a mudança de pé do galope ao tempo ( troca no ar da seqüência dos apoios do galope, em linha reta e a cada passada).
As três reprises mais difíceis foram elaboradas pela Federação Eqüestre Internacional ( FEI ) e são as seguintes: São Jorge, Intermediárias e Grande Prêmio. Na São Jorge exige-se, entre outras coisas, passo atrás, movimentos em duas pistas ao trote e ao galope, meia pirueta e mudança do pé ao galope na reta a cada três a quatro passadas, num total de 31 figuras para serem realizadas em 9,30 minutos. Na Intermediária II acrescenta-se a passage e o piaffer. Ela é uma preparação para a mais difícil de todas que é o Grande Prêmio. Reservada aos mais brilhantes cavaleiros e aos seus talentosos cavalos, a reprise Grande Prêmio precisa de total harmonia e nenhuma impressão de esforço. Consta de 39 figuras, inclusive com a mudança de pé do galope ao tempo na linha reta, e dispõe de dez minutos para sua realização total.
Vale ainda citar a reprise livre ( Kür ), talvez a mais interessante de todas. Semelhante a Grande Prêmio em grau de dificuldade, diferencia-se desta, entretanto, por deixar ao concorrente a completa liberdade na escolha da ordem e seqüencia dos movimentos do seu programa de apresentação. Pode e deve ser acompanhada por um fundo musical apropriado. Por tudo isso, além de nada monótona, a reprise livre é muito agradável de ser assistida até mesmo pelos leigos no Adestramento.
Movimentos Impotantes
Extensão: O cavalo alonga a extensão da passada, parecendo flutuar na arena. É sobretudo apreciada quando executada no trote.
Movimentos laterais: O cavalo geralmente encontra-se a andar para a frente e troca passando a andar para o lado.
Pirueta a Galope: O cavalo roda sobre o seu membro posterior interno, completando um círculo. Este movimento é extremamente complexo e de difícil execução.
Piaffer: O cavalo trota sem sair do lugar. Entre a troca dos membros, o cavalo deve elevar-se completamente do chão.
Passage: É um trote lento que o cavalo fazer em linha reta. O cavaleiro deve controlar a velocidade empregue pelo cavalo.
Provas
Freestyle - Os cavaleiros compõem uma coreografia e escolhem uma música. Consoante os níveis alguns elementos são obrigatórios. A dança é avaliada pela sua expressão artística, mas também precisão técnica.
Pas de Deux e Quadrilles - Com movimentos sincronizados, o grupo de cavalos, (dois – Pas de Deux e quatro Quadrilles) executam a coreografia ensaiada.
Adestramento no Brasil
O adestramento clássico a nível de competição no Brasil é praticado por aproximadamente 200 cavaleiros ou amazonas. As competições nacionais são concentradas primeiramente em São Paulo depois Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.
Algumas iniciativas isoladas de empresas privadas ou grupo de pessoas amantes do esporte tem patrocinado campeonatos de boa qualidade, clinicas com treinadores estrangeiros e convites a juízes de renome internacional.
Em média são realizados entre 8 e 10 eventos nacionais durante o ano.
Outro fato que tem contribuído para o incremento do esporte é a facilidade de acesso que os meios de comunicação tem oferecido aos praticantes assim como também o interesse da FEI - Federação Equestre Internacional em difundir a modalidade.
A FEI, assim como federações internacionais de outros esportes tem o interesse na popularização da modalidade e o Brasil , principal país da América do Sul, tem se beneficiado de algumas ações. A maioria dos conjuntos são de origem européia que trouxeram ao Brasil a tradição desta modalidade bem mais popular principalmente nos países como Alemanha, Holanda, Suécia, Suíça, Dinamarca, França , entre outros. Praticantes da categoria de concurso completo também estão aderindo o adestramento já que a mesma , junto com o Adestramento clássico e “cross country” compõem a modalidade.