18 de agosto de 2009

História da Equitação : as origens da equitação clássica , do adestramento , do salto e do cce

EQUITAÇÃO CLÁSSICA


A Equitação Clássica ou Acadêmica tem suas origens nas escolas que se desenvolveram na Europa com o advento da Renascença. O interesse pela cultura clássica neste período levou à redescoberta dos trabalhos do general grego Xenofonte (430-355 a.C.) que já tratava a equitação como ciência e arte. Os cavaleiros renascentistas muito deveram ao seu mestre grego, o primeiro a sistematizar realmente as teorias eqüestres. Resultante desta volta ao classicismo, tem-se a criação em 1532, em Nápoles, centro da Renascença, de uma Academia de Equitação, cujo fundador, Frederico Grisone, foi considerado, após Xenofonte, como o primeiro mestre clássico. Sua obra Gli Ordini de Cavalcare, editado em 1550, é considerado uma das obras literárias de maior relevância no mundo eqüestre.
Em 1572 inicia-se em Viena aquela que passaria a se chamar "Escola Espanhola de Equitação", como auxiliar da Corte para a educação dos nobres na arte eqüestre. O nome "Espanhola" é decorrente do fato de a Escola somente se utilizar de cavalos selecionados, trazidos originalmente da Espanha e criados numa coudelaria fundada em 1580 em Lipizza, perto de Trieste, pelo arquiduque Carlos II. Daí o nome atribuído aos cavalos de "lipizzaners".
Curiosamente, aquele que é tido como a bíblia eqüestre da Escola Espanhola de Viena é o livro École de Cavalerie, escrito por um dos discípulos de Frederico Grisone, François Robichon de La Guérinière (1688-1751), que é chamado por alguns de pai da equitação clássica e que pertencia também à pioneira Escola de Versalhes, fundada na França em 1680.
Realmente, a equitação acadêmica ou clássica encontra o seu apogeu no século XVIII na França, com a Escola de Versalhes e a figura mais marcante da época e da Escola foi La Guérinière.
A Escola de Versalhes foi destruída pela Revolução Francesa, em 1789, restabelecida em 1815 e desapareceu definitivamente em 1830. No entanto, em 1834 tem-se a criação da Escola de Cavalaria de Saumur, cujo Cadre Noir (constituído pelo corpo de instrutores) preserva até os dias de hoje as tradições e as figuras eqüestres da Escola Clássica, em belíssimas apresentações conjuntas, semelhantemente às da Escola Espanhola de Viena.
O esporte eqüestre evolui ao longo desta história e suas três modalidades principais: o Adestramento, o Salto e o Concurso Completo de Equitação (CCE) alçaram qualidade olímpica em Estocolmo, 1912, apesar de já ter havido competições de salto ao cronômetro, em distância e em altura, nas Olimpíadas de Paris em 1900.

ADESTRAMENTO

Sobre o Adestramento muito já foi dito na introdução feita acima, especialmente sobre o marcante desenvolvimento que teve a partir da Escola de Versalhes e da Escola Espanhola de Viena. Caberia ressaltar mais uma vez a importância de La Guérinière e sua obra École de Cavalerie, tanto para a Escola de Versalhes, da qual fazia parte, quanto para a doutrina seguida pela Escola de Espanhola de Viena. É curioso o fato de que as teorias deste francês, adotadas pelas escolas austro-germânicas de maneira definitiva, foram extremamente contestadas na França, especialmente por um grande écuyer francês, chamado François Baucher que acabou por deixar longa lista de seguidores como o Conde d’Aure, o General l’Hote, Decarpentry e outros, dentro da orientação filosófica da ‘leveza’.
É importante ressaltar que as competições de adestramento ocorrem normalmente num picadeiro de 20x60m e que as provas disputadas internacionalmente utilizam normalmente as reprises: São Jorge, Intermediária I, Intermediária II e o Grand Prix. Mais recentemente foi incorporada uma reprise musicada denominada Kür, cuja seqüência de figuras e respectivas músicas são forjadas e concatenadas por cada um dos concorrentes, resultando em apresentações de grande plasticidade, harmonia, arte e beleza.
SALTO
Até o final do século XIX o salto não fazia parte do mundo eqüestre e as primeiras competições foram testes para caçadores. A Royal Dublin Society organizou uma competição ampliada de saltos em Leicester Dawn, Dublin, em 1865, sendo este o primeiro registro de uma competição no gênero. Um ano depois foi incluída, no Festival de Paris, uma classe de saltos (concours hipique), apesar de ter sido uma espécie de cross através do campo.

CCE

O Concurso Completo de Equitação reúne três disciplinas clássicas: o adestramento, a prova de fundo ou cross country e o salto. É uma modalidade realizada em 3 dias, daí o nome em inglês "Three Days Event". Começa por uma reprise de adestramento no 1o dia. No 2o, a prova de fundo constitui-se de 4 fases: a fase A, chamada ‘estradas e caminhos’ é feita ao trote; a fase B chamada ‘steeple chase’ é feita ao galope largo com alguns saltos em obstáculos naturais; a fase C é novamente ‘estradas e caminhos’ feita ao trote, e a fase D é o ‘cross country’ propriamente dito, feito a galope através do campo, com salto de obstáculos naturais, como troncos, valas, sebes, obstáculos dentro d’água, etc. No 3o dia há uma prova de salto, a uma altura máxima de 1,20m e ao final da qual se apura a classificação com o somatória de todos os pontos perdidos nas três provas.
A origem do CCE dá-se na França com o nome de ‘Cheval d’Armes’ ou cavalo d’armas, pois que era, na verdade, uma prática militar para testar a resistência, velocidade e obediência do cavalo, além, naturalmente, da capacidade do cavaleiro.
A primeira competição aconteceu em Paris, 1902. A estréia olímpica deu-se logo a seguir, em 1912, na capital da Suécia e foi restrita a cavaleiros militares. Os civis só puderam competir após a 2a Guerra Mundial. Além das Olimpíadas e do Mundial, há um concurso de CCE, de grande projeção internacional, que é realizado na Inglaterra desde 1949 e conhecido pelo nome de Badminton.

Em 1900, competições de salto faziam parte dos Jogos Olímpicos e compreendiam salto em altura, distância e ao cronômetro. As regras foram sendo aperfeiçoadas regionalmente, até que, logo após a II Guerra Mundial, coube à Federação Eqüestre Internacional (FEI) padronizar um regulamento internacional para a modalidade.
Hoje em dia os principais concursos julgados por estas regras são: O Campeonato Mundial, Jogos Olímpicos e a Taça do Mundo, além de inúmeros Concursos Internacionais, Nacionais e Regionais.
As provas de Salto poderão ser disputadas ao cronômetro, caso em que o tempo é fator fundamental de classificação; precisão, em que a perfeição do percurso sem derrubes é fundamental; e tipo potência, em que a altura dos obstáculos isolados sobe gradualmente, chegando a ultrapassar a barreira dos 2 metros.
A combinação destes fatores é possível e as variações possibilitam uma dinâmica e um brilho todo próprio como as provas tipo "grande prêmio".
Das modalidades olímpicas, atualmente, o Salto é a que maior número de aficionados reúne no esporte eqüestre.