13 de março de 2010

O Corpo Humano na Equitação

A equitação é uma atividade esportiva que exige uma significativa variação do trabalho muscular do cavaleiro, pois em cada modalidade, tipo de prova e a cada instante da ação, no ato de montar, ocorre determinada solicitação motora Quando praticamos a arte eqüestre, comprovamos que uma boa posição do cavaleiro é muito importante no desempenho do conjunto, uma vez que a posição precede a ação. Um cavaleiro que não possui um bom condicionamento físico certamente não vai conseguir manter uma boa posição à cavalo, isso porque ele terá um desgaste prematuro. Assim, a fim de abranger de forma mais completa o assunto, e na intenção de compreender como ocorrem as diversas formas de expressão motora da anatomia humana, analisaremos os esforços realizados pelo corpo do cavaleiro, considerando os seguintes segmentos corporais:
1) cabeça e pescoço,
2) tronco,
3) membros superiores,
4) punhos e mãos,
5) quadril,
6) coxas,
7) pernas,
8) joelhos ,
9) tornozelos e pés.

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Cabeça e pescoço
A cabeça deve-se manter sempre aprumada executando, ocasionalmente, leves rotações. A posição correta, altiva e voltada para frente, resulta da contração isométrica da musculatura local, isto é, contração muscular sem movimentação de segmento.É importante ressaltar que é neste segmento que se situa a região cervical da coluna vertebral, que, além de possuir grande mobilidade, contribui para a orientação espacial. Entre os músculos que atuam no local, os principais são o trapézio e o esternocleidomastóideo.

Tronco
O tronco tem duas funções essenciais: envolve e protege os órgãos internos e atua como base para o movimento dos membros e postura da cabeça. A posição ereta é assegurada pela armação dinâmica da coluna, representada pelos músculos abdominais e dorsais. Como é sabido, a configuração da coluna vertebral não é retilínea, apresentando como curvaturas características a lordose cervical, de convexidade dirigida para trás; a cifose dorsal, de convexidade voltada para diante; a lordose lombar e a cifose sacra.
A lordose serve para amortecer os movimentos, a cervical, os da cabeça, enquanto a lombar, os do tronco; a cifose funciona de forma compensatória para esse amortecimento.
Dependendo da modalidade eqüestre, o tronco assume diversas posições, todavia duas são básicas: postura ereta ou em flexão e extensão. Na primeira ( postura ereta ), que predomina no adestramento, há uma contração estática de seus grupos musculares, ocorrendo um trabalho isométrico ( contração muscular sem movimentação de segmento ) que abrange também a musculatura do pescoço. A segunda posição, em flexão e extensão – assumida exemplarmente por ocasião de um salto ou de uma partida de pólo ( onde ocorre ainda a rotação lateral do tronco ) – é mais fatigante, embora perdure por frações de segundos. Além disso, há um trabalho de alongamento e encurtamento da musculatura posterior, anterior e lateral do tronco, numa região onde está inserida grande parte da coluna vertebral.

Membros superiores
Na equitação acadêmica, estes segmentos assumem uma posição flexionada, em torno de 90°, na articulação do cotovelo (trabalho muscular estático). Enquanto no salto (transposição de obstáculos) e em outra modalidades, os membros superiores executam também a extensão (trabalho muscular dinâmico). Estão incluídas nesta região a cintura escapular, a articulação do ombro, bem como a do cotovelo. A cintura escapular fixa a articulação do ombro ao tronco, promovendo a ligação entre este e o braço.
A articulação do ombro é a articulação de maior mobilidade do corpo humano. A articulação do cotovelo estabelece a ligação móvel entre o braço e o antebraço. Os principais músculos flexores desta região são o bíceps braquial e o braquial. O principal músculo extensor é o tríceps braquial.

Punhos e mãos
Situada na extremidade do membro superior, a mão é uma “ferramenta” muito aperfeiçoada, tendo como característica principal a função de apreensão, pela ação de colaboração entre o polegar e os demais dedos, formando uma espécie de pinça.
Na prática eqüestre, há um trabalho muscular específico tanto para a fixação do punho, como para apreensão das rédeas ( trabalho isométrico ). Os músculos flexores e extensores do carpo são os principais grupos musculares localizados nesta segmento.

Quadril
O quadril é de vital importância, em todas as modalidades eqüestres, uma vez que é nessa região lombar da coluna vertebral além do músculo iliopsoas, um dos mais importantes dessa região. Além disso, é onde deve ser absorvido todo e qualquer movimento desnecessário, bem como os impactos originados pelo contato entre o cavalo e o cavaleiro. A solicitação motora, principalmente com relação à flexibilidade e ao equilíbrio, é muito grande, já que, ao estar posicionado sempre em flexão, confere maior estabilidade à posição clássica do cavaleiro.

Coxas
As coxas permanecem estáticas, tendo sua parte medial ( interna ) pousada sobre a sela. Há um trabalho proeminentemente isométrico dos músculos adutores ( daí advém a forma arqueada dos membros inferiores do cavaleiro, comumente chamado de “pernas de cowboy” ). A função estática desse grupo muscular consiste em equilibrar o peso do tronco com relação à inclinação da bacia. Os principais músculos desta região são o quadríceps crural, os adutores, o bíceps crural e os abdutores.

Joelhos
A articulação dos joelhos confere apoio firme à unidade funcional formada pela coxa e pela perna. Além disso, deve ter boa mobilidade, para executar movimentos de amplitude moderada, em flexão e extensão, trabalhando sem nenhum apoio, quer seja no cavalo ou na sela. Para a flexão desta região, os músculos posteriores da coxa, especialmente o bíceps crural, exercem função primordial.

Pernas
Este segmento é de vital importância para a fixidez do cavaleiro, na impulsão, nas mudanças de direção e nas andaduras do cavalo. O trabalho desenvolvido pelos músculos dessa região é predominantemente estático ( isométrico ), com contrações alternadas ao pressionar os flancos do animal. Os principais músculos são os gastrocnêmios e os tibiais.

Tornozelos e pés
A articulação dos tornozelos, à semelhança dos joelhos, deve ser flexível para que o pé do cavaleiro se posicione de modo correto, ou seja, em flexão dorsal, e possa executar leves movimentos de extensão, flexão e rotação, de acordo com a necessidade de comandar o cavalo, além de contribuir para a absorção dos impactos.
A flexão dorsal do pé é facultada pela posição do joelho, uma vez que há menor tensão do músculo posterior da perna ( gastrocnêmio ). Os principais músculos que promovem a posição correta dos tornozelos e pés na equitação acadêmica são o tibial anterior e os extensores dos dedos.