Os músculos principais nessa zona são o Longíssimus dorsi (que alonga ou encurta a atitude e que se encontra na zona de contacto com a sela) e o Trapezius na zona do garrote e pescoço.
O cavalo manifesta-se de várias maneiras para indicar desconforto: orelhas para trás, ranger os dentes, arquear o dorso quando é montado ou a cilha é apertada. À medida que os problemas se agravam a sintomatologia exacerba-se: Empinar-se, recusa de saltos de obstáculos, tensão nervosa no trabalho, torcer a cabeça para um dos lados, dificuldade em encurvar-se para um dos lados, dificuldade nos movimentos laterais, tentar fugir ao controlo do cavaleiro na recepção dos saltos, reagir à palpação da área afectada.
Dor no músculo Trapezius (não detectada na maioria dos casos) é normalmente causada por uma sela muito estreita à frente ou por uma sela muito larga que assenta no garrote. Se esta área estiver muito sensível o cavalo mostra-se desconfortável quando o comprimimos. Se o Trapezius estiver muito afectado notamos uma restrição no movimento dos anteriores pois debaixo deste músculo está o Triceps que coordena o movimento destes.
Uma sela muito pequena ou muito grande inflige dor no Longíssimus dorsi e na própria coluna não permitindo o arredondamento do dorso. Por outro lado se a sela está encavalitada em cima do garrote ou escorrega para trás, o peso do cavaleiro e o centro de gravidade são deslocados para trás criando uma pressão anormal nas últimas vértebras torácicas e nas primeiras lombares.
Por vezes os motivos não têm nada a ver com selas, têm a ver com um cavalo mal equilibrado ou mal ferrado que pode fazer com que o peso do cavaleiro seja desviado para um dos lados aumentando a pressão nos músculos do animal nesse mesmo lado.
Só há duas áreas na coluna vertebral do cavalo onde se consegue avaliar a funcionalidade do dorso e lombo:
Entre o crânio e o atlas (a primeira vértebra cervical) e na articulação sacro-ilíaca. Se houver uma restrição nestas áreas, os músculos adjacentes estarão em espasmo causando a tão conhecida inflexibilidade do dorso e lombo. A massagem, a manipulação dos tecidos moles combinados com a utilização de aparelhos específicos é então essencial na recuperação da
funcionalidade.
Uma sela que "sirva" correctamente ao cavalo é a chave da prevenção da maioria das afecções das "costas" dos cavalos. Tudo o resto vem por acréscimo.
Texto: Dr. Carlos Rosa Santos (MV)
Fonte ; equisport