11 de novembro de 2009

A Influência Rítmica do Volteio na Reabilitação

Volteio tem como a meta principal iniciar as crianças e jovens em geral nas artes eqüestres e a continuação de sua prática até níveis de competição. Pode ser praticada em equipes, dupla ou individualmente. Por esta disciplina desenvolvem os volteadores:Equilíbrio , Sincronismo e leveza , Respeito pelo animal . Conhecimento do Cavalo , Integração com o movimento do cavalo , Solidariedade , Altruismo e Espírito de Equipe . Competidores diretos freqüentemente participam com o mesmo cavalo, o que não impede uma rivalidade saudável com cooperação mútua antes e depois da competição. Os volteadores devem executar os exercícios com leveza, fluência, dando a impressão de facilidade e formando um conjunto harmônico com o cavalo, sem isto que afete suas andaduras com as posições diferentes dos volteadores. (Regulamento Oficial de Volteio - CBH) . O volteio é definido como uma atividade que envolve exercícios característicos da ginástica artística, dinâmicos, estáticos além de acrobáticos combinados a elementos da dança sobre o cavalo ao galope. Consiste em uma variedade de exercícios obrigatórios e livres executados individualmente, em duplas ou trios, o que pode oferecer diversas idéias de novos movimentos, combinações e variações. De qualquer maneira, mesmo quando executado individualmente, o volteio é caracterizado por um trabalho de equipe, considerando que o volteador, o longeure o cavalo formam uma equipe e dependem mutuamente um do outro. Esta união permite ao volteador ajustar-se ao movimento e ritmo do cavalo, caso contrário, nenhum exercício poderá ser harmoniosamente realizado .As séries de volteio seguem um critério estético, em que são utilizadas as capacidades físicas específicas para a realização da técnica correta dos exercícios, que devem estar em plena harmonia com a interpretação coreográfica e com o acompanhamento musical .Enquanto atividade motora, pode ser desenvolvido em diversas áreas de abrangência atingindo as dimensões:Competitiva, desta forma, o Volteio será desenvolvido de maneira a proporcionar a preparação de atletas em 4 níveis: técnica, artística, física e psicológica. Educacional, neste caso volteio pode contribuir no aumento do acervo motor e da experiência de movimento, diferenciando-se principalmente pela superfície instável, determinada pelo cavalo nas três andaduras (passo, trote e galope), melhorando especialmente as habilidades de estabilização. Além disso, a presença do cavalo como um animal de grande porte impõe respeito, fazendo com que o aprendiz adote determinadas posturas diante do cavalo, disciplinando-a e facilitando o trabalho do educador que, desde o início, deve ressaltar o trabalho em grupo, o espírito de equipe com ajuda mútua ao subir, descer do cavalo e durante a realização de novas figuras que ainda não estejam totalmente aprendidas no cavalo em movimento, assim como no cuidado com o cavalo e com o material utilizado em aula. O aluno deve aprender a respeitar e considerar o cavalo como o mais importante membro da equipe. De acordo com Rieder (1994), isto torna o volteio uma atividade que ajuda a formar personalidades. O volteio desenvolve as habilidades básicas, combinadas e seriadas, durante as diversas subidas, descidas e movimentos sobre o cavalo. As habilidades específicas são desenvolvidas na execução dos exercícios obrigatórios. As capacidades físicas e habilidades motoras são trabalhadas em todas as dimensões do volteio e sempre que possível deve-se utilizar a música desenvolvendo o ritmo e a interpretação musical; Recreação e lazer, o volteio pode ser utilizado como recreação e lazer independente da aptidão física e idade, estimulando a criatividade e aproveitando os movimentos mais simples, já que não visa a performance. Quando realizados sobre o cavalo em movimento, tornam-se um desafio, executados individualmente ou em duplas, torna-se também uma atividade muito atraente e divertida; Iniciação à equitação, o volteio também é uma forma de iniciação à equitação, sendo que o cavaleiro que inicia-se no hipismo através do volteio tende a adquirir maior confiança no cavalo, boa postura nas três andaduras (passo trote e galope) e equilíbrio; Militar, seguindo ainda hoje os objetivos historicamente apresentados, onde o policial utiliza-o para adquirir melhor controle e equilíbrio do corpo em determinadas circuntâncias. Adaptada, o Volteio junto à equitação pode ser amplamente utilizado com portadores de deficiências ou como uma nova disciplina, auxiliando no desenvolvimento das principais capacidades e habilidades motoras, psicológicas e cognitivas .

