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15 de agosto de 2012

Embocaduras e modos de Ação


O mal uso de embocaduras talvez seja a principal causa do cavalo mal educado. Basicamente, são apenas tres tipos de embocaduras, cada uma tendo uma gama enorme de modelos que variam no tipo de material e modo de ação. Leio o artigo completo em "Mais Informações"...


Bridão

A embocadura inicial é o bridão. O modo de ação é a pressão principal sobre as comissuras labiais. Esta ação gera uma reação do cavalo, a  elevação  da cabeça, como forma de amenizar o incômodo da pressão nas comissuras labiais, uma região de sensibilidade desenvolvida. Obviamente, quanto mais discretos forem os comandos de rédeas acionando o bridão, menor será a reação de elevar a cabeça. Uma pressão complementar do bridão ocorre nas barras e sobre a lingua.
 
Em raças brasileiras de cavalos de marcha o bridão vem sendo utilizado de forma errada, quanto ao tipo de rédea (o correto é a rédea direta, conhecida como rédea de abertura), a força de pressão no comando de rédeas, no excessivo tempo de uso. No Método LSA de Adestramento, o bridão é praticamente uma embocadura de transição, como forma de preparar a boca do cavalo para a introdução do freio. 

De acordo com o grau de  severidade da ação, o bridão pode ser brando, moderado, severo. Quanto menos espesso o bocal, mais severa a ação. As referencias de medidas são:

Bocal até 1,0cm de espessura – severo
Bocal entre 1,0 a 2,0 cm – moderado
Bocal acima de 2,0cm – brando.

Existe uma vasta gama de modelos de bridões. Devem ser escolhidos de acordo com a finalidade de uso do cavalo. Os mais comuns são os bridões de olhal redondo, de olhal em D e em D’agulha. O material mais comumente utilizado é o aço inox, principalmente pela sua durabilidade. O ferro enferruja. O cobre é um bom material, pode ser usado em combinação com o aço inox. É uma material que estimula a salivação.

Como regra geral, visando não prolongar em demasia o tempo de uso do bridão, recomendo iniciar a doma de sela com o bridão de ação moderado, modelo de olhal em D’agulha. Este tipo de olhal dispensa o uso de borrachas protetoras e as hastes ajudam no apoio. Em alguns cavalos de boca sensível, o primeiro bridão deverá ser o de ação branda. Raramente, o primeiro bridão será o de ação severa.

Freio-Bridão

O freio-bridão é uma embocadura chamada de transição entre o bridão e o freio. O bocal é articulado, atuando como um bridão, pressionando as comissuras labiais. Mas as hastes são de freio, tipo alavancas. Mas o efeito alavanca não atua sobre o palato, porque o bocal não é curvo. As alavancas atuam sobre a pressão da barbela no queixo. Assim, um freio-bridão atua sobre dois pontos principais de controle – comissuras labiais e queixo. 

Somente em alguns casos recomenda-se o uso do freio-bridão, na transição do bridão para o freio. Sua ação de efeitos duplos tende a melhorar a flexão da nuca. Mas em mãos brutas, esta embocadura faz estragos graves. O excesso de pressão da barbela no queixo tanto poderá “encapotar” a cabeça, como também manter a cabeça em postura inadequada de “ponteira”, não corrigindo em nada a açao elevatória do bridão. O freio sim, este exerce ação principal de baixar a cabeça do animal, ao estimular a flexão da nuca. 

Freio

O freio é a embocadura profissional, aquela que realmente tem condições de ajudar o treinador a explorar o máximo de potencial do cavalo funcional O freio exerce ação complexa, de efeitos múltiplos. O bocal pressiona as barras; a ponte , ou passador de língua (curva do bocal) atua no palato; a barbela atua no queixo. O segredo do uso correto do freio está no ajuste da barbela. Deve ser ajustada com a folga da largura do dedo indicador. Assim, quando as rédeas são acionadas, o bocal encosta no palato e a barbela pressiona o queixo, travando o bocal. Se a barbela estiver muito apertada, o bocal “risca” o palato, causando desconforto e até mesmo ferimento. O terceiro efeito do freio, o principal, é o chamado efeito alavanca. As rédeas puxam as hastes (pernas ou cãimbras), para travar o bocal no palato. 

Saber escolher um freio é uma ciência. O modo de ação de suas partes é variável. Por exemplo, o bocal pode ser brando e as hastes severas; o bocal pode ser severo, mas as hastes são brandas. O modo de ação do freio é mais complexo do que o bridão, porque atua sobre três pontos de controle, enquanto o bridão atua basicamente sobre um único ponto de controle. Assim como o bridão, o freio também pode apresentar diferentes graus de severidade em sua ação: branda, moderada, severa. As referencias de medidas são:

Haste inferior -  até duas vezes o comprimento da haste superior – efeito alavanca varia do brando a moderado. Ao contrário, quando exceder a duas vezes o comprimento da haste superior, o efeito alavanca será severo. A inclinação ideal da haste é de 45 graus. Quando menos inclinada e mais longa, mais severo será o efeito alavanca.

Altura da ponte, ou passador de língua ( curva do bocal ) abaixo de 2,0cm – ação branda, de 2,0 a 3,5cm, ação moderada; acima de 3,5cm, ação severa.

Formato da curva do bocal – em V, tende a ser mais severo do que em forma de U. Em meia-lua é o mais brando. Na verdade, o formato que melhor se encaixa no palato é o formato em U. O correto é medir a largura e altura do palato para escolher o freio de bocal correto no encaixe. 

Espessura do bocal – até 1,0cm, ação severa; 
entre 1,0 a 1,5cm, ação moderada;
acima de 1,5cm ação branda

Espessura da barbela – quando mais fina a barbela, mais severa será a sua ação.

Lúcio Sérgio de Andrade – Zootecnista, escritor, árbitro de equideos marchadores