31 de março de 2012

Os Objetivos da Equitação Acadêmica pelo General Decarpentry


A Equitação Acadêmica propõe-se, primeiramente, devolver ao cavalo a graça das atitudes e dos movimentos que ele tinha, naturalmente, em liberdade. À educação puramente utilitária, que recebeu tendo em vista sua educação em serviço, ela acrescenta, em primeiro lugar, por meio dos exercícios da baixa escola, uma ginástica orientada a fim de restabelecer integralmente a regularidade das suas andaduras e a retidão das linhas de seu conjunto. Leia o artigo completo em "Mais Informações"...

A Equitação Acadêmica pretende, em seguida, como disse NEWCASTLE, “complementar a natureza pela sutileza da arte”. O cavalo é, então, submetido às lições progressivas de uma cultura estética destinada a desenvolver o ritmo e a harmonia de seus movimentos, que ela se esforça em levar, embora respeitando escrupulosamente suas características essenciais, ao grau de perfeição “estilizada”, que os transforma, pouco a pouco, em Ares de Alta Escola.

A Arte Eqüestre assemelha-se deste modo, à Arte Coreográfica e a Alta Escola à Dança Clássica. A Alta Escola de Circo é bem diferente. Enquanto o objetivo único do equitador “academista” é a perfeição de sua Arte, a preocupação constante do equitador de Circo é obter, custe o que custar, os aplausos da platéia leiga, para a qual essa Arte tem pouca importância.

Pouco interessa ao equitador de Circo que alguns raros amadores, esclarecidos por sua cultura eqüestre, fiquem atônitos com a perversão desta arte em suas apresentações. São em número ínfimo e pagam apenas um lugar cada, ao passo que os profanos constituem uma legião e fazem aumentar a receita da bilheteria.

É o entusiasmo dos “filisteus” que o equitador de circo tem a obrigação de aumentar, a custa de “tours de force”, de acrobacias e de atos de bravura. É pelo brilho dos gestos, mesmo forçados, e não pela perfeição de seu estilo, que é preciso conquistar a platéia.

Qualquer que seja o seu talento, o equitador de circo é compelido a trair a sua consciência artística e, como disse o General L’Hotte, a “sacrificar a falsos deuses”. “Eu preciso, dizia amargamente Baucher, mostrar-me por qualquer dinheiro, como um saltimbanco” - e o maior equitador dos tempos modernos, metido em vestimentas exóticas, executava sobre Neptune um dos seus “números” mais sensacionais, onde a “tormenta” se sucedia ao “mar calmo”, onde o “navio em perigo” fazia vibrar de entusiasmo o público, e virar tristemente a cabeça aos últimos sobreviventes da Escola de Versalhes.