A Influência Rítmica do Volteio Terapêutico na Reabilitação
Volteio é uma modalidade eqüestre de técnica e equilíbrio, que tem como objetivo o aprimoramento da harmonia e do sincronismo com o cavalo em movimento. É uma atividade adaptável que une a prática do exercício físico ao interesse pelos cavalos, considerando que o volteador e o cavalo formam uma equipe e dependem mutuamente um do outro. A união permite ao volteador ajustar-se ao movimento e ritmo do cavalo, harmonia também exigida nas funções globais do indivíduo, auxiliando no desenvolvimento das principais capacidades e habilidades motoras, psicológicas e cognitivas.Objetivo: Avaliar a evolução funcional e emocional do indivíduo no decorrer das sessões com a utilização do volteio terapêutico. Métodos: Aplicou-se como método de avaliação a Medida de Independência Funcional (MIF) composta por dezoito itens com cotação máxima de sete pontos e mínima de um ponto, sendo que esta é fundamental para que as alterações funcionais sejam observadas com sensibilidade suficiente. Resultado e Conclusão: De acordo com os dados obtidos através da Medida de Independência Funcional, pôde-se concluir que o volteio terapêutico torna-se uma técnica de reabilitação física adaptável com primacia em ritmo e harmonia de movimentos, que visa otimizar as atividades de vida diária, a auto-estima e confiança de cada indivíduo.Foram analisadas as figuras de volteio, individualmente correlacionadas com seus prováveis benefícios motores e terapeuticamente adaptadas. Estas posturas foram aplicadas em quatro pacientes com idades entre 14 e 26 anos, portadoras de encefalopatia crônica não-progressiva e paraparesia espástica familiar.A paraparesia espástica familiar (PEF) constitui um grupo de doenças neurodegenerativas, sendo genética e clinicamente heterogênea, caracterizada por hiper-reflexia e espasticidade progressivas dos membros inferiores. A encefalopatia crônica não-progressiva é uma condição clínica e etiologicamente heterogênea, que se caracteriza por alterações do tônus muscular, da postura e dificuldades funcionais nos movimentos. Pode gerar movimentos involuntários, alterações do equilíbrio, da marcha, da fala, da visão, da audição, da expressão facial e em casos mais graves pode haver comprometimento mental (Nitrini et al, 2003) Embasado nestes conceitos, este artigo foi elaborado com o objetivo de aplicar o volteio terapêutico e a música como recurso auxiliar para estimular experimentação sensorial, o ritmo, o desenvolvimento motor e a sociabilização de portadores de necessidades especiais. Foi possível então avaliar a evolução funcional e emocional, através do método de avaliação da Medida de Independência Funcional (MIF), que possui estimativas importantes sobre os domínios da atividade quotidiana de um indivíduo.
Descrição dos exercícios obrigatórios :Base ;Na posição básica, o volteador deve estar sentado imediatamente atrás do cilhão, olhando para a frente, com uma perna de cada lado da coluna do cavalo, segurando uma alça do cilhão em cada mão. A pelve deve acompanhar o movimento do cavalo. Os MMII devem envolver o cavalo, em contato suave. Os pés devem apontar para o solo, mantendo o alinhamento da perna, o dorso do pé deve estar apontado para a frente. Variação: o volteador mantém a posição básica com abdução dos membros superiores. Os MMSS, pescoço e ombros devem estar alongados elasticamente, e não devem ser rígidos. Atividade Motora: melhora equilíbrio de tronco, principalmente com o auxílio da variação do exercício; melhora na postura e absorção da oscilação do cavalo ao passo; o cavalo em círculo, conduzido por guia longa, favorece as reações de proteção e endireitamento do indivíduo. Adaptação: correção postural, não utilização do cilhão por encurtamento da musculatura adutora, espasticidade e/ou déficit de força muscular.Variações com os membros superiores para maior recrutamento de equilíbrio e coordenação motora. Manter a dorsiflexão em casos de inibição de padrão patológico.Moinho ;A partir da posição básica, o volteador executa uma rotação completa sobre o cavalo, em quatro fases de tempo iguais. Fase 1 : a perna externa passa sobre o pescoço do cavalo (externa em relação a parte interior do círculo), cada alça é largada e retomada à medida que a perna passa por ela. Esta fase termina com o volteador sentado de lado voltado para o interior do círculo, sobre o quadril, pernas unidas envolvendo o cavalo. Fase 2 : a outra perna passa então sobre a garupa do cavalo, termina com o volteador