Em 1572 inicia-se em Viena aquela que passaria a se chamar "Escola Espanhola de Equitação", como auxiliar da Corte para a educação dos nobres na arte eqüestre. O nome "Espanhola" é decorrente do fato de a Escola somente se utilizar de cavalos selecionados, trazidos originalmente da Espanha e criados numa coudelaria fundada em 1580 em Lipizza, perto de Trieste, pelo arquiduque Carlos II. Daí o nome atribuído aos cavalos de "lipizzaners".
Curiosamente, aquele que é tido como a bíblia eqüestre da Escola Espanhola de Viena é o livro École de Cavalerie, escrito por um dos discípulos de Frederico Grisone, François Robichon de La Guérinière (1688-1751), que é chamado por alguns de pai da equitação clássica e que pertencia também à pioneira Escola de Versalhes, fundada na França em 1680.
Realmente, a equitação acadêmica ou clássica encontra o seu apogeu no século XVIII na França, com a Escola de Versalhes e a figura mais marcante da época e da Escola foi La Guérinière.
A Escola de Versalhes foi destruída pela Revolução Francesa, em 1789, restabelecida em 1815 e desapareceu definitivamente em 1830. No entanto, em 1834 tem-se a criação da Escola de Cavalaria de Saumur, cujo Cadre Noir (constituído pelo corpo de instrutores) preserva até os dias de hoje as tradições e as figuras eqüestres da Escola Clássica, em belíssimas apresentações conjuntas, semelhantemente às da Escola Espanhola de Viena.
O esporte eqüestre evolui ao longo desta história e suas três modalidades principais: o Adestramento, o Salto e o Concurso Completo de Equitação (CCE) alçaram qualidade olímpica em Estocolmo, 1912, apesar de já ter havido competições de salto ao cronômetro, em distância e em altura, nas Olimpíadas de Paris em 1900.
Sobre o Adestramento muito já foi dito na introdução feita acima, especialmente sobre o marcante desenvolvimento que teve a partir da Escola de Versalhes e da Escola Espanhola de Viena. Caberia ressaltar mais uma vez a importância de La Guérinière e sua obra École de Cavalerie, tanto para a Escola de Versalhes, da qual fazia parte, quanto para a doutrina seguida pela Escola de Espanhola de Viena. É curioso o fato de que as teorias deste francês, adotadas pelas escolas austro-germânicas de maneira definitiva, foram extremamente contestadas na França, especialmente por um grande écuyer francês, chamado François Baucher que acabou por deixar longa lista de seguidores como o Conde d’Aure, o General l’Hote, Decarpentry e outros, dentro da orientação filosófica da ‘leveza’.
É importante ressaltar que as competições de adestramento ocorrem normalmente num picadeiro de 20x60m e que as provas disputadas internacionalmente utilizam normalmente as reprises: São Jorge, Intermediária I, Intermediária II e o Grand Prix. Mais recentemente foi incorporada uma reprise musicada denominada Kür, cuja seqüência de figuras e respectivas músicas são forjadas e concatenadas por cada um dos concorrentes, resultando em apresentações de grande plasticidade, harmonia, arte e beleza.
O Concurso Completo de Equitação reúne três disciplinas clássicas: o adestramento, a prova de fundo ou cross country e o salto. É uma modalidade realizada em 3 dias, daí o nome em inglês "Three Days Event". Começa por uma reprise de adestramento no 1o dia. No 2o, a prova de fundo constitui-se de 4 fases: a fase A, chamada ‘estradas e caminhos’ é feita ao trote; a fase B chamada ‘steeple chase’ é feita ao galope largo com alguns saltos em obstáculos naturais; a fase C é novamente ‘estradas e caminhos’ feita ao trote, e a fase D é o ‘cross country’ propriamente dito, feito a galope através do campo, com salto de obstáculos naturais, como troncos, valas, sebes, obstáculos dentro d’água, etc. No 3o dia há uma prova de salto, a uma altura máxima de 1,20m e ao final da qual se apura a classificação com o somatória de todos os pontos perdidos nas três provas.
A origem do CCE dá-se na França com o nome de ‘Cheval d’Armes’ ou cavalo d’armas, pois que era, na verdade, uma prática militar para testar a resistência, velocidade e obediência do cavalo, além, naturalmente, da capacidade do cavaleiro.
A primeira competição aconteceu em Paris, 1902. A estréia olímpica deu-se logo a seguir, em 1912, na capital da Suécia e foi restrita a cavaleiros militares. Os civis só puderam competir após a 2a Guerra Mundial. Além das Olimpíadas e do Mundial, há um concurso de CCE, de grande projeção internacional, que é realizado na Inglaterra desde 1949 e conhecido pelo nome de Badminton.
Em 1900, competições de salto faziam parte dos Jogos Olímpicos e compreendiam salto em altura, distância e ao cronômetro. As regras foram sendo aperfeiçoadas regionalmente, até que, logo após a II Guerra Mundial, coube à Federação Eqüestre Internacional (FEI) padronizar um regulamento internacional para a modalidade.
Hoje em dia os principais concursos julgados por estas regras são: O Campeonato Mundial, Jogos Olímpicos e a Taça do Mundo, além de inúmeros Concursos Internacionais, Nacionais e Regionais.
As provas de Salto poderão ser disputadas ao cronômetro, caso em que o tempo é fator fundamental de classificação; precisão, em que a perfeição do percurso sem derrubes é fundamental; e tipo potência, em que a altura dos obstáculos isolados sobe gradualmente, chegando a ultrapassar a barreira dos 2 metros.
A combinação destes fatores é possível e as variações possibilitam uma dinâmica e um brilho todo próprio como as provas tipo "grande prêmio".
Das modalidades olímpicas, atualmente, o Salto é a que maior número de aficionados reúne no esporte eqüestre.