por André G. Cintra MV
Todo proprietário de cavalos que
cuida de seus animais com carinho e responsabilidade quer dar a eles tudo de
que precisam, dentro das diferentes condições de manejo as quais são sujeitos
cavalos de diversas raças e utilizados nos mais diversos esportes e finalidades
Brasil afora. E nesta busca,
surge uma dúvida a qual não acomete apenas cavaleiros e criadores iniciantes,
mas também pessoas experientes, e até profissionais da indústria do cavalo:
como diferenciar o essencial do opcional ? Leia em “Mais Informações”...
Algumas necessidades elementares
são compartilhadas por todos os cavalos: acesso permanente a água e volumoso de
qualidade, instalações seguras, pastagens ou piquetes onde eles possam passar
em liberdade uma parte do dia, na companhia de outros cavalos. Cavalos de todos
os tipos também precisam de cuidados sanitários, tais como vermifugaçoes e
vacinas, e de manejo incluindo acompanhamento veterinário e casqueamento ou
ferrageamento periódicos. Cavalos de montaria ou de esporte devem ser treinados
pelo profissional de cada modalidade, éguas reprodutoras têm que ser alojadas
em haras de qualidade para poderem produzir bons potros, e assim por diante.
Dentre as práticas do manejo de
cavalos instituídas pelo ser humano, uma bastante controversa é a nutrição,
onde às vezes o único consenso entre especialistas parece ser que todos os
animais precisam comer, mas comer o quê? Pasto verde, feno ou alfafa? Ração
industrializada, misturas caseiras ou aveia? O sal mineral é necessário ou
opcional? E da vasta gama de suplementos oferecidos no mercado – vitaminas, minerais,
aminoácidos, entre tantos – como saber quais cavalos precisam de qual tipo de
produto? Como decidir as
condições e freqüência em que estes produtos serão fornecidos?
Volumoso: Feno ou Capim fresco de qualidade
Feno: é a forma desidratada do capim,
isto é, o capim com apenas 10-20% de água. Deve ser feito de capim de
qualidade (Coast-cross, tífton, alfafa, etc.) e fenado no ponto certo, nem
muito seco, nem muito úmido. Quando o capim é fenado além do ponto correto de
corte, pode ficar muito fibroso, o que pode causar cólica nos cavalos. Se for
cortado no ponto certo e deixado secar em demasia, fica muito fibroso, também
podendo causar cólica nos animais. Se for cortado no ponto certo, mas deixado
secar pouco, sendo enfardado úmido, pode ocorrer o aparecimento de fungos que
podem causar problemas nos animais. Desde que feito da forma correta e bem
armazenado, é um excelente alimento para os cavalos.
Capim: este pode ser fornecido sob a
forma de pastagens ou suplementado no cocho, picado. Quando oferecido no
cocho picado, deve-se atentar para a qualidade deste capim. Os mais utilizados
sob esta forma são os capins elefantes (napier, colonião, etc.). O manejo das
capineiras deve ser muito bem feito para que o aproveitamento pelo cavalo seja
o melhor possível. É muito comum o corte destes capins com altura superior a
dois metros e meio (às vezes até quatro metros) de altura. Porém, quando é
cortado com altura superior a dois metros e meio, ocorre uma perda considerável
da qualidade, devido à baixa digestibilidade de seu talo. O ideal é cortá-lo
entre um metro e meio e dois metros e meio.
Ração: Complemento Corretor
Esta deve ser equilibrada, oriunda de
empresas idôneas para se ter garantia da qualidade do produto.
Existem vários tipos de apresentação de ração:
Farelada, Peletizada, Laminada ou Extrusada. As rações industrializadas
(Peletizadas, Laminadas ou Extrusadas) possuem 03 vantagens fundamentais sobre
as fareladas, principalmente as misturadas na propriedade:
Toda matéria prima que chega à fábrica de ração
é classificada e analisada para se ter certeza da qualidade de seus nutrientes
(Umidade, Proteína, Minerais, etc.). Com base nessas análises, é
possível garantir a qualidade e os níveis do produto final (com relação à
proteína, minerais, fibra, etc.). Como não é possível analisar a matéria prima
na propriedade, não há garantia de manutenção do padrão do produto final.
As rações fareladas produzem muito pó que, se
inspirados pelo cavalo, podem levar a problemas respiratórios. Além
disso, este pó pode causar obstrução do canal naso-lacrimal (canal que liga a
narina ao olho) levando a produção excessiva de secreções oculares.
Para se evitar este pó, é muito comum molhar a
ração antes do fornecimento ao animal. Ocorre que as rações fareladas,
por serem mais leves que as peletizadas, ocupam um volume maior, portanto os
cavalos demoram mais tempo para comer esta ração. Em temperaturas mais
elevadas, podem ocorrer processos de fermentação desta ração molhada levando a
quadros de cólicas.
Existem ainda as matérias-primas
(aveia, trigo, milho, etc.) que muitos criadores/proprietários de animais
oferecem misturado à ração balanceada. Ocorre que estas matérias-primas são, em
geral, muito ricas em fósforo (a relação Ca:P pode ser de 1:3 quando o ideal é
1,8:1) o que leva a um desbalanceamento na relação cálcio/fósforo sangüíneo
levando a graves problemas como a cara inchada.
Quanto às apresentações de rações industrializadas,
não devemos nos preocupar com a aparência do produto (peletizada, laminada ou
extrusada), mas principalmente com os níveis de garantia destes produtos.
Tecnicamente falando, um produto
extrusado é superior a este mesmo produto laminado e este mesmo produto
peletizado. Isto não quer dizer que qualquer produto extrusado é superior a
outros, nem que toda ração laminada é superior às peletizadas.
O que mais importa na avaliação
da qualidade de um produto são seus níveis de garantia, principalmente valores
de qualidade de energia e proteína. A qualidade de sua energia também pode ser
avaliada através do valor de seu extrato etéreo, que é o valor de gordura de
uma ração, onde se este valor for alto, a qualidade de sua energia, e também de
sua proteína, serão elevados.
Existem rações peletizadas no
mercado que possuem qualidade energética e protéica muito superiores às
laminadas e extrusadas.
Devemos estabelecer realmente
quais as necessidades do cavalo para podermos suprir de forma adequada e obtermos
os melhores resultados de performance e também na saúde do animal. Para isso
devemos observar qual o tempo de digestão de cada tipo de alimento para
podermos dividir e ocupar melhor o tempo de cada animal.
Fonte : André G. Cintra MV, Prof. Esp.
Autor do livro "O Cavalo: Características, Manejo e Alimentação"
Coautor do livro "Manual de Gerenciamento Equestre"
Colaborador de diversos sites sobre equinos do Brasil.