sentado na posição básica invertida. Fase 3 : a perna interna passa sobre a garupa do cavalo, e o volteador senta de lado voltado para o exterior do círculo. Fase 4 : a perna que está junto ao cilhão passa sobre o pescoço do cavalo, cada alça é largada e retomada à medida que a perna passa por ela, termina com o volteador na posição básica. O moinho é executado com ritmo de contagem em quatro tempos, cada perna deve descrever um arco uniforme e amplo, idealmente na vertical. A cabeça e os ombros devem acompanhar a rotação de cada perna com manutenção de postura.Atividade Motora: ritmo, coordenação motora, fortalecimento muscular (músculos adutores e abdutores de quadril, flexores de quadril e abdominal).Adaptação: as alças do cilhão podem ser de tamanho menor e evoluírem para as de tamanho normal, devido à presença de encurtamento muscular e/ou espasticidade. Pode ser realizado primeiramente com o auxílio de um terapeuta lateral durante as transferências com o cavalo parado, evoluindo para a realização das mudanças de postura com o cavalo em movimento.Ajoelhado / Estandarte; A partir da posição básica, o volteador passa à posição ajoelhada. Suavemente, com os dois joelhos simultaneamente, o dorso dos pés, os tornozelos e após estes os joelhos devem tocar a garupa do cavalo. O volteador deve estar sempre olhando para a frente, a perna externa deve cruzar diagonalmente sobre a coluna do cavalo, com o pé interno do volteador colocado no lado externo também. O peso deve estar distribuído uniformemente através da perna, tornozelo e dorso do pé, o joelho interno deve estar ligeiramente à frente da coxa, a fim de auxiliar o joelho e quadril a absorverem suavemente o movimento do cavalo. A perna externa é então estendida, a fim de que o pé fique colocado acima da linha horizontal formada através dos ombros e quadril do volteador, ao mesmo tempo o braço interno é alongado para a frente. A planta do pé externo deve estar virada para cima e a palma da mão interna para baixo, com os dedos fechados. A mão externa permanece na alça, com o braço ligeiramente flexionado para absorver o movimento do cavalo. A silhueta do volteador deve formar um arco suave e equilibrado, desde a ponta dos dedos da mão até os dedos do pé. O eixo longitudinal do corpo do volteador deve estar no mesmo alinhamento da coluna do cavalo.Atividade Motora: descarga de peso, equilíbrio dinâmico, fortalecimento muscular (músculos flexores de quadril, glúteo médio e mínimo, paravertebrais), reações de proteção e endireitamento, noção espacial, lateralidade, postura. Adaptação: o exercício pode ser iniciado no colchonete, depois no barril e/ou com o cavalo parado e com as mãos nas alças, evoluindo para a liberação das mãos alternadamente. A evolução do ajoelhado é o estandarte que pode ser feito primeiramente sem a liberação das mãos, apenas com a extensão de uma perna e evoluir para a retirada e extensão do braço contralateral; pode ser realizado no colchonete e no barril como preparação para o movimento.Em Pé ; A partir da posição básica, o volteador passa suavemente à posição de joelhos simultaneamente com as duas pernas, o dorso dos pés, o tornozelo e os joelhos devem tocar as costas do cavalo suavemente. Imediatamente o volteador transfere o peso do corpo para os braços e pula para de pé, apoiando-se na planta dos pés, que devem estar apontando para a frente. Para compensar o movimento em círculo do cavalo, a descarga de peso deve estar no pé interno do volteador. A evolução do exercício é extensão de tronco e encaixe de quadril; quando estiver em equilíbrio com o movimento tridimensional do cavalo solta as alças e eleva os ombros até chegar à posição vertical, quando então abre os braços lateralmente. O movimento do cavalo é absorvido pelos tornozelos, joelhos e quadril do volteador; seu peso deve estar bem distribuído na planta dos pés, que devem estar em contato total com o cavalo (Paes et al, 2001).Atividade Motora: adequação tônica, descarga de peso, equilíbrio dinâmico, fortalecimento muscular de MMII, reações de proteção e equilíbrio, postura. Adaptação: é uma das figuras mais difíceis, pois requer maior concentração e habilidade motora. Pode ser realizada com um terapeuta montado na cernelha e/ou dois terapeutas laterais, com o cavalo parado ou em barril de volteio para adaptar o indivíduo à postura; pode-se iniciar esta postura com o cavalo ao passo e em direção linear. O cavalo em círculo seria uma evolução do exercício porque exige do volteador maior habilidade e equilíbrio.
