24 de agosto de 2010

Doenças neurológicas em Equinos

As doenças neurológicas em equinos, previamente diagnosticados no Brasil e descritos na literatura, são muito semelhantes às observadas na América do Norte, exceto os casos de infecção por Tripanosoma evansi e algumas intoxicações por plantas, que causam problemas regionais.Outra diferença é a ausência de diagnóstico do West Nile Virus (WNV) em cavalos no Brasil, além disso, nenhum caso de mielopatia degenerativa em eqüinos têm sido confirmado até o momento.Algumas doenças estão sujeitas à notificação compulsória, como a Raiva e as infecções pelo vírus da Encefalomielite Leste, Oeste e Venezuela, enquanto que outras doenças não são, fazendo com que a avaliação da sua ocorrência em diferentes regiões do nosso país seja difícil.A seguir descrevemos brevemente as doenças neurológicas que foram diagnosticadas em nosso país e, que foram publicados em revistas indexadas no Brasil ou no exterior. Leia em "Mais Informações"

A Mieloencefalite Protozoária Eqüina é uma doença comumente diagnosticada em eqüinos no Brasil sendo o seu diagnóstico baseado nos sinais clínicos, exclusão de outras doenças que causam sinais clínicos semelhantes e também pela presença de anticorpos em amostra de líquido cefalorraquidiano não contaminada.
No Brasil a Mieloencafalite Protozoária Eqüina é diagnosticada como a principal causa de incoordenação motora em cavalos.
A Infecção por Trypanosoma evansi pode causar anormalidades neurológicas em cavalos e foram descritas em algumas regiões do Brasil. Esta infecção é uma dos mais importantes doenças causadas por protozoários na região do Pantanal. No Brasil, T. evansi afeta principalmente cavalos, e a prevalência da infecção varia de região para região, sendo maior nas áreas mais úmidas. No entanto, não tem sido descrita na maioria dos estados brasileiros. O sinal mais comum da infeção por T. evansi é a ataxia sendo que, na fase final da doença, podem ser observados sinais clínicos como cegueira, inclinação da cabeça, andar em círculos, hiperexcitabilidade, apatia e cabeça pressionando contra obstáculos.
A Leucoencefalomalácia normalmente é diagnosticada no Brasil em cavalos alimentados com produtos contaminados por fumonisinas. No Brasil, o primeiro caso de Estenose Cervical foi relatado em cavalos da raça Mangalarga, mas apesar dos poucos relatos, é freqüentemente diagnosticada em diferentes hospitais veterinários no Brasil, especialmente em animais jovens alimentados com uma dieta desequilibrada, com elevados níveis de energia.
No Brasil, apenas um caso de Halicephalobus gingivalis foi relatado (estado de São Paulo). O animal apresentou andar em círculos e paralisia do lado direito, com rápida progressão para decúbito lateral. A Doença do Neurônio Motor foi diagnosticada inicialmente em 1993, no estado de São Paulo. Estudos clínicos e post-mortem foram realizados em seis cavalos de diferentes raças e idades. Os cavalos apresentavam um quadro clínico caracterizado principalmente por perda de peso progressiva, fraqueza e atrofia muscular generalizada, fasciculações, tremores, prolongado decúbito lateral e morte.
O tétano é uma doença cosmopolita que ainda ocorre atualmente no Brasil com elevada taxa de mortalidade. Apesar dos programas de vacinação em diferentes áreas, a raiva ainda é um diagnóstico diferencial importante quando se avalia cavalos com problemas neurológicos no Brasil.
O Herpesvírus eqüino tipo 1 foi relatado recentemente por causar alterações neurológicas em animais no estado de São Paulo. Até agora, nenhuma cepa com a mesma mutação viral encontrada nos Estados Unidos foi identificada em nosso país. No Brasil, três Alphaviruses de grande importância epidemiológica e amplamente distribuídas nas Américas foram isolados ou detectados sorologicamente: Vírus da Encefalomielite Eqüina Leste (EEE), o Vírus da Encefalomielite Eqüina Oeste (WEE) e o vírus da Encefalomielite Equina Venezuelana (VEE).
O vírus WEE foi isolado pela primeira vez em cavalos no estado do Rio de Janeiro. O vírus EEE foi diagnosticado em cavalos dos estados de São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Apesar da detecção habitual de anticorpos em diferentes regiões do Brasil, há poucos casos descritos de encefalomielite eqüina do tipo Leste e Oeste e não há relatos de cavalos clinicamente afetados pelo vírus encefalomielite eqüina Venezuela. No entanto, este vírus já foi isolado de mosquitos, macacos e morcegos de diferentes áreas do país.
O primeiro isolamento do Weste Nile Virus (WNV) na América do Sul foi realizado na Argentina a partir de cérebros de três cavalos que morreram de encefalite em fevereiro de 2006. No Brasil, inquéritos sorológicos em aves migratórias foram realizados, no entanto, não houve identificação do vírus ou de anticorpos, apesar da grande diversidade de aves presentes em algumas áreas do país.
O surgimento do WNV no Brasil é altamente provável, considerando que muitas dessas aves migram do Hemisfério Norte para o Brasil. Equisetum spp (cavalinha) e Pteridium aquilinum (samambaia) são plantas contendo tiaminase. Intoxicação por Equisetum spp foi descrita anteriormente nos estados de São Paulo e Minas Gerais e por Pteridium aquilinum no estado do Paraná.
Intoxicação por Bambusa vulgaris foi descrita recentemente no Estado do Pará em cavalos com disfunção neurológica. Os sintomas eram principalmente de incoordenação motora, paralisia da língua, sonolência, dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos, bem como instabilidade dos membros. Dois surtos induzidos pela Hypochaeris radicata foram recentemente relatados envolvendo duas fazendas e sete cavalos do sul do Brasil.
Animais de uma das fazendas afetadas recuperaram-se espontaneamente dentro de 2-3 meses após terem sido retirados pastagens infestadas. Outro autor descreveu casos de Harpejamento que ocorrem em cavalos de oito fazendas em seis municípios do Estado do Rio Grande do Sul. Há um relato clínico de uma doença neurológica em pôneis associada à ingestão de Sida Carpinifolia, causando uma doença de armazenamento lisossomal.



Autor: Dr. Alexandre Secorun Borges – Universidade Estadual Paulista – UNESP – Botucatu/SP-Brasil



Referências do artigo: http://tinypaste.com/0f379