7 de novembro de 2011

Rédeas Longas

As rédeas longas podem-se empregadas em cavalos novos como em cavalos feitos que precisam ser corrigidos. Todos os movimentos básicos podem ser executados nas rédeas longas assim os de alta escola. O treinador pode trabalhar o cavalo sem que este tenha que arcar com o peso do cavaleiro no dorso. Pode se ver o que se passa com o cavalo do chão, desenvolvendo um entendimento mental maior entre cavalo e treinador. Leia em "Mais Informações"...
 
        
O equipamento necessário é um par de rédeas longas, de mais ou menos sete metros e meio de comprimento, fitas de lona ou náilon, como o último metro e meio perto do bridão de couro roliço para que passem facilmente pelas argolas. Um bom mosquete é essencial.         

Um cilhão, que deve ser muito bem forrado com seis argolas ao todo, sendo que são três jogos: alto, médio e baixo. Normalmente, os mais altos são empregados em cavalos mais adestrados, os médios para os cavalos novos que portam as cabeças mais baixas e as argolas mais baixas para cavalos com problemas. Um chicote de guia é necessário. O bridão é a embocadura mais indicada embora se possam usar rédeas longas com qualquer embocadura, conquanto o treinador tenha conhecimento e capacidade para tal.         
Rédeas longas é o passo seguinte à guia no ensinamento de um cavalo novo. 

A posição do treinador, em relação ao cavalo, no círculo é de suma importância.   
      
Colocado o cabeção ou bridão, é colocada a guia de maneira usual, colocando, a seguir a segunda rédea, que deve passar na argola do meio. Permita o cavalo andar tranquilamente, até que se acostume com a segunda rédea. 

Nunca passe as duas rédeas pelas argolas até que o cavalo esteja completamente calmo. A mudança de rédea deve ser ensinada com a ajuda de um assistente andando à cabeça do cavalo caso este se assuste.         

A posição do treinador é de suma importância ao uso correto das rédeas longas. Deve observar os posteriores do cavalo e trabalhar com as rédeas conforme o ritmo. Uma  mão firme, mas não fixa, com contato leve e constante, é o ideal. Ritmo é muito importante. As mãos devem manter sempre tensas as rédeas, mas jamais puxar  para trás ou ficar um peso morto nas rédeas. 

O treinador deve ficar um pouco atrás da anca interior para encorajar o movimento para frente, aproximando-se de espádua á media que desejar  que o cavalo diminua o movimento. A rédea de fora dá flexão. Quanto mais perto do cavalo se ande, mais controle se tem, mais o ideal para obter a leveza almejada é de três a cinco metros.         

Círculos grandes de dez metros são os mais indicados para cavalos novos. Sentindo a de dentro o treinador pode obter e manter alto. Em todos os movimentos, o emprego da voz ajuda muito o cavalo a obedecer ás ajudas.         

Rédeas longas podem ser empregadas com sucesso em fazendas de criação quando é desejado amansar e trabalhar os potros sem lhes colocar peso no dorso, nos cavalos de adestramento para mantê-los trabalhado e flexionados, descansando-lhes o dorso .         


Veja as quatro principais variantes européias: 

Método francês    
     
Em  Saumur, rédeas são freqüentemente usadas para o adestramento básico de cavalos novos. O método deles difere dos anteriores em que, além do cilhão, o cavalo usa, também, uma coleira que serve para evitar que o animal abaixe demais a cabeça. 

Método dinamarquês

Este método, que parece ser derivado do napolitano, foi desenvolvido pelo cel. Egede Lund e foi adotado mais tarde, com grande sucesso, por E. Schmidt Jensen.         

É colocado no cavalo um  cilhão guia com seis argolas para passar as rédeas longas antes de serem colocadas no bridão. As rédeas vão diretamente da mão do treinador ao cilhão, não passam atrás dos jarretes do cavalo, mas, sim, atravessam o dorso. Desta forma o cavalo pode ser adestrado a um alto grau com contato levíssimo na boca. 