Resultados & Conclusão
Cada um dos dezoito itens da MIF tem uma cotação máxima de sete pontos e a cotação mínima é de um ponto. A cotação mais elevada é, portanto, de 126 e a mais baixa é de 18. A cotação em sete níveis é fundamental para que as alterações funcionais sejam observadas com uma sensibilidade suficiente. Avaliação de Medida de Independência Funcional ;
Resultados B.G M.H A.S V.S
Ano 1 106 120 98 96
Ano 2 111 125 102 103
Os quatro indivíduos analisados obtiveram uma boa média nos resultados da M.I.F, que foi utilizada como parâmetro para a iniciação do volteio terapêutico. Ao final do estudo todos os indivíduos aumentaram significativamente suas médias. Ao analisarmos os resultados, consideramos então a evolução dos indivíduos nos aspectos geral, ritmo, desenvolvimento e sociabilização. No aspecto geral os resultados foram satisfatórios, pois ao final do primeiro ano conseguimos elaborar, montar e apresentar uma coreografia. A coreografia foi montada com a colaboração dos indivíduos, que também escolheram a música a ser trabalhada. No aspecto ritmo pôde-se observar melhoras funcionais, pois os indivíduos conseguiram adquirir habilidades para acompanhar a marcação de tempo nos exercícios propostos por palmas e contagem numérica realizada pelo terapeuta. Em relação ao desenvolvimento motor, foram observadas melhoras significativas, pois verificamos que os movimentos utilizados na coreografia foram automatizados e memorizados, sendo realizados com harmonia e equilíbrio. Em relação à sociabilização, no início todos os indivíduos otimizaram a idéia, porém houve um caso de rejeição às terapias em dupla. Foi possível visualizar a melhora na auto-estima por meio da crescente preocupação das alunas com o asseio pessoal e com o visual. Conclusão ; O desenvolvimento de um indivíduo normal depende de sua capacidade de movimentar-se e experimentar sensações. As experiências favorecem a assimilação de novas estruturas, ou seja, o ato motor promove aprendizagens que facilitarão futuras aquisições básicas (Zaniolo e Kubo, 1993). Segundo Bobath, o desenvolvimento perceptual e visuomotor do indivíduo é influenciado pelo seu desenvolvimento motor; portanto, se ocorrerem dificuldades na movimentação e exploração do próprio corpo, ocorrerão dificuldades no seu desenvolvimento global (Bobath, 1990). Os indivíduos portadores de necessidades especiais exploram e relacionam-se pobremente com seu próprio corpo e com o meio externo, devido às dificuldades na execução dos movimentos, dificultando assim a aquisição de novas habilidades e experiências. As atividades rítmicas permitem ao indivíduo expressar o movimento e o seu estado de ânimo momentâneo. Por intermédio de atividades rítmicas é possível realizar contração e relaxamento muscular, forte ou fraco, rápido ou lento, com velocidade acelerada ou diminuída e com durações diferentes (M.P.E., 1990).Estas atividades desenvolvidas com portadores de necessidades especiais têm como objetivos proporcionar prazer, estimular a experimentação de movimentos livres, naturais e específicos para que possam expressar a alegria do movimento, desenvolver a capacidade de concentração e preparar-se para as atividades de vida diária (Holle, 1976). O Volteio como recurso terapêutico tem como objetivo desenvolver movimentos rítmicos, a coordenação motora, a harmonia e controle de movimentos, postura, propriocepção e reações de equilíbrio criando habilidades motrizes básicas e artísticas. A partir dos resultados alcançados acreditamos que com a música e o volteio terapêutico possibilitamos, a estes indivíduos, experiências novas e agradáveis estimulando suas vias sensoriais e motoras e conseqüentemente um desenvolvimento psicomotor mais próximo dos padrões da normalidade.

XII Congresso Brasileiro de Equoterapia Autor: Adriana Perdigão - Brasil Co-autores: Érika Quartim; Rebeca Santos