21 de janeiro de 2010

Ferida de verão - Habronemose Cutânea

A ferida de verão ou habronemose cutânea é causada quando larvas infectantes de Habronema sp são depositadas por moscas (hospedeiro intermediário) em feridas ou onde o cavalo não consegue remover as moscas. Então os locais mais comuns são: face, canto do olho, linha média do abdômen, em machos em torno do pênis e prepúcio e membros. Isto ocorre quando essas moscas se alimentam de sangue ou áreas úmidas no corpo do cavalo. Essas larvas na verdade são parasitas do sistema digestivo do cavalo, e quando ocorrem essas infestações consideramos serem migrações erráticas das larvas, que não chegam a atingir a idade adulta nesses locais. Não se conhece a patogenia exata da enfermidade, mas supõe-se que envolva uma reação de hipersensibilidade à presença de larvas mortas ou que estão morrendo. É uma doença sazonal, e as lesões quando não muito severas, desaparecem espontaneamente no inverno. A ocorrência é esporádica em um grupo de eqüinos, mas determinados indivíduos podem ser mais predispostos a recidivas. Não existe preferência por idade, sexo ou raça. A enfermidade usualmente começa na primavera com o aumento da população de moscas.As lesões são observadas mais comumente nos membros, no ventre, no canto medial do olho, no prepúcio, no processo uretral ou no local de uma ferida. Desenvolvem-se rapidamente de um pequeno nódulo a grandes feridas de mais de 30 cm de diâmetro e podem ser solitárias ou múltiplas. São comuns ulceração, exsudação e prurido intenso. Devido ao prurido, é comum o autotraumatismo. O diagnóstico é freqüentemente feito apenas com base na anamnese, na sintomatologia clínica e na localização das lesões. Os raspados de pele não são meios de diagnóstico confiáveis, porque nem sempre encontramos as larvas. A biópsia é o teste de escolha. A lesão precisa deve ser diferenciada com sarcóides e tecido de granulação excessivo.A prevenção consiste em um bom controle dos vetores (esterqueiras) e vermifugações freqüentes e regulares. Também é fundamental o curativo de feridas abertas, mantendo as mesmas sempre limpas e com repelentes.O tratamento visa à redução do tamanho das lesões, diminuir a inflamação e evitar a reinfestação. As lesões maciças frequentemente requerem excisão cirúrgica. A ivermectina funciona bem matando as larvas que entram na pele e no controle de recidivas. É muito importante o controle de moscas e curativos freqüentes das feridas. Para evitar autotraumatismo pomadas ou injeções que diminuem a reação inflamatória têm excelente resultados. Em casos de lesões muito severas e de difícil resolução, o veterinário pode optar por tratamentos medicamentosos sistêmicos, pomadas tópicas e uso de antiinflamatórios mais potentes ou inclusive o tratamento cirúrgico.

Patricia Medeiros Camin - CRMV/SP 17.035