Método inglês         

É colocado no cavalo um cilhão de guia ou, mais provavelmente, uma sela cujos estribos são amarrados embaixo da barriga do cavalo por meio de um  couro e as rédeas são passadas pelos estribos, passando á mão do treinador pelos jarretes do cavalo. Este método pode ser usado para fazer a boca e controlar um cavalo novo, mas, devido à posição baixa das rédeas, há uma tendência do cavalo a encapotar. 

Método austríaco    
     
Este método difere dos três anteriores, pois é empregado para apresentar um cavalo de alta escola, ao passo que o método dinamarquês é empregado para adestrar um cavalo a um grau elevado, o método inglês sendo usado quase que exclusivamente em cavalos novos. Em Viena, os mestres ficam junto à garupa do cavalo empregando duas rédeas longas presas à cabeçada mas sem cilhão ou argolas.         

O treinador Leôncio Dias de Maria, quando esteve no Centro Hipico Itaembú, onde iniciou o fabuloso campeão Amigo, que foi um dos animais merecedores do titulo de Cavalo do ano da revista Hippus, também se manifestou sobre o uso das rédeas longas, em entrevista naquela ocasião:
     
A grande maioria dos cavalos competindo no Brasil não possui o menor preparo básico, razão, pela qual, ao receber treinamento especifico, não são obtidos bons resultados.         

Seja no hipismo tradicional, no hipismo rural, no pólo e - sobre tudo - nos hipódromos, os cavalos que se revelam excepcionais pertencem  a um dos poucos desportistas que entendem do assunto, ou são animais tão fora de série que se destacam apesar da incompetência com que foram preparados.         

Antes de um cavalo ser obrigado a saltar ou a correr ele precisa aprender a ser portar, a conduzir a cabeça, a não tropeçar nos próprios posteriores, como vemos nos centros hípicos e nos torneios de forma crescente, resultado da atual procura de animais, que são utilizados sem a menor condição de competir.         

Todo cavalo, para salto, pólo ou turfe, precisa passar por um redeamento antes de ser lançado sobre obstáculos, usado para taquear ou dar suas primeiras partidas.         

A função do redeamento é dupla: a de desenvolver a postura da frente do animal - o pescoço - e a de dar desenvoltura aos posteriores - as pernas.         

O redeamento é feito pelo emprego das rédeas longas e do trabalho na guia dupla. Há várias escolas de utilização de rédeas longas, sendo o chamado método inglês o mais indicado para a formação de cavalos de salto para o hipismo rural.         

A vantagem deste método reside em fazer a boca do cavalo e em encapotar seu  pescoço, abrindo a ganacha do animal, como se diz no meio. Fazer a boca é acostumar o cavalo a obedecer a comandos leves das rédeas e encapotar significar ensinar o animal a curvar o pescoço com naturalidade, fortalecendo seus músculos e usando-os para  estabelecer seu próprio equilíbrio, alem de dar sustentação aos membros dianteiros na elevação.         

Uma boca sensível é vital, não apenas pela razão óbvia de obediência aos desejos do cavaleiro: quando são empregados bridões mais severos para poder-se dominar o animal de forma punitiva, perde-se a faculdade de oferecer maior apoio mantendo um contato mais firme com a sua boca, pois a embocadura estará punindo o animal e fazendo-o o lutar contra a pressão.   
      
Rédeas longas são rédeas de uns 7m 50 de comprimento, empregadas com um bridão. O treinador, a pé, maneja o animal segurando as rédeas uma em cada mão como faria se estivesse montado.          

No método francês e dinamarquês se usa um cilhão, uma espécie de cinta de couro com argolas, por onde passam as rédeas. No método inglês as rédeas passam por dentro dos estribos, tornando a posição das rédeas mais baixa.           

O treinador trabalha o animal, sobretudo em círculos. Se o animal estiver girando no sentido contrário aos dos ponteiros de um relógio o treinador segura a rédea esquerda na sua mão esquerda. A rédea parte do lado esquerdo da boca do animal, passa pelo estribo esquerdo e vem à mão do treinador. 

A rédea direita parte do lado direito da boca do cavalo, passa pelo estribo direito da sela (ou de uma argola num cilhão a altura onde estaria o estribo) e, contornando o cavalo rente à parte inferior de sua traseira, vai à mão direita do treinador.         

Assim, embora o animal esteja movimentando-se da direita para a esquerda do treinador, em círculos, se o treinador puxar na rédea de sua mão direita, o animal tenderá a mover a cabaça para o lado direito, ou seja, em sentido contrário ao que se estaria movimentando.         

A rédea de fora dá equilíbrio ao animal, enquanto a de dentro dá flexão. O treinador, alem dos círculos, deve fazer o animal trabalhar cada vez mais perto, até o treinador estar quase encostado à anca interna (lado de dentro do círculo traçado pelo animal) com controle tanto maior quanto mais próximo estiver do cavalo.           
Este controle é feito a passo, gradualmente fazendo a boca do animal arqueando o seu pescoço e ensinando-o a fazer voltas cruzando a pernas posteriores em evoluções mais fechadas até poder realizá-las ao trote. O que mais se observa em cavalos que que são obrigados a treinar para salto sem antes haverem sido redeados são ferimentos nos boletos (articulação logo acima dos cascos).         

Os animas, ao serem forçados a realizar curvas para cumprir os percursos das provas de salto, ou a contornar barricas e balizas, fazem-no de pernas duras, tropeçando sobre si mesmos e ferindo-se nos boletos com os cascos. Então, o dono compra um par de boleteiras e acha que está resolvido tudo...         

O trabalho na guia é recomendado a todos os cavalos para exercitá-los. O usual é o dono ou um picador ficar no centro de um círculo de uns 20 metros de diâmetro fazendo o animal girar a passo, trote ou galope, em torno de si, segurando uma só rédea que é afixada na embocadura ou no cabresto.         

Para mero exercício de um animal que de outra forma ficariam inativos (como os cavalos que cujos donos só montam em fins de semana) este trabalho é válido.         

Mas, em termos de animais para competição o uso de uma só rédea é inadmissível? Além de não ser possível  dar ao animal condições de aprender a usar os seus posteriores, para não tropeçar nas próprias pernas, ainda se destrói o seu equilíbrio natural nos anteriores, fazendo-o girar com a cabeça sendo entortada para o centro do círculo, puxada pela única rédea.         

O pescoço torna-se alongado e torto, sem equilíbrio e sem a sustentação adequada. A movimentação dos membros anteriores reflete o desequilíbrio e a falta de sustentação para a elevação.         

O uso correto de duas rédeas para trabalho na guia obriga o uso de um cilhão como o utilizado no método  dinamarquês de rédeas longas, ou seja, com argolas na parte superior do cilhão. O treinador segura a rédea esquerda na mão esquerda, vindo diretamente do lado esquerdo da boca do cavalo, e segura a rédea direita na mão direita, depois de fazê-la passar pela argola na parte superior do cilhão.         

Em resumo: no emprego das rédeas longas, a rédea direita parte da boca do animal e passa por trás dele para chegar à mão direita do treinador. No uso da guia dupla, a rédea direita parte da boca do animal e passa por cima dele, por dentro da argola.         

Este tipo de treinamento deve  ser utilizado durante dois ou três meses, diariamente, antes de se pretender atirar um cavalo sobre os paus. Obviamente, mesmo sem este treinamento, o cavalo salta: raros são os cavalos que não saltam até um metro de altura, ou mais, se castigados. Mas nunca serão animais com perfeito desempenho atlético nas